Mais um trabalho bem legal de consultoria em comunicação, revendo o website do Dr. Luiz Cuschnir, o maior especialista brasileiro nas questões do homem e da mulher e ainda administrando a página dele no facebook.
quinta-feira, 24 de março de 2011
Lumini Consulting
Montei todos os textos do site institucional da Lumini Consulting, uma empresa de tecnologia da informação com um sistema único de monitoramento remoto de sistemas. O próximo passo é auxiliar com conteúdo também.
A Rainha Elizabeth
Publicado no site da revista Alfa em março de 2011
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Liz Taylor morreu hoje aos 79 anos de idade. Ela foi um dos rostos mais bonitos de Hollywood e um dos grandes mitos surgidos no cinema clássico. Inglesa de nascimento, filha de pais americanos, Liz teve um carreira consistente no cinema, começando como artista em filmes infantis e aos poucos assumindo papéis cada vez mais profundos e intensos. Fora das telas, deu muito assunto para as revistas de fofocas com seus oito casamentos com sete maridos, seu alcoolismo. Deixou-nos como Dama do Império Britanico, com dois Oscars e um prêmio humanitário pela sua luta contra a Aids na prateleira, como estudiosa da Cabala e madrinha dos filhos de Michael Jackson. Mais do que tudo, foi embora como um mito.
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Liz Taylor morreu hoje aos 79 anos de idade. Ela foi um dos rostos mais bonitos de Hollywood e um dos grandes mitos surgidos no cinema clássico. Inglesa de nascimento, filha de pais americanos, Liz teve um carreira consistente no cinema, começando como artista em filmes infantis e aos poucos assumindo papéis cada vez mais profundos e intensos. Fora das telas, deu muito assunto para as revistas de fofocas com seus oito casamentos com sete maridos, seu alcoolismo. Deixou-nos como Dama do Império Britanico, com dois Oscars e um prêmio humanitário pela sua luta contra a Aids na prateleira, como estudiosa da Cabala e madrinha dos filhos de Michael Jackson. Mais do que tudo, foi embora como um mito.
Seu começo no cinema foi engraçado. Extremamente bonita mesmo quando criança,com uma mutação que a fez nascer com dupla fileira de cílios, e com seus deslumbrantes olhos violetas, a menina conseguiu um contrato com a Universal Pictures onde fez apenas um filme, aos sete anos de idade, There´s One Born Every Minute em 1942. Seis meses depois o estúdio cancelava o contrato, pois segundo um dos chefes de produção, “ela não sabe cantar, não sabe dançar, não sabe interpretar e mais, sua mãe é uma das pessoas mais insuportáveis que eu já conheci”. Foi aí que entrou a MGM e Taylor é a atriz humana principal de Lassie e a Força do Coração com o astro infantil, Roddy MacDowall. Além dos filmes da cachorra mais famosa do cinema, Liz atuou naqueles baseados em grandes clássicos da literatura como Jane Eyre e Quatro Destinos e ainda mostrou sua verve cômica no ótimo O Pai da Noiva e na sua sequência, ambos ao lado de Spencer Tracy.
Em 1951 veio uma das maiores interpretações de sua carreira, Um Lugar ao Sol de George Stevens. Nesse filmaço ela faz a socialite mimada Angela Vickers, objeto da paixão de Montgomey Cliff, um pobretão que engravidou uma colega de trabalho. A força de sua performace encantou a crítica, mas não o estúdio. Ela continuou a fazer papéis de meninas tolas ou de caricatura de si mesma em filmes como Ivanhoé, Rapsódia e No Caminho dos Elefantes.
Em 1955, aconteceu Assim Caminha a Humanidade e nada mais foi o mesmo para ela. Depois da saga do Texas ao lado de Rock Hudson, veio uma interpretação visceral em Gata em Teto de Zinco Quente, o chocante drama De Repente no Último Verão e Disque Butterfield 8, que lhe deu um Oscar. Em 1960, Liz, já uma estrela com direito a chiliques e exigências absurdas quase levou a Fox à falência com seus constantes atrasos nos três anos de filmagens da superprodução Cleopatra. Foi nesse filme que ela conheceu o ator Richard Burton e os dois fariam 11 filmes juntos e se casariam duas vezes. Lançado em 1963, o filme, tão dispensioso, levou 10 anos para se pagar.
Ainda na década de 60, Taylor brilhou no divertido A Megera Domada, em Quem tem Medo de Virginia Wolf, O Pecado de Todos Nós (este ao lado de Marlon Brando) e Jogo de Paixões com Warren Beaty. Nos anos 1970 e 1980, ela se dedicou a filmes menores e produções para a TV. Destes se destacam A Maldição do Espelho baseado em Agatha Christie e Os Flintstones como a sogra de Fred.
Taylor sempre foi também a rainha dos tablóides. Colecionava jóias e maridos. Seu primeiro casamento foi com o milionário socialite (drogado, dizem as más línguas) Conrad Hilton Jr, seguido pelo ator Michael Wilding e pelo produtor Michael Todd (deste ela enviuvou). Em 1959, veio o grande escândalo. Taylor roubou o ator e cantor Eddie Fischer de sua amiga Debbie Reynolds (e os dois são os pais de Carrie Fischer, a Princesa Leia). Entre 1964 e 1974, ficou casada com o ator Richard Burton. Os dois se divorciaram, só para casar de novo em 1975 e separarem de novo em 1976 (e neste meio tempo, ela teve um caso com um dos minitros do Xá iraniano Reza Pahlevi). Ainda em 1976, ela se casou com o senador republicano John Warner e em 1991 com o empreiteiro Larry Fortensky, que conheceu em uma clínica de reabilitação para alcoólatras (um dos seus grande vicios, além do cigarro).
Com todos os escândalos e doenças que teve a partir dos anos 1960, ela nunca deixou de ser uma estrela maior, que brilhava mais que as outras e que encantava quem aparecia na sua frente. Com a morte de Elizabeth Taylor vai-se embora toda uma época de glamour, elegância e estilo. Deus salve a Rainha!
10 coisas que aprendi assistindo ‘Bruna Surfistinha’
Publicado no site da revista Alfa em março de 2011
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Depois da chamada “retomada” do cinema brasileiro, ou seja, quando a gente aprendeu que toda história tem começo, meio e fim, podemos notar que passamos a experimentar uma série de formas diferentes de encontar o público. O boom agora é o cinema biográfico, que teve em Chico Xavier, uma tremenda bilheteria. Que tal usar esse recurso e aliar à uma atriz de telenovela pelada, fazendo sexo à torto e à direito, porque se trata da vida de uma garota de programa descrita em um livro best seller? Aí sim, a gente tem uma das maiores bilheterias do ano para um filme ruim, com roteiro que nunca se aprofunda em nada a não ser em transas coreografadas com trilha de softporn, interpretações de doer e um câmeraman que quer inovar com planos que cortam a cabeça dos atores. E depois de assistir essa importante obra do cancioneiro cinematográfico nacional, dá para se tirar lições valiosas para a vida:
1) Ser garota de programa deve ser legal pacas. Você ganha dinheiro, conhece gente muito interessante e não tem que dar satisfação a ninguém.
2) Ser garota de programa é legal pacas DESDE QUE você não use cocaína. Aparentemente, esse é UNICO problema dessa profissão (violência, exploração etc ficam de fora). A droga vai consumir todo o dinheiro que você ganhou e te botar em um ‘vintinho’ (não sabe o que é? Assista o filme).
3) Aparentemente com 800 programas em seis meses (cerca de 5 programas por dia, a R$ 300 – descansando aos domingos), você tem grana o suficiente para deixar essa vida de lado (ué, não é legal pacas?) e começar a ser uma nova pessoa, de preferência, com um ex-cliente.
4) Se seu irmão te humilha muito, os meninos da escola te acham uma vadia, sua mãe gosta de você, e seu pai é rigoroso, você pode se vingar virando garota de programa, mesmo porque é raríssimo uma garota passar por uma situação dessas, não é?
5) Homem gosta de achar que dá prazer à mulher, por isso ela pode fingir que está tudo bem. O importante são as aparências e ele ainda paga mais. Já se um homem conseguir fazer uma garota de programa ter um orgasmo, ele não precisa pagar.
6) Homens gostam de serem avaliados, COM NOTA e ver sua classificação na internet, por mais que ele se ache um cinco estrelas e ela dá dois ou três.
7) Não é que homem odeie discutir a relação. É que ele prefere fazer isso com a garota de programa, a R$ 300 a hora, ao invés de com a namorada, esposa ou terapeuta.
8 ) Se convidar a garota de programa para jantar, mesmo que vocês dois tenham um certo grau de amizade, a brincadeira vai custar o equivalente a dois programas.
9) O primeiro cliente a gente não esquece e ele não esquece da gente. Para ele você pode contar seu nome verdadeiro.
10) Nossos hermanos argentinos ainda fazem filmes infinitamente superiores aos nossos (vide Dois Irmãos, Nove Rainhas, Elza e Fred, O Segredo de seus Olhos etc); todos muito mais interessantes e estruturados, não importa o que a patrulha ideológica tupiniquim diga em contrário.
Mais maduro e sério deverá ser o filme baseado em “Filha, Mãe, Avó e Puta”, autobiografia de Gabriela Leite, a criadora da marca de roupas Daspu e que comanda a ONG Davida, que luta por direitos trabalhistas para as prostitutas. Para a revista VEJA, ela disse que gosta de Bruna, mas que a menina fez um livro de curiosidades, na linha de ‘O que eu fazia quando eu estava na zona’. Contar o que passa na cabeça, coração e alma das mulheres que vendem seu corpo e sua intimidade, sem sensacionalismo e plasticidade, seria, com certeza, um avanço para a luta da Gabriela. A direção será de Caco Souza e Vanessa Giácomo será Gabriela. Esperemos com fé.
'12 Homens e uma Sentença', um filme obrigatório
Publicado no site da revista Alfa em março de 2011
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O filme não foi um sucesso de bilheteria, muito por causa do cinema colorido (ele é P&B), mas a crítica amou. Concorreu a três Oscars e perdeu para A Ponte do Rio Kwai, mas se tornou o favorito da ex-primeira dama, Eleanor Roosevelt e um dos três preferidos de Henry Fonda. Entre os anos de 1960 e 2000, 12 Angry Men teve diversas adaptações teatrais, que não seguiam à risca o conceito original, algumas misturando homens e mulheres e outras somente com mulheres.
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Está em cartaz em São Paulo, no Teatro Imprensa, a peça “12 Homens e uma Sentença” sobre um corpo de jurados que tem que decidir a vida de um garoto de 16 anos de idade que teria matado o pai, em um tribunal de Nova York. O lance é que esta obra não é teatral. Na verdade, começou como roteiro de TV, virou filme, foi para os palcos, voltou à TV e agora está sendo representada no Brasil.
Explicando melhor, havia um programa na TV americana chamado Studio One. Era uma série que durou de 1948 a 1958 e trazia a cada episódio alguma obra dramática. Foi aí que um de seus roteiristas, Reginald Rose, foi chamado para ser júri em um caso de assassinato e se viu em uma briga ferrenha de oito horas de duração para decidir o destino do acusado. Lá pelas tantas pensou “que ótimo cenário para um drama televisivo”. E assim surgiu a história do corpo de júri que é fechado em uma sala para montar o veredito em cima de um caso de assassinato. Todos estão convencidos de cara de que o menino acusado é realmente culpado, mas um jurado, o de número oito (não há nomes na trama) discorda do grupo e diz que ele tem dúvidas da culpabilidade do réu. É o bastante para inflamar os egos do grupo e cada um destilar seus conceitos, preconceitos e traumas no decorrer da trama.
A história era boa demais para ficar contida em um espaço de 50 minutos e assim Rose foi convidado a estendê-la para um longa metragem. Henry Fonda foi escolhido como o ator principal e Lee J. Cobb era seu nemesis na sala. Para a direção foi chamado Sidney Lumet, na época diretor de programas de televisão e que nos brindaria anos mais tarde com Serpico, Um Dia de Cão, Rede de Intrigas e Antes que o Diabo Saiba que você está Morto. Fonda também foi produtor do filme, a única vez em sua carreira (ele se arrependeu amargamente da experiência). Os atores ensaiaram exaustivamente por duas semanas e as filmagens duraram apenas 21 dias.
Uma das coisas interessantes do filme é que cada jurado representava um estilo e classe social. O jurado número 1, o fraco líder do grupo, é treinador em um colégio, o jurado 2, tímido e amedrontado que aos poucos acha sua força é caixa de um banco; o jurado 3, essencial na trama, é dono de uma empresa de mensagens; o quatro, frio e lógico é corretor na bolsa de valores; o jurado 5 veio dos guetos; o sexto é pintor de paredes; o sétimo, infantil e fanático por baseball é vendedor de geléia; o jurado 8, o que difere de todos, é arquiteto; o nono é um velho aposentado; o décimo, racista e radical, é dono de um estacionamento; o 11o, imigrante naturalizado, é relojoeiro e o último, fútil e sem opinião, é publicitário.
O filme não foi um sucesso de bilheteria, muito por causa do cinema colorido (ele é P&B), mas a crítica amou. Concorreu a três Oscars e perdeu para A Ponte do Rio Kwai, mas se tornou o favorito da ex-primeira dama, Eleanor Roosevelt e um dos três preferidos de Henry Fonda. Entre os anos de 1960 e 2000, 12 Angry Men teve diversas adaptações teatrais, que não seguiam à risca o conceito original, algumas misturando homens e mulheres e outras somente com mulheres.
Cinquenta anos depois de seu lançamento, uma nova versão em longa foi lançada para a TV com elenco estelar: Jack Lemmon (como jurado 8), George C. Scott (como o 3), James “Tony Soprano” Galndolfini como o pintor de paredes, Armin Mueler Stahl como o corretor, entre outros. Rose foi chamado para atualizar seu roteiro, mas recusou-se a colocar mulheres no juri. Segundo ele, se fosse assim, o nome teria de ser alterado para “12 Pessoas e uma Sentença” e não ficaria tão forte. Ao invés disso, acrescentou mais negros e teve a coragem de colocar o personagem racista como um afrodescendente. O resultado é tão bom como o original.
E por que você deve ver 12 Homens e Uma Sentença?
Não é um filme simplesmente para quem gosta de dramas de tribunais ou feito para quem estuda Direito. 12 Homens é uma obra que nos ensina a analisar uma situação, colocando de fora nossas emoções e pré-conceitos. Mostra como um grupo de pessoas heterogêneas pode, por enxergar algo dentro de uma ótica distorcida por dogmas, tomar decisões errôneas e cheias de ódio e raivas subliminares. É um filme que mostra qual é o problema de um grupo com liderança pífia, o que pode acontecer quando um elemento assume uma agressividade descontrolada e como certas pessoas não conseguem focar em uma situação, usando recursos como piadas e postura desinteressada, timidez e gritos justamente para não ter que assumir nenhum risco. Ele já foi usado muitas vezes em treinamentos e palestras justamente como exemplo de dinâmica grupal e para técnicas de resolução de conflitos e seguramente você vai se identificar com mais de um personagem.
Se você estiver em São Paulo, vale a pena ver a peça (as interpretações estão ótimas, e garante muitos risos nervosos) e depois ver o filme (ou vice-versa). Se não estiver, adquira o filme. Dificilmente você chegará ao final dele com as mesmas idéias que tinha quando colocou o disco no aparelho.
10 bons filmes da máfia irlandesa
Publicado no site da revista Alfa em março de 2011
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1.Inimigo Público (1931): James Cagney em plena forma na história de Tom Powers, um bandido que começa a crescer nas fileiras na máfia até causar uma tremenda guerra de gangues. O cara era tão bonzinho que esmaga uma grapefruit na cara da namorada, Mae Clark, em pleno café da manhã.
2. Anjos da Cara Suja (1938): filmaço com Cagney e Pat O´Brien (outro irlandês) sobre dois amigos de infância que se tornam, respectivamente, um gangster e um padre e entram em choque quando o primeiro começa a inspirar um bando de garotos na Hell´s Kitchen dos anos 1930. A sequencia final é de fazer lutador de jiu-jitsu chorar!
3. Sindicato de Ladrões (1954): Marlon Brando dá um show no clássico de Elia Kazan sobre um pugilista irlandês fracassado que se vê em crise de consciência e resolve brigar com o pessoal corrupto que domina o sindicato dos estivadores em Hoboken. Levou oito Oscars.
4. Golpe de Mestre (1973): filme bem levinho, aproveitando a dupla bem sucedida de Butch Cassidy, Paul Newman e Robert Redford, nas aventuras de dois trapaceiros que, para vinga a morte de um amigo, tramam um golpe em cima de um chefão da máfia irlandesa.
5. Ajuste Final (1990): no mais puro estilo dos Irmãos Cohen, um filme de primeira linha sobre um frio e lacônico conselheiro da máfia irlandesa que tenta manter a paz entre duas gangues. Muito humor negro, violência e traições em uma trama complexa.
6. Um Tiro de Misericórdia (1990): inspirado em uma bando real, os Westies, este filme com elenco fantástico (Sean Penn, Ed Harris e Gary Oldman) foca nas nos últimos dias das gangues do bairro de Hell´s Kitchen em Nova York. Penn faz um jovem que volta ao seu bairro natal para se juntar à gangue dominada por seus irmãos, mas na verdade é um policial disfarçado.
7. Gangues de Nova York (2002): não é um dos meus favoritos, mas o filme de Scorcese encantou pelo lirismo de tratar da violência da Nova York do final do século 19, focando na vingança do personagem de Leo Di Caprio contra o homem que matou seu pai, o líder de gangue, Bill ‘The Butcher’ Cutting, uma interpretação arrepiante de Daniel Day Lewis.
8. Estrada para Perdição (2002): Paul Newman, em uma de suas últimas aparições, odiou fazer esse filme, baseado em um ótimo gibi de Mac Alan Collins, que lembra outra HQ, esta japonesa, O Lobo Solitário. Matador da máfia irlandesa tem que fugir da fúria assassina de seu chefe, depois que seu filho testemunha um massacre. O filme tem ainda Tom Hanks, Jude Law e Daniel Craig antes de ser James Bond. Uma boa diversão, mas só isso.
9. Sobre Meninos e Lobos (2003): em 1975 três amigos brincam nas ruas de Boston quando um é levado por dois homens e é violentado. Anos depois, um deles (Sean Penn) se tornou um criminoso menor, outro (Kevin Bacon) é policial e o terceiro (Tim Robbins) ainda é atormentado com o estupro no passado. Quando a filha de Sean é morta, ele quer pegar o assassino antes da polícia e Robbins se torna o principal suspeito. Filme bem pesado de Clint Eastwood que ganhou dois Oscars.
10. Os Infiltrados (2006): Scorcese abandonou a máfia italiana, para se dedicar à irlandesa, nessa refilmagem do policial japonês Infernal Affairs. Leonardo de Caprio é Billy Costigan, policial infiltrado na gangue de Frank Costello (Jack Nicholson), enquanto Matt Damon é um capanga de Costello dentro da polícia. Apesar do final patético (que mais faz rir do que impressiona), levou o Oscar de Melhor filme de 2007.
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Hoje é dia de São Patrício, o santo protetor da católica Irlanda e é dia de beber cerveja preta, se vestir de verde, dançar e cantar e assistir filmes de gangsteres. Pois é, os bons filhos da terra do trevo também foram retratados no lado errado da lei em uma série de bons filmes, antes de perderem espaço para a máfia italiana e se tornarem apenas policiais corruptos nas telonas. O maior ator de filmes de gangues dos anos 1930 e 1940 era justamente de origem irlandesa, James Cagney. E com ele que iniciamos a lista dos 10 melhores filmes com a máfia irlandesa:
1.Inimigo Público (1931): James Cagney em plena forma na história de Tom Powers, um bandido que começa a crescer nas fileiras na máfia até causar uma tremenda guerra de gangues. O cara era tão bonzinho que esmaga uma grapefruit na cara da namorada, Mae Clark, em pleno café da manhã.
2. Anjos da Cara Suja (1938): filmaço com Cagney e Pat O´Brien (outro irlandês) sobre dois amigos de infância que se tornam, respectivamente, um gangster e um padre e entram em choque quando o primeiro começa a inspirar um bando de garotos na Hell´s Kitchen dos anos 1930. A sequencia final é de fazer lutador de jiu-jitsu chorar!
3. Sindicato de Ladrões (1954): Marlon Brando dá um show no clássico de Elia Kazan sobre um pugilista irlandês fracassado que se vê em crise de consciência e resolve brigar com o pessoal corrupto que domina o sindicato dos estivadores em Hoboken. Levou oito Oscars.
4. Golpe de Mestre (1973): filme bem levinho, aproveitando a dupla bem sucedida de Butch Cassidy, Paul Newman e Robert Redford, nas aventuras de dois trapaceiros que, para vinga a morte de um amigo, tramam um golpe em cima de um chefão da máfia irlandesa.
5. Ajuste Final (1990): no mais puro estilo dos Irmãos Cohen, um filme de primeira linha sobre um frio e lacônico conselheiro da máfia irlandesa que tenta manter a paz entre duas gangues. Muito humor negro, violência e traições em uma trama complexa.
6. Um Tiro de Misericórdia (1990): inspirado em uma bando real, os Westies, este filme com elenco fantástico (Sean Penn, Ed Harris e Gary Oldman) foca nas nos últimos dias das gangues do bairro de Hell´s Kitchen em Nova York. Penn faz um jovem que volta ao seu bairro natal para se juntar à gangue dominada por seus irmãos, mas na verdade é um policial disfarçado.
7. Gangues de Nova York (2002): não é um dos meus favoritos, mas o filme de Scorcese encantou pelo lirismo de tratar da violência da Nova York do final do século 19, focando na vingança do personagem de Leo Di Caprio contra o homem que matou seu pai, o líder de gangue, Bill ‘The Butcher’ Cutting, uma interpretação arrepiante de Daniel Day Lewis.
8. Estrada para Perdição (2002): Paul Newman, em uma de suas últimas aparições, odiou fazer esse filme, baseado em um ótimo gibi de Mac Alan Collins, que lembra outra HQ, esta japonesa, O Lobo Solitário. Matador da máfia irlandesa tem que fugir da fúria assassina de seu chefe, depois que seu filho testemunha um massacre. O filme tem ainda Tom Hanks, Jude Law e Daniel Craig antes de ser James Bond. Uma boa diversão, mas só isso.
9. Sobre Meninos e Lobos (2003): em 1975 três amigos brincam nas ruas de Boston quando um é levado por dois homens e é violentado. Anos depois, um deles (Sean Penn) se tornou um criminoso menor, outro (Kevin Bacon) é policial e o terceiro (Tim Robbins) ainda é atormentado com o estupro no passado. Quando a filha de Sean é morta, ele quer pegar o assassino antes da polícia e Robbins se torna o principal suspeito. Filme bem pesado de Clint Eastwood que ganhou dois Oscars.
