terça-feira, 9 de agosto de 2011

Meus cinco clássicos favoritos de John Huston

Publicado no blog da revista Alfa em agosto de 2011
Link 

Hoje é celebrado o aniversário de nascimento do diretor mais rebelde e genial que Hollywood teve o prazer de consagrar e seguramente um dos meus favoritos: John Marcellus Huston. Ator em 55 filmes, roteirista de 39 e diretor de 47 títulos, Huston foi um cara que soube passar por cima das dificuldades que a vida lhe deu e mostrar seu verdadeiro talento. Foi uma criança doente, que depois de passar algum tempo internada num sanatório por ter o coração grande demais e problemas renais, desistiu da escola e foi ser lutador de boxe, tendo ganho um campeonato amador de peso leve, vencendo 22 das 25 lutas.


Nunca conseguindo parar quieto no lugar, foi ator na Broadway, mas desistiu de tudo para se tornar soldado e vaqueiro no México. De volta aos EUA, acabou em Hollywood, primeiro como roteirista e depois como diretor e ator. Sua estréia na direção foi justamente com o filme que definiu o noir, Relíquia Macabra. Por cinco décadas Huston dominou a sétima arte. Disse certa vez que vivera várias vidas e que invejava  o homem que leva uma só, com um trabalho, e uma mulher, em um país, sob um único Deus. Segundo ele, “pode não ser uma existência muito emocionante, mas pelo menos, quando ele chega aos 73 anos, sabe que idade tem”.Ele faleceu em 1987, aos 81 anos de idade e abaixo, em sua homenagem, listo meus cinco filmes favoritos:

Relíquia Macabra (1941): a estréia de Huston na direção e o início de sua longa amizade com Humphrey Bogart na adaptação fidedigna do livro de Dasheill Hammet. Bogie é o detetive particular Sam Spade, quintessência do macho frio e calculista que investiga o paradeiro de uma estatueta de um falcão, que seria feita de ouro. Foi o filme que definiu o estilo noir com diálogos secos, personagens sem emoção, violência  e fotografia soturna. O filme transformou Bogart em astro e fez de Peter Lorre o coadjuvante preferido de muita gente.  A frase, “a coisa com o qual os sonhos são feitos” entrou para os anais do cinema. Se você quer ver como um homem realmente durão age, tem que assistir esse filme!

O Tesouro de Sierra Madre (1948): um verdadeiro tratado sobre ganância e riqueza, deu o Oscar de direçlão a Huston e o de Melhor Ator Coadjuvante ao pai dele, Walter Huston. Bogart, Walter e Bruce Bennet são três americanos miseráveis no México que se unem para explorar ouro nas montanhas de Sierra Madre. Ao encontrar um rico veio, eles passam a enfrentar bandoleiros e Bogie vai aos poucos enlouquecendo, tomado pelo medo que seus companheiros o roubem. É um filmaço, com um final extremamente interessante e com um roteiro que acabou sendo imitado várias vezes, inclusive em outro clássico cult, Cova Rasa. A frase de um dos bandidos mexicanos, “distintivos? Nós não temos distintivos. Nós não precisamos de distintivos. Eu não tenho que lhe mostrar nenhuma drosga de distintivo.” entrou para as 100 melhores do cinema na escolha do AFI.

Moby Dick (1956): a obra de Herman Melville é um grande estudo sobre vingança  e ganhou uma adaptação à altura com Richard Basehart como Ishmael, Gregory Peck como o temido Capitão Ahab e ainda tem uma ponta de Orson Welles como um pastor. Com roteiro de Ray Bradbury, o filme não teve boa receptividade na época em que foi lançado, mas ganhoiu status com o passar dos anos e é, sim, imperdível para quem quer aprender um pouco sobre liderança e obsessão.

O Homem que Queria Ser Rei (1975): Huston juntou dois ingleses totalmente carismáticos, Michael Caine e Sean Connery e filmou no Afeganistão, a ótima história de Kipling, sobre dois soldados britânicos que, no século 19, vão a uma região do Oriente que não vê um homem branco desde os tempos de Alexandre, o Grande. Tomados como deuses, os dois vão da glória à tragédia. Huston tentou fazer esse filme primeiramente com Clark Gable e Bogart nos anos 50 e depois com Burt Lancaster e Kirk Douglas. Acabou se tornando o filme favorito de Caine (que teve a chance de trabalhar com a esposa, Shakira).

A Honra do Poderoso Prizzi (1985): Huston juntou sua filha (Anjelica, a Morticia dos filmes da Família Addams) e seu então cunhado (Jack Nicholson) numa comédia de máfia sobre um matador de uma poderosa família que se apaixona por uma concorrente, Kathleen Turner, na época uma tremenda mulher sensual. O filme concorreu oito Oscars , dando o de atriz coadjuvante a Anjelica levou quatro Globo de Ouro. Para quem curte filme sobre a cosa nostra, e uma abordagem muito diferente.

Obviamente que existem outros grandes filmes do diretor como Uma Aventura na África, Os Desajustados, A Bíblia, O Pecado de Todos Nós, Roy Bean – O Homem da Lei , entre outros e são igualmente obrigatórios para aqueles que querem ver um filme estruturado e impressionante. Em resumo, Huston é imperdível.

Nenhum comentário: