terça-feira, 9 de agosto de 2011

Clara Bow, a primeira sex symbol

Publicado no blog da revista Alfa em julho de 2011
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Quando Clara Bow terminou um namoro, soube que o ex -- desesperado -- havia tentado se matar, cortando os pulsos. Indagada sobre como se sentia com isso, ela disparou: “Cortar os pulsos? Homens não cortam os pulsos, homens usam armas”. Essa é uma das muitas lendas dessa atriz do cinema mudo, que foi considerada o primeiro grande símbolo sexual de Hollywood e que inspirou Max Fleischer na criação de Betty Boop. Bow ditou moda, foi alvo de escândalos e reinou tranquilamente sobre a capital do cinema até a aparição dos filmes falados.

Em oito anos, fez mais de 45 filmes. Saiu de uma salário de US$ 35 por semana em 1922 para US$ 5 mil em 1929. Nada mal para uma menina, filha de uma esquizofrência que tentou matá-la e de um pai ausente que quando estava em casa a agredia verbal, fisica e sexualmente.
Seu maior sucesso foi o filme It de 1927. Nele, Bow vivia a vendedora de uma loja que faz das tripas coração para conquistar o dono do estabelecimento e mudar de vida. E consegue, graças ao seu “it” ou seja, o apelo sexual abre portas para a menina. O filme foi o bastante para  colocá-la no imaginário de qualquer marmanjo norteamericano daquela década. Também a pôs nos tablóides, já que inúmeras esposas entraram com processos judicuais, alegando que Clara roubou seus maridos. O máximo dos escândalos veio com a fama de que ela teria transado com todo o time de futebol americano da Universidade do Sul da Califórnia em 1927. Mas sabe-se que ela teve um romance tórrido com Bela Lugosi (o mais famoso Drácula do cinema) e o indivíduo manteve uma foto dela nua em seu quarto pelo resto da vida.

Clara colocava lenha na fogueira, agindo como uma mulher liberada e que não devia nada para ninguém.   É dela a famosa frase “quanto mais conheço os homens, mais amo os cachorros”. Para o público feminino, ela alternava entre o mau exemplo e o modelo de sedução. Muitas criticavam sua imagem sexualizada, mas quando, por exemplo, se descobriu que sua ruivez era graças a aplicação de henna nos cabelos, o produto vendeu como água.

Sua carreira acabou graças, principalmente, a dois fatores. O primeiro foi quando os atores precisaram falar nos filmes. Clara tinha presença, mas um sotaque irritante. Seu último trabalho foi em 1933. Depois, a moça herdou a doença da mãe, a esquizofrenia. Casada com um político, tentou o suicídio quando ele resolveu concorrer a uma vaga na Câmara dos deputados. Sobreviveu, mas afirmou que preferia a morte a voltar para a vida pública.

Clara Bow nasceu em 29 de julho de 1905 e faleceu em 27 de setembro de 1965. Sobre ser um símbolo sexual disse “é um fardo pesado para carregar quando se está cansada, magoada e confusa”. Marilyn Monroe que o diga.

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