10. Os Infiltrados (2006): Scorcese abandonou a máfia italiana, para se dedicar à irlandesa, nessa refilmagem do policial japonês Infernal Affairs. Leonardo de Caprio é Billy Costigan, policial infiltrado na gangue de Frank Costello (Jack Nicholson), enquanto Matt Damon é um capanga de Costello dentro da polícia. Apesar do final patético (que mais faz rir do que impressiona), levou o Oscar de Melhor filme de 2007.
Jerry Lewis, o palhaço triste
Publicado no site da revista Alfa em Março de 2011
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Jerry Lewis disse certa vez que não existe uma distância entre comédia e tragédia, mas no caso dele, a dor e a tristeza estiveram sempre reservadas para a vida pessoal. Nas telas, Jerry é um verdadeiro fabricante de risadas com seu jeito atrapalhado, bobalhão, misturando a comédia física do palhaço com piadas surreais do mímico. O homem que por décadas cantou, dançou (ou como definiu Sammy Davis Jr, foi o maior fingido branco em questões de dança), escreveu roteiros, estrelou 69 filmes e séries de TV, completa 85 anos de idade hoje.
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Jerry Lewis disse certa vez que não existe uma distância entre comédia e tragédia, mas no caso dele, a dor e a tristeza estiveram sempre reservadas para a vida pessoal. Nas telas, Jerry é um verdadeiro fabricante de risadas com seu jeito atrapalhado, bobalhão, misturando a comédia física do palhaço com piadas surreais do mímico. O homem que por décadas cantou, dançou (ou como definiu Sammy Davis Jr, foi o maior fingido branco em questões de dança), escreveu roteiros, estrelou 69 filmes e séries de TV, completa 85 anos de idade hoje.
Lewis ficou muito conhecido nos anos 1950 por sua parceria com o galã ítaloamericano Dean Martin. Os dois começaram com shows em clubes onde Martin cantava e Jerry aparecia como um garçom desastrado que deliberadamente acabava com o espetáculo. O sucesso os levou para as rádios, para a TV e obviamente para o cinema. Acontece que o comediante acabou sendo mais popular que o cantor não só entre os fãs, mas na imprensa. Isso, aliado ao fato da esposa de Lewis ter ficado louca da vida quando Dean Martin trocou a mulher por uma menina bem mais nova, colaboraram para a separação dos dois em 1956. Martin e Lewis apareceram juntos esporadicamente nos anos que se seguiram, mas só fizeram uma performance ao vivo, como dupla novamente em 1976 quando Frank Sinatra os reuniu em um Telethon. A morte do filho de Martin em 1987 os reaproximou de vez e continuaram amigos até Dino nos deixar em 1995.
Foi na carreira solo que mostrou suas maiores qualidades em filmes como O Mensageiro Trapalhão (onde dá um show de piadas surreais e trabalha sem falar), O Cinderelo Sem Sapato (uma versão masculina do conto de Cinderela), O Terror das Mulheres, Mocinho Encrenqueiro e, um dos seus melhores e mais conhecidos filmes, O Professor Aloprado (a primeira cena onde Buddy Love aparece com a câmera subjetiva é sensacional e fez com que Lewis pudesse brincar com seu ar de galã).
A partir do final da década de 1960, Lewis se dedicou mais à TV e passou a dar aula de direção cinematográfica na Universidade do Sul da Califórnia. George Lucas e Steven Spielberg foram seus alunos. Outro grande projeto que se dedicou integralmente foi a Associação de Distrofia Muscular, criada em 1949. Lewis nunca explicou o porque de sua ligação com a doença (deduz-se que alguém da família ou amigo próximo sofresse da doença), mas a partir de 1966 criou e passou a apresentar o famoso Telethon, a maratona televisiva para arrecadar fundos para pesquisa e auxílio a quem sofre de problemas motores.
Uma queda durante uma piada em um show de 1965 no sands Hotel trouxe gravíssimos problemas em suas costas, quase fazendo com que perdesse os movimentos. Lewis sentia tanta dor que quase tentou o suicídio (seu fuilho entrou no quarto quando ele estava com a arma na mão) e ficou viciado no medicamento Percodan. Lá por 1978 afirmava ter se livrado do vício, e desde 2002, possui um neuroestimulador sinérgico implantado em suas costas que reduz a dor e lhe dá mais liberdade. Outra medicação, Prednisone, que tomava para fibrose pulmonar acabou aumentando consideravelmente seu peso e impedindo-o de trabalhar. Em 2003, tambem se livrou do remédio. Além disso, os anos de atividade ferrenha lhe deram dois enfartes, diabetes e câncer na próstata.
Mesmo assim, Jerry Lewis nunca deixou de fazer rir e de emocionar. Trabalhou esporadicamente em filmes e seriados com destaque para O Rei da Comédia de Martin Scorcese, Arizona Dream com Johnny Depp, Rir é Viver com Oliver Platt e em seriados como Homem da Máfia, Law & Order e Mad About You. Aos 85 anos, provavelemnte deve lamentar não ter conseguido realizar dois sonhos: filmar o livro ‘Apanhador no Campo de Centeio’, seu preferido e ter conseguido lançar o filme The Day the Clown Cried que fez em 1972 e que, por problemas jurídicos, nunca viu as telas de cinema. Nele, o comediante faz um palhaço que, preso pela Gestapo, tem que entreter as crianças em um campo de concentração, antes delas serem enviadas para a morte. Uma imagem perfeita para o cara que, não importasse qual fosse a desgraça que ocorria em sua vida e no mundo, estava fazendo todo mundo rir. Parabéns, Jerry Lewis!
Eu sou multi-facetado, talentoso, genial, rico e internacionalmente famoso. Eu tenho um QI de 190 -- que é suposto ser um gênio. As pessoas não gostam disso. A minha resposta a todos os meus críticos é simples: eu gosto de mim. Eu gosto do que me tornei. Estou orgulhoso do que eu tenho conseguido, e eu realmente não acredito que eu tenha arranhado a superfície ainda.
E agora a sensacional cena de Mocinho Encrenqueiro onde Lewis dá um show com seu talento, acompanhado da orquestra de Count Basie, com a música ‘Blues in Hoss Flat’. Você nunca mais vai conseguir participar de uma reunião em sua empresa sem se lembrar dele!
segunda-feira, 14 de março de 2011
‘Taxi Driver’, 35 anos de um melancólico passeio
Publicado no site da revista Alfa em março de 2011
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Em 8 de fevereiro de 1976, o roteirista Paul Schrader chegou ao Cinema 1 de Nova York com 15 minutos de atraso, para a sessão de estréia de Taxi Driver, o filme que escrevera. Uma longa fila em frente ao cinema o assustou e o fez pensar que a a gerência não havia aberto ainda as portas. Chegando mais perto é que entendeu que aquela multidão já se formava para a segunda sessão. Era o início do sucesso deste clássico dirigido por Martin Scorcese e que está sendo exibido esta semana nos Estados Unidos em sessões especiais com cópias restauradas e que chega em blu-ray em abril, com altíssima definição. Taxi Driver é considerado um dos melhores trabalhos do diretor, imortalizou Robert De Niro, lançou Jodie Foster, fez com que a frase ‘You talkin´to me?’ entrasse para os anais da cultura pop moderna e tem uma história fascinante por trás das câmeras, a começar pela do seu roteirista.
Paul Schrader vinha de uma rigorosa educação calvinista e chegou a declarar que seu pai lhe chicoteava em, pelo menos, seis dias da semana, enquanto a mãe, para lhe mostrar o que seria o inferno, colocou uma agulha por baixo de sua unha e afirmou que aquela dor aconteceria todos os dias, o tempo todo, se ele não fosse para o céu depois que morresse. Com uma criação dessas, não era de se estranhar que ele tivesse uma profunda obsessão por armas e suicídio e a idéia fixa de que violência é a grande força redentora de todo o mal. Na primavera de 1972, demitido do jornal LA Free Press por ter metido a boca em Easy Rider, enfrentando um divórcio e abandonado pela namorada, escreveu em 10 dias, a primeira versão de Taxi Driver, como inspiração para trabalhos futuros.
Dois anos depois, já trabalhando em Hollywood e encantado com o filme francês O Batedor de Carteiras de Robert Bresson, reescreveu sua obra, uma visão pessimista da America dos anos 70 sob a ótica de um ex-combatente do Vietnã que, insone, se torna um taxista em Nova York e passa a conviver com personagens decadentes da vida noturna da cidade , tem uma paixão obsessiva por uma coordenadora de campanha de um candidato à presidência dos Estados Unidos e tenta ainda salvar uma prostituta menor de idade de uma vida desregrada. Iris, a menina que abandona a família e cai nas garras de um cafetão sedutor e que será o pivô da sequencia final do filme, surgiu depois que o próprio Schrader transou com uma acompanhante menor e drogada.
Depois que Brian De Palma caiu fora do projeto e o produtor Tony Bill ter sido gongado para a direção, o filme caiu nas mãos de Martin Scorcese, então vibrando com o o sucesso de Alice Não Mora Mais Aqui. Dustin Hoffman e Al Pacino recusaram a fazer o filme (o primeiro porque achava Martin louco e o segundo porque não queria trabalhar com Tony Bill) e assim, o diretor trouxe Robert De Niro para ser Travis Bickle, o personagem principal. O ator, que havia ganho um Oscar por O Poderoso Chefão II e acabara de estrelar 1900 de Bernardo Bertolucci, topou trabalhar por apenas US$ 35 mil, salário bem inferior ao que poderia ganhar na época e acabou garantindo a estabilidade do projeto.
Para a prostituta mirim Iris veio Jodie Foster, então 12 anos de idade, Harvey Keitel, outro colaborador costumaz de Scorcese, optou em interpretar seu cafetão e o interesse romântico de Bickle ficou com a loirinha Cybill Shepherd. A atriz, casada na época com o diretor Peter Bogdanovich, estava tão em baixa em sua carreira que não era chamada nem para fazer propaganda de xarope para tosse. Os produtores imaginavam a personagem Betsy como um tipo “à la Cybill Shepherd”, mas achavam que nunca conseguiriam a legítima por causa do baixo salário pago. No final, conseguiram.
A santíssima trindade, De Niro, Schrader e Scorcese, discutiam cada pedaço do filme e das motivações da história e obviamente que muito quebra-pau rolava, especialmente entre o diretor e o roteirista. Para complicar a situação, no meio do caminho surgiu a jornalista Julia Cameron, que escrevia sobre política para a revista Oui e foi convidada por Scorcese para reescrever os discursos políticos do filme, assim como os diálogos com os motoristas de taxi na lanchonete. Para completar, a moça se tornou amante e esposa de Martin no meio das filmagens e tudo isso regado a grandes carreiras de cocaína e atraindo o ódio dos colaboradores constantes do diretor. Para se ter uma idéia do tamanho do estrago, foi ela, por exemplo, que chamou o amigo Steven Prince para fazer o vendedor de armas e drogas, já que ele era na verdade traficante e sim, vendia armas.
