quinta-feira, 30 de junho de 2011

A saga de Jason Voorhees

Publicado no site da revista Alfa em maio de 2011
Link

Pode falar o que quiser mas nos anos 1980 não houve figura mais aterradora que o Jason da cinessérie Sexta-Feira 13. Não tinha para Freddy Krueger (de A Hora do Pesadelo) ou para Mike Myers (o assassino de Halloween e não o comediante) ou para qualquer outro homicida das telas. O terror era Jason, uma máquina humana de matar, sempre em silêncio, sempre ressucitando, sempre detonando qualquer ser humano que aparecia na frente. “Ele é como um grande tubarão branco. A única coisa que você pode esperar é sobreviver a ele”, disse o grande mestre da sanguinoleira desta década, Sean Cunningham.  De menino afogado a super-homem do mau, o grandalhão passou por muitas e más (e não poucas e boas, como diria Millôr) em seus mais de 30 anos de existência na cultura pop.


Por incrível que pareça, no primeiro filme de 1980, Jason ainda não era aquele que conhecemos. Ele aparecia nas memórias de sua mãe, Pamela Voorhees, inconformada com a morte de seu filho , ainda pequeno, no lago do Acampamento Crystal Lake. Culpando o pessoal do parque e buscando vingança, a matriarca matava jovens, até que, 10 mortes depois, a corajosa Alice Hardy consegue decapitar a  madame.

O filme foi execrado por uns (inclusive pela atriz que faz a Sra. Voorhees) e louvado por outros e eis que surge Sexta-Feira 13 Parte II de 1981. Desta vez, descobre-se que Jason está vivo e quer vingar a morte de sua zelosa progenitora. Então, cinco anos depois dos acontecimentos do primeiro filme, mata nove jovens e no final, é mais uma menina que dá fim ao maníaco assassino, depois de encontrar um barraco com a cabeça mumificada de Pamela e um monte de corpos. Neste filme, Jason usava um saco na cabeça e é deixado no campo, enquanto a moça é levada de ambulância.

Só que ele não morreu. Mudou-se para o acampamento ao lado em Parte III (1982) e dá-lhe mandar mais adolescentes para o país dos pés juntos (o número vai aumentando e desta vez foram 12). Foi nesse filme que ele rouba a máscara de hockey de uma de suas vítimas e acaba virando sua marca registrada. No fim – adivinhe – outra mulher, Chris Higgins, enfia um machado na cabeça do grandão e fica histérica (existe outro final em que ele mata ela). Só lembrando que, por ser sequencia direta do anterior, se passa em sábado, 14.
Sexta-feira 13 – O Capítulo Final (1984) mostra o corpo de Jason chegando ao necrotério, ressucitando, matando quem estava lá e voltando a Crystal Lake. Tudo isso no domingo, dia 15. Desta vez é um casal, Trish e Tommy, que dá um fim ao cara, depois que 13 pessoas perdem a vida e é o filme com mais nudez na série.

Só que não era o fim. Para 1985, os produtores tentaram introduzir um novo Jason em Parte 5 – Um Novo Começo. O Tommy do filme anterior é internado em um manicômio e morre de medo que o maníaco volte (apesar do corpo ter sido cremado). Liberado, vai parar em uma casa de acolhimento para jovens, onde mortes acontecem e o assassino  uma máscara de hockey. No final, era apenas um babaca louco imitando seu ídolo.

As coisas não deram muito certo e Jason reapareceu em Parte 6 – Jason Vive (1986) e quem o traz de volta à vida é justamente Tommy. Na verdade ele não havia sido cremado e o rapaz traumatizado vai tentar destruir o corpo  quando dá um raio o revive (é sério isso). Jason mata 18 pessoas e Tommy consegue atraí-lo para o lago onde ele havia se afogado quando criança e colocá-lo no fundo, acorrentado. Em tempo, o raio o transformou em algo sobrehumano, tá?

Em Parte 7 – A Matança Continua, os roteiristas resolveram chutar o pau da barraca e fazem com que uma menina telecinética solte Jason do fundo lago acidentalmente (ela queria ressucitar o pai) e, muitas matanças depois, é ela que vai atraí-lo para dentro da água de novo, com – pasmem! – a ajuda do fantasma do pai. Aí então, em Parte 8 – Jason Ataca Nova York, o maníaco é trazido à vida por um cabo elétrico submarino (essa é ótima) e persegue estudantes em uma excursão até Manhattan.Desta vez, dois deles conseguem dar fim ao cara quando, no esgoto da Grande Maçã, lixo tóxico o transforma em criança. Desta vez, ele fala uma frase: “mamãe, não deixe que eu me afogue”. Não é lindo?

Mas não responda ainda, ele voltou em Jason Vai para o Inferno- A última Sexta-feira, onde é explicada a força sobrenatural do cara e como ele ressucita. Ele é uma espécie de demônio que precisa passar seu coração de corpo em corpo. Aí, num twist de roteiro digno de novela americana, descobrimos que ele tem uma meia irmã e uma sobrinha e é a infante quem vai impedir que ele se torne imortal e que manda sua alma desgraçada para o inferno.

Aí, em 2002, eis que surge Jason X, onde o governo dos Estados Unidos pega o corpo dele para estudar sua constante regeneração. É óbvio que ele acorda, mata os pesquisadores e em uma luta com o único sobrevivente os dois acabam congelados e o monstro acorda 455 anos depois e, ainda por cima, turbinado. Nanotecnologia faz com que seu corpo se torne metal e indestrutível, mas ele morre no final, OK?  Finalmente veio o encontro dos dois mais famosos do terror oitentista em Freddy vs Jason e em 2009 tivemos um novo Sexta-Feira 13, sem previsão de continuação.

Somando todos os filmes, Jason matou 167 pessoas, talvez como uma forma de provar algo à sua mãe, como explicaria Freud; talvez porque não tem personalidade ou motivação nenhuma, agindo como uma máquina. Seu alvo são só humanos – não mata animais – e vai em cima especialmente dos jovens mais safadinhos (geralmente são as moças direitas e virginais que sobrevivem). Em 1992, ganhou um prêmio pelo conjunto de sua obra no MTV Movie Awards e ao retirar a máscara, revelou que era, na verdade, o comediante Jon Lovitz. Em tempo, Jason nasceu em 13 de junho de 1946, uma sexta-feira 13.

Nenhum comentário: