quinta-feira, 19 de março de 2009

Quatro filmes para assistir comendo chocolate

Publicado no Terra em março de 2009
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A Fantástica Fábrica de Chocolate (1971): o filme que o autor do livro, Road Dahl, odiou e se recusou a ver inteiro, é uma enorme referência para quem viveu nos anos 80 graças a suas inúmeras reprises na TV (que falhavam por não traduzirem as canções moralistas dos Oompa-loompas). O nome original já contrastava com a obra literária já que se chamava Willy Wonka and the Chocolate Factory e o livro, Charlie and the Chocolate Factory. Só que não podemos deixar de considerar a obra cinematográfica uma delícia, com cenários kitsch e coloridos e a interpretação indefectível de gene Wilder como o maluco chocolateiro. Foi o único papel de Peter Ostrum, que interpretava Charlie Bucket, o menino pobre que tirava a sorte grande ao achar o ticket dourado que lhe dava direito a conhecer a empresa de Wonka. Apesar do grande sucesso de bilheteria que teve na época de seu lançamento, Dahl não permitiu que uma continuação, Charlie e o Elevador de Vidro, fosse filmada.

Como água para chocolate (1992): a trágica história de Tita e sua paixão por Pedro é um ode ao amor e ao sentimento no ato de cozinhar. Por ter que cuidar de sua mãe doente, Tita é impedida de casar com Pedro, que a acaba desposando sua irmã. Ao fazer o bolo do casório, chorando por seu destino infeliz, Tita provoca reações de tristeza aos convidados que degustaram do doce e assim descobre que suas reações emocionais são transportadas para a comida. Baseada na obra de Laura Esquivel, a expressão "como água para chocolate" refere-se, na língua espanhola, a um estado de paixão, excitação ou até mesmo raiva. Só que também é a receita do chocolate quente mexicano, onde mistura-se com água e não leite.

Chocolate (2000): uma mulher misteriosa e sua filha de seis anos abrem uma bomboniere em uma cidadezinha da zona rural da França em 1960 e são recebidas com frieza e desconfiança pela população local. Logo, a mágica que impõe aos seus deliciosos chocolates começa a alterar a vida de todos. Uma fábula sobre compreensão e aceitação, dirigida pelo norueguês Lasse Hallström (de Regras da Vida e Minha Vida de Cachorro), era estrelada pela lindíssima Juliette Binoche e Johnny Depp, como um cigano. De todos os filmes da lista, esse é o que mais provoca vontade de devorar uma caixa de bombons.

A Fantástica Fábrica de Chocolate (2005): mesmo com a morte de Road Dahl em 1990, os estúdios não conseguiam refilmar o clássico de 1971 uma vez que a família não abria a mão dos direitos autorais. Só que o genial Tim Burton conseguiu convencê-los que tinha toda a capacidade de manter coerente e viva o universo de Dahl e assim surgiu a nova versão da história, com Johnny Depp dando um show de interpretação e um visual deslumbrante. Burton filmou o livro literalmente, acrescentando novos detalhes (como a infância de wonka) que fez com que a filha do autor original declarasse que parecia que o pai o tinha feito. Além disso, Danny Elfman, o autor das trilhas sonoras de todos os filmes do louco diretor, simplesmente musicou os poemas originais dos Oompa-Loompas no livro, não alterando nenhuma linha. Outro detalhe interessantíssimo é que todos os pequenos anõezinhos foram interpretados por um ator apenas, o queniano Deep Roy, que recebeu um milhão de dólares pelo papel estendido. Elementos originais como os esquilos que escolhiam nozes (no anterior substituíram por gansos de ovos de ouro) também foram incorporados, numa obra que fez torcer o nariz dos amantes do filme de 1971, mas que com certeza, figura entre os melhores do universo de Tim Burton.

Um comentário:

Marcelo Tadeu disse...

Nas duas versões da "Fantástica Fábrica de Chocolate", os dois Willy Wonkas estão perfeitos... agora, em "Chocolate", perfeita é a Juliette Binoche... que mulher!!!