Schrader achava que Scorcese estava se distanciando do texto, mas na verdade, o diretor estava brigando com Deus e o mundo para conseguir evitar que o estúdio transformasse o enredo num história de amor. Ajudou o fato de que De Niro odiou Shepherd e judiou da moça durante todo a filmagem, chamando-a de “princesinha” e mimada e puxando o saco de Jodie Foster, por quem se encantou. Bobbie era um ator “do método” e passou algumas semanas trabalhando em um taxi e estudando doenças mentais antes de encarar o maluco taxista. A famosa cena do monólogo na frente do espelho foi totalmente improvisada e a frase “You talkin´to me?” veio, na verdade, de um exercício que sua professora de interpretação, a famosíssima Stella Adler (que havia descoberto -- e treinado também -- Marlon Brando) usava em suas aulas.
Ainda nas curiosidades do filme, Scorcese tentou em vão fazer com que o prefeito de NY atuasse no filme como o candidato a presidente Charles Palatine e depois teve que aguentar a recusa de Rock Hudson para o papel, já que estava comprometido com a série de TV Casal MacMillan. O lendário compositor Bernard Hermann disse que não queria fazer a trilha sonora da obra porque “não trabalhava em filmes sobre taxi”, mas voltou atrás depois que leu o roteiro e adorou uma cena em especial, onde Bickle acrescenta brandy aos seus cereais matinais. No final, a música do filme combinou perfeitamente com a atmosfera noir “roubada” dos filmes de Jean-Luc Godard.
Filmagens prontas e Taxi Driver ainda teve que enfrentar o problema da censura. A Motion Picture Association of America havia achado o final do filme muito violento e queria tascar uma classificação X, aquela usada para filmes pornôs (e que foi atrelada também a O Último Tango em Paris e Perdidos na Noite antes que se criasse o PG-17), o que teria destruído seu lançamento. Scorcese reeditou as cenas do massacre final com a brilhante idéia de dessaturar as cores, dando um ar de foto de tablóide à sequência. O filme ganhou sua classificação R e ainda foi lebrado sem tantos cortes.
Taxi Driver faturou US$ 58 mil na primeira semana de exibição e US$ 12,5 milhões ao final de sua passagem no circuito norte-americano. Foi Palma de Ouro no Festival de Cannes de 1976, mas acabou totalmente esnobado pelo Globo de Ouro e pelo Oscar de 1977, não levando nenhuma estatueta. Em 1981, John Hinckley, aparentemente inspirado por Taxi Driver e afirmando querer impressionar Jodie Foster, atirou no então presidente Ronald Reagan. Nessa época Julia Cameron encontrou o produtor Bert Schneider (que odiava o filme) e disse: “Viu, o filme não era de todo mau”. E ele respondeu “Se fosse tão bom, o cara teria conseguido matar o presidente”.
Mas 35 anos depois, fica a pergunta: sobre o que é Taxi Driver? É sobre um neurótico de guerra? Trata da solidão dos tempos modernos e a melancolia de se viver sozinho? É sobre chegarmos em um ponto onde não conseguimos mais aguentar a podridão da sociedade? É sobre um homem que resolver lutar para devolver uma menina à inocência? Ou é uma crítica em cima da mídia, distorcendo fatos e criando um herói? O filme é tudo isso e pode ter inúmeras interpretações. Até mesmo seus criadores não chegaram a uma conclusão de qual seria a mensagem central. Segundo o escritor Peter Biskind, “Schrader trouxe a guerra para casa, mas retirou dela a paixão que animava o movimento pacifista (assim como Scorcese fora forçado a atenuar a cor do sangue) e, em vez disso, insuflou-a com alienação europeia e revanchismo americano”.
Depois de Taxi Driver e até por causa do sucesso do filme, Martin Scorcese, às voltas com as drogas, começou a preparar sua decadência com o péssimo New York, New York e se viu em uma descida para o fundo do abismo que durou dois anos. Assim como Travis Bickle, ele acabaria saindo triunfante e vivo deste buraco, para se tornar um dos mais importantes diretores do cinema contemporâneo.
Quem pode mais: Stallone ou Robert Rodriguez?
Publicado no site da revista Alfa em março de 2011
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O cinema teve, desde seu início, o gênero apelidado “filme para macho”, obras onde a testosterona dá o tom. Eram os filmes de cavaleiros medievais lá no comecinho, seguidos pelos faroestes B, com um intervalo para as aventuras de soldados durante a II Guerra, os detetives e policiais da década de 1970 até chegar aos anos de 1980 com uma penca de produções da produtora Cannon/ Golan&Globus com tipos como Dolph Lundgreen, Chuck Norris, entre outros, além obviamente do maior de todos os representantes dos durões, o irregular Sylvester Stallone.
Assisti nesta semana dois exemplares recentes deste tipo de filme que faz a alegria dos adolescentes e do pessoal que acha que cinema não é feito para se pensar: Machete de Robert Rodriguez e Os Mercenários de Sylvester Stallone e deu para ver porque o primeiro é uma ótima diversão e o segundo, um monte de porcaria. Stallone se leva a sério demais e Rodriguez de menos.
O velho Sylvester parece procurar ser motivo de piada sempre. Começou com um bom Rocky, Um Lutador, escrito e protagonizado por ele mesmo e vencedor de vários Oscars, inclusive de Melhor Filme, ganhou força com o primeiro filme da série Rambo (que não era ruim, diga-se de passagem) e depois caiu de cabeça como garoto-propaganda da era Reagan, com seu herói americano que destrói os inimigos dos EUA. O cara até tentou flertar com comédias (Pare Senão Minha Mãe Atira) e com o drama (no bom Cop Land), além de ficção científica (O Demolidor), mas sempre voltou para os tipos que falam através das armas.
Fazer uma obra com os símbolos dos machos da década de 1980 e 1990 parecia ser uma ótima idéia. Estão lá Mickey Rourke, Jet Li, Bruce Willis e Arnold Schwarzenegger em pontinhas e um dos piores careteiros do cinema, Eric Roberts, irmão da Julia Roberts. Existe até um pôster (que reproduzo aqui) que brinca com o número de mortes atribuídas a cada ator do filme em sua carreira cinematográfica (Lundgreen é o campeão com 632). O lance é que o filme, com um background desses, quer ser sério. Sly é, para variar, o salvador da pátria, cheio de honra e princípios e com senso de humor duvidoso. Diálogos ruins, interpretações horrorosas e história péssima completam o cardápio.
Aí vem Robert Rodriguez, que assim como seu amigo Quentin Tarantino, adora brincar com os chavões do cinema de ação. Foi assim com a saga mexicana do mariachi em três filmes (el Mariachi, A Balada do Pistoleiro e Era uma Vez no México), com Sin City e até mesmo com a aventura juvenil As Aventuras de SharkBoy e Lava Girl. Quando ele e Tarantino realizaram Grindhouse, uma sessão dupla baseada em filmes dos anos 70, desenvolveram uma série de trailers falsos de filmes e eis que surgiu a idéia de Machete com o mexicano mais feio do planeta, Danny Trejo.
Trejo, um ex-presidiário tatuadíssimo, é figura constante nos filmes de Rodriguez e merecia seu lugar ao sol. Sua carranca feia não é compatível com sua simpatia em entrevistas (já chegou a dizer, fazendo piada, que seu maior trauma foi ter trabalhar entre Antonio Banderas e Johnny Depp, dois caras belíssimos). Assim como no filme de Stallone, Rodriguez recuperou alguns artistas ruins dos anos 1980 (no caso Steven Seagal e Don Johnson), chamou amigos de sempre (Cheech Marin e Michele Rodriguez) e ainda colocou duas musas da interpretação ruim (Jessica Alba e Lindsay Lohan) ao lado de Robert De Niro, que entrou de cabeça na atuação caricata. A história é totalmente previsível, os diálogos são horríveis, mas a grande diferença é que em Machete as coisas foram feitas deliberadamente para serem trash. Em que outro filme o herói é feio pacas, pega todas as mulheres e ainda usa o intestino de um inimigo como corda para escapar de um hospital? Só que antes desse absurdo, temos um médico explicando a duas enfermeiras que o intestino humano pode ser seis vezes mais longo que a altura da pessoa, num diálogo completamente deslocado no enredo.
Stallone promete um novo filme com seus mercenários. Rodriguez brinca no final do filme que seu personagem voltará em Machete Mata e Machete Mata de Novo. Seria muito bacana se o Sly aprendesse com o mexicano. Melhor ainda se deixasse Rodriguez dirigir seu filme com toda a liberdade do mundo. Aí sim teríamos um legítimo filme de macho muito bem feito.
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O cinema teve, desde seu início, o gênero apelidado “filme para macho”, obras onde a testosterona dá o tom. Eram os filmes de cavaleiros medievais lá no comecinho, seguidos pelos faroestes B, com um intervalo para as aventuras de soldados durante a II Guerra, os detetives e policiais da década de 1970 até chegar aos anos de 1980 com uma penca de produções da produtora Cannon/ Golan&Globus com tipos como Dolph Lundgreen, Chuck Norris, entre outros, além obviamente do maior de todos os representantes dos durões, o irregular Sylvester Stallone.
Assisti nesta semana dois exemplares recentes deste tipo de filme que faz a alegria dos adolescentes e do pessoal que acha que cinema não é feito para se pensar: Machete de Robert Rodriguez e Os Mercenários de Sylvester Stallone e deu para ver porque o primeiro é uma ótima diversão e o segundo, um monte de porcaria. Stallone se leva a sério demais e Rodriguez de menos.
O velho Sylvester parece procurar ser motivo de piada sempre. Começou com um bom Rocky, Um Lutador, escrito e protagonizado por ele mesmo e vencedor de vários Oscars, inclusive de Melhor Filme, ganhou força com o primeiro filme da série Rambo (que não era ruim, diga-se de passagem) e depois caiu de cabeça como garoto-propaganda da era Reagan, com seu herói americano que destrói os inimigos dos EUA. O cara até tentou flertar com comédias (Pare Senão Minha Mãe Atira) e com o drama (no bom Cop Land), além de ficção científica (O Demolidor), mas sempre voltou para os tipos que falam através das armas.
Fazer uma obra com os símbolos dos machos da década de 1980 e 1990 parecia ser uma ótima idéia. Estão lá Mickey Rourke, Jet Li, Bruce Willis e Arnold Schwarzenegger em pontinhas e um dos piores careteiros do cinema, Eric Roberts, irmão da Julia Roberts. Existe até um pôster (que reproduzo aqui) que brinca com o número de mortes atribuídas a cada ator do filme em sua carreira cinematográfica (Lundgreen é o campeão com 632). O lance é que o filme, com um background desses, quer ser sério. Sly é, para variar, o salvador da pátria, cheio de honra e princípios e com senso de humor duvidoso. Diálogos ruins, interpretações horrorosas e história péssima completam o cardápio.
Aí vem Robert Rodriguez, que assim como seu amigo Quentin Tarantino, adora brincar com os chavões do cinema de ação. Foi assim com a saga mexicana do mariachi em três filmes (el Mariachi, A Balada do Pistoleiro e Era uma Vez no México), com Sin City e até mesmo com a aventura juvenil As Aventuras de SharkBoy e Lava Girl. Quando ele e Tarantino realizaram Grindhouse, uma sessão dupla baseada em filmes dos anos 70, desenvolveram uma série de trailers falsos de filmes e eis que surgiu a idéia de Machete com o mexicano mais feio do planeta, Danny Trejo.
