quinta-feira, 16 de dezembro de 2010
A Hollywood amarga de “Crepúsculo dos Deuses”
Cinco grandes filmes de Frank Sinatra (sem o Rat Pack)
Ontem seria aniversário do “velho olhos azuis”. Sim, Francis Albert Sinatra nasceu em Hoboken, Nova Jersey, em 12 de dezembro de 1915 e de lá se tornou no mais conhecido e popular cantor de todos os tempos. Como símbolo sexual que era, Sinatra teve uma carreira razoável em Hollywood. Quando ainda era crooner da banda de Tommy Dorsey apareceu em duas produções sem o devido crédito, Las Vegas Nights (1941) e Ships Ahoy (1942) e depois de famoso passou a atuar em vários musicais de sucesso como Marujos do Amor, A Bela Ditadora (ambos com Gene Kelly) e Can Can e logo quis se aventurar no drama. Sinatra era um inferno para os diretores porque não aceitava fazer dois takes de uma cena. Ele acreditava que ela devia ficar boa na primeira tomada, mas esquecia-se que não era um Marlon Brando (que aliás, trabalhou com ele em Gatinhas e Gatões). A música de Sinatra entrou para a trilha sonora de 233 produções. Em toda sua carreira, o cantor produziu nove filmes, dirigiu dois e atuou em 60 produções. Sua última aparição nas telonas foi no policial O Primeiro Pecado Mortal de 1980 e nas telinhas, participou de um episódio da série Magnum de 1987. Assim, para comemorar os 95 anos do nascimento da “Voz”, apresento cinco filmes que se destacam pela força de sua interpretação e/ou pelas lendas que cercaram a produção.
Os 20 anos da mais bela fábula para adultos
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Parece que foi ontem, mas Edward Mãos de Tesoura, o filme que transformou Tim Burton no contador oficial de fábulas para adultos dos novos tempos e Johnny Depp em um dos maiores ícones masculinos da nova geração, completa 20 anos no próximo dia 14 de dezembro. É, de longe, o mais delicado filme do diretor, com a figura do homem puro e amoroso que é impedido de dar carinho por possuir mãos letais, tendo que enfrentar a falta de sensibilidade da classe média fútil que invade os subúrbios americanos (embora isso não seja exclusividade deles, aqui é a mesma coisa).
Premakes: os clássicos que nunca existiram
10 grandes musas do cinema italiano
quinta-feira, 2 de dezembro de 2010
Parabéns, Woody Allen!
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Woody Allen completa 75 anos hoje e temos que tirar o chapéu para ele. Ele é o homem que mais entende da alma feminina. Duvida? Ele conseguiu retratar os anseios da mulher de cinquenta anos com perfeição em A Outra de 1988 e vinte anos depois realizou o filme mais feminino já produzido, Vicky Cristina Barcelona, e ainda mostrou que toda mulher tem um pouco de Vicky, um pouco de Cristina e um pouco de Maria Elena, sempre em diferentes proporções. Sem contar que ele escolhe a dedo a beldade que vai colocar em seus filmes. Foi assim com Mariel Hemingway em Manhattan, a charmosíssma Diane Keaton em muitas de suas obras, Barbara Hershey em Hannah e suas Irmãs e recentemente Mira Sorvino (Poderosa Afrodite), Charlize Theron (O Escorpião de Jade), Scarlet Johansson (Match Point, entre outros) e Evan Rachel Wood (Tudo Pode Dar Certo).
- 80% do sucesso depende de você aparecer.
- Como posso acreditar em Deus se na semana passada minha língua se prendeu ao rolo de uma máquina de escrever elétrica?
- Eu não quero conseguir a imortalidade pelo meu trabalho e sim por não morrer.
- Eu não tenho medo da morte. Só não quero estar lá quando ela chegar.
- Eu fico impressionado pelas pessoas quererem conhecer o universo quando você mal consegue se achar em Chinatown.
- Basicamente minha ex-mulher era imatura. Toda vez que eu estava na banheira, ela vinha e afundava meus barquinhos.
- Eu acredito que exista algo lá fora nos observando. Infelizmente é o governo!
- Eu não acho que meus pais gostavam de mim. Eles puseram um ursinho de verdade no meu berço.
- Sua falta de educação é mais do que compensada por uma desenvolvida falência moral.
- Se você não está falhando de vez em quando, é um sinal de que você não está fazendo nada de muito inovador.
- Estou muito orgulhoso do meu relógio de bolso de ouro. Meu avô, em seu leito de morte, me vendeu este relógio.
- Na minha casa, eu sou o chefe. Minha mulher só toma as decisões.
- Parece que o mundo foi dividido em pessoas boas e más. As boas dormem melhor, enquanto os maus parecem aproveitar muito mais os momentos despertos.
- Sexo sem amor é uma experiência de sentido, mas na medida em que sentido vai, a experiências pode ser muito boa.
- Há coisas piores na vida que a morte. Você já passou uma noite com um vendedor de seguros?
- E se tudo é uma ilusão e nada existe? Nesse caso, eu definitivamente paguei demais pelo meu tapete.
- Por que o homem mata? Ele mata por comida. E não apenas por alimentos: freqüentemente, deve haver uma bebida.
- Sexo é sujo? Somente se for bem feito.
- Não fale mal de masturbação. É sexo com alguém que eu amo.
- Minha vida amorosa é terrível. A última vez que estive dentro de uma mulher foi quando visitei a Estátua da Liberdade.
- Eu sou um amante tão bom, porque pratico muito comigo mesmo.
- O principal problema da morte é o medo que pode não haver vida após a morte – um pensamento deprimente, sobretudo para aqueles que se preocuparam em fazer a barba. No lado positivo, a morte é uma das poucas coisas que pode ser feito facilmente, somente se deitando.
- Um cara bateu no meu pára-choque no outro dia, e eu lhe disse: “Sede fecundo e multiplicai”. Mas não exatamente com essas palavras.
- Meu cérebro é meu segundo órgão favorito.
