domingo, 30 de janeiro de 2011

Paul Newman, o ator mais generoso do mundo

Publicado no site da revista Alfa em janeiro de 2011
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Paul Newman nasceu e morreu em um dia 26, mais especificamente em janeiro de 1925 e em setembro de 2008. O segundo “olhos azuis” mais famoso do entretenimento americano foi uma lenda no cinema, um dos maiores atores de sua geração e deixou marcas indeléveis dentro e fora das telas. Newman trabalhou em 82 filmes, concorreu nove vezes ao Oscar e ganhou apenas uma vez, justamente quando revisitou um de seus personagens mais famosos, o Fast Eddie Felson de Desafio à Corrupção de 1961, no filme A Cor do Dinheiro de 1986, dirigido por Martin Scorcese.

Em 1969, ao atuar no filme Winning, interpretando um corredor às vésperas do Indianapolis 500, Newman tomou gosto pelas corridas de carro. Acabou virando um profissional no esporte, ganhando algumas corridas importantes do Sports Cars Club of America e em 1979 chegou em segundo lugar nas 24 horas de Les Mans. Além disso, foi garoto propaganda dos automóveis Datsun, teve sua equipe de corrida e, em 1995, aos 70 anos de idade, foi o mais velho motorista a participar das 24 horas de Daytona, ganhando em sua categoria. Por essa mania, o cinema o homenageou por duas vezes. Mel Brooks brincou com o lado corredor de Newman em As Últimas Loucuras de Mel Brooks, uma comédia muda (feita em 1976), onde o comediante e o ator disputam uma corrida de cadeira de rodas num hospital e trinta anos depois foi o Doc Hudson em Carros da Pixar, seu último trabalho.
 Newman tinha uma força e uma presença nas telas que poucos atores conseguiam, seja em dramas como Gata em Teto de Zinco Quente de 1958, O Doce Pássaro da Juventude de 1962, Cortina Rasgada de Alfred Hitchcock, Rebeldia Indomável de 1967, O Veredito de 1982 ou em aventuras divertidas tais quais Butch Cassidy e Sundance Kid de 1969 e Golpe de Mestre de 1973 (ambos com Robert Redford),  Roy Bean – O Homem da Lei de 1972, Inferno na Torre de 1974 e Na Roda da Fortuna de 1994.
Apesar de interpretar personagens rebeldes, era avesso ao estrelismo, diferenciando-se de grandes colegas da época como James Dean e Marlon Brando. Sobre seu jeito resrvado disse uma vez, “dizem que sou indiferente. Não sou. Sou desconfiado”. Na vida pessoal, foi casado duas vezes, a primeira com Jackie White e em 1958 casou-se com a atriz Joanne Woodward com quem permaneceu até o fim de sua vida. 

Quando indagado se ele não se sentia tentado a ter casos com as belas atrizes com quem contracenava, simplesmente disparou, “para que se enrolar com o hamburguer se tem o filé em casa?”. Liberal politicamente, constava na lista de inimigos de Richard Nixon (que considerou a maior honra que teve na vida). E além de todas essas características, fez o mundo ficar de queixo caído quando fundou a companhia de alimentos Newman´s Own, cujo lucro total era repassado para instituições e caridade. Até 2006, a empresa já havia distribuído mais de 250 milhões de dólares.

Newman morreu aos 83 anos de idade, vítima de um câncer de pulmão, mas sem ser da maneira como imaginava seu epitáfio seria: “Aqui jaz Paul Newman, que morreu fracassado porque seus olhos se tornaram castanhos”. Ele se foi como um sucesso. E os olhos continuavam a ser azuis.

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