quinta-feira, 14 de abril de 2011

‘Rio’ é para se ver dublado

Publicado no site da revista Alfa em abril de 2011
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Recebi um release bem legal falando que o Brasil está em segundo lugar no número de pessoas que assistiram Rio em sua estréia (*). A Rússia ficou na primeira colocação e é lógico que a gente começa imaginar – com todos os pré-conceitos, caricaturas e arquétipos do mundo – o que deve ser para um russo, recém saído de um inverno congelante, ver um desenho sobre o lado mais bonito do Rio de Janeiro. Aliás, a animação é isso mesmo: o que o Rio tem de bom, de uma maneira que acho que não víamos no cinema desde o belo Bossa Nova (2000) de Bruno Barreto. É o Rio da alegria do carnaval, das praias, das bundas, da asa delta, do samba e foca principalmente no Rio de Janeiro histórico com a Lapa e Santa Teresa.

Obviamente que, como todo desenho animado existem os vilões e aí o outro lado da cidade se apresenta, mas de maneira bem suave. Assim, o contrabandista de pássaros e sua cacatua sádica (ótima, diga-se de passagem) moram na favela (uma comunidade alegre com ruas tortuosas) e não dá para negar que o diretor Carlos Saldanha foi corajoso pacas ao colocar micos batedores de carteira no Cristo Redentor, talvez aludindo ao fato que alguns turistas penam um pouco na Cidade Maravilhosa.

No fundo, é um filme legal, com boa história, bons personagens e uma trilha muito legal assinada por Carlinhos Brown e Sergio Mendes. E pela primeira vez na vida, eu me arrependi de assistir um desenho legendado. Explicando melhor e abrindo um parênteses, desde os anos 1960, a Disney passou a integrar grandes nomes na dublagem de suas animações, muitas vezes incorporando uma característica física do dublador em seu personagem. Eu, por exemplo, sou fanático pelo tigre Shere Kahn de Mowgli justamente porque foi o ator inglês George Sanders que o dublou, impondo um indefectível sotaque britânico carregado no felino e dando um ar de calma  e autoconfiança em uma máquina natural de matar. Não dá para se assistir Alladin sem escutar Robin Williams se divertindo como o gênio ou ver A Bela e a Fera sem se emocionar com a decana Angela Lansbury cantando a música-tema.

No caso de Rio, porém, as vozes em inglês é que soam falsas no meio do cenário carioca, por mais que sejam feitas por atores de calibre como Anne Hathaway ou Jamie Foxx (que, aliás, manda bem cantando). Aí sim, o Rio de Janeiro aparece ser mais caricato, coisa para inglês ver (cheio de Pedros, Luizes, Nicos e outros nomes mais “chicanizados”). O melhor mesmo é aguentar aquela sessão cheia de crianças gritando e curtir o desenho em bom e claro português. E, desta vez, nem o sotaque carioca carregado vai incomodar!

(*) Somos segundo lugar no mundo em platéia para a estréia do desenho, mas primeiro em bilheteria, o que prova que pagamos mesmo mais caro pela sessão de cinema, não é?

Um comentário:

Petite Poupée disse...

Cara, a trilha sonora tá foda, digo, show de bola, mandaram super bem, mané. Brincadeira.