- Por que arruinar uma boa história com a verdade?
quarta-feira, 1 de dezembro de 2010
O triste fim de Monicelli
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Não é de se estranhar que Mario Monicelli, um dos maiores cineastas da Itália, tenha escolhido morrer se atirando da janela do hospital onde estava internado graças a um câncer de próstata, aos 95 anos. O homem que nos fez chorar de rir em 68 filmes, sempre dava um jeito de colocar alguma amargura ou tristeza em suas obras. Foi assim com o final trágico de Parente é Serpente, umas de suas obras mais populares no Brasil, focando no natal de uma típica família italiana, que se choca e desestabiliza quando os pais dizem que querem morar com um dos filhos. Brancaleone, um de seus personagens mais famosos, interpretado pelo sempre excelente Vittorio Gassman, que apareceu O Incrível Exército de Brancaleone e Brancaleone nas Cruzadas era pobre e louco de dar dó. E mesmo suas duas obras que mais gosto, os sarcásticos Meus Caros Amigos e Quinteto Irreverente tem conclusões tristes.
Monicelli trabalhou com os grandes nomes do cinema da terra da bota. Fez vários filmes com Totó, o chamado príncipe do riso das comédias dos anos de 1950 na Europa, trabalhou com Marcello Mastroianni em obras como Casanova 70 (a história de um sedutor que gosta de viver perigosamente) e As Duas Vidas de Mattia Pascal, com Renato Salvatori em Os Eternos Desconhecidos, Alberto Sordi em A Grande Guerra, e ainda com Monica Vitti, Anna Magnani, Giancarlo Giannini, Stefania Sandrelli, Vittorio De Sica, Sophia Loren, Gian Maria Volonté e Nino Manfredi, mas o creme de la creme é mesmo o grupo formado para os filmes do quinteto de amigos cinquentões cujo objetivo de vida é perturbar os outros e a si mesmo: Ugo Tognazzi, Adolfo Celi, Phillippe Noiret, Duilio Del Prete e Gastone Moschin (este fez o Don Fanucchi, de O Poderoso Chefão II).
Seu último filme foi Le Rose del Deserto de 2006, que dirigiu aos 91 anos de idade. Em 2003 gfez uma aparição simpática no filme Sob o Sol de Toscana, interpretando um velhinho que todos os dias colocava flores em uma imagem de Nossa Senhora. Injustamente foi nomeado duas vezes ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro e cinco à Palma de Ouro do Festival de Cannes e e não ganhou nenhum desses prêmios, mas foi um vencedor recorrente nos Festivais de Veneza e de Berlim.
Ao mestre Mario Monicelli deixo minha homenagem através de uma frase de um de seus filmes: La supercazzula brematurata con scappellamento a destra come fosse antani. E grazie tanti!
O engraçado homem sério
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Quando Leslie Nielsen, que morreu hoje aos 84 anos de idade, foi convidado para participar do filme Apertem os Cintos, o Piloto Sumiu de 1980, ele perguntou aos três produtores/diretores Zucker, Abrahams e Zucker “querem que eu faça caretas ou fique vesgo?” e eles responderam, “não, fique sério que só isso faz a gente rir”. Nielsen, com sua voz grave e expressão de preocupação era realmente hilário, especialmente se a isso ele fosse somada alguma frase surreal como a do diálogo mais famoso do filme em questão:
Nielsen: Can you fly this plane, and land it?
Robert Hays: Surely, you can´t be serious
Nielsen: I am serious and don´t call me Shirley.
Nielsen nasceu no Canadá, filho de um polícia montada. Seu pai, aliás, era severo demais e o jovem Leslie fez cursos de interpretação, inspirado pelo tio, escondido com medo de apanhar. Nos anos de 1950 trabalhou em mais de 50 programas “ao vivo” na TV e estreou no cinema em 1956 no filme O Rei Vagabundo de Michael Curtis (o mesmo diretor de Casablanca). Ainda nas telonas, seu maior sucesso foi em O Planeta Proibido, uma ficção científica inspirada na obra A Tempestade de Sheakespeare e que, para muitos trekkers, é o procursor de Jornada nas Estrelas e para outros nerds, o inspirador do robô de Perdidos no Espaço.
Nielsen também ficou famoso por quase ter sido Messala, o rival de Charlton Heston em Ben-Hur, perdendo o papel para o chatíssimo Stephen Boyd. Participou do piloto da série Havaí 5-0, fez uma série de sucesso para a Disney e foi o capitão do navio que fica de cabeça para baixo na primeira versão de O Destino do Posseidon. Na década de 1980 veio a chance de trabalhar com o trio ZAZ em Apertem os Cintos (quando recebeu um Emmy de melhor ator em filme ou seriado de comédia) e depois na tentativa de uma série de TV totalmente surreal chamada Police Squad onde interpretava o tenente Frank Drebin. O seriado não deu certo nas telinhas, mas virou uma cinessérie de muito sucesso chamada aqui de Corra que a Polícia Vem Aí. Esse tipo de comédia o levou a ser considerado por Roger Ebert, um dos mais respeitados críticos norteamericanos como “o Lawrence Olivier da gozação”.
O ator não se considerava um comediante e tentou continuar a fazer papéis dramáticos, mas não dava mais para levá-lo a sério. Em Querem me Enlouquecer de 1986, Barbra Streisand interpreta uma prostituta de luxo que mata seu cliente quando este tenta espancá-la. O cliente em questão é Leslie Nielsen e não dá para segurar o riso com as expressões e voz do cara, mesmo quando há a cena pesadíssima dele metendo a mão na cara dela. Nos últimos anos, ele se dedicou a comédias para vez mais fracas e apelativas. Com sua morte, ele deixa um legado de mais de 100 filmes, 1500 programas de televisão, 220 personagens, quatro esposas e dois filhos.
Os 8 magníficos
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Ainda na esteira da comemoração em cima dos 50 anos de Sete Homens e um Destino no Brasil, vale a pena conhecer um pouco mais dos oito atores que fizeram do filme um grande clássico e que, seguramente, devem muito de suas carreiras à exposição que o ele lhes deu. Excetuando Yul Brynner, os outros ainda eram desconhecidos do público de cinema. Alguns eram famosos no teatro, outros na TV. Depois do faroeste, a grande maioria se tornou lendas da 7a. arte.
Yul Brynner (Chris Adams): nascido em Vladivostok na Rússia em 1915, Yuli Borisovich Bryner foi modelo nos anos de 1930 até parar nas telas de cinema. Em 1951 (e pelos próximos 30 anos), interpretou o rei Mongkut na Broadway no espetáculo O Rei e Eu, daí sua cabeça raspada em maioria de seus filmes. Ganhou apenas um Oscar, em 1956, justamente pela versão cinematográfica do famoso musical que fez al lado de Deborah Kerr. No cinema, ficou famoso por tipos másculos, rigorosos e líderes como o faraó de Os 10 Mandamentos, o expatriado russo que tenta fazer Ingrid Bergman se passar pela filha perdida do Czar Nicolau II em Anastasia, A Princesa Esquecida e ainda o rei Salomão em Salomão e a Rainha de Sabá. Fumante inveterado, morreu em decorrência de um câncer nos pulmões em 1985 no mesmo dia que Orson Welles. Uma entrevista sua para o programa Good Morning America, onde dizia desejar fazer uma campanha anti-tabaco, foi usada pela American Cancer Society como propaganda contra o cigarro.
