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Steve Jobs é um visionário. Ele revolucionou nossa interação com a tecnologia e criou uma marca arrebatadora que é praticamente uma seita, já que os consumidores se portam como fiéis. Como um homem que enxerga o futuro, ele vislumbrou que a computação gráfica iria dominar o mercado de animações e comprou a Pixar de George Lucas em 1986. Steve Jobs é um cara extremamente centralizador. Na Apple, ele supervisiona tudo, da engenharia ao marketing. Só que não na Pixar. Lá, ele confia em um bando de nerds que se tornaram o grande trunfo e a grande qualidade do estúdio.
Você até pode gostar dos desenhos da Dreamworks ou da Fox Animation, mas nada bate o apuro visual, os personagens bem desenvolvidos e o roteiro marcante da Pixar. E tudo isso reside no fato de que John Lasseter e sua turma são realmente geeks de carteirinha, com uma bagagem fora do comum de cultura pop. Quer ver?
Em Toy Story 2, Buzz Lightyear encontra finalmente seu arquiinimigo Zurg, que solta uma das mais famosas frases da saga de Star Wars e do cinema: “I am your father”, para delírio dos marmanjos. No mesmo filme temos o pinguin Wheezy, que nada mais é do que uma homenagem ao Linux. Em Vida de Inseto temos P.T. Flea, o chefe da trupe de insetos de circo, uma referência a P.T. Barnum, um dos maiores donos de circo nos EUA. E que tal o fato de que Edna Mode de Os Incríveis ser baseada na mítica Edith Head, a estilista de Hollywood que vestiu Audrey em A Princesa & e Plebeu, Novak em Um Corpo de Cai, Stanwick em Pacto de Sangue e assinou o figurino de outras 426 produções? Não se convenceu? Em Monstros S.A., Mike Wazowski leva sua namorada Celia a um dos mais disputados restaurantes japoneses de Monstrópolis, o Harryhausen, só que Ray Harryhausen foi o lendário mestre dos efeitos especiais nas décadas de 50 e 60 que usava do stop motion para fazer justamente os monstros de clássicos como Jasão e os Argonautas (seu último trabalho nessa área foi a primeira versão de Fúria de Titãs). Até mesmo na escolha de dubladores há um cuidado. O Hudson Hornet do primeiro Carros, um automóvel de corridas aposentado, foi dublado por Paul Newman, que também teve uma carreira nas pistas (e declarou que o carrinho foi um dos seus dois melhores papéis).
Ou seja, existem muitas referências nos desenhos da Pixar e esse purismo acaba afetando até mesmo outras áreas e outros colaboradores. Micheal Giacchino, por exemplo, quando compôs a trilha de Os Incríveis, baseou-se no trabalho que John Barry fez nos anos 60 para os filmes de James Bond e, não contente com isso, resolveu juntar a orquestra toda em um estúdio de gravação e gravar as músicas em aparelhos analógicos para se conseguir o mesmo tipo de som. Preciosismo? Não, esse é o modo Pixar de trabalhar. E quando você ouve a trilha (e ela vale muita a pena) sente a diferença.
Não tenho como saber se os animadores estão envolvidos no marketing do próximo filme da Pixar, Carros 2, mas a aventura que vai fazer Lightning McQueen e seu amigo Tow Mater viajarem pelo mundo e ainda se envolverem com um agente secreto inglês, Finn McMissille, uma referência ao Aston Martin DB5 de Bond e dublado por Michael Caine (por que não Connery? Será que ele não topou?) está com uma campanha fantástica com cartazes imitando o estilo dos anos 1950 e 1960. Alguns deles lembram posteres vintage de turismo e outros, antigos cartazes de filmes de 007 (como o que ilustra esse post). A estética é impressionante, a qualidade da arte é incrível e você pode conferir em nossa galeria especial aqui.
O desenho estréia em 24 de junho e, pelo que vi em outra campanha de Carros 2, teremos um automóvel de corrida brasileiro, a “carrinha” Carla Veloso (veja aqui). É esperar para ver. E torcer!
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