quinta-feira, 30 de junho de 2011

Veronica Lake, a loura fatal

Publicado no site da revista Alfa em junho de 2011
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Ontem tive a chance de assistir Constrastes Humanos de 1941, uma comédia do genial Preston Sturges sobre um diretor de cinema milionário (Joel McCrea), especialista em comédias, que quer filmar um grande drama e para isso decide viver como mendigo por um tempo. As coisas não dão muito certo no começo até ele realmente passar por grandes problemas no final. Esse foi o filme que inspirou John Lasseter, o todo poderoso chefão da Pixar (e hoje da Disney Animation) a trabalhar com desenho animado, já que, lá pelas tantas, um bando de prisioneiros, maltrapilhos e famintos, assiste um curta do Mickey e choram de rir.
E o filme tem Veronica Lake. Constance Frances Marie Ockelman, novaiorquina do Brooklin foi um a das maiores ‘femme fatales’ do cinema e teve uma carreira meteórica, indo de mais bem paga dos anos 40 ao ostracismo total nos anos 60. Ela era muito bonita, sexy, com uma voz matadora e conhecida por seu penteado, chamado na época de ‘peekaboo’, que cobria uma parte do rosto e seu olho. Durante a II Guerra, ela foi obrigada a mudar o visual já que as moças foram para as fábricas e cabelos compridos eram uma grande causa de acidentes em maquinários.

Sua estréia aconteceu em Revoada das Águias (ou Voo de Águias, dependendo da fonte), onde roubou o filme. Depois vieram Contrastes Humanos, A Chave de Vidro (sensacional thriller noir, com roteiro de Dashiell Hammet), Casei-Me Com Uma Feiticeira (que inspiraria o seriado A Feiticeira 20 anos depois), A Dália Azul, entre outros.

Ganhando US$ 4.500 por semana e fazendo par com Alan Ladd (que era um centímetro mais baixo que ela e precisava usar saltos), a menina era um grande sucesso nas telonas, mas odiada por trás das câmeras. Geniosa, arrogante, era conhecida como ‘A Cadela’ no estúdio e até mesmo o já citado McCrea recusou-se a ser par dela em um outro filme, alegando que “a vida é muito curta para se trabalhar duas vezes com Veronica Lake”. Soma-se a isso seu alcoolismo e o estrago está feito. Apesar destas características, ela tirou brevê de piloto e voava de NY para Los Angeles constantemente.

Em 1944, Lake estreou A Hora antes do Amanhecer, onde interpretava uma espiã nazista e esse foi o começo do fim de sua carreira. Não só ela atraiu a antipatia do público, como sua performance foi destruída pela crítica, especialmente graças a seu sotaque alemão ruim. Cinco anos depois, quando acabara de filmar O Furacão da Vida, seu contrato não foi renovado e a menina de ouro da Paramount acabou indo para a miséria, a ponto de, em 1959, um repórter a encontrar como barwoman de um hotel de mulheres em Manhattan.

Desse encontro, surgiram oportunidades de entrevistas e participação em alguns filmes menores, mas sua carreira nunca mais foi a mesma. Aos poucos, ela foi tendo mais e mais problemas mentais, ficou paranóica no fim de sua vida e veio a falecer, aos 50 anos de idade em 1973, ignorada pelas filhas e apoiada pelo filho.
Lake se tornou lendária como pinup dos anos áureos de Hollywood, mas nunca se considerou grande atriz. 

Disse certa vez que não era uma ‘sex symbol’ e sim uma ‘sex zombie’ e que se pegassem todo o talento dela e enfiasse no olho esquerdo de alguém, essa pessoa nem ia ter problemas de visão. E em tempo, se você assistir o ótimo Los Angeles – Cidade Proibida, verá que Kim Bassinger está emulando o estilo de Lake. E isso, lhe deu um Oscar!

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