Steve Mcqueen (Vin): o chamado “rei do cool” foi um dos mais populares atores nas décadas de 1960 e 1970, sempre portando tipos rebeldes e anti-heróis, bem dentro do estilo da contracultura. Louco por velocidade, adorava carros e motos velozes, nos quais competia fervorosamente e ficou famoso por fazer a maioria de suas cenas de ação, sem ajuda de dublês. Nas telonas encantou o público em filmes como Bullit, Papillon, Fugindo do Inferno e Inferno na Torre. Também ficou notória sua mania de desprezar papéis que consagraram outras pessoas. Foi assim em Butch Cassidy e Sundance Kid (Robert Redford acabou pegando o papel), Apocalypse Now (foi para Martin Sheen), Dirty Harry (fez a glória de Clint Eastwood), Operação França (não queria ser mais um policial nas telas e deu o Oscar a Gene Hackman) e finalmente Contatos Imediatos do Terceiro Grau (Richard Dreyfuss acabou pegando). Em compensação acabou roubando a gracinha Ali MacGraw (de Love Story) do poderoso produtor Robert Evans, então seu marido. Ele faleceu em decorrência de um câncer no abdomem e no pescoço causado por farta exposição a amianto (que recobria os uniformes de corredores na época) em novembro de 1980. Além do legado de filmes, deixou uma marca na moda masculina com as calças de sarja, a jaqueta aviador, os óculos Ray-Ban e os cardigans de gola alta.
Charles Bronson (Bernardo O´Reilly): muita gente só lembra dele na cinessérie Desejo de Matar onde assumiu o papel do neurótico homem que sai em busca de uma vingança sem fim, mas a carreira de Charles Dennis Buchinski, um americano filho de lituanos, sempre foi marcada por tipos durões, mas muito corretos. Foi assim em Os 12 Condenados (seu personagem é o único não psicótico e obviamente o único sobrevivente), em Fugindo do Inferno e como o “Homem da gaita” no classicão de Sergio Leone, Era uma Vez no Oeste. Trabalhou na França, estrelando o filme Le Passager de la pluie de René Clement, que ganhou o Globo de Ouro de Melhor Filme Estrangeiro em 1970. Por causa de seus tipos másculos ganhou, na década de 1970, o prêmio “World Film Favorite – Male” junto com Sean Connery e sempre afirmou que este foi a maior premiação que recebeu na vida. Em 1975, era o quarto ator de maior bilheteria nos EUA, perdendo apenas para Robert Redford, Barbra Streisand e Al Pacino. Bronson morreu de pneumonia, aos 81 anos de idade, em 30 de agosto de 2003.
James Coburn (Britt): em 45 anos de carreira, James Harrison Coburn Jr trabalhou em aproximadamente 70 filmes para o cinema e teve mais de uma centena de aparições em programas de televisão. Depois de surgir em Sete Homens e trabalhar em Fugindo do Inferno e Charada, protagonizou a resposta americana a James Bond, interpretando o agente secreto Flint em dois filmes, Flint Contra o Gênio do Mal e Flint: Perigo Supremo. Trabalhou com Leone em Quando Explode a Vingança, com Peckinpah em Pat Garret e Billy The Kid e foi uma das celebridades a aparecer na capa do disco Band on the Run de Paul McCarney & the Wings. Depois de uma temporada em papéis para a TV, Coburn voltou às telonas na década de 1990 em filmes como Jovens Demais para Morrer, Maverick e O Troco (estes dois com Mel Gibson), mesmo sofrendo de uma artrite que o impedia de mexer os dedos de uma mão. Seu papel em Temporada de Caça de 1997 lhe rendeu o Oscar de Melhor Ator Coadjuvante. Aficcionado por carros, era conhecido por dirigir, por 20 anos, uma rara Ferrari 250 GT SWB Spyder California. Ele faleceu de ataque cardíaco aos 74 anos em 18 de novembro de 2002.
Eli Wallach (Calvera): aos 95 anos (a serem completados em 7 de dezembro), Eli ainda está na ativa e é um dos atores mais completos que já apareceu nas telonas. Com farta experiência no teatro e formação pelo consagrado Actors Studio, sua estréia no cinema foi no controverso e escandaloso Boneca de Carne de Elia Kazan e fez depois de Os Desajustados ao lado de Marilyn e Clark Gable até aparecer a chance de fazer Calvera, que abriu caminho para sua participação memorável em Três Homens em Conflito. Wallach também é parte de uma das mais propagadas lendas no show business americano. Ele seria o Angelo Maggio de A um Passo da Eternidade, mas o papel acabou indo para Frank Sinatra, que acabou ganhando um Oscar e viu sua carreira reviver. A lenda que correu na época (e que inspirou uma famosa sequencia de O Poderoso Chefão) é que o cantor usou seus contatos com a máfia para conseguir o papel, mas na verdade, Eli havia desistido do filme para trabalhar em uma peça de Tenessee Williams (anos depois contou que toda a vez que encontrava Sinatra, este o cumpimentava com um “olá, ator louco”). Na década de 1960, Wallach ainda teve a chance de se tornar muito popular, fazendo o Sr. Frio da série Batman de Adam West e em sua biografia disse que nunca recebeu tantas cartas como naquele papel. Nos últimos anos apareceu em O Amor não Tira Férias, New York – Eu te Amo e Wall Street – O Dinheiro Nunca Dorme.
Robert Vaughn (Lee): o único dos sete “heróis” do filme a estar ainda vivo, Vaughn ficou extremamente conhecido nos EUA e Europa por seu papel na telessérie O Agente da UNCLE onde fazia o espião Napoleon Solo, que vivia aventuras ao lado de seu parceiro, o russo Illya Kuryakin, interpretado pelo inglês David McCallum. Depois de atuar com Steve McQueen em Bullit, o ator só trabalhou em filmes B para o cinema e TV, só voltando a um relativo sucesso com a série inglesa Hustle e hoje é famoso por fazer ser garoto-propaganda de grandes escritórios de advocacia. Democrata de carteirinha, não apoiou Barack Obama na última eleição pois considera que o homem não está à altura do cargo.
Horst Buschholz (Chico): ninguém entendeu quando um ator alemão, natural de Berlim, foi chamado para um faroeste, para interpretar um pistoleiro mexicano – nem mesmo ele, que se considerava “muito do leste para ser do oeste” – mas sua participação irritou profundamente Steve McQueen, que não queria que alguém nublasse seu sex appeal. Buschhloz apareceu em mais de 60 filmes em sua carreira, atuando em produções americanas, alemãs, inglesas, italianas e francesas. Depois de ter que recusar o papel do sheik Ali em Lawrence da Arábia, fez Cupido não Tem Bandeira de Billy Wilder ao lado de Jimmy Cagney, Fanny com Maurice Chevalier e Leslie Caron e ainda teve uma ponta no filme ganhador do Oscar A Vida é Bela de Roberto Begnini. Em 2000, o ator confessou ser bissexual para o jornal alemão Die Bunte e faleceu em 2003, de pneumonia, com 69 anos de idade.
Brad Dexter (Harry Luck): o pistoleiro que ninguém lembra o nome começou como ator em Hollywood para depois se tornar produtor de filmes. Nascido Boris Michel Soso, ficou famoso por ser sempre o coadjuvante durão em filmes e séries de TV. Além de Sete Homens e um Destino, destacam-se na sua carreira o papel de vilão em O Segredo das Jóias de John Huston e O Expresso de Von Ryan que trabalhou ao lado de Frank Sinatra. O cantor tinha uma relação muito próxima com o ator, desde que Dexter o salvou de um afogamento nas filmagens de Os Bravos Morrem Lutando. Além disso, Brad foi casado com a cantora e compositora Peggy Lee, aquela que deu ao mundo a música mais sensual de todos os tempos, “Fever”. Ele morreu aos 85 anos de idade de enfisema em 12 de dezembro de 2002.
Os 50 anos de “Sete Homens e um Destino”
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Hoje deveria ser feriado nacional, mas somente homens teriam o direito de comemorar. Em 24 de novembro de 1960, estreava em terras brasileiras o mais masculino de todos os filmes, Sete Homens e Um Destino de John Sturges, baseado na obra de Akira Kurusawa, Os Sete Samurais. Foi um divisor de águas no gênero faroeste, já enfraquecido com o advento da televisão e decretou o fim do pistoleiro romântico, abrindo caminho para o western spaghetti de Sergio Leone , com seus personagens de moral duvidosa ou o oeste mais selvagem de Sam Peckinpah. Foi também o filme que transformou Steve McQueen num astro do cinema, que colocou Charles Bronson na mira dos bons diretores e marcou a primeira aparição de James Coburn nas telonas. Gerou três continuações ruins e, 20 anos depois, uma série de TV.
O engraçado é que o filme é tão marcante que todo mundo quer ser o “pai da criança”, mas a história mais conhecida é que Yull Brynner, na época em ator conhecidíssimo pela sua atuação em clássicos como O Rei e Eu e Os 10 Mandamentos, havia assistido a obra japonesa, sobre uma vila atacada por bandidos, que contrata sete ronins para defendê-la e saiu com a total certeza que aquele era o melhor faroeste que ele já havia visto, só que passado no Japão e falado em japonês. Chegando em casa, correu atrás dos direitos da história, que acabou sendo adquirida por US$ 250 pelo produtor Lou Morheim. Na época a idéia era que Anthony Quinn ficasse com o papel principal e Brinner dirigisse. O roteiro, que estava sendo escrito por Walter Bernstein que colocava o bando salvador como parceiros da Guerra da Secessão, com um tipo mais velho, mais na linha de Spencer Tracy, liderando e a ação se passando em um vilarejo mexicano. A produção, porém, acabou indo para a então independente Mirish Corporation, que colocou Sturges na direção e encomendou um novo script a Walter Newman. Este baixou a idade do pessoal e fez com que fossem desconhecidos que se uniam por uma causa comum, cada um representando um tipo: o líder, o cool, o tolo, o ganancioso, o problemático, o silencioso e o herói das crianças.
O casting começou com Brynner como o líder e, como o ator podia dar pitaco nas contratações, escolheu o jovem Steve McQueen para seu parceiro em cena. O idéia depois se mostraria um erro. McQueen trabalhava na época no seriado de TV Wanted: Dead or Alive e para conseguir liberação para fazer o filme, simulou um acidente de carro e conseguiu uma dispensa. O alemão Horst Buscholz foi o segundo contratado, seguido por Robert Vaughn, que já havia trabalhado com o diretor, Brad Dexter e Charles Bronson. Para vilão, Sturges chamou um ator vindo do Actors Studio, muito famoso na Broadway, Eli Wallach. Este também havia visto o filme oriental e estava louco para participar, mas achou seu papel pequeno. Depois, considerou que nos 35 minutos em que ficaria sem aparecer na tela, ele seria o assunto, principal, por isso aceitou participar. Por último, veio James Coburn, amigo de infância de Vaughan, que ficou justamente com o papel que ele mais queria. O ator havia assistido Os Sete Samurais 12 vezes em 12 dias e relembrou anos depois que a oportunidade de estar no faroeste foi como se Natal, aniversário e dia dos namorados tivessem caído no mesmo dia.
As filmagens não transcorreram às mil maravilhas. Para começar, o filme seria rodado no México e o pessoal de lá estava revoltadíssimo com a maneira com que o país havia sido retratado em Vera Cruz com Gary Cooper e Burt Lancaster, por isso colocaram censores nas locações. Duas grandes mudanças foram feitas por causa disso. Para começar, os lavradores da vila mexicana não poderiam nunca aparecer com roupas sujas, por isso, todos vestiam improváveis trajes impecavelmente brancos. A segunda acabou gerando um momento brilhante na história, já que foi exigido que os mexicanos não cruzariam a fronteira para contratar pistoleiros e sim, para comprar armas. E é nessa transação que Yull Brynner resume a reduzida condição moral do pistoleiro: contratar homens era mais barato que comprar armamento.
Além disso, havia um clima pesado de competição no set, com todo mundo querendo tirar a coroa de Yull Brynner. Segundo Robert Vaughn, os outros atores encrencavam porque achavam que o cavalo de Brynner era melhor, que sua arma era maior e assim por diante. Quem mais deu dor de cabeça ao líder do grupo, porém, foi McQueen. Revoltado porque seu papel era secundário e porque o galã do filme era o alemão Buscholz, Steve exagerava nos trejeitos de seu personagem, mexendo muito os braços, balançando tudo o que tinha à mão (de chapéus a armas) e tentando chamar a atenção o máximo possível. Quando Brynner se enfezou com isso, fez uma ameaça pura e simples: ou Steve parava ou ele apareceria sem chapéu em todas as cenas em que estavam juntos. Sem um fio de cabelo na cabeça, Yull, seguramente, iria eclipsar qualquer um que estivesse ao seu lado. McQueen prontamente obedeceu, mas a relação entre os dois foi péssima durante todo o mês de gravação.
Enquanto os “mocinhos” do filme brigavam, o bandido se dava bem. Os 35 mexicanos contratados para o grupo do terrível bandoleiro Calvera tratavam Eli Wallach como um legítimo líder. Todas as manhãs, eles saiam para cavalgar por uma hora pelas planícies mexicanas e ensinavam o ator a como controlar o cavalo corretamente. O bicho, aliás, não podia ser entregue diretamente a Eli. Um dos homens do bando recebia o equino, conferia se estava tudo OK e depois passava ao seu “jefe”. O mesmo acontecia com as armas. Para um ator acostumado com o método de Lee Strassberg, que reza que você deve viver o papel a ser interpretado, aquilo era um sonho, mas ele afirmou depois que na época parecia bastante assustador.
Uma vez acabada a filmagem, Sturges chamou um jovem Elmer Berstein para cuidar da música, depois que seu compositor preferido, Dimitri Tiomkin caiu fora e acabou com um dos temas de filme mais conhecidos do público no mundo todo. Wallach chegou a dizer ao maestro que se a música tivesse tocado enquanto era filmado, ele teria conseguido cavalgar melhor, tamanha a inspiração. E quando eu digo que o filme é pura testosterona, sua trilha não fica atrás e serviu de fundo para chamar os homens para a terra de Marlboro na propaganda do cigarro.
Sete Homens e um Destino foi um fracasso em seu lançamento nos EUA em outubro de 1960, ficando poucos dias em cartaz. Os próprios atores não achavam que seria um grande sucesso devido aos problemas nas filmagens. Acontece que o filme estourou na Europa e acabou voltando aos cinemas americanos em 1961 e hoje ostenta o título de segundo filme mais reprisado nas TVs da terra de Tio Sam, só perdendo para A Felicidade Não Se Compra.
Meio século depois, a obra não perdeu sua força, sendo ainda atual e extremamente divertida. Conseguiu um status próprio, totalmente desatrelada do filme de Kurosawa e é, até hoje, copiada por muitos diretores . Sua história, focando na moralidade do caubói, na decisão em se fazer o bem ou se entregar ao mal, na luta por aquilo que queremos e nas oportunidades que a vida dá para uma revisão de valores certamente nunca envelhecerá.
E por fim, uma curiosidade: em 1973, Brynner apareceu no filme de ficção científica Westworld -- Onde Ninguém Tem Alma, que mostrava um parque de diversões para adultos onde as pessoas podiam optar pelo velho oeste, os tempos medievais ou o império romano e interagiam com robôs. O ator fazia justamente um andróide baseado no seu Chris Adams de Sete Homens e Um Destino.
segunda-feira, 22 de novembro de 2010
Ernest Borgnine e o segredo da longevidade
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No último dia 12 de novembro estreou no Brasil RED- Aposentados e Perigosos, um daqueles filmes deliciosamente descartáveis, que servem para você se divertir, pura e simplesmente. Não há grandes discussões de temas profundos, as cenas de ação são as mais surreais e inacreditáveis possíveis e o humor dá o tom dos diálogos. RED é, na verdade, uma homenagem a grandes atores, que nos últimos 30 anos preencheram as telas de cinema e nos fizeram mais felizes (John Malkovich, para variar, dá um show). Acontece que no meio desta turma, aparece um cara que está há 59 anos ininterruptos no cinema e na TV e é uma lenda entre os cinéfilos, Ernest Borgnine.
Aos 93 anos de idade, Borgnine desfila simpatia em uma ponta do filme. Em termos de idade avançada ainda na ativa, perde apenas para Elli Wallach (que apareceu em Wall Street – O Dinheiro Nunca Dorme) e Kirk Douglas ( pai de Michael Douglas que mesmo depois de um derrame, fez shows de stand up), ambos com 94. Borgnine sempre foi o coadjuvante de luxo que marcava o filme. Foi assim em Os 12 Condenados, Meu Ódio Será Tua Herança, Fuga de Nova York e Gattaca.
De sua longa carreira, dois papéis se destacam, o Sargento “Fatso” Judson de A um Passo da Eternidade e o açougueiro Marty Piletti de Marty. O primeiro quase acabou com sua carreira, pois o ator fazia um sargento da PM que espanca o soldado interpretado por Frank Sinatra e acaba o matando. Para o público, que via o cantor como um símbolo sexual, aquilo era uma heresia e Borgnine foi hostilizado por um trabalho bem feito. Dois anos depois, em 1955, ele aparece na pele de um sensível e tímido açougueiro quarentão no Brooklin. Morando com a mãe, ele acaba conhecendo a professora Clara e vê nela uma maneira de deixar a solidão. Sua interpretação lhe rendeu o Oscar de melhor ator, batendo medalhões como Spencer Tracy, James Dean e Jimmy Cagney.
Borgnine fez vários seriados de TV como Future Cop, Águia de Fogo e The Single Guy, apareceu em ER, The District, Family Law, entre outras e ainda dublou o “Mermaid Man” no desenho animado Bob Esponja. Em 2011, ele ainda vai dar as caras em quatro produções. O segredo para tanta disposição? Quando perguntado sobre isso no programa Fox & Friends em 2008, ele brincou: “eu me masturbo para caramba”. Taí uma boa filosofia de vida, de um homem que a curte muito.
Shrek e outros grandes “homens” das animações
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Na primeira semana de dezembro, já mirando o natal, chega às lojas a quarta e última aventura do ogro Shrek nas lojas. É Shrek Para Sempre, onde o personagem, ao fazer um pacto com o duende Rumplestiltskin, acaba mudando todo o passado e criando uma realidade alternativa. O filme deixa claro que esta é a última aventura do herói, mas pode abrir caminho para spin-offs com, por exemplo, o excelente Gato de Botas de Antonio Banderas. Shrek, o primeiro, pegou todo mundo de surpresa em 2001 com sua sátira aos filmes fofinhos da Disney, mas mais do que isso, introduziu ao mundo um ser fictício que reflete aquilo que muitos homens gostariam para si. Ele é feio, grosso, com péssimos hábitos de higiene, antipático, egoísta e agressivo mas não só consegue conquistar a princesa gostosona, como ela acaba se adaptando ao seu estilo de vida, tornando-se igual a ele!
