segunda-feira, 14 de março de 2011

Jean Harlow, a mãe de todas as louras

Publicado no site da revista Alfa em março de 2011
Link

“Homens gostam de mim porque eu não uso sutiã. As mulheres gostam de mim porque eu não me pareço com uma garota que iria roubar seu marido. Pelo menos não por muito tempo “. Assim era Jean Harlow, a “vênus platinada” ou “blonde bombshell”, o primeiro grande símbolo sexual louro do cinema, cujo centenário de nascimento foi celebrado no último dia 03 de março. Harlow foi um dos maiores símbolos sexuais dos anos 1930, parceira de Clark Gable em seis filmes e de Spencer Tracy em três. Morreu com 26 anos idade em 1937, vítima de uma falência dos rins e em apenas  nove anos de carreira conquistou crítica e público, primeiro fazendo papel de loura burra e depois em grandes interpretações dramáticas.

É interessante conhecer a biografia de Harlow porque foi uma pessoa que viveu intensamente por um período muito curto de vida. Dos 17 anos de idade até sua morte, foi casada três vezes e teve um longo e apaixonante caso com o ator William Powell. Começou no cinema graças a uma aposta. Ao dar uma carona a uma conhecida até os estúdios da Fox, a amiga lhe desafiou a fazer um teste para ser atriz, dizendo que a loura não tinha estômago para isso. Harlow topou e começou no cinema muda, trabalhando de início nos filmes da dupla o Gordo e o Magro, dos estúdios de Hal Roach. A grande chance veio em 1929, quando o filme Anjos do Inferno estava sendo adaptado de mudo para falado e a tariz principal, uma norueguesa, tinha um sotaque muito carregado para ser apreciado pelo público norteamericano. Harlow foi convidada a substituí-la e o filme acabou sendo um tremendo sucesso. Foi a primeia escolha para ser a paixão do mamacão em King Kong, mas o esúdio não a liberou. Contratada pela MGM, tornou-se o grande sex symbol com Loura e Sedutora de 1931 e no ano seguinte, foi o par romântico de Gable no faroeste Terra de Paixões de John Ford. Depois vieram Jantar às Oito, Bombshell, Mares da China, Wife vs Secretary, trabalhando com astros de primeira grandeza como James Stewart, Robert Taylor, Cary Grant, Jimmy Cagney e William Powell.

Na vida pessoal, casou-se a primeira vez aos 16 anos com Charles McGrew, o herdeiro de uma família milionária e a vida a dois durou até 1930. Em julho de 1932, juntou os trapos com o produtor Paul Bern. O suicídio deste, dois meses depois e a misteriosa morte da ex-esposa de Paul algumas semanas depois foram o suficiente para encher os tablóides de fofocas sobre a atriz. A coisa pegou mais fogo ainda quando ela começou a sair com o boxeador Max Baer, então casado. O estúdio, para tirar a imprensa do pé, a fez casar com o diretor de fotografia Harod Rosson. Rosson era amigo pessoal de Harlow e topou o papel de apaixonado e assim os dois mativeram a farsa por sete meses. Eis que surge o ator William Powell e a atriz realmente se apaixona de verdade. Ficaram juntos por dois anos, mas diferenças nos planos futuros (ela queria filhos e ele não) e a pressão do estúdio fez o romance acabar (mas o amor não).

Harlow foi sinônimo de sensualidade e sexualidade , ao mesmo tempo que passava a imagem da garota comum norteamericana. Obviamente que o marketing da MGM era forte, alterando seu passado e sobrenome (de Carpenter para Carpentier e colocando-a como parente do poeta Edgar Allan Poe) e distribuindo fotos de seus trabalhos com caridade. A moça também sabia trabalhar a seu favor. Nas entrevistas não tinha pudor em dizer que não usava lingerie alguma e que só dormia nua. Nos anos 1930 isso era para lá de escandaloso e tanta notoriedade a fez ser a primeira atriz a estampar a capa da revista Life.

Quando morreu em 1937, Louis B. Mayer, o grande chefão da MGM, fechou o estúdio por um dia e transformou seu velório em um grande acontecimento, fazendo até que os atores\cantores Nelson Eddy e Jeanette MacDonald cantarem sua música favorita frente a uma orquestra na cerimônia. Dick Powell gastou 25 mil dólares em seu mausoléu, que ostenta uma placa com um “Our Baby” escrito. Seu último filme, Saratoga, foi terminado usando dublês de  corpo e é considerado seu melhor trabalho.

Por causa de Jean Harlow, uma legião de louras invadiu as telonas. E Veronica Lake, Marilyn Monroe (declaradamente sua fã), Kim Novak, Janet Leigh, Faye Dunaway e Scarlet Johansson, entre muito outras, tem muito a dever a essa “bomba platinada”.


Nenhum comentário: