quinta-feira, 30 de junho de 2011

Convite à dança com três gênios

Publicado no site da revista Alfa em maio de 2011
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Quem entrou hoje, quarta-feira, no Google, viu uma belíssima animação homenageando a dançarina e coreógrafa Martha Graham, nascida a 117 anos. Graham está para a dança moderna norteamericana assim como Gershwin está para a música, Lee Strassberg para a interpretação e Marlon Brando para qualquer ator. Ela acreditava que o corpo podia transmitir idéias que palavras não conseguiam expressar e que a dança era uma forma de se conseguir desvendar a alma humana.  Infelizmente, Martha não fez cinema e não trabalhou em nenhum filme (somente em  documentários), mas não só deu aulas para Bette Davis e Gregory Peck, ensinando-os a se movimentar, como influenciou gerações de dançarinos como Twylla Tharp -- cuja corpo de dança  participou dos três grandes filmes de Milos Forman, Hair (1978- abaixo), No Tempo do Ragtime (1980) e Amadeus (1984) -- e o grande Bob Fosse.


É legal falar sobre Fosse, já que este também criou um estilo totalmente diferente de dança, unindo essa visceralidade de Graham com uma batida mais jazzistica, muito mais sensual (ele é, por exemplo, um dos autores e o coréografo original de Chicago na Broadway). Existe uma história ótima com ele nas filmagens de Dá-me um Beijo de 1953, logo no ínicio de sua carreira. O filme era uma comédia musical totalmente convencional para a época  (embora bastante divertida) e em um intervalo, ele começou a mostrar para sua parceira de cena, Carol Haney, uma dança totalmente diferente. Alguém viu o que rolava e chamou o diretor George Sidney que, encantado, pediu para ele repetir aquilo frente às câmeras. Aquela sequência de 66 segundos foi o prenúncio de um futuro brilhante e arrebatador. 

Fosse foi para Hollywood querendo ser um novo Fred Astaire. Não conseguiu isso (o páreo era duro), mas também deixou sua marca e, assim, chegamos ao terceiro e último retratado deste post. Na terça-feira dia 10 de maio, celebrou-se os 112 anos do nascimento de Frederick Austerlitz Jr ou Fred Astaire, um americano de Omaha, filho de imigrantes austríacos que se tornou a imagem da elegância da dança nas telas. Existe uma lenda ótima que reza que em seu primeiro teste em Hollywood, o avaliador escreveu “Não canta. Ligeiramente careca. Também dança”, mas aquele rapaz magro e longelíneo foi longe e até mesmo seu maior “concorrente” na MGM, Gene Kelly, chegou a dizer que “a história da dança no cinema, começa com Fred Astaire”. Perfeccionista ao extremo, do tipo que repetia a mesma cena dezenas de vezes seguidas até chegar ao resultado que pretendia, ele ganhou o respeito de muitos e o ódio de alguns, inclusive de sua maior parceira, Ginger Rogers. Os dois podiam se odiar, mas como disse Katherine Hepburn, enquanto ele dava classe a ela, ela dava sexualidade a ele. Já Rogers disse que ela fazia tudo o que ele fazia, de costas e salto alto! Astaire ficou rico com o cinema. Foi um dos primeiros atores a ganhar participação nos lucros de seus filmes, se aposentou e voltou ao cinema várias vezes e ganhou até mesmo um Grammy póstumo. Muitas foram suas parceiras (a preferida foi Rita Hayworth) e filmes, mas talvez a cena mais famosa de sua carreira tenha sido a de Núpcias Reais de 1951 quando ele, literalmente, sobe as paredes, em uma coreografia (e efeito)  impressionante.

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