Existem, porém, outros personagens de desenhos animados que também refletem as diversas facetas do mundo masculino. Um deles é o sensacional Bob Parr ou Sr. Incrível da única animação que mostrou os efeitos da crise da meia idade em um homem, Os Incríveis da Pixar. O cara começa gordo, frustrado, em uma família disfuncional, com pequenas fugas noturnas com um ex-colega de profissão, para depois descobrir que um pouco de aventura não faz mal a ninguém e que acaba incentivando-o a manter a forma e se dedicar ao seu próprio bem-estar. O que acontece neste caso, porém, é que o cara recebe no final todo apoio da família, apesar da vida dupla. Nem sempre isso acontece fora dos desenhos.
A Disney se especializou em criar grandes vilãs para seus desenhos, mas alguns vilões até que são interessantes como Shere Khan em Mowgli, Clayton em Tarzan ou Gaston de A Bela e a Fera. Só que Jafar de Aladdin é que dá um show com sua classe, calma e segurança. Ele reflete o cara que não mede esforços para conseguir o que quer. Primeiro ele controla sutilmente o chefe, depois tenta entrar para a família do superior hierárquico à força e quando tudo dá errado, ele consegue uma ajuda forte o suficiente para se tornar o bambambam do negócio e colocar a chefia aos seus pés. E a gente não pode esquecer que mesmo ele sempre anda com o puxa-saco de plantão, o papagaio Iago.
O que acontece quando você é um adolescente revoltado, líder de uma gangue e seu melhor amigo começa a ficar poderoso demais? Você se alia a um pessoal da pesada e tenta colocar o desafeto na linha. Assim é Kaneda, o personagem principal de uma das melhores animações já realizadas, Akira de Katsuhiro Otomo. O filme consagrou mais do que a técnica de desenho com 327 cores diferentes, 2.212 tomadas e 160.000 figuras individuais (3 vezes mais que um desenho convencional). Na verdade, fez com que muito marmanjo quisesse uma motocicleta como a do protagonista do filme. Com ela, você não só poderia arrasar nas ruas, como teria todo o direito de gritar “Tetsuo” à vontade!
Finalmente temos o último e maior representante da complexa atitude masculina frente a uma mulher, o lobo do clássico e sensacional desenho de Tex Avery, Red Hot Riding Hood. O curta, uma sátira adulta à Chapeuzinho Vermelho, com a menina como uma corista em um clube e o lobo como o cara que quer tê-la a qualquer custo, foi realizado em 1943 pela MGM e foi considerado o sétimo melhor desenho já produzido pelos especialistas em animação, apesar dos problemas com a censura na época. Depois dele, o clássico assobio ao se ver uma mulher, passou a ser conhecido nos Estados Unidos como “Wolf´s whistle” ou assobio do lobo. Em O Máscara, Jim Carrey repete a mesma sequencia de exageros faciais e no comportamento ao ver Cameron Diaz no restaurante. Assista o clássico abaixo (com legendas em espanhol) e depois confesse: quantas vezes você não uivou frente a um belo corpo?
Dois homens, uma mulher e o Texas
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Se estivesse vivo, Roy Harold Scherer Jr. ou Rock Hudson como ficou conhecido, teria completado ontem 85 anos. Alto, bonito, simpático e charmoso, foi um dos maiores galãs e símbolo de masculinidade que já apareceu nas telas, apesar de sua vida secreta. Ele ficou muito popular nos anos de 1960 com suas comédias deliciosas e açucaradas ao lado de Doris Day e Tony Randall como Confidências à Meia-Noite ou Não me Mandem Flores e depois como Stewart McMillan na ótima telessérie policial Casal McMillan, que durou de 1971 a 1977. Só que não houve nenhum papel que tivesse o impacto e a força de seu Jordan “Bick” Benedict Jr. de Assim Caminha a Humanidade lançado em 1956.
Baseado na obra de Edna Ferber (que escrevera outra obra que se tornou sucesso nos cinemas, Cimarron) e dirigido por George Stevens (ele ganhou um Oscar por ele e também ficou conhecido por ter filmado a liberação -- real -- dos campos de concentração nazista), o filme ficou marcado por ter sido o último trabalho do ícone da rebeldia James Dean. Se você nunca assistiu, Giant - o nome original e não o exagero brasileiro -- narra a história da transformação do Texas, de suas enormes fazendas de gado nos anos 1920 para o pólo petrolífero dos Estados Unidos na década de 1950, focando em uma família, os Benedict. Mostra desde o casamento do fazendeiro texano Jordan com a nortista Leslie (Elisabeth Taylor, deslumbrante) até os primeiros anos de seus netos. No meio disso tudo, existe o empregado da fazenda, Jett Rink (James Dean), que vai dar muita dor de cabeça ao seu patrão. Enquanto nos faroestes ser homem era sobrepujar o outro atirando mais rápido, aqui a luta entre os dois rivais se dá através de poder e do dinheiro. Principalmente quando o que está em jogo é a atenção de Elisabeth Taylor
Em três horas e vinte de narrativa (que você não sente, porque é uma aula de cinema), vemos passar tipos maravilhosos e envolventes como Luz, a durona irmã de Jordan, interpretada por Mercedes MacCambridge; a filha rebelde do casal principal, Luz Benedict II (a maravilhosa Carroll Baker que era mais velha que Taylor); o filho que causa um desgosto danado ao pai Jordan ao se casar com uma mexicana (Dennis Hopper, 13 anos antes da psicodelia de Sem Destino) e o melhor de todos, o Tio Bawley (Chill Wills) que serve de consciência para todos os personagens e que tem as melhores sacadas do filme (por exemplo, quando Dean acha petróleo em seu pedaço de terra e esfrega isso na cara de Rock Hudson, o velho só faz um comentário: “Você devia ter atirado nele anos atrás. Agora ele é muito rico para ser morto”).
