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Parece piada, mas não é. Há cerca de 10 dias, um internauta sugeriu no twitter oficial do prefeito de Detroit, a cidade automobilística americana mais afetada pela crise econômica, que se construísse uma estátua do famoso personagem Robocop para alavancar o turismo no local. Obviamente que o alcaide disse não e foi o bastante para que uma campanha se iniciasse no Facebook (veja aqui), tentando levantar US$ 50 mil para que o marco turistico fosse erigido. Hoje o site de arrecadação de fundos, Kickstarter, apresentou a seguinte mensagem na página do projeto:
“Nós chegamos a meta de US $ 50.000 com a ajuda de muitos, muitos adeptos e uma contribuição generosa de Pete Hottelet na www.omniconsumerproductscorporation.com, mas você ainda pode contribuir, e assim continuar apoiando o projeto. Obrigado a todos! Uau.“
A campanha dividiu opiniões, com gente achando que o policial meio robô, meio homem é um ótimo exemplo de integridade e honestidade para as crianças e outros achando que Detroit não deveria louvar um filme que mostrava a cidade como um antro de violência. Existem até aqueles que, mais pelo lado sociológico da coisa, estão escrevendo sobre as lições que todos devem tira dessa campanha. Da minha parte, fico feliz por um filme de ficção B , feito há17 anos, ainda deixar marcas tão profundas na sociedade moderna.
Robocop - Policial do Futuro é um tremendo filme que, em 1987, estreou discretamente nos cinemas e se tornou uma febre. Catapultou, brevemente, a carreira de seu diretor, o holandês Paul Verhoeven (que faria depois Instinto Selvagem, Total Recall e os péssimos Showgirls e Tropas Estelares). É um filme onde a extrema violência foi muito bem coreografada e tinha bons (alguns desconhecidos) atores como o bom Peter Weller, Ronny Cox, o canastrão Miguel Ferrer e ainda Kurtwood Smith (que anos mais tarde nos brindaria com o sensacional Red Forman de That´s 70´s Show). A história era um primor de clichês de história em quadrinhos, mas mesmo assim era ótima: na Detroit do futuro, tanto o crime como a polícia são controlados por corporações e um policial, Alex Murphy, depois de ser morto pelo maior gangster local, é trazido à vida ligado a um corpo de metal e se torna o Robocop do título.
Verhoeven brincou com a linguagem do filme e algumas vezes parecia ter se inspirado em outra obra contudente da época, a HQ Batman -- O Cavaleiro das Trevas de Frank Miller, que também entrecortava a história com anúncios e jornais de TV. Mesmo as cenas mais pesadas e chocantes não parecem despropositadas no enredo e essa fórmula fez de Robocop um sucesso de público e crítica. Ganhou os principais prêmios de ficção científica, com cinco Saturn Awards e duas estatutetas no Festival de Filmes Fantásticos de Avoriaz, na Espanha, um dos mais conceituados desse gênero. Para se ter uma idéia de como o filme era transado, até mesmo o texto legal, no final dos créditos, brincava com a história: “Este filme é protegido sob as leis dos Estados Unidos e de outros países e sua duplicação não autorizada de distribuição, ou exposições podem resultar em responsabilidade civil e procedimento criminal por andróides de execução“.
Depois de várias continuações ruins, e até de desenho animado, uma nova versão de Robocop é prometida para 2013, anunciada quando os estúdios MGM, donos dos direitos do personagem (e de James Bond também) foram salvos da insolvência. Enquanto isso, o povo de Detroit decide onde quer que coloquem a estátua de seu herói. Estranhamente, e aí sim parece brincadeira, o filme de Verhoeven foi filmado inteiramente em Dallas, no Texas.
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