domingo, 30 de janeiro de 2011

As injustiças do Oscar

Publicado no site da revista Alfa em janeiro de 2011
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O Oscar, ou prêmio da academia, é uma dessas cerimônias que eu e muita gente não perdemos por nada nesse mundo e que adoramos criticar no dia seguinte, mesmo porque, por mais que eles tentem inovar,  sempre vai haver uma injustiça, uma gafe, meia dúzia de mulheres que recebem o “prêmio Cher” de pior vestuário, alguma cena marcante e discursos cortados pela orquestra. O que dói mesmo, porém, é quando o prêmio cheira a política, ou seja, dá para se ver que aquela ou aquela artista que ganhou ou o filme premiado não merecia a estatueta e nota-se que alguém queria agradar a outrem. Confira alguns exemplos:

I – Los Olvidados
O problema é que existem grandes nomes do cinema que nunca foram premiados ou indicados. Aí, a academia deixa a pessoa completar 90 anos e dão um Oscar pelo conjunto de sua obra, ou o famoso, “te ignorei a vida toda e aqui está seu prêmio de consolação”. Entre as lendas que nunca receberam uma indicação estão Joseph Cotten, Glenn Ford, Tyrone Power, Fred MacMurray, John Barrymore,  e as atrizes Lucille Ball, Jean Harlow, Rita Hayworth, Kim Novak e Mia Farrow. Richard Burton concorreu sete vezes e nunca ganhou, assim como Montgomery Clift (4), Albert Finney (5), Deborah Kerr (6), Greta Garbo (4), Thelma Ritter (6), James Mason (3) e Peter O’Toole (8 e só recebeu o “de consolação”). Entre os diretores Alfred Hitchcock (5), Robert Altman (5), Federico Felini (4), Stanley Kubrick (4), King Vidor (5) e Sidney Lumet (4).

Quem só recebeu Oscar Honorário foram Fred Astaire, Gene Kelly, Charles Chaplin, Groucho Marx, Kirk Douglas, Bob Hope, Jerry Lewis (como você pode ver, o Oscar odeia humoristas), Orson Welles, Eli Wallach, Mickey Rooney, Greta Garbo, Judy Garland, Lauren Bacall, Shirley Temple e Barbara Stanwyck.

II – Este é o melhor do ano?
Se você, assim como eu, ainda não se conforma com o Globo de Ouro para A Rede Social, então não viu o que o Oscar já aprontou. Em 1941 concorriam ao prêmio os clássicões Cidadão Kane e Relíquia Macabra e quem levou foi o insosso Como era Verde Meu Vale. O melhor filme de 1944 foi O Bom Pastor, um “água com açucar” com Bing Crosby, ignorando Pacto de Sangue, À Meia Luz e Laura (este fantástico thriller nem foi indicado). Em 1952, o bonzinho O Maior Espetáculo da Terra, um drama sobre circo, bateu Matar ou Morrer, Depois do vendaval e Cantando na Chuva (que nem concorreu).

Em 1976, num ano com Rede de Intrigas, Todos os Homens do Presidente e Taxi Driver – todos ácidos em relação aos EUA, quem ganhou mesmo foi a tragetória de um campeão, Rocky, o Lutador. Três anos depois, um drama sobre divórcio, Kramer x Kramer conquistou a estatueta em cima de Apocalypse Now e mais, outros dois grandes filmes de 75, Manhattan e Muito Além do Jardim nem apareceram na lista de concorrentes. Em 1995, Coração Valente de Mel Gibson, bateu os outros candidatos, mas isso porque Os Últimos Passos de um Homem, Despedida em Las Vegas, OS Suspeitos e Se7ev, todos superiores, não estavam concorrendo. E o que dizer de Sheakespeare Apaixonado de 2000? Não dá para aceitar que esse filme é melhor que O Resgate do Soldado Ryan, Além da Linha Vermelha ou O Grande Lebowski, não é? Aguardemos este ano.

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