segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Vamos a La Playa – 12 filmes passados na areia

Publicado no site da revista Alfa em janeiro de 2011
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Ah, o verão! O tempo em que antigamente íamos para a praia com a certeza de que seriam dias de sol e mar, ao invés dos fenômenos naturais que fazem chover torrencialmente na hora do rush diariamente ou que diminuem a temperatura de uma maneira que parece que estamos no outono. Tudo bem, pelo menos o encanto da estação mais festiva do ano está registrada em diversos filmes como se deve, um bando de jovens fazendo estrepulias na areia e garotas com biquinis desfilando na frente das câmeras (e o interessante é ver como eles vão diminuindo com o tempo). Aqui vai uma lista ideal para ser assistida com algum drinque que tenha guarda-chuva pendurado.

As Férias de Monsieur Hulot (1953): este foi o segundo filme do francês Jacques Tati, um ex-jogador de rugby que se tornou um dos principais (e melhores) comediantes da França. Seu personagem,  Hulot, recuperou a arte  do humor silencioso, já que ele não falava em filme algum. Passado num hotel à beira-mar, era uma crítica às quase obrigatórias férias de verão, onde os franceses se deslocavam em massa para as praias (mais ou menos como os brasileiros hoje). Depois dessa obra, veio o emblemático Meu Tio (1958), Playtime (1967) e As Aventuras de M. Hulot no Tráfego Louco (1972). O Mr. Bean de Rowan Atkinson é uma clara homenagem (ou cópia?) do personagem de Tati.
Maldosamente Ingênua (1959): este clássico B com Sandra Dee é considerado o precursor dos “beach party movies”, com a atriz e cantora fazendo uma garota que descobre os encantos do surf  e depois o do amor. O filme tinha coisas geniais como os nomes dos surfistas (“Moondog” e “Big Kahuna”) e ainda Ivone Craig, a futura Batgirl do famoso seriado de TV, como uma extra. A personagem de Dee, Gigdet, acabou aparecendo em outros filmes como Gigdet goes Hawaiian e Roma, Convite ao Amor e virou série de TV com uma Sally Fields de 21 anos de idade no papel-título.

Feitiço Havaiano (1961): sim, o Rei surfando naquelas pranchas enormes e cantando nas areias havaianas para desgosto do pai, que o quer trabalhando na Great Southern Hawaiian Fruit Company. Foi o primeiro de uma série de filmes de Presley passados na praia, já que depois tivemos Seresteiro do Acapulco (1963), Garotas, Garotas, Garotas! (1962) e No Paraíso do Havaí (1966).
A Praia dos Amores (1963): o primeiro da série de cinco filmes praianos com a famosa dupla Frankie Avalon e Annete Funicello, com muito surf de estúdio, pouco sexo, nada de drogas e música de grupos como Dick Dale and The Del Tones. Obviamente que em todo filme da época havia os vilões, no caso um bando de motociclistas liderados por, – esse nome é incrível – Eric Von Zipper. Criado para ser uma versão B dos filmes de Elvis, acabou se tornando mania nos EUA. Uma das sequenciasse tornou nome de peça de Miguel Falabella, Como Rechear um Biquini Selvagem.

Tubarão (1975): nunca mais, depois desse filme, entrar no mar se tornou uma experiência segura. O filme de Steven Spielberg é um grande exemplo de quando tudo que dá errado pode render algo muito certo, já que o tubarão mecânico, apelidado de Bruce, explodiu na primeira cena em que foi posto debaixo d’água. Sem verba nem tempo para esperar consertarem o bicho, Steven refez o filme onde a câmera se torna o peixe assassino e conseguiu, em suas próprias palavras, que quando o tubarão aparece a primeira vez, a platéia jogue a pipoca para cima no susto. Esqueça as sequencias porque são péssimas.

