sexta-feira, 3 de abril de 2009

Depois de 15 anos, seriado 'ER' termina hoje nos EUA

Publicado no Terra em abril de 2009
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Foram 15 temporadas de escabrosos casos médicos, dramas pessoais e muito vai-e-vem no County General Hospital de Chicago, mas nessa quinta-feira, tudo chega ao fim no mais longo seriado médico de TV, ER. Criado por Michael "Jurassic Park" Crichton em 1974, o roteiro ficou anos engavetado até seu autor ficar famoso com seus dinossauros e atrair a atenção de Steven Spielberg. O interessante é que 20 anos depois de escrito, o piloto da série foi filmado com pouquíssimas alterações.

No começo, víamos o dia-a-dia dos doutores Mark Greene (Anthony Edwards), Doug Ross (interpretado por aquele mocinho que depois até ficou famoso, o George Clooney), Susan Lewis (Sherry Stringfield), Peter Benton (Eriq La Salle, uma das poucas alterações sobre o roteiro original, já que o personagem não era negro), o estudante de medicina John Carter (Noah Wyle) e a enfermeira Carol Hathaway, interpretada por Juliana Margoiles, que deveria ter morrido no primeiro episódio, mas Spielberg, produtor-executivo da temporada de estréia salvou-a e manteve a personagem.

No decorrer dos anos, mais personagens foram acrescentados e os originais foram caindo fora, já que os atores buscavam novos desafios profissionais até não restar ninguém do cast original. Mesmo assim, a série não perdeu força ou impacto emocional e também começou a diversificar os tipos étnicos, apareceram a britânica de ascendência indiana Parminder Nagra (do futebolístico Driblando o Destino) como a Dra. Neela Rasgotra, a chinesa Ming-Na, como a Dra. Jin-Mei "Deb" Chen, e o croata Goran Visnjic, como o Dr. Luka Kovac (aqui cabe uma curiosidade legal, os produtores não conseguiam criar um nome croata e o ator acabou nomeando o personagem com o nome de seu filho - Luka - e o sobrenome de seu melhor amigo - Kovac).

Além disso, ER viu desfilar em seus episódios inúmeros atores de sucesso, como Susan Sarandon, Forest Whitaker, a pantera Lucy Liu, as amiga de Sex & The City Kristin Davis e Cyntia Nixon, Ewan McGregor, Kirsten Dunst e até o astro de High School Musical Zac Ephron, entre inúmeros outros. Dois atores convidados - de peso, diga-se de passagem - chegaram a ganhar um Emmy por suas participações: Sally Field e Ray Liotta de Os Bons Companheiros.

De todos os episódios de ER, o mais marcante e original foi desenvolvido em 1997. Denominado Ambush, ele foi totalmente produzido ao vivo, com os atores se comportando como médicos e as câmeras filmando uma espécie de documentário sobre o hospital. Dois detalhes são contundentes ainda nessa aventura: toda a equipe fez o episódio duas vezes, já que, pela diferença de três horas no fuso horário entre a costa leste e oeste dos EUA, a transmissão deveria respeitar a grade de programação da emissora. Vários atores ainda foram deixados de prontidão para que a ação se desviasse se algo desse errado na transmissão ao vivo, mas eles não precisaram ser utilizados. Tudo saiu conforme o planejado.

Pós-ER

De todos os atores e atrizes que deram a alma pela medicina fictícia de ER, o único que realmente fez sucesso fora da série foi Clooney. É interessante notar que em 1984, 10 anos antes, ele já havia atuado como médico em outro seriado chamado E/R, este mais cômico e estrelado por Elliot Gould (o Sr. Geller de Friends) e Jason Alexander (o George Constanza de Seinfeld).

Noah Wyle, o Dr. Carter, ator que mais participou de ER nesses 15 anos, não fez nada de muito interessante a não ser o papel como Steve Jobs em Piratas do Vale do Silício, produção feita pela TV sobre os primórdios da indústria de TI nos EUA.

Anthony Edwards, cujo Dr. Greene morreu de câncer na 8ª temporada, também desapareceu e fez apenas pequenas participações em filmes como Zodíaco. Juliana Margulies ainda apareceu no trash Serpentes à Bordo e depois seduziu o poderoso Tony Soprano no seriado mafioso.

A última temporada

A última e decisiva temporada foi carregada de participações especiais de todos os personagens principais que apareceram nesses 15 anos de seriado. Dizem na imprensa americana especializada que o episódio final está escrito desde 1999, quando Clooney deixou a equipe. Os produtores na época já esperavam uma debandada generalizada e se prepararam para o pior.

No final das contas, ER manteve a tradição de antigos seriados como Dr. Kildare (1961) e Marcus Welby M.D. (1969) de focar a narrativa na vida dos médicos e nas dificuldades da profissão. Os fãs órfãos vão ter que se contentar com as reprises ou, quem sabe, fazer uma pós-graduação com o Dr. House. Esta sim, uma série de TV que focada em doenças.

Um comentário:

Marcelo Tadeu disse...

Acompanhei apenas os dois primeiros anos. Depois disso assisti esporadicamente um ou outro episódio (incluindo Ambush, realmente o mais original)... Só que fiquei perdido e desanimei: não entendia mais nada do que acontecia "fora" do PS.
... Agora estou fazendo a pós-graduação com o Dr. House!!