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Stan Laurel foi um comediante sofisticado. Criativo ao extremo, ele foi ator, diretor, roteirista e assistente de direção, entre outros talentos e se consagrou como a parte tola e inocente da dupla O Gordo & O Magro. Laurel era inglês e era o substituto de um jovem Charles Chaplin na companhia cômica de Fred Karno ainda na Inglaterra. Foi Karno aliás, que os levou aos Estados Unidos, onde os dois resolveram ficar e trilhar seus caminhos separadamente.
Como o mundo dá voltas, em 1921 ele contracenou com um iniciante Oliver Hardy num curta chamado The Lucky Dog. Anos depois, os dois formariam uma das duplas mais famosas da história da comédia nas telas (apareceram em mais de cem filmes juntos) e uma das amizades mais fortes e fiéis fora delas. Laurel era o gênio do time. Era ele que criava piadas e gags, desenvolvia situações e dava pitacos na direção e no roteiro. Se alguém quisesse a opinião de Oliver Hardy sobre esses assuntos, ele se limitava a dizer “pergunte ao Stan”. Os dois fizeram grandes pequenos clássicos como, um dos meus favoritos, The Music Box, onde tem que levar um piano a uma casa no alto de um morro ou longas como Dois Palermas em Oxford, onde Laurel sai do papel de pateta e se torna inteligente para depois voltar à velha forma.
Ver os dois juntos em ação era um delírio. Hardy era sempre o prepotente desastrado, que metia os dois em confusão e jogava a culpa em Laurel. Laurel era de uma inocência só, fazendo você chorar de rir com suas expressões faciais, seja a cara de “não estou entendendo nada” ou chorando ou ainda com um largo sorriso no rosto. Chegou uma época onde não existia Oliver sem Stan, nem Laurel sem Hardy. Os dois fizeram um acordo verbal de nunca aparecerem sozinhos em um filme e quando Oliver morreu em 1955, Stan ficou tão devastado que não conseguiu ir ao enterro (chegou a dizer que ‘Ollie entenderia’). Caiu em uma profunda depressão e recusou todos os trabalhos que apareceram depois.
Acontece que Laurel não deixou de ser acessível. Morando em um apartamento do Oceana Hotel em Santa Mônica na Califórnia, ele fez o que hoje qualquer celebridade consideraria impossível: disponibilizou seu telefone na lista. Atendia a qualquer fã que lhe ligasse e assim “descobriu” Dick Van Dyke (que depois trabalharia em Mary Poppins, teria seu próprio programa na TV e faria a elegia de seu ídolo, quando do funeral) e também fez amizade com Jerry Lewis. Este último, aliás, queria contratar Laurel como consultor de roteiros de seus filmes por um polpudo salário, mas Stan recusou. O que fez, no máximo, foi opinar em algumas cenas de O Mensageiro Trapalhão e Lewis acabou batizando o personagem de Stanley.
Para Stan, o maior gênio da comédia foi Chaplin. Para Buster Keaton, foi Laurel. Ele faleceu em fevereiro de 1965 e escreveu seu próprio epitáfio: ‘se alguém ficar triste no meu enterro, eu nunca mais falo com ele de novo’.
E este homem, nascido em um 16 de junho, fez a minha alegria e a de muito moleque quando eu era adolescente, graças às inúmeras reprises de seus filmes na TV.
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