segunda-feira, 27 de abril de 2009

Há 20 anos morria a maior comediante americana de todos os tempos

Publicado no Terra em abril de 2009
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Apesar de no Brasil ter feito um relativo sucesso no final dos anos 70 e começo dos anos 80, quando passou na TVS/SBT com uma dublagem horrorosa, Lucille Ball nunca conseguiu aqui a estatura que tem nos Estados Unidos. Lá, ela é até hoje idolatrada e seguramente é a grande dama da comédia americana, no cinema e principalmente na televisão.

Lucille Désirée Ball nasceu em 6 de agosto de 1911 em Jamestown no estado de Nova York. Aos 16 anos de idade, por estar namorando o filho de um famoso gangster local, chamado Johnny DeVita, Lucy foi mandada a Nova York para estudar na Escola de Arte Dramática John Murray Anderson, onde foi colega da mítica atriz Bette Davis, mas foi mandada de volta para casa porque segundo um professor, ela não tinha nenhum futuro como atriz.

Acontece que Lucy não desistia nunca do que queria e voltou à Grande Maçã onde trabalhou como modelo e ainda se arriscou em espetáculos da Broadway. Em 1933, depois de aparecer como ponta em um filme, mudou-se definitivamente para Hollywood onde fez papéis menores em filmes da RKO e pequenas aparições em comédias dos Irmãos Marx e os Três Patetas.

Na época, era chamada de rainha dos filmes "B", aqueles de baixo orçamento, e começou a ganhar um dinheiro extra e mais notoriedade quando decidiu participar de shows de humor em rádio. Em 1940, conheceu e se apaixonou perdidamente pelo músico cubano e bandleader Desi Arnaz. Seu casamento quase instantâneo foi prato cheio para a imprensa na época, mesmo porque, Arnaz, como todo amante latino, não resistia a nenhum rabo de saia que aparecesse na frente e as brigas e reconciliações do casal estavam sempre nas manchetes.

Em 1948, Lucy era a atriz principal de um famoso show de rádio, My Favorite Husband e a detentora dos direitos, a poderosa CBS, queria transferi-lo para a nova mídia: televisão. A comediante insistia em fazê-lo com o marido e chegaram a montar uma produtora, a Desilu, para filmar um piloto, mas a CBS não se encantou. Assim, Lucy passou a fazer um tour pela America, interpretando uma dona de casa escandalosa que tentava invadir o show de Arnaz.

O sucesso foi tão grande que a rede de TV capitulou e aceitou veicular o programa. É interessante notar que mais do que exposição e sucesso artístico, a intenção de Lucille Ball era salvar seu casamento, que naufragava devido à impulsividade de seu marido e ao ritmo dos shows que os mantinha afastados.

No final, I Love Lucy foi um sucesso retumbante e por anos dominou a audiência americana com seu humor leve e escrachado, com Lucille fazendo a esposa atrapalhada de Arnaz e sua relação com os vizinhos em situações cotidianas. O episódio favorito do público americano é Lucy faz um comercial, onde a comediante tenta participar de uma propaganda de tônico, mas ninguém lhe conta que na composição há 23% de álcool.

Após várias tomadas e ensaios, Lucy está bêbada de cair e obviamente destrói o programa de TV de Desi, na época, ao vivo. É nesse episódio que vemos a maestria de Ball, improvisando diálogos e caretas e fazendo até os extras caírem na gargalhada. Quando Lucille Ball engravidou de seu único filho, Desi Arnaz Jr., teve a brilhante idéia de continuar o programa, mostrando a personagem grávida. Todo os Estados Unidos acompanharam a gestação mês a mês e o nascimento do menino foi celebrado de costa a costa, sendo considerado um Record de audiência até os dias de hoje.

A Desilu ainda ganhou notoriedade e muito dinheiro produzindo clássicas séries como Jornada nas Estrelas, Os Intocáveis e Missão Impossível. As traições de Arnaz, porém, começaram a atriz e em 1960, dois meses após p último episódio de I Love Lucy o casal se separou definitivamente, mas continuaram amigos inseparáveis até a morte dele, em 1986. Após o divórcio, Lucille continuou na TV com o Lucy Show, e participou de musicais da Broadway como Mame e comédias de sucesso como Os Meus, Os seus e os Nossos com Henry Fonda.

Em meados dos anos 80 muitas tentativas foram feitas para ressuscitar a carreira de Lucille, sem grandes sucessos. Sua última aparição na TV foi na cerimônia do Oscar de 1989, ao lado do também lendário humorista Bob Hope. Os dois improvisaram todas as suas piadas e Lucy dobrava de rir no palco com a verve cômica de Hope, sendo aplaudidos de pé por todos os presentes. Em 26 de abril de 1989, Lucille Ball faleceu devido a um aneurisma da aorta. Tinha 77 anos e seu legado foi tão poderoso que a revista Time a elegeu uma das 100 pessoas mais importantes do século.

Um comentário:

Marcelo Tadeu disse...

Assisti alguns episódios do "I Love Lucy", mas não tive a oportunidade de ver a sonora original... Será que acho esse em que Lucy faz um comercial?