Trejo, um ex-presidiário tatuadíssimo, é figura constante nos filmes de Rodriguez e merecia seu lugar ao sol. Sua carranca feia não é compatível com sua simpatia em entrevistas (já chegou a dizer, fazendo piada, que seu maior trauma foi ter trabalhar entre Antonio Banderas e Johnny Depp, dois caras belíssimos). Assim como no filme de Stallone, Rodriguez recuperou alguns artistas ruins dos anos 1980 (no caso Steven Seagal e Don Johnson), chamou amigos de sempre (Cheech Marin e Michele Rodriguez) e ainda colocou duas musas da interpretação ruim (Jessica Alba e Lindsay Lohan) ao lado de Robert De Niro, que entrou de cabeça na atuação caricata. A história é totalmente previsível, os diálogos são horríveis, mas a grande diferença é que em Machete as coisas foram feitas deliberadamente para serem trash. Em que outro filme o herói é feio pacas, pega todas as mulheres e ainda usa o intestino de um inimigo como corda para escapar de um hospital? Só que antes desse absurdo, temos um médico explicando a duas enfermeiras que o intestino humano pode ser seis vezes mais longo que a altura da pessoa, num diálogo completamente deslocado no enredo.
Stallone promete um novo filme com seus mercenários. Rodriguez brinca no final do filme que seu personagem voltará em Machete Mata e Machete Mata de Novo. Seria muito bacana se o Sly aprendesse com o mexicano. Melhor ainda se deixasse Rodriguez dirigir seu filme com toda a liberdade do mundo. Aí sim teríamos um legítimo filme de macho muito bem feito.
O Rio no cinema estrangeiro
Publicado no site da revista Alfa em março de 2011
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Não sou de acompanhar desfile de escola de samba, nem em São Paulo, nem no Rio, mas desta vez vi com sofrimento o ótimo desempenho da Salgueiro ir por água abaixo, quando seus enormes carros alegóricos deram pane na avenida. Acontece que o tema da escola, a história do Rio de Janeiro no cinema, era para lá de interessante e os caras conseguiram fazer até uma bateria com uniforme do BOPE, emulando um dos maiores sucessos nacionais, o famoso Tropa de Elite. De resto estavam lá, a Atlântida, Carlota Joaquina – Princesa do Brasil, Carmem Miranda e até mesmo a nova animação Rio com o seu diretor Carlos Saldanha.
O Rio no cinema estrangeiro é realmente louco porque aparentemente é um lugar mais místico e lendário do que se anuncia em propaganda oficial. Explicando melhor, para o cinema gringo, a cidade maravilhosa é um misto de bacanal sensual com paraíso de malfeitores (e não culpem Ronald Biggs, os nazistas já tinham descoberto o Brasil antes dele). E parece existir uma regra nesses filmes: brasileiro não pode fazer papel de carioca em filme estrangeiro. Aparentemente a moda começou em 1933 no filme Voando para o Rio com Fred Astaire, onde a mocinha brasileira, com o singelo nome de Belinha de Rezende, era interpretada pela mexicana Dolores del Rio. Essa moda aparece até no já citado Rio de Saldanha. O único dublador brasileiro na versão original da animação é Rodrigo Santoro.
Outro ponto a se destacar em filmes gringos é a imagem do brasileiro lá fora. Zé Carioca (ou Joe Carioca por lá) , que Pato Donald conheceu em Alô, Amigos, é um tipo simpático e folgazão no cinema, mas sua versão nos quadrinhos, desde os anos de 1940, é de um cara que não trabalha e só vive se aproveitado dos outros. A maior representante do Rio clássico (e do Brasil), é, sem dúvida, Carmen Miranda. Sucesso nas rádios e no cinema nacional, a portuguesa de nascimento se tornou a quintessência do gingado brasileiro lá fora, com suas roupas exageradas, chapéu de frutas e balagandãs e por um tempo foi o salário feminino mais alto de Hollywood, desde sua estréia nas telonas de lá com Serenata Tropical de 1940. O problema é que tem muito americano que acha até hoje que a mulher carioca anda desse jeito por aí.
Com o fim da guerra, vieram os criminosos alemães. Em 1946, por exemplo, Hitchcock colocou Ingrid Bergman e Cary Grant vigiando nazistas na então capital federal brasileira em Interlúdio. Em Os Meninos do Brasil, Gregory Peck interpreta Joseph Mengele e sua tentativa de clonar Hitler, mas o filme começa mesmo com uma reunião nazista no Paraguai e não no Rio, só que o nome do nosso país estava aí e pronto, a confusão estava feita. Anos depois é que foi se saber que o criminoso realmente estava refugiado aqui e que teria morrido perto de São Paulo.
Quando Ronald Biggs assaltou o trem pagador em 1963 e se refugiou no Rio de Janeiro, a cidade passou a ser sinônimo de esconderijo para golpistas, especialmente em comédias como Um Peixe Chamado Wanda (sim, John Cleese e Jamie Lee Curtiss fogem para o Rio onde tem 11 filhos e fundam um leprosário) e Os Produtores. Interessantemente, no fantástico filme Alpha Dog de Nick Cassavetes, Emile Hirsch se refugia no Paraguai, mas o jovem traficante que inspirou a história do filme, Jesse James Hollywood, veio mesmo para Rio, tendo sido recomendado a ele que engravidasse uma menina para nunca ser deportado (como aconteceu com Biggs). Acontece que, com o tempo ,as leis mudaram e o rapaz foi preso em Saquarema em 2005. Em Velozes Cinco, Vin Diesel retoma personagem Dom Toretto que o consagrou em Velozes e Furiosos e desta vez o simpático criminoso está escondido no Rio de Janeiro, onde mais? Até mesmo o monstro verde mais famoso da Marvel, O Incrível Hulk, já se escondeu em uma favela carioca, um lugar extremamente tranquilo para alguém que não pode ficar nervoso. Temos que lembrar também que James Bond veio ao Rio de Janeiro apenas uma vez, no péssimo 007 contra o Foguete da Morte, com direito a perseguição no bondinho do Pão de Açucar, carnaval com ares de Nova Orleans e erros geográficos incríveis, como a Foz do Iguaçu ser no meio do Brasil.
Para finalizar, a talvez maior bobagem difamatória em cima do Rio de Janeiro tenha sido Feitiço do Rio, uma péssima comédia romântica de 1984 com Michael Caine. No filme, nós falamos castelhano e casamentos celebrados por mãe de santos são feitos nas praias. O filme de Stanley Donen é praticamente um incidente diplomático e nem a peituda Michelle Johnson, então com 17 anos, e Demi Moore aos 22 anos fazendo topless em Copacabana salvam esse desastre.
Jean Harlow, a mãe de todas as louras
Publicado no site da revista Alfa em março de 2011
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“Homens gostam de mim porque eu não uso sutiã. As mulheres gostam de mim porque eu não me pareço com uma garota que iria roubar seu marido. Pelo menos não por muito tempo “. Assim era Jean Harlow, a “vênus platinada” ou “blonde bombshell”, o primeiro grande símbolo sexual louro do cinema, cujo centenário de nascimento foi celebrado no último dia 03 de março. Harlow foi um dos maiores símbolos sexuais dos anos 1930, parceira de Clark Gable em seis filmes e de Spencer Tracy em três. Morreu com 26 anos idade em 1937, vítima de uma falência dos rins e em apenas nove anos de carreira conquistou crítica e público, primeiro fazendo papel de loura burra e depois em grandes interpretações dramáticas.
Na vida pessoal, casou-se a primeira vez aos 16 anos com Charles McGrew, o herdeiro de uma família milionária e a vida a dois durou até 1930. Em julho de 1932, juntou os trapos com o produtor Paul Bern. O suicídio deste, dois meses depois e a misteriosa morte da ex-esposa de Paul algumas semanas depois foram o suficiente para encher os tablóides de fofocas sobre a atriz. A coisa pegou mais fogo ainda quando ela começou a sair com o boxeador Max Baer, então casado. O estúdio, para tirar a imprensa do pé, a fez casar com o diretor de fotografia Harod Rosson. Rosson era amigo pessoal de Harlow e topou o papel de apaixonado e assim os dois mativeram a farsa por sete meses. Eis que surge o ator William Powell e a atriz realmente se apaixona de verdade. Ficaram juntos por dois anos, mas diferenças nos planos futuros (ela queria filhos e ele não) e a pressão do estúdio fez o romance acabar (mas o amor não).
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“Homens gostam de mim porque eu não uso sutiã. As mulheres gostam de mim porque eu não me pareço com uma garota que iria roubar seu marido. Pelo menos não por muito tempo “. Assim era Jean Harlow, a “vênus platinada” ou “blonde bombshell”, o primeiro grande símbolo sexual louro do cinema, cujo centenário de nascimento foi celebrado no último dia 03 de março. Harlow foi um dos maiores símbolos sexuais dos anos 1930, parceira de Clark Gable em seis filmes e de Spencer Tracy em três. Morreu com 26 anos idade em 1937, vítima de uma falência dos rins e em apenas nove anos de carreira conquistou crítica e público, primeiro fazendo papel de loura burra e depois em grandes interpretações dramáticas.
É interessante conhecer a biografia de Harlow porque foi uma pessoa que viveu intensamente por um período muito curto de vida. Dos 17 anos de idade até sua morte, foi casada três vezes e teve um longo e apaixonante caso com o ator William Powell. Começou no cinema graças a uma aposta. Ao dar uma carona a uma conhecida até os estúdios da Fox, a amiga lhe desafiou a fazer um teste para ser atriz, dizendo que a loura não tinha estômago para isso. Harlow topou e começou no cinema muda, trabalhando de início nos filmes da dupla o Gordo e o Magro, dos estúdios de Hal Roach. A grande chance veio em 1929, quando o filme Anjos do Inferno estava sendo adaptado de mudo para falado e a tariz principal, uma norueguesa, tinha um sotaque muito carregado para ser apreciado pelo público norteamericano. Harlow foi convidada a substituí-la e o filme acabou sendo um tremendo sucesso. Foi a primeia escolha para ser a paixão do mamacão em King Kong, mas o esúdio não a liberou. Contratada pela MGM, tornou-se o grande sex symbol com Loura e Sedutora de 1931 e no ano seguinte, foi o par romântico de Gable no faroeste Terra de Paixões de John Ford. Depois vieram Jantar às Oito, Bombshell, Mares da China, Wife vs Secretary, trabalhando com astros de primeira grandeza como James Stewart, Robert Taylor, Cary Grant, Jimmy Cagney e William Powell.
Na vida pessoal, casou-se a primeira vez aos 16 anos com Charles McGrew, o herdeiro de uma família milionária e a vida a dois durou até 1930. Em julho de 1932, juntou os trapos com o produtor Paul Bern. O suicídio deste, dois meses depois e a misteriosa morte da ex-esposa de Paul algumas semanas depois foram o suficiente para encher os tablóides de fofocas sobre a atriz. A coisa pegou mais fogo ainda quando ela começou a sair com o boxeador Max Baer, então casado. O estúdio, para tirar a imprensa do pé, a fez casar com o diretor de fotografia Harod Rosson. Rosson era amigo pessoal de Harlow e topou o papel de apaixonado e assim os dois mativeram a farsa por sete meses. Eis que surge o ator William Powell e a atriz realmente se apaixona de verdade. Ficaram juntos por dois anos, mas diferenças nos planos futuros (ela queria filhos e ele não) e a pressão do estúdio fez o romance acabar (mas o amor não).
Harlow foi sinônimo de sensualidade e sexualidade , ao mesmo tempo que passava a imagem da garota comum norteamericana. Obviamente que o marketing da MGM era forte, alterando seu passado e sobrenome (de Carpenter para Carpentier e colocando-a como parente do poeta Edgar Allan Poe) e distribuindo fotos de seus trabalhos com caridade. A moça também sabia trabalhar a seu favor. Nas entrevistas não tinha pudor em dizer que não usava lingerie alguma e que só dormia nua. Nos anos 1930 isso era para lá de escandaloso e tanta notoriedade a fez ser a primeira atriz a estampar a capa da revista Life.