A Lagoa Azul (1980): já falamos desse filme aqui no blog (você pode ler aqui), um classicão trash sobre o casal de crianças que cresce numa ilha paradisíaca e descobre o amor e o sexo. O filme pode ser ruim e o cabelo de Chris Atkins parecer o de Harpo Marx, mas tem Brooke Shields semi-nua, portanto nota 10 para ele.

Menino do Rio (1981): música de Caetano, direção de Antônio Calmon, na história já contada mais de três mil vezes no cinema (mas que fugiu do esquema pornochanchada do cinema brazuca) sobre o menino pobre, o surfista e shaper de pranchas Ricardo Valente (André de Biase, o Lula da fantástica série Armação Ilimitada) que se apaixona pela modelo rica (a saudosa Claudia Magno), para ódio da família da moça. Apesar de cenas como o herói aparecer de asa delta no Country Club do Rio de Janeiro para salvar sua amada de uma casamento arranjado com o pomposo Adolfinho, o filme até que fez sucesso e gerou uma continuação, Garota Dourada de 1984.

Local Hero (1983): filme britânico bacana, um dos primeiros a mostrar um problema crucial nos dias de hoje, a poluição nas praias causada por grandes companhias. Na história, uma grande companhia de petróleo quer comprar uma área praiana na Escócia para montar uma refinaria. A população local topa com avidez o negócio mirando na grana, mas um ermitão se recusa a vender seu lote, até que o dono da empresa, o sempre legal Burt Lancaster, aparece para um bate-papo com o recluso. A trilha de Mark Knopfler fez mais sucesso que o filme.

Surf no Havaí (1987): o “karate kid” do surf, com um rapaz passando uma temporada no Havaí e sendo barbarizado pelos surfistas locais por não conhecer os hábitos da região. Hospedando-se na casa do guru Chandler aprende a ser um “surfista de alma”, contrastando com aqueles que só querem grana. O filme mostrava grandes nomes do surf da época como Derek Ho, Shaun Tompson e Corky Carrol e algumas revistas especializadas o consideram um dos grandes filmes ruins já feitos sobre o esporte sobre pranchas.
Caçadores de Emoção (1991): pode me xingar,mas acho Keanu Reeves um dos piores atores que já surgiu no cinema, mas nesse filme, até que ele não está tão mal. Reeves é um agente do FBI que tem que se infiltrar em uma gangue de surfistas zen que, nas horas vagas, assaltam bancos vestidos de presidentes americanos. Ele e o chefe do bando, Patrick Swayze, se tornam amigos, para assim chegarem ao final meloso da morte nas ondas. Se você não levar a sério, pode ser divertido.

A Praia (2000): a adaptação do best seller de Alex Garland, uma espécie de O Senhor das Moscas para a nova geração, com direção de Danny Boyle (Quem Quer Ser um Milionário) e Leonardo Di Caprio,  conta a história de um rapaz que recebe um mapa para chegar a  uma  praia paradisíaca e secreta na Tailância e lá encontra um grupo de plantadores de maconha com uma estranha filosofia de vida. A mistura de aventura, drama e morte não agradou nem ao público, nem aos críticos e o filme acabou não se pagando e ainda mexendo com a estrutura de uma praia de Pukhet para a revolta da população local.
Tá Dando Onda (2007): Pinguins viraram moda com MadagascarHappy Feet, mas essa animação dá de dez a zero nas outras por três detalhes. Primeiramente a hilariante história é toda contada como se fosse um documentário e os diretores conseguiram colocar detalhes bárbaros como bichos acenando no fundo,só para aparecerem, depoimentos toscos e filmagens desfocadas. Depois tem personagens fantásticos como o galo surfista que, seguramente, é chegado em substâncias ilícitas. E ainda tem Jeff Bridges dublando um pinguim baseado em seu personagem mais mítico, o grande Jeffrey Lebowski. Os surfistas Kelly Slater e Rob Machado dão uma canja na dublagem.

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