quinta-feira, 14 de abril de 2011

Doris Day, a eterna virgem

Publicado no site da revista Alfa em abril de 2011
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“Conheci Doris Day quando ela ainda não era virgem” teria dito o sempre genial Groucho Marx (ou foi Oscar Levant? Existem as duas teorias) sobre a atriz que desfilava um ar angelical pelos estúdios Hollywoodianos. Doris Mary Ann Kappelhoff, ou Doris Day, completou incríveis 89 anos de idade ontem, é um dos ícones mais famosos da primeira metade dos anos de 1960 e até 2009, era a atriz de maior bilheteria de todos os tempos (e sexto lugar, se somar homens e mulheres).

Day começou como cantora e fazia turnês com a banda de Les Brown e com Bob Hope e já era um sucesso nas rádios quando despontou nas telonas em Romance em Alto Mar de 1948. O fato de cantar muito bem foi muito explorado em filmes musicais como Ardida como Pimenta de 1953 (a fantasiosa cinebiografia de Jane Calamidade), em dramas como Ama-me ou Esquece-me de 55 (c0m James Cagney, ele um gangster que se casa com uma cantora de jazz e lhe inferniza a vida) e até mesmo no ótimo mistério O Homem que Sabia Demais de Alfred Hitchcock, onde canta ‘Que Sera, Sera’, que se tornou sua música mais famosa e ganhou um Oscar de Melhor Canção.

Dos 34 filmes que atuou, os melhores, e ainda muito divertidos, foram aqueles feitos ao lado de Rock Hudson e Tony Randall. Em Confidências à Meia Noite de 1959, Hudson e Day dividem uma linha telefônica e ela fica irritadíssima porque ele fica falando com as várias namoradas o dia todo. Obviamente que os dois se odeiam, ms quando ele a vê, ao vivo e em cores, passa a querer conquistá-la e finge ser um rapaz texano ingênuo. Randall é o amigo e patrocinador de Hudson e Thelma Ritter é, para variar, a sarcástica empregada.  Volta, Meu Amor de 1961, põe os dois, mais uma vez, em papéis antagônicos, desta vez como publicitários. Já em Não me Mandem Flores de 1964, Hudson é um hipocondríaco que acha que vai morrer e quer arrumar um bom marido para sua esposa, Day. Ela, por sua vez, acha que ele está com segunda intenções para que ele possa cair na farra e a confusão está armada.

A atriz e Rock Hudson se tornaram amigos íntimos. Foi nela que ele se apoiou quando descobriu estar com AIDS (ela sempre afirmou que nunca soube ou desconfiou, que ele fosse homossexual). Doris Day se casou quatro vezes, com o tromponista Al Jorden (com quem teve um filho), com o saxofonista George Weidler (que a levou ao cristianismo científico), com o produtor Martin Melcher (que faleceu em 1968) e, finalmente, com Barry Condem, o maitre de um de seus restaurantes favoritos. Teve também um affair com Ronald Reagan, quando ele se divorciou de Jane Wyman e que se referiu como “o único homem que realmente gostava de dançar”.
Day está afastada das telas desde 1973, quando seu seriado de TV se encerrou após cinco temporadas.

Depois de recusar o papel de Mrs Robinson em A Primeira Noite de um Homem, amargar uma falência (quando descobriu que Melcher e um parceiro haviam acabado com suas finanças) e assistir seu filho perder uma batalha contra o câncer, se retirou da vida pública e não apareceu nem para receber uma medalha presidencial em 2004, por ter um medo terrível de voar.

Sobre sua imagem de virgenzinha disse: ” tenho a péssima reputação de ser a ’senhorita boazinha’,  a virgem da America,  por isso estou com medo de chocar algumas pessoas ao dizer isso, mas eu firmemente acredito que duas pessoas não devem se casar antes de terem vivido juntos. Os jovens estão certos. Que tragédia é para um casal se casar, ter um filho, e no processo descobrir que eles não são adequados para o outro”.

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