Quando morreu em 1937, Louis B. Mayer, o grande chefão da MGM, fechou o estúdio por um dia e transformou seu velório em um grande acontecimento, fazendo até que os atores\cantores Nelson Eddy e Jeanette MacDonald cantarem sua música favorita frente a uma orquestra na cerimônia. Dick Powell gastou 25 mil dólares em seu mausoléu, que ostenta uma placa com um “Our Baby” escrito. Seu último filme, Saratoga, foi terminado usando dublês de corpo e é considerado seu melhor trabalho.
Por causa de Jean Harlow, uma legião de louras invadiu as telonas. E Veronica Lake, Marilyn Monroe (declaradamente sua fã), Kim Novak, Janet Leigh, Faye Dunaway e Scarlet Johansson, entre muito outras, tem muito a dever a essa “bomba platinada”.
Quem levou o Framboesa de Ouro
Publicado no site da Revista Alfa em março de 2011
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Algumas curiosidades
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Quase que vou me esquecendo de anunciar as piores produções cinematográficas no ano de 2010, segundo os votantes do Razzie Award, o chamado “Framboesa de Ouro”. A cerimônia aconteceu no Hollywood’s Barnsdall Gallery Theatre no sábado, 27/02, evento que os organizadores costumam chamar de “a noite antes do Oscar” (é sério isso!).
E o grande “vencedor” da noite foi mesmo o ex-menino prodígio M. Night Shymalayan e seu O Último Mestre do Ar, baseado no desenho animado que conseguiu desagradar aos críticos e a quem curtia a animação. Além de levar os troféus de “Pior Diretor” e “Pior Filme”, a obra o indiano ganhou “Pior Roteiro” e “Pior Mau uso de 3D”. Jackson Rathbone (que não tem nenhuma relação com um dos mais famosos Sherlock Holmes do cinema, Basil Rathbone) levou o prêmio de “Pior Ator Coadjuvante ” justamente por suas participações marcantes no filme de Shymalayan e em Crepúsculo:Eclipse (outro filme que concorria ao prêmio “máximo” de pior produção). Só lembrando que M. Night já havia “vencido” em 2006 pelo irregular A Dama da Água e concorrido por Fim dos Tempos.
O mais que dispensável Sex and The City 2 ficou em segundo lugar na premiação. As quatro novaiorquinas levaram as estatutetas de “Pior Time” e “Pior Atriz” (este último foi para Sarah Jessica Parker, Kim Cattrall, Cynthia Nixon e Kristen Davis juntas) e ainda ficou como a “Pior Sequência”. O rei do Twitter, Ashton Kutcher saiu como “Pior Ator” por Par Perfeito e Idas e Vindas do Amor. Depois de cinco vezes indicada, a gatíssima Jessica Alba ganhou sua Framboesa de “Pior Atriz Coadjuvante” por um pacote de péssimas atuações em quatro filmes: O Assassino em mim, Entrando Numa Fria Maior Ainda com a Família, Idas e Vindas do Amor e Machete.
Algumas curiosidades
- Sir Lawrence Olivier, um dos maiores atores de teatro e cinema de todos os tempos, ganhou seu Razzie em 1981 pelo filme Inchon.
- Sylvester Stallone já ganhou o Razzie por suas interpretações marcantes por quatro vezes. Ele também levou o hoje extinto “Pior Canção Original” por cantar “Drinkenstein” no filme Rhinestone – Um Brilho na Noite.
- Já o ex-presidente George W. Busch ganhou seu prêmio de “Pior Ator” por ter sido ele mesmo no documentário Fahrenheit 11/09.
- O recorde de Razzies para “Pior Atriz” é de Madonna. Foram cinco vezes contra três de Bo Derek, Demi Moore e Sharon Stone. Ou seja, não basta ter um corpo lindo. Tem que ter talento.
- Sandra Bullock ganhou em 2010 um prêmio como “Pior Atriz” por Maluca Paixão e foi receber a estatueta para gáudio dos organizadores. No dia seguinte, ele levava um Oscar por Um Sonho Possível para seu próprio prazer.
- A cantora e pretensa atriz, Pia Zadora, causou um mal estar tremendo nos organizadores do Globo de Ouro, já que em 1982 ela recebeu um prêmio da imprensa estrangeira como “Melhor Estrela do Ano em Filme para o Cinema” por Butterfly e também um Razzie de “Pior Atriz” pelo mesmo filme. O marido dela na época era um produtor influente e ficou no ar um clima de mamata na premiação mais séria.
- Por cinco vezes os organizadores entregaram um prêmio de “Pior Carreira”, em 1981, 1983, 1985, 1987 e 2009 para, respectivamente, o ex-ator e ex-presidente Ronald Reagan; Linda Blair (a garota de O Exorcista); Irwin Allen (meio injusto, porque o cara produziu e criou séries famosas e boas como Perdidos no Espaço, Terra de Gigantes e Viagem ao Fundo do Mar); “Bruce”, o tubarão mecânico de Tubarão de Spielberg e ainda para o diretor Uwe Boll, como “a versão alemã de Ed Wood”, por obras como BloodRayne, Alone in the Dark e House of the Dead – O Filme.
terça-feira, 1 de março de 2011
Kirk Douglas, o Último Durão
Publicado no site da revista Alfa em fevereiro de 2011
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Não é difícil imaginar por que Kirk Douglas roubou a noite de ontem na entrega do Oscar. Se você for ler a história da vida desse ator, que se tornou um dois maiores e mais respeitados mitos de Hollywood, vai entender que ele também faz parte de uma espécie de homem que já não se fazem mais. Douglas é um lutador (e um vencedor), desde a mais tenra infância. Um cara que passou por pobreza extrema, pela segunda guerra, por um divórcio em 1951, por um acidente de helicóptero em 1991, um derrame em 1994, pela morte de um filho (Eric Douglas) por overdose em 2004 e, no ano passado, quase viu seu sucessor nas telas, Michael Douglas, sucumbir a um câncer. E mesmo assim, lá estava ele, com 94 anos de idade, brincando com as mulheres do Oscar.
Veja fotos da carreira de Kirk Douglas
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Não é difícil imaginar por que Kirk Douglas roubou a noite de ontem na entrega do Oscar. Se você for ler a história da vida desse ator, que se tornou um dois maiores e mais respeitados mitos de Hollywood, vai entender que ele também faz parte de uma espécie de homem que já não se fazem mais. Douglas é um lutador (e um vencedor), desde a mais tenra infância. Um cara que passou por pobreza extrema, pela segunda guerra, por um divórcio em 1951, por um acidente de helicóptero em 1991, um derrame em 1994, pela morte de um filho (Eric Douglas) por overdose em 2004 e, no ano passado, quase viu seu sucessor nas telas, Michael Douglas, sucumbir a um câncer. E mesmo assim, lá estava ele, com 94 anos de idade, brincando com as mulheres do Oscar.
Veja fotos da carreira de Kirk Douglas
O alterego de Kirk Douglas é um tal de Issur Danielovitch que nasceu na cidade de Amsterdam no estado de Nova York em dezembro de 1916, filho de imigrantes da Bielorússia. Esse Issur, ou Izzy como também era chamado, desapareceu quando se alistou na marinha em 1941, logo no comecinho da participação dos EUA na II Guerra Mundial. No lugar dele, surgiu Kirk Douglas, um cara que havia pago a faculdade sendo faxineiro e jardineiro, um homem que fazia parte do time de luta da universidade e nas férias se apresentava em circo e um marinheiro que, ao reconhecer uma antiga colega, Diana Dill, na capa da revista Life, disse a seus parceiros de navio, “vou voltar vivo e casar com a garota”. E assim o fez.
Sua estréia no cinema se deu por causa de outra colega de classe, a estonteante Lauren Bacall. Foi ela que o apresentou para o produtor Hall B. Wallis em 1946 quando ele procurava por um ator para trabalhar com Barbara Stanwick em O Tempo não Apaga. A partir daí, o homem se tornou um dos maiores sucessos de bilheteria nos anos 1950 e 1960, fazendo tipos durões, de olhar duro, queixo proeminente e voz grave e com um estilo de vida baseado em uma ética própria. Foi o tempo de clássicos como Assim Estava Escrito de 1952 (Douglas era um inescrupuloso produtor de filmes), faroestes como Sua Última Façanha (de 1962, onde ele é um cowboy que se deixa ser preso para ajudar um amigo a escapar da penitenciária) e Duelo de Titãs (com outro grande machão das telas, Anthony Quinn), militares cheios de honra como em Glória Feita de Sangue (1957) ou Spartacus (1960), ambos dirigidos por Stanley Kubrick e ainda em Sede de Viver onde interpretou Vincent Van Gogh com uma tamanha força que lhe rendeu o Globo de Ouro de Melhor Ator em 1957. Mais para o lado cômico, Kirk se destacou no filme live-action de maior bilheteria dos Estúdios Disney até hoje, 20.000 Léguas Submarinas, onde trabalhava ao lado de monstros do cinema como James Mason e Peter Lorre.
Apesar de nunca terem sido realmente amigos, seu grande parceiro no cinema foi sem dúvida nenhuma Burt Lancaster, já que atuaram em sete filmes juntos. No último deles, Os Últimos Durões de 1986, Douglas, aos 70 anos, aparece malhando, com um corpo de garotão, tendo um caso com uma menina 40 anos mais nova e ainda assistindo um show do Red Hot Chilli Peppers (estes bem antes de estourarem no cenário musical). É a imagem perfeita de um cara que nunca se deixou abater pela idade, nem pelo descrédito da Academia. Ama o cinema mais do que tudo, mesmo nunca tendo ganhado um Oscar competitivo (concorreu três vezes). A única estatueta que recebeu na cerimônia foi em 1995, um prêmio especial pelos 50 anos de sua carreira. E pode apostar que além dos 91 filmes que atuou, os oito que produziu e os dois com sua direção, a Academia vai sempre ficar lhe devendo pela cena realmente interessante do 83º Oscar.
Quem ganhou o bolão do Oscar?
Publicado no site da revista Alfa em fevereiro de 2011
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O Oscar acabou de acabar e ganharam exatamente aqueles que todos esperavam nas categorias principais. Fico imaginando que nos famosos bolões do Oscar, cada grupo teve uns 33 vencedores ou o critério de desempate tenha sido quem acertou o Melhor Curta em Documentário (Strangers No More, sobre uma escola em Tel Aviv onde crianças de 48 países diferentes estudam juntos…. peraí…. esse também era óbvio….. qualquer documentário passado em Israel ou que fale sobre boa vontade entre os povos leva a estatueta).
A Rede Social
O Vencedor
Cisne Negro
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O Oscar acabou de acabar e ganharam exatamente aqueles que todos esperavam nas categorias principais. Fico imaginando que nos famosos bolões do Oscar, cada grupo teve uns 33 vencedores ou o critério de desempate tenha sido quem acertou o Melhor Curta em Documentário (Strangers No More, sobre uma escola em Tel Aviv onde crianças de 48 países diferentes estudam juntos…. peraí…. esse também era óbvio….. qualquer documentário passado em Israel ou que fale sobre boa vontade entre os povos leva a estatueta).
