sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Jane Birkin, o mais famoso gemido

Publicado no site da revista Alfa em agosto de 2011
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Olhe bem para a foto ao lado. Preste bem atenção nesse homem e grave a fisionomia dele para os momentos em que você achar que aquela menina é muita areia para o seu caminhãzinho. Pois esse cara aí era Serge Gainsbourg, compositor e cantor francês, feio, magro demais, fumante inveterado, orelhudo, entornava todas, criador de uma das músicas mais nauseabundas já lançadas e que, apesar de tudo isso, conquistou duas das maiores musas dos anos 1960, Brigitte Bardot e a espetacular Jane Birkin (agora sim, olhe para a foto abaixo).

Birkin é inglesa de Londres, nascida em 1946 que, entre 1965 e 1968, foi casada com o compositor das trilhas dos filmes de James Bond de Sean Connery, John Barry. Bonita, magra, branca, com belíssimos olhos verdes, despontou no cinema com uma pequena participação em Blowup de 1966, dirigido por Michelangelo Antonioni. Em 1968, sem saber francês, a menina foi para a França disputar o papel principal no filme Slogan de Serge Gainbourg. Ganhou a personagem e o diretor.

Serge vinha de um tórrido affair com Bardot e foi com ela que gravou a versão original de ‘Je t’aime… moi non plus’, aquela música que reproduz o diálogo de dois amantes e a mulher fica sussurrando e tendo orgasmos. O lance é que Bardot se casou com o industrial alemão Gunther Sachs, que não queria ficar escutando sua dileta esposa gemendo nas rádios e proibiu seu lançamento (uma das histórias que rolou na época é que os dois haviam gravado a canção fazendo sexo de verdade, ao que Gainsbourg comentou: “se tivesse sido assim, a música seria um lado inteiro de um long-play”).

Assim, abandonado por Brigitte e apaixonado por Birkin, Serge regravou ”Je T´Aime’  com seu novo amor e o casal e a música estouraram nas paradas, mais pela polêmica, do que pela qualidade musical. A canção foi condenada pelo Vaticano, proibida em vários países (o Brasil militar, inclusive, mas também pela Inglaterra, EUA, Itália etc) e muito tempo depois f0i regravada por Donna Summer e – SOCORRO! – pela orquestra de Ray Connif.

Em 1973, Birkin chocou o mundo  de  novo atuando como a amante da ex-amante de seu marido, Brigitte Bardot, no filme Don Juan (também conhecido como Se Don Juan fosse Mulher), péssimo em roteiro e atuações, mas que conseguiria atrair marmanjos ao cinema com suas cenas de teor lésbico. A inglesinha cativara os franceses e em 1975 recebeu uma indicação ao César (o Oscar francês), por sua participação em Je t’aime… moi non plus – 0 filme. Depois disso trabalhou com grandes nomes do cinema francês, fez dois filmes americanos baseados em Agatha Christie (Morte no Nilo e Assassinato num Dia de Sol - ambos com Peter Ustinov como Poirot) e continuou com a carreira musical e celebridade, tornando-se em 1982 modelo de bolsa da famosa marca Hermés, a bolsa Birkin.

Seu neurótico casamento com Serge durou até 1980 quando ela o deixou pelo diretor de cinema Jacques Doillon. De legado, além da música preferida do Djalma Jorge (essa só os paulistanos acima de 40 anos vão sacar), o casal musical deixou uma filha, Charlotte Gainsbourg, que ganhou a Palma de Ouro de melhor atriz no Festival de Cannes de 2009  pelo polêmico Anticristo de Lars Von Trier. A história de Serge e suas musas podem ser conferidas no filme Gainsbourg – O Homem que Amava as Mulheres de Joan Sfar, ainda em cartaz nos cinemas brasileiros, com Birkin sendo interpretada por Lucy Gordon e Bardot por Leticia Casta.

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