quinta-feira, 30 de junho de 2011

O homem que foi um estilo de vida

Publicado no site da revista Alfa em junho de 2011
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É difícil imaginar que um cara que ficou famoso usando um vestidinho verde e colant tenha inspirado um termo que se referia ao homem sedutor que pega todas, mas assim foi o ator Errol Flynn, nascido em 20 de junho de 1909. O australiano de nascimento foi talvez o maior representante do gênero capa-e-espada, tão comum nas décadas de 1930 e 1940. Trabalhou em As Aventuras de Robin Hood (é esse que ele aparecia com aquela ridícula roupinha verde), Capitão Blood, O Gavião do Mar, A Carga da Brigada Ligeira, Meu Reino por Amor, entre tantos outros, onde mostrava seu domínio na esgrima e geralmente era o par romântico de Olivia de Havilland.

Acontece que a grande fama de Flynn era fora das telas. O homem era um notável “ladies´man”, que seduzia e pegava o que aparecia na frente. Além disso, adorava a noite, consumia doses industriais de álcool e tinha uma atitude desencanada da vida, a ponto do escritor inglês Benjamim S. Johnson cunhar a expressão ‘Errolesque’ em homenagem ao ator. E, naquela época, uma das gírias correntes era “in like Flynn” ou ser como Flynn.
Em 1942, o ator foi acusado de estupro de duas jovens menores de idade e os estúdios montaram todo um esquema para livrar sua cara. Até mesmo um grupo de jovens formou uma associação para defender seu ídolo, a American Boys’ Club for the Defense of Errol Flynn, ou – é sério isso – ABCDEF.

O que começou a destruir a carreira de Flynn mesmo foi sua tentativa de se alistar no exército dos EUA. O homem que fazia tantos heróis nas telas, sofria do coração (já havia tido um enfarte), tinha problemas nas costas, uma malária e uma tuberculose crônicas e uma lista enorme de doenças venéreas. Recebeu um 4-F (dispensa por não ser fisicamente apto) e a história caiu na imprensa, enterrando seus feitos nas telas de cinema. Nos anos 1950, alcoólatra e drogado, ainda fez Contra Todas as Bandeiras e E Agora Brilha o Sol.

Depois de sua morte em 1959, muitos livros foram escritos colocando-o como um simpatizante do nazismo e até mesmo como espião dos krauts nos Estados Unidos, a ponto dessa imagem ser meio que eternizada no cinema e nos quadrinhos (Timothy Dalton fez uma espécie de Flynn nazista em Rocketeer), mas isso era uma grande bobagem. Flynn, por exemplo, apoiou plenamente a revolução comunista em Cuba, chegando a voar para lá e se tornar amigo de Fidel Castro.

Sabendo fazer uma grande saída, Flynn morreu de um ataque cardíaco aos 50 anos de idade, pronto para se casar com uma atriz de 15 anos e deixando uma autobiografia devastadora a ser publicada chamada My Wicked Wicked Ways (Meu jeito muito muito malvado). E , em tempo, a ele é atribuída a frase, “eu gosto do meu whiskey frio e de minhas garotas quentes”. Way to go, Flynn!

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