Foi um Oscar sem graça. A começar pelos apresentadores. A tentativa de ligar a nova geração a Hollywood não foi a melhor das idéias. James Franco (que tuitava nos bastidores) parecia estar com cara de saco cheio e Anne Hathaway dava gritinos histéricos de deslumbramento a cada um que subia no palco. Se era para ser a festa da juventude hollywoodiana, foi bizarro ver a platéia aplaudir de pé Billy Crystal, o comediante que vestiu o manto de mestre-de-cerimônias da festa por oito vezes, todas muito bem sucedidas. Crystal homenageou outro grande apresentador da cerimônia, Bob Hope (morto em 2003), que num efeito incrível e mais curto do que deveria, anunciou a entrada de Jude Law e Robert Downey Jr no palco. No final das contas, a impressão que passou era que por mais que a molecada pudesse estar se divertindo, são os veteranos que mais manjam mesmo da coisa.
E foi justamente um veterano que roubou a noite logo no começo do espetáculo. O lendário Kirk Douglas, do alto de seus 94 anaos de idade, apresentou o Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante, mas não sem antes mostrar que é ainda é um tremendo sedutor, saudando Hathaway com um “onde você estava quando eu ainda fazia filmes?”. Melissa Leo que levou o prêmio como a mãe dos lutadores em O Vencedor, não só soltou um ‘FUCKING’ no discurso de agradecimento e como ainda, impressionada com a virilidade do velhinho, convidou Douglas para sair (“O que você vai fazer depois do show?”). Parecia que seria uma premiação engraçada e cheia de surpresas. Mas não foi.
Salvaram-se alguns lampejos de espontaneidade em algumas apresentações e discursos, como de Cate Blanchet que, apresentando o prêmio de melhor maquiagem, soltou um “Que nojento” depois do clipe que mostrava cenas do filme O Lobisomem (que acabou levando a estatueta). Luke Matheny, que recebeu o prêmio de Melhor Curta por God of Love começou seu discurso com um “eu devia ter cortado o cabelo”. O sensacional Christian Bale iniciou seu agradecimento com um ‘bloody hell’. Kevin Spacey se apresentou como “Olá, meu nome é George Clooney” ao mostrar dois concorrentes de melhor canção.
Mas o melhor discurso da noite mesmo foi do sempre mau humorado Randy Newman, vencedor de melhor canção por We Belong Together de Toy Story 3. O maestro já concorreu por 20 vezes ao Oscar e era somente a segunda vez que ganhava a estatueta e começou a zombar disso e do almoço dado aos concorrentes aos prêmios, onde foi recomendado a todos que não tirassem uma lista de agradecimentos do bolso, pois isso não é bom material para a TV. E também destaco o discurso “mais ironicamente inglês, impossível” de Colin Firth ao receber por melhor ator do ano.
No fim, esnobaram o ótimo Bravura Indômita e os Coen, o Brasil não viu o documentário Lixo Extraordinário ganhar seu prêmio e o pesado Biutiful perdeu para o dinamarquês Em um Mundo Melhor como Melhor Filme em Língua Estrangeira.
O pior do pior: é bom destacar a transmissão da Globo em sinal aberto. A emissora, que passou a semana inteira perturbando e anunciando que havia recuperado os direitos de transmissão da festa, começou a programa com mais de uma hora de atraso, porque estava transmitindo Big Brother Brasil. Ou seja, quem não tinha TV a cabo ou computador com transmissão online em tempo real, dançou.
O melhor do pior: quem assistiu pelo computador, pode ter a chance de ver uma das propagandas mais engraçadas de todos os tempos com Ozzy Osbourne e Justin Bieber anunciando uma promoção da Best Buy. Quando o “cantor” teen apresenta uma celular 6G, Kelly Osbourne pergunta “o que diabos é um 6G?” e Ozzy solta “o que diabos é um Bieber?”. Impagável.
E a lista dos vencedores:
COM 4 OSCARS:
O Discurso do Rei - Melhor roteiro original
- Melhor Diretor: Tom Hooper
- Melhor ator: Colin Firth
- Melhor filme
- Melhor fotografia
- Melhor Mixagem de Som
- Melhor Edição de Som
- Melhores Efeitos Visuais
A Rede Social
- Melhor roteiro adaptado
- Melhor Trilha Sonora Original
- Melhor Edição
O Vencedor
- Melhor atriz coadjuvante: Melissa Leo
- Melhor ator coadjuvante: Christian Bale, por O Vencedor
- Melhor direção de arte
- Melhor Figurino
- Melhor animação
- Melhor Canção Original: We Belong Together
Cisne Negro
- Melhor atriz: Natalie Portman
- Melhor filme estrangeiro
- Melhor Maquiagem
- Melhor Curta em Documentário
- Melhor Curta
- Melhor Documentário
- Melhor Curta de Animação
Quem ganhará como pior filme do ano?
Publicado no site da revista Alfa em fevereiro de 2011
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Enquanto o mundo aguarda o Oscar no domingo, algumas pessoas já fazem suas apostas no Golden Raspberry Award que rola no sábado e “premia” os piores filmes do ano de 2010. A estatueta que começou em 1980, criado pelo roteirista John J. B. Wilson é anualmente entregue nas categorias comuns como pior filme, pior ator etc, mas também possui prêmios especiais esporádicos que incluem ‘Pior Roteiro Faturando mais de US $ 100 milhões’, ‘Pior desrespeito irresponsável pela vida humana e da Propriedade Pública’, ‘Pior desculpa para um Filme real’, ‘A Pior Desculpa para Entretenimento Familiar , ‘Pior desculpa para um filme de terror’, etc. Os “vencedores” por assim dizer são premiados sempre um dia antes do Oscar, sendo escolhidos pelos membros pagantes do site www.razzies.com. O termo razzie vem de raspberry (framboesa) ou “blowing a razzie”, que é fazer o som de um peido pela boca em sinal de descontentamento.
E vamos a algumas categorias:
Pior filme do ano
O páreo é duro entre Caçador de Recompensas (por favor Gerard Butler, não faça mais comédias românticas), O Último Mestre do Ar, Sex and the City 2 (por favor, meninas, chega de Manolo), Crepúsculo: Eclipse (desse a gente não escapa, ainda tem mais livros a serem filmados) e Os Vampiros que se Mordam (é uma pena que gente como Mel Brooks e o trio ZAZ tenha deixado isso de herança).
Pior ator
Pior atriz
Categoria Especial: Melhor mau uso de 3D para furar os olhos
Já que parece que qualquer porcaria hoje é feita em 3D para que os cinemas possam nos arrancar mais dinheiro no ingresso, os organizadores do Razzie não tiveram muito trabalho em selecionar alguns filmes realmente ruins para a nova categoria: concorrem Cães e Gatos: A Vingança de Kitty Galore, Fúria de Titãs, O Último Mestre do Ar,The Nutckacker 3D e Jogos Mortais VII.
Pior casal ou time
Pior diretor
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Enquanto o mundo aguarda o Oscar no domingo, algumas pessoas já fazem suas apostas no Golden Raspberry Award que rola no sábado e “premia” os piores filmes do ano de 2010. A estatueta que começou em 1980, criado pelo roteirista John J. B. Wilson é anualmente entregue nas categorias comuns como pior filme, pior ator etc, mas também possui prêmios especiais esporádicos que incluem ‘Pior Roteiro Faturando mais de US $ 100 milhões’, ‘Pior desrespeito irresponsável pela vida humana e da Propriedade Pública’, ‘Pior desculpa para um Filme real’, ‘A Pior Desculpa para Entretenimento Familiar , ‘Pior desculpa para um filme de terror’, etc. Os “vencedores” por assim dizer são premiados sempre um dia antes do Oscar, sendo escolhidos pelos membros pagantes do site www.razzies.com. O termo razzie vem de raspberry (framboesa) ou “blowing a razzie”, que é fazer o som de um peido pela boca em sinal de descontentamento.
Segundo o site oficial, 2010 foi o ano marcado pelas continuações, refilmagens e por termos que pagar muito mais no cinema para usar óculos 3D. O campeão de indicações ao razzie é o péssimo O Último Mestre do Ar de M. Night Shyamalan. Este cara aliás, devia virar nome de categoria. Ele impressionou o mundo com O Sexto Sentido, um dos mais geniais filmes de suspense já feitos para a telona, mas a partir deste sua carreira foi meteoricamente para baixo, com porcarias como Sinais, A Dama da Água e Fim dos Tempos (ainda acho A Vila interessante).
Pior filme do ano
Pior ator
Quem entortou a arte de interpretar esse ano e pode ganhar sua Framboesa são o sempre repetitivo Jack Black pelo Viagens de Gulliver, Gerard Butler por Caçador de Recompensas, Ashton Kutcher por Par Perfeito e Idas e Vindas do Amor, Taylor Lautner por Crepúsculo e Idas e Vindas do Amor e finalmente, Robert Pattinson por Crepúsculo e Lembranças.
Pior atriz
Jennifer Aniston, que sempre faz a mesma coisa, concorre por Caçador de Recompensas e Coincidências do Amor, a ex-Hanna Montana e futura nova Britney Spears, Miley Cirus, vai de A Última Música, as quatro garotas de Sex and the City2 concorrem como um pacote, Kristen Stewart honra Crepúsculo e a deliciosa Megan Fox pode ganhar pelo horroroso Jonah Hex.
Categoria Especial: Melhor mau uso de 3D para furar os olhos
Já que parece que qualquer porcaria hoje é feita em 3D para que os cinemas possam nos arrancar mais dinheiro no ingresso, os organizadores do Razzie não tiveram muito trabalho em selecionar alguns filmes realmente ruins para a nova categoria: concorrem Cães e Gatos: A Vingança de Kitty Galore, Fúria de Titãs, O Último Mestre do Ar,The Nutckacker 3D e Jogos Mortais VII.
Pior casal ou time
Aqui a coisa é cruel. Estão no páreo Aniston e Butler por Caçador de Recompensas, o sotaque de Megan Fox e a cara de Josh Brolin em Jonah Hex (é sério isso), todo o elenco de Sex and the City2, todo o elenco de O Último Mestre do Ar e todo o elenco de Crepúsculo.
Pior diretor
Na categoria de comandante-em-chefe da “obra” estão Jason Friedberg & Aaron Seltzer (Os Vampiros que se Mordam), Michael Patrick King (Sex & The City #2), M. Night Shyamalan (O Último Mestre do Ar), David Slade (Crepúsculo: Eclipse) e Sylvester Stallone (Os Mercenários).
Na segunda-feira anunciaremos quem foram os grandes vencedores! Não perca!
A glória e a maldição de ‘Cidadão Kane’
Publicado no site da revista Alfa em fevereiro de 2011
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Há exatos 70 anos, em fevereiro de 1941, o maior filme de todos os tempos, Cidadão Kane, estava praticamente com os dias contados. Para começar, seu estúdio, a RKO, não sabia se devia ou não lançar o filme nos cinemas. Depois havia a pressão do magnata dos jornais William Randolph Hearst para que a obra fosse queimada e ela tinha o apoio até dos donos dos outros estúdios, capitaneados pelo chefão da MGM, Louis B Mayer. No final dessa guerra, só ficou um vencedor: o próprio filme.
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Há exatos 70 anos, em fevereiro de 1941, o maior filme de todos os tempos, Cidadão Kane, estava praticamente com os dias contados. Para começar, seu estúdio, a RKO, não sabia se devia ou não lançar o filme nos cinemas. Depois havia a pressão do magnata dos jornais William Randolph Hearst para que a obra fosse queimada e ela tinha o apoio até dos donos dos outros estúdios, capitaneados pelo chefão da MGM, Louis B Mayer. No final dessa guerra, só ficou um vencedor: o próprio filme.
