terça-feira, 9 de agosto de 2011

Tanti auguri, Antonio!

Publicado no blog da revista Alfa em agosto de 2011
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Hoje Tony Bennett, o lendário cantor romântico de jazz, completa 85 anos de idade. E o que ele tem a ver com cinema? Como ator nada, porque raríssimas vezes arriscou mostrar algum lado dramátrico, trabalhando em alguns seriados de TV anos anos 1960 e 1970. Só que podemos afirmar que não há filme de máfia italiana os dias atuais sem Bennett na trilha (isso ao lado de Louis Prima) ou a coisa não tem graça.

Tony Bennett é um dos grandes exemplos de retomada e superação de um artista. Sucesso nos anos 1950 e 1960 (e, por mais que as pessoas o relacionam com a coisa, não fez parte do Rat Pack de Sinatra), ele viu sua carreira quase afundar com o advento do rock n´roll. Sua tentativa de se manter no topo custou-lhe a saúde e o casamento até que no início dos anos 1990, seu filho começou a colocá-lo em programas de TV com tinham apelo com o público mais jovem (começando por Letterman) e em 1994, o cara gravou um Unplugged para a MTV, sendo redescoberto por um pessoal que curtia rap, country e rock e ganhando inúmeros prêmios. E essa retomada não se limitou às rádios. O cinema também dobrou-se ao seu estilo, especialmente quando a máfia foi “ressucitada” por Martin Scorcese e outros grandes diretores.

E Bennett e bandidos ítalos americanos tem muito a ver. É só assistir a abertura do grande Os Bons Companheiros e se deparar com aquela máfia romântica, em um bairro italiano típico, com ‘Rags to Riches’ ao fundo, compondo um das mais belas combinações entre imagem e música já mostrado. É óbvio que vamos ver que o mundo não é tão cheio de honra assim e que o personagem principal irá mesmo de ‘mendigo a riqueza’ como diz a canção para depois cair na pobreza de novo, mas tudo bem.

Naquele mesmo ano de 1990, Bennett já havia mostrado sua voz em outros dois filmes de gangsteres: a ótima comédia Um Novato na Máfia (com ‘I wanna Be Around’), aquela em que Brando brinca com seu personagem mais famoso, Don Corleone e ainda na não tão engraçada assim Meu Pequeno Paraíso, com Steve Martin e Rick Moranis.

Quando Bob De Niro resolveu ir para trás das câmeras em 1993 com o bom Desafio no Bronx, mostrando um pai desesperado com a amizade de seu filho com um gangster, lá estava Tony. No divertido O Nome do Jogo, aquele em que John Travolta faz um dos mafiosos mais cool da história das telonas, Chilli Palmer, Bennett canta ‘Are You Havin’ Any Fun’. No incompreendido Cassino (que só foi se tornar cult anos depois de seu lançamento), o cantor marcou presença com ‘Who Can I Turn To When Nobody Needs Me’ e não podia ficar de fora também da trilha incidental de Meu Vizinho Mafioso 2.

A participação mais divertida, porém foi mesmo em A Máfia no Divã. A sensacional comédia de Harold Ramis de 1999 com De Niro fazendo um mafioso em crise que passa a ter sessões de terapia com Billy Crystal brinca com inúmeros elementos dos filmes da cosa nostra e ainda traz no elenco algumas figurinhas carimbadas do gênero, como Chazz Palminteri e (o infelizmente falecido) Joe Viterelli. Entre muitas confusões e neuroses, no final, o Dr. Ben Sobel recebe o melhor pagamento por ajudar um chefão com crise de pânico: um show privativo de Tony Bennett no quintal de sua casa. Quem não haveria de querer uma coisa dessas?
A Antonio Dominick Benedetto, Buon Compleanno!

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