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Quando Leslie Nielsen, que morreu hoje aos 84 anos de idade, foi convidado para participar do filme Apertem os Cintos, o Piloto Sumiu de 1980, ele perguntou aos três produtores/diretores Zucker, Abrahams e Zucker “querem que eu faça caretas ou fique vesgo?” e eles responderam, “não, fique sério que só isso faz a gente rir”. Nielsen, com sua voz grave e expressão de preocupação era realmente hilário, especialmente se a isso ele fosse somada alguma frase surreal como a do diálogo mais famoso do filme em questão:
Nielsen: Can you fly this plane, and land it?
Robert Hays: Surely, you can´t be serious
Nielsen: I am serious and don´t call me Shirley.
Nielsen nasceu no Canadá, filho de um polícia montada. Seu pai, aliás, era severo demais e o jovem Leslie fez cursos de interpretação, inspirado pelo tio, escondido com medo de apanhar. Nos anos de 1950 trabalhou em mais de 50 programas “ao vivo” na TV e estreou no cinema em 1956 no filme O Rei Vagabundo de Michael Curtis (o mesmo diretor de Casablanca). Ainda nas telonas, seu maior sucesso foi em O Planeta Proibido, uma ficção científica inspirada na obra A Tempestade de Sheakespeare e que, para muitos trekkers, é o procursor de Jornada nas Estrelas e para outros nerds, o inspirador do robô de Perdidos no Espaço.
Nielsen também ficou famoso por quase ter sido Messala, o rival de Charlton Heston em Ben-Hur, perdendo o papel para o chatíssimo Stephen Boyd. Participou do piloto da série Havaí 5-0, fez uma série de sucesso para a Disney e foi o capitão do navio que fica de cabeça para baixo na primeira versão de O Destino do Posseidon. Na década de 1980 veio a chance de trabalhar com o trio ZAZ em Apertem os Cintos (quando recebeu um Emmy de melhor ator em filme ou seriado de comédia) e depois na tentativa de uma série de TV totalmente surreal chamada Police Squad onde interpretava o tenente Frank Drebin. O seriado não deu certo nas telinhas, mas virou uma cinessérie de muito sucesso chamada aqui de Corra que a Polícia Vem Aí. Esse tipo de comédia o levou a ser considerado por Roger Ebert, um dos mais respeitados críticos norteamericanos como “o Lawrence Olivier da gozação”.
O ator não se considerava um comediante e tentou continuar a fazer papéis dramáticos, mas não dava mais para levá-lo a sério. Em Querem me Enlouquecer de 1986, Barbra Streisand interpreta uma prostituta de luxo que mata seu cliente quando este tenta espancá-la. O cliente em questão é Leslie Nielsen e não dá para segurar o riso com as expressões e voz do cara, mesmo quando há a cena pesadíssima dele metendo a mão na cara dela. Nos últimos anos, ele se dedicou a comédias para vez mais fracas e apelativas. Com sua morte, ele deixa um legado de mais de 100 filmes, 1500 programas de televisão, 220 personagens, quatro esposas e dois filhos.
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