Muita gente hoje talvez não entenderia porque Caine é considerado o número um entre tudo o que já foi feito em Hollywood. A resposta é simples: porque até então ninguém havia feito nada parecido. A glória vai toda para Orson Welles, na época o menino-prodígio da America. Welles, órfão de pai e mãe, já havia tomado de sopetão o teatro e o rádio em Nova York. Saído de um internato, chegou à Bog Apple com idéias mirabolantes para espetáculos teatrais em meio à grande depressão. Para se ter uma idéia de sua ousadia e criatividade, encenou Macbeth de Sheakespeare somente com negros no Harlem, sendo que, num elenco de centenas de pessoas, somente meia dúzia havia tido uma experiência teatral pregressa. Quando o nazismo começou a crescer na Alemanha, Welles encenou Julio Cesar do bardo com figurino retratando os anos de 1930 (algo que o cinema faria bem depois com Ricardo III e Romeu e Julieta).
Na mesma época, ele e seu grupo teatral, o Mercury Theater, dominavam as rádios com suas novelas. Como não havia gravação na época, o cara passava o dia pulando de uma estação a outra. Para se locomover melhor pela grande cidade, Welles contratou uma ambulância para levá-lo mais rapidamente aos seus destinos. E sua fama estourou quando ele, num lampejo de genialidade e sadismo, encenou A Guerra dos Mundos de H. G. Wells como se fosse verdade, no formato de rádio jornal. Na verdade, o genial ator calculou, quando ocorreriam as pausas dos programas das rádios concorrentes e a consequente mudança de estação por parte dos ouvintes, para começar a irradiar a invasão dos marcianos na Terra. Foi um pânico generalizado, com muita gente acreditando mesmo que o planeta estava condenado.
Era óbvio que com um currículo desses que o homem fosse chamado para o cinema e já chegou arrebentando. A RKO havia proposto um contrato que ninguém na época conseguia conceber: Welles teria domínio e liberdade total sobre dois filmes, ou seja, o estúdio não poderia dar pitaco em nada. Sua primeira idéia era filmar O Coração das Trevas de Joseph Conrad com a câmera fazendo o papel do personagem principal (a visão subjetiva que hoje é usada muito em produções pornôs), mas na época os custos eram inviáveis. Seu projeto seguinte, um filme de mistério, também naufragou e eis que surge Herman Mankiewicz, um roteirista alcoólatra com uma proposta genial, porque não filmar a vida de William Randolph Hearst? Ele era amigo da família e frequentava as festas do milionário, portanto tinha conhecimento de causa.
Hearst era o maior propreitário de jornais nos Estados Unidos, com um império feito à base de sensacionalismo e matérias inventadas. Era um homem que começou a guerra hispano-americana em Cuba só para ter o que noticiar. Um cara que declarou certa vez que preferia ter jornais a estúdios de cinema, porque os primeiros podem destruir a vida de um homem e o outro não. Ou seja, ele era uma pessoa que qualquer um evitaria provocar. Só que Welles não era qualquer um.
E assim foi feito. Welles, com 24 anos de idade, fez de seu Kane, um magnata da comunicação, um homem que tinha tudo e perdia o que mais queria. Uma pessoa motivada por princípios na juventude que, aos poucos, vai se deteriorando em busca de mais poder e nesse caminho afasta amigos, esposas e correligionários. Cada aspecto da vida de Hearst foi mostrado, desde a aquisição de um jornal falido até a construção de um palácio (o real na Califórnia, o fictício na Flórida), mas haviam também muitas semelhanças entre ele e Welles e assim, o diretor também colocou aspectos de sua trajetória no personagem.
Acontece que Mankiewicz era um homem autodestrutivo e acabou entregando o roteiro a um amigo, sobrinho da atriz Marion Davies, a grande amante de Hearst. O milionário não se importava em ser retratado como um homem obcecado por poder. Ele era mesmo. O problema foi a maneira com que Orson retratava Davies. No filme, a moça era uma pretensa cantora sem talento que Kane enfia garganta abaixo do público. A mesma coisa que Hearst fez com sua atriz. Além disso, no filme ela era retratada como alcoólatra e infeliz (Davies bebia mesmo, mas era apaixonada pelo magnata e quando ele quase faliu ela vendeu suas coisas e arrecadou um milhão de dólares para salvá-lo). O pior de tudo é que a famosa “Rosebud”, a última palavra dita por Kane em seu leito de morte e que desencadeia toda a história do filme, era como Hearst apelidava o clitóris de Marion Davies (se você não sabe, rosebud é ‘botão de rosa’). E quando se mexe na intimidade de alguém, a coisa pega.
Hearst tentou de tudo para impedir o lançamento do filme. Usou suas fofoqueiras de plantão, Hedda Hopper e Louella Parsons para chantagear meia Hollywood, ameaçando publicar todos os escândalos que engavetara nos últimos anos. Depois ofereceu 800 mil dólares à RKO pelo filme, para poder queimá-lo e por fim, acusou Welles de ser comunista tantas vezes através de seus jornais, que o rapaz ganhou uma ficha no FBI (com registros de que ele seria homossexual também). O jornalista pressionou os outros estúdios a ajudá-lo na sua empreitada e quase conseguiu.
Previsto para ser lançado em fevereiro de 1941, Cidadão Kane chegou aos cinemas (pouquíssimos) em maio daquele ano (e junho no Brasil). O filme foi ainda esnobado nos Oscars e de nove indicações, só ganhou a de melhor roteiro. Welles nunca mais pode trabalhar de novo com a liberdade que teve com essa obra. Virou persona non grata em Hollywood e passou o resto da vida mendigando dinheiro para produções de baixo orçamento. Nunca mais ele e sua carreira foram os mesmo. Hearst morreu dez anos depois, mais lembrado por suas maldades do que por suas realizações e Marion Davies casou-se em 1954, mas nunca mais trabalhou de novo. Bebeu e morreu de câncer em 1961.
Cidadão Kane se tornou o maior filme de todos os tempos e o número um do American Film Institute. Seu estilo de narrativa (com depoimentos formando uma história) foi imitado várias vezes depois. O filme lançou as carreiras cinematográficas de Joseph Cotten e Agnes Moorehead (anos depois ela sera a Endora da série A Feiticeira). Suas tomadas de câmeras (de baixo para cima, mostrando o teto ou a dos reflexos infinitos no espelho) e ângulos são revolucionários e inspiraram inúmeros diretores depois. Kane voltou ao topo nos anos de 1960, quando cineastas europeus passaram a colocá-lo entre as maiores produções de todos os tempos e Welles acabou inspirando muitos talentos que surgiram depois como Peter Bogdanovich, Sidney Polack, entre outros.
O personagem Charles Foster Kane virou o símbolo do magnata manipulador e perigoso e sua frase, “se eu não fosse tão rico, poderia ter sido uma pessoa melhor” é a própria definição de que a fortuna corrompe. Para se ter uma idéia, muitos anos mais tarde, em 1993, o inglês Simon Hartog dirigiu um documentário para o Channel 4 sobre as relações entre a Globo de Roberto Marinho e a política nacional brasileira . E o nome era Brasil: Muito Além do Cidadão Kane. E Marinho conseguiu que o filme não passasse no Brasil. Algo que Hearst ou Kane aplaudiriam.
Uma estátua para Robocop
Publicado no site da revista Alfa em fevereiro de 2011
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Parece piada, mas não é. Há cerca de 10 dias, um internauta sugeriu no twitter oficial do prefeito de Detroit, a cidade automobilística americana mais afetada pela crise econômica, que se construísse uma estátua do famoso personagem Robocop para alavancar o turismo no local. Obviamente que o alcaide disse não e foi o bastante para que uma campanha se iniciasse no Facebook (veja aqui), tentando levantar US$ 50 mil para que o marco turistico fosse erigido. Hoje o site de arrecadação de fundos, Kickstarter, apresentou a seguinte mensagem na página do projeto:
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Parece piada, mas não é. Há cerca de 10 dias, um internauta sugeriu no twitter oficial do prefeito de Detroit, a cidade automobilística americana mais afetada pela crise econômica, que se construísse uma estátua do famoso personagem Robocop para alavancar o turismo no local. Obviamente que o alcaide disse não e foi o bastante para que uma campanha se iniciasse no Facebook (veja aqui), tentando levantar US$ 50 mil para que o marco turistico fosse erigido. Hoje o site de arrecadação de fundos, Kickstarter, apresentou a seguinte mensagem na página do projeto:
“Nós chegamos a meta de US $ 50.000 com a ajuda de muitos, muitos adeptos e uma contribuição generosa de Pete Hottelet na www.omniconsumerproductscorporation.com, mas você ainda pode contribuir, e assim continuar apoiando o projeto. Obrigado a todos! Uau.“
A campanha dividiu opiniões, com gente achando que o policial meio robô, meio homem é um ótimo exemplo de integridade e honestidade para as crianças e outros achando que Detroit não deveria louvar um filme que mostrava a cidade como um antro de violência. Existem até aqueles que, mais pelo lado sociológico da coisa, estão escrevendo sobre as lições que todos devem tira dessa campanha. Da minha parte, fico feliz por um filme de ficção B , feito há17 anos, ainda deixar marcas tão profundas na sociedade moderna.
Robocop - Policial do Futuro é um tremendo filme que, em 1987, estreou discretamente nos cinemas e se tornou uma febre. Catapultou, brevemente, a carreira de seu diretor, o holandês Paul Verhoeven (que faria depois Instinto Selvagem, Total Recall e os péssimos Showgirls e Tropas Estelares). É um filme onde a extrema violência foi muito bem coreografada e tinha bons (alguns desconhecidos) atores como o bom Peter Weller, Ronny Cox, o canastrão Miguel Ferrer e ainda Kurtwood Smith (que anos mais tarde nos brindaria com o sensacional Red Forman de That´s 70´s Show). A história era um primor de clichês de história em quadrinhos, mas mesmo assim era ótima: na Detroit do futuro, tanto o crime como a polícia são controlados por corporações e um policial, Alex Murphy, depois de ser morto pelo maior gangster local, é trazido à vida ligado a um corpo de metal e se torna o Robocop do título.
Verhoeven brincou com a linguagem do filme e algumas vezes parecia ter se inspirado em outra obra contudente da época, a HQ Batman -- O Cavaleiro das Trevas de Frank Miller, que também entrecortava a história com anúncios e jornais de TV. Mesmo as cenas mais pesadas e chocantes não parecem despropositadas no enredo e essa fórmula fez de Robocop um sucesso de público e crítica. Ganhou os principais prêmios de ficção científica, com cinco Saturn Awards e duas estatutetas no Festival de Filmes Fantásticos de Avoriaz, na Espanha, um dos mais conceituados desse gênero. Para se ter uma idéia de como o filme era transado, até mesmo o texto legal, no final dos créditos, brincava com a história: “Este filme é protegido sob as leis dos Estados Unidos e de outros países e sua duplicação não autorizada de distribuição, ou exposições podem resultar em responsabilidade civil e procedimento criminal por andróides de execução“.
Depois de várias continuações ruins, e até de desenho animado, uma nova versão de Robocop é prometida para 2013, anunciada quando os estúdios MGM, donos dos direitos do personagem (e de James Bond também) foram salvos da insolvência. Enquanto isso, o povo de Detroit decide onde quer que coloquem a estátua de seu herói. Estranhamente, e aí sim parece brincadeira, o filme de Verhoeven foi filmado inteiramente em Dallas, no Texas.
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