sábado, 14 de fevereiro de 2009

Gravata: a marca da forca

Publicado no Terra em janeiro de 2009
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Ela é um dos símbolos mais poderosos de elegância e prestígio e ao mesmo tempo, o horror do executivo dos países tropicais. A gravata divide opiniões há séculos. E a culpa é dos Croatas. Ou seria dos franceses?

Lá nos tempos da Guerra dos 30 anos, entre 1618 e 1648, os franceses se encantaram com o fato dos mercenários da Croácia desfilarem com uma echarpe amarrada ao pescoço e os nobres da cidade-luz passaram a fazer a mesma coisa. Isso deu origem a essa peça muito controversa do vestuário masculino.

De lá para cá, vimos todos os tipos de formatos, estampas, comprimento e largura, até chegar ao século 21 com a discussão sobre para que usar uma gravata e um grande movimento para bani-la.

Uma pesquisa do Instituto Gallup no ano passado entre executivos norte-americanos, mostrou que houve uma queda de 6% no número de pessoas que usam essa peça e uma redução de 48% no faturamento provenientes de venda da gravata entre 1995 e 2007.

Ainda nos EUA, a Men's Dress Furnishings Association, entidade que representava os fabricantes de gravata, fechou suas portas depois de 60 anos de existência.

E até o Fórum Mundial resolveu que seus participantes devem ir mais casuais. Se antes a gravata era sinônimo de poder, a geração dos grandes executivos de tecnologia e internet, colocaram-na como algo formal demais. O espírito jovem e criativo está, aos poucos, eliminando-a do universo masculino. E Bill Gates, Larry Page e Steve Jobs estão aí para comprovar essa tendência.

E como fica no Brasil, um país que chega a 40 graus centígrados no verão? A personal stylist Chris Fancini dá as dicas: "em certos segmentos do mercado como bancos e advocacia, o uso de gravata ainda é fundamental e deve ser, pois é preciso passar seriedade. Mas, nos lugares onde o calor é infernal, o profissional de gravata já começa o dia ruim com aquilo apertando seu pescoço", explica. Ou seja, seu uso está condicionado ao que você faz e à imagem que você quer passar. Em entrevistas de emprego, por exemplo, também é item obrigatório.

A consultora de moda aponta também que o brasileiro, assim como o americano, está com dificuldade em abolir a gravata porque comete alguns crimes na hora de se vestir. "O homem coloca uma camisa e uma calça social e erra na meia e no sapato. Para você ter uma idéia existem grandes lojas que vendem meia branca social! É preciso investir em um guarda-roupa consistente, com camisas de bom algodão e colarinho duro, um belo blazer, calçados de solado de couro e meias que combinem com o sapato ou com a calça. E não confundir o não uso da gravata com casual Friday, que permite solado de borracha ou camisa pólo", ensina.

Se você é um engravatado, tem que prestar atenção a alguns detalhes. Embora hoje a moda esteja ditando os modelos mais estreitos, não há nenhuma obrigação de segui-la, mas o ideal é sempre usar uma gravata que orne com a camisa ou com o terno.

Se usar uma camisa azul clara com terno cinza, por exemplo, uma gravata amarela ou azul com detalhes em cinza cai muito bem. Outro crime a ser evitado é não repetir desenhos como terno risca de giz ou camisa listrada com gravata listrada.

É preciso ficara tento também com as estampas. Atualmente utilizam-se aquelas que não são muito grandes, nem muito pequenas e as totalmente pretas estão descartadas. Bichinhos e personagens infantis, somente em festas à fantasia.

Para os casuais, além do investimento citado anteriormente, lembre-se de nunca usar meia branca com calça e sapatos escuros, a menos que você queira ficar parecido com o Michael Jackson. E Chris Francini alerta para camisas mais escuras que o blazer ou o paletó. "Não é elegante. Fica com um ar de mafioso ou jogador de futebol. A camisa escura abate a pessoa e é preferível sempre estar mais claro perto do rosto", aconselha.

Obviamente que as regras que aqui citamos são para os não iniciados em tendências de moda. Há muitos anos, Giorgio Armani apareceu todo de preto, mas o mestre sabia brincar com as texturas e brilhos de modo a parecer sempre elegante. O mais seguro é aprender o bê-á-bá antes de fazer experimentações.

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