James Dean, aliás, especializara-se em personagens tão tristes e problemáticos como ele mesmo. Fez um filho rebelde em Juventude Transviada, outro filho com graves problemas paternos em Vidas Amargas e agora seu Jett Rink, baseado no magnata do óleo Glenn McCarthy, não foge à regra, com terríveis questões de autoridade, desafiando o patrão e, depois de rico, tornando-se seu maior concorrente. Dean era um ator do “método” de Lee Strassberg e do Actors Studio e apesar de discutir à beça com o ditatorial Stevens, imprime em Rink uma profundidade e força que são difíceis de se encontrar até hoje. Um dos destaques na formação do personagem é sua maneira de encerrar uma frase, movendo a mão de um lado para outro e olhando para o lado, que além de marcante, faz com que você saiba que, com isso, ele estava mandando seu interlocutor para um pouco mais longe que o Rio Grande. Já Hudson consegue fazer um Bick bronco, durão e ao mesmo tempo sensível e paternal, que vai descobrir que seu estilo de vida e de pensamento estão caindo em desuso à medida que a história se passa. Sua conclusão no final que seu neto mestiço (meio chicano, meio americano) parece ser mais esperto que o neto 100% americano é um divertido sinal dessa evolução.
Brilhantemente fotografado, Giant discute racismo, concorrência, política, amadurecimento, riqueza, rebeldia e transformação. O filme consolidou a carreira de Hudson e Taylor e transformou Dean (que morreu em um acidente de carro no fim das filmagens) em uma lenda. Mesmo se o estúdio tivesse dado seguimento à idéia original de colocar Grace Kelly, John Wayne e Alan Ladd nos papéis principais, ainda assim seria um filme fascinante. Apesar do custo de cinco milhões (contra dois do orçamento inicial) e de ter ficado um ano sendo editado, foi a maior bilheteria da Warner Brothers por décadas, sendo que essa marca só foi superada em 1978 com o lançamento de Superman -- O Filme. É um dos meus filmes favoritos e recomendo a qualquer um que queira ver como um homem de verdade pode ser.
15 filmes de invasão alienígena
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Depois dos zumbis e dos vampiros, o cinema agora se volta (de novo) às invasões alienígenas. Primeiro veio o ótimo Distrito Nove, um dos filmes mais inventivos e bem feitos já produzidos, o independente Monsters – que segundo os comentários no site IMDB é um desperdício de boas idéias e para 2011 vem aí Battle: Los Angeles, onde a cidade dos anjos é atacada por seres de outros planetas e Cowboys & Aliens, que narra o que acontece com uma nave espacial que cai em uma cidade do velho oeste.
A Terra já foi visitada várias vezes nas grandes telas, por raças aliens do bem e do mal ,em produções boas e péssimas. Aqui vão 12 delas que são geniais e três totalmente dispensáveis.
OS 12 FILMES IMPERDÍVEIS:
1. Guerra dos Mundos (1953): esqueça a versão de 2005 feita por Spielberg e com Tom Cruise tentando ser um bom pai. O clássico de George Pal não só é considerado uma das melhores ficções científicas de todos os tempos, como também o melhor filme de invasão pela crítica especializada, graças ao design das máquinas de guerra marcianas e à condução da história . E mais, no final dá para você entender que foi um vírus que acabou com os aliens e não o Tom Cruise.
2. Vampiros de Almas (1956) e Invasores de Corpos (1978): esse é um exemplo de refilmagem tão boa quanto a original. A versão de 1956, com Kevin McCarthy, se tornou obrigatória para qualquer cinéfilo, mas as opiniões se dividem, pois para uns ela é uma crítica ao comunismo, enquanto para outros é uma fábula sobre o maior inimigo americano dos russos, o macartismo. Em 1978 foi refilmada com Leonard Nimoy e Donald Sutherland com a mesma história: alienígenas invadem a Terra e se apossam da identidade dos humanos eliminando-os e substituindo-os por seres sem emoções e conformistas. O mais impressionante é que essas duplicatas eram geradas dentro de enormes vagens. Em 2007, a trama foi mais uma vez reciclada no péssimo Os Invasores.
3. O Dia em que a Terra Parou (1951): um filmaço quando o mundo temia uma guerra nuclear, uma porcaria na edição de 2008. O libelo pacifista da década de 1950, mostrava um alien, Klaatu e seu robô Gort, que pousam na Terra em nome de outros planetas para alertá-la que, se as guerras não acabassem, o mundo seria destruído. O diretor Robert Wise levaria, anos depois, Star Trek às telonas com o primeiro filme da cinessérie e consagraria a frase “Klaatu Barada Nikto”. Imperdível.
4. Plano 9 do Espaço Sideral (1958): já foi considerado o pior filme de todos os tempos e hoje é um dos mais cultuados trash movies, com uma legião de fãs de seu diretor, o péssimo Ed Wood. Com Bela Lugosi, o viciado ator que incorporou Drácula na versão de 1931, contava a história de dois alienígenas que cansados dos humanos, resolvem resssucitar mortos e vampiros. Lugosi morreu no meio das filmagens e foi substituído por um sósia que ficava o tempo todo com o rosto coberto por uma capa. Em tempo, nunca é explicado quais foram os planos de um a oito.
5. A Bolha (1958): Steve McQueen sempre declarou que se arrependia até o fundo da alma por ter participado desse filme, sua segunda aparição nas telonas. A trama é ótima: um ser alienígena em forma de massa gelatinosa vai consumindo tudo que aparece na sua frente e vai crescendo a proporções gigantescas. Foi refilmado 30 anos depois como A Bolha Assassina com Kevin Dillon e efeitos especiais nojentos.
6. Enigma de Outro Mundo (1982): refilmagem de Monstro do Ártico de 1951 e um classicásso de terror do segundo diretor mais trash de todos os tempos e rei das telas nos anos 80, John Carpenter. Cientistas na Antartida se deparam com uma alienígena capaz de mudar de forma e assumir a identidade de quem ele mata. Destaque para a cena da cabeça com perninhas, capaz de fazer você lembrar do jantar de dois dias antes.
7. Força Sinistra (1985): nessa ficção inglesa, uma nave que está explorando o cometa Halley (moda na época) traz para a Terra uma força do mal alienígena que transforma a população de Londres em zumbis. O lance principal do filme é que o ser de outro planeta é a estonteante atriz Mathilda May que passa os 116 minutos da história totalmente nua e mostrada de todos os ângulos, ou seja, você quer se abduzido por ela o tempo todo. Os nerds viram que ficção podia ser sensual (e depois voltaram a babar com A Experiência de 1995 com Natasha Henstridge).
