terça-feira, 26 de abril de 2011

‘Planeta dos Macacos’ ganha prequel

Publicado no site da revista Alfa em abril de 2011
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Planeta dos Macacos, o clássico de 1968, é um dos meus filmes favoritos e uma das ficções científicas mais inteligentes que já foram filmadas. É ácido, crítico e muito mais uma fábula sobre as mazelas dos seres humanos do que um filme sobre macacos que dominam a Terra (eu particularmente vibro com um dos líderes dizendo que “o grande símio fez o macaco à sua imagem e semelhança”). Baseado no livro do Pierre Boulle, o roteiro passou primeiro pelas mãos de Rod Serling, criador do seriado Twilight Zone que colocou humanos e macacos como amigos, para depois ficar com Michael Wilson, que também escrevera Um Lugar ao Sol e A Ponte do Rio Kwai, e que, por ter sido perseguido pela comissão de atividades antiamericanas de MacCarthy, deu um ar mais soturno e pesado na história, que gira em cima de astronautas que caem em um planeta onde símios são inteligentes e não só escravizam, como abominam humanos (estes regredidos a uma condição animal, vivendo em bandos e sem capacidade de fala).

Planeta dos Macacos redefiniu duas coisas na arte cinematográfica: maquiagem e merchadising. Explicando melhor, a técnica de dar expressão aos atores mesmo de máscara era baseada em tratamentos que foram feitos com mutilados de guerra e inédita até então.  Ao invés de horrendas máscaras de borracha, os atores tinham próteses aplicadas diretamente sobre sua pele. Roddy McDowall, que fazia um dos macacos principais, Cornelius, curtia tanto suas feições símias que, só para zoar, saía para andar pela cidade ou dirigia para casa, sem tirar a maquiagem. O filme também foi o primeiro a investir pesadamente em merchandising e no seu lançamento dá-lhe lancheiras, camisetas, brinquedos etc.

Quando você tem um ótimo roteiro, uma direção segura (de Franklin J. Shaeffner, que faria anos depois Patton e Papillon), um final arrebatador (que é para ser surpresa, mas a capa do DVD entrega) e um elenco afinado com Charlton Heston, Roddy, Kim Hunter (de Uma Rua Chamada Pecado como a macaca Zira) e Maurice Evans (o pai da Feiticeira e aqui como o sarcástico e perigoso Dr. Zaius), o resultado é sucesso na certa. O filme rendeu, só nos Estados Unidos, cinco vezes mais que o budget e gerou uma série de continuações:

De Volta ao Planeta dos Macacos (1970): uma nova missão sai à procura dos astronautas que sumiram e apenas um astronauta sobrevive. Ele encontra Charlton Heston e descobrem um grupo de humanos inteligentes que louvam a bomba atômica e temem uma ação militar dos macacos. No final, a Terra explode e sua paciência com o filme também.

A Fuga do Planeta dos Macacos (1971): antes da Terra acabar, três macacos acabam fugindo em uma nave e voltam no tempo chegando à São Francisco dos anos 1970. Depois que os humanos descobrem que os macacos vão dominar o planeta, eles passam a ser perseguidos, tem um filho (César) e acabam sendo mortos. O filhote é criado então pelo dono de um circo. É o mais divertido e bem bolado de todos na sequência.

A Conquista do Planeta dos Macacos (1973): péssimo filme, com roteiro furadíssimo onde, no futuro, símios são usados como empregados e escravos até que César promove uma revolução.
Planeta dos Macacos -- A série de TV (1974): seriado que fez sucesso aqui no Brasil, consagrou um gorila (o general Urko, feito por Mark Lenard, este uma lenda na série Jornada nas Estrelas por ter sido o pai de Spock) e teve só uma temporada.

Return to the Planet of Apes (1975-76): desenho animado com humanos e macacos em guerra, mas os bichos agora andam de carro. Chegou a passar no Brasil.

Em 2001, Tim Burton “reimaginou” (em suas palavras), o universo de Planeta dos Macacos, para a decepção de todos e surpresa de alguns que até hoje não entendem a última cena -- esta mais próxima do final do livro francês original. Agora a Fox soltou o primeiro trailer de Rise of the Planet of the Apes (A Ascenção do Planeta dos Macacos), que vai mostrar mesmo como os bichos dominaram o planeta e deve estrear em agosto. Pelo que se pode notar, James Franco faz um cientista que desenvolve uma fórmula para combater doenças degenerativas no cérebro e as testa em macacos, que ganham inteligência, em especial, um chipanzé chamado César. A direção é do desconhecido inglês Rupert Wyatt e os efeitos especiais ficam com a Weta de Peter Jackson (e assim Andy Serkins, que já foi o Gollum e Kink Kong, está no filme, ok?). Veja o trailer e tema. Se esse for um recomeço para a série, então a coisa vai ser bem ruim.

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