terça-feira, 9 de agosto de 2011

Natalie Wood, a ascensão e queda da musa teen

Publicado no blog da revista Alfa em julho de 2011
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Hoje, 20 de julho, seria aniversário de Natalie Wood, uma atriz que tem uma marca muito interessante: antes dos 25 anos de idade, ela, que começou no cinema aos sete ao lado de Orson Welles, recebeu três indicações para o Oscar e depois só viu sua carreira ir ladeira abaixo até que, em 1981, morreu afogada com 43 anos de idade.

Foi casada duas vezes com Robert Wagner (aquele do seriado Casal 20 e o braço direito do Dr. Evil na série Austin Powers) e, ainda teenager, namorou caras mais velhos como Elvis e Denis Hopper. Em sua carreira, Wood trabalhou em 56 filmes para cinema e TV, mas quero destacar quatro grandes filmes com grandes atuações.

O primeiro é Juventude Transviada de 1955, uma obra que mudou a maneira do mundo enxergar os jovens e inaugurou, ao lado de O Selvagem com Brando, os filmes sobre rebeldia juvenil. Natalie era o par romântico de James Dean, o revoltado “garoto novo na cidade” que coleciona inimigos e problemas por onde passa. O clássico consagrou o canivete automático como acessório obrigatório para qualquer macho revoltado e a “chickie race” (corrida de carros onde o último a saltar do carro em movimento, antes de cair em um despenhadeiro, ganha), mas meio que se tornou maldito já que os três protagonistas tiveram morte violenta: Dean ao volante, Wood ao cair de um barco – bêbada – e afundar por estar usando um pesado casaco de peles e Sal Mineo, assassinado por um amante.

No ano seguinte, ela teve um pequeno, mas essencial papel em Rastros de Ódio de John Ford. É um dos  grandes filmes de John  Wayne, onde o Duke é um cowboy racista e violento que parte numa busca desenfreada para resgatar a sobrinha, raptada por um comanche. Como a procura dura anos, quando ele encontra a menina, ela está totalmente integrada aos indígenas e o homem tem que lutar contra si mesmo para não matar a coitada. É um faroeste imperdível, tenso, onde o personagem de Wayne está deslocado no tempo. É o homem rude e cheio de ódio que estava desaparecendo e a cena onde a porta se fecha com ele se afastando da casa em direção à vastidão do Oeste reflete esse espírito.

Clamor do Sexo de 1961 foi um grande sucesso no seu lançamento justamente por questionar se vale a pena manter-se pura e virgem até se casar ou se é melhor dar vazão aos desejos mais profundos. Colocou Wood como a comportada namorada de Warren Beaty (seu começo como galã), que enlouquece por não poder se entregar ao moço. Foi o primeiro filme hollywoodiano a mostrar um beijo de língua, ganhou um Oscar de Melhor Roteiro e ainda entrou na lista dos 50 melhores filmes universitários de todos os tempos da revista Entertainment Weekly.

Finalmente temos West Side Story,também de 1961, o ótimo musical que põe Romeu e Julieta em Nova York e mostra um ex-líder da gangue branca dos Jets se apaixonando pela irmã do chefe da gangue inimiga, os portoriquenhos Sharks. O espetáculo era um grande sucesso na Broadway e quebrava o estilo de dança mais comum dos musicais, apresentando coreografias ousadas e modernas desenvolvidas por Jerome Robbins. Wood ficou com o papel de Maria depois que Audrey Hepburn recusou (estava grávida), mas nas cenas de canto foi dublada por Marni Dixon. Destaque para as músicas ‘America’ e ‘I Feel Pretty’, além da chatinha ‘Maria’.

É interessante notar que a partir daí, Natalie foi perdendo seu encanto e novidade. Seu último grande sucesso polêmico foi Bob & Carol & Ted & Alice, uma comédia de 1969 sobre troca de casais. Como adulta, a atriz não atraía tantas atenções como era quando teenager e só constou de produções menores.

Sua morte nunca foi plenamente explicada. A versão oficial é que caiu do barco depois de ter ingerido “de seis a oito cálices de vinho”, mas até hoje sua irmã acredita que ela foi empurrada pelo marido, o ator Robert Wagner, depois de uma discussão causada por ciúmes. Ele, obviamente nega, foi inocentado de todas as acusações e está, desde 1990, casado com a ex-Bond Girl Jill St John (de Os Diamantes são Eternos).

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