8. Predador (1987) e Predador 2 (1990): pode falar o que for, mas os dois primeiros filmes da saga do Predador são muito bem bolados, bem filmados e com ótimas histórias, especialmente o primeiro mostrando aquele bando de machos estereotipados quebrando frente a algo que eles não podiam entender. O segundo, que substitui a selva da America Central pela selva urbana de Los Angeles não fica atrás e explica a motivação dos aliens. Gerou sequências idiotas.
9. Independence Day (1996): o filme pode ser a peça mais americanófila já feita no cinema, mas foi a primeira vez que o diretor Roland Emmerich destruiu o mundo (depois vieram Godzilla, O Dia Depois de Amanhã e 2012) e os efeitos especiais impressionavam como a destruição da Casa Branca e de outros famosos pontos turísticos americanos.
10. Men in Black (1997): totalmente inspirado nas lendas urbanas dos homens de preto e da Área 51 e baseado em uma história em quadrinhos, o filme é um clássico de humor, especialmente com o cinismo e frieza do agente K de Tommy Lee Jones e o Chefe Zed de Rip Torn. Destaque também para a interpretação física de Vincet D´Onofrio como o homem que é possuído pelo alien barata. Piadas com celebridades sendo de outros planetas como Elvis, Micheal Jackson e Dennis Rodhan são ótimas.
E TRÊS FILMES QUE VOCÊ DEVE PERDER:
1. Sinais (2002): M. Night Shyamalan é a prova de que se você começa do alto, seu único caminho será descer. Fez o genial O Sexto Sentido e depois nunca mais conseguiu realizar nada realmente bom, culminando com o terrível Mestre do Ar. Neste aqui, Mel Gibson é o reverendo e fazendeiro Graham, que perdeu a fé em Deus e acaba vendo que as estranhas formas geométricas em seu milharal são indícios de uma invasão alienígena.
2. A Reconquista (2000): O que você faz quando se é membro de carteirinha da cientologia? Leva às telas um dos livros de seu fundador, L. Ron Hubbard! Foi o que fez John Travolta nesse péssimo filme onde no ano 3000 a humanidade escravizada por uma raça do espaço resolve revidar e reconquistar a Terra. Custou US$ 44 milhões e faturou metade disso, quase mandando Travolta, de novo, para o ostracismo.
3. Marte Ataca (1996): Tim Burton é, com toda a razão do mundo, um dos mais geniais diretores de todos os tempos, mas de vez em quando dá uma pisada na bola terrível como em Batman II, Planeta dos Macacos (uma heresia) e Alice no País das Maravilhas. Este aqui, baseado em uma coleção de figurinhas é brega demais, exagerado demais e chato demais. Só se salva com a tremenda tiração de sarro em cima de A Guerra dos Mundos, já que não é um vírus que elimina os aliens e sim uma música country de Slim Whitman.
BÔNUS!
Killer Klowns from Outer Space (1988): sim,aliens invadem nosso planeta na forma de palhaços assassinos. Não precisa dizer mais nada.
sexta-feira, 12 de novembro de 2010
Grace Kelly, a princesa e a plebéia
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Grace Kelly foi mais um arquétipo do que uma pessoa real. Era a imagem da típica garota americana idealizada nos anos 50: loura, bonita e de família rica. Na cabeça de todos, ela acabou realizando o sonho de qualquer adolescente, fazendo um príncipe se apaixonar e tornando-se princesa de um reino distante. Magra, rosto virginal e jeito frio e contido, contrastava com vulcões de sensualidade e corpos voluptuosos como Marilyn Monroe e Jane Russel. Em classe e elegância nas telas perdia apenas para Audrey Hepburn.
Acontece que Grace Patricia Kelly não era a mocinha santinha que o público consagrou. Tinha sim, classe, beleza e charme incomparáveis. Só que nos bastidores de Holywood, era muito conhecida por seu furor sexual, direcionado principalmente aos atores com que contracenava. Foi assim com Ray Milland quando fizeram Disque M para Matar; com Gary Cooper, o astro de sua primeira participação nas telonas, Matar ou Morrer; com Bing Crosby, seu par em Amar é Sofrer (que lhe deu um Oscar como a esposa de um cantor alcoólatra), com Clark Gable nos intervalos de Mogambo e com William Holden de As Pontes de Toko-Ri. Garota esperta, só escolhia os casados e como as personagens que interpretava, sempre os caras mais velhos que ela. E além desses, reza a lenda que teve noites de prazer e luxúria com David Niven (que teria consirado a mocinha como a melhor transa que teve na vida), Marlon Brando, Frank Sinatra e Tony Curtis.
Mesmo seu casamento com Rainier de Mônaco está longe de ser um conto de fadas. Na verdade, devido a um acordo assinado em 1918, o Príncipe deveria se casar ou o principado voltava a ser parte da França. Encalhado, resolveu procurar uma atriz para trazer mais glamour e mais turistas à sua terra. Como Marilyn não fazia bem o tipo princesinha, o nobre acabou direcionando seus esforços para outra loura. Kelly e Rainier se encontraram e três dias depois, o pedido foi feito com um detalhe desconcertante, a família dela pagou um dote de dois milhões de dólares a ele. O público pouco sabia desses arranjos, mas Alfred Hitchcok, que a dirigiu em três filmes, entre eles Janela Indiscreta (e ela nunca esteve tão deslumbrante como nessa obra) brincou: “fico feliz que Grace tenha conseguido um papel tão bom”. Seu casamento teve 600 convidados mais do que VIPs e foi assistido por mais de trinta milhões de pessoas pela TV e isso na década de 1950.
Ser princesa e atriz não combinava muito e Kelly abandonou o cinema para abraçar a realeza. Seu último filme foi a deliciosa comédia musical Alta Sociedade de 1956, refilmagem de Núpcias de Escândalo, com Crosby, Sinatra e Louis Armstrong. Apesar dos escândalos, Grace Kelly foi extremamente amada e admirada por seus parceiros da indústria do cinema. Ficou muito próxima de Cary Grant depois de contracenarem em Ladrão de Casaca e de James Stewart, que fez um discurso emocionado em seu enterro. Radicalmente antiracista, Kelly tornou-se grande amiga da icônica cantora Josephine Baker, depois que a última foi barrada no Stork Club de Nova York simplesmente por ser negra. Como princesa, fundou uma organização não-governamental de auxílio a crianças carentes. Grace Kelly completaria 81 anos hoje e mesmo 28 anos depois de sua morte em um acidente de carro, nunca perdeu a majestade.