Ainda na esteira da comemoração em cima dos 50 anos de Sete Homens e um Destino no Brasil, vale a pena conhecer um pouco mais dos oito atores que fizeram do filme um grande clássico e que, seguramente, devem muito de suas carreiras à exposição que o ele lhes deu. Excetuando Yul Brynner, os outros ainda eram desconhecidos do público de cinema. Alguns eram famosos no teatro, outros na TV. Depois do faroeste, a grande maioria se tornou lendas da 7a. arte.

Yul Brynner (Chris Adams): nascido em Vladivostok na Rússia em 1915, Yuli Borisovich Bryner foi modelo nos anos de 1930 até parar nas telas de cinema. Em 1951 (e pelos próximos 30 anos), interpretou o rei Mongkut na Broadway no espetáculo O Rei e Eu, daí sua cabeça raspada em maioria de seus filmes. Ganhou apenas um Oscar, em 1956, justamente pela versão cinematográfica do famoso musical que fez al lado de Deborah Kerr. No cinema, ficou famoso por tipos másculos, rigorosos e líderes como o faraó de Os 10 Mandamentos, o expatriado russo que tenta fazer Ingrid Bergman se passar pela filha perdida do Czar Nicolau II em Anastasia, A Princesa Esquecida e ainda o rei Salomão em Salomão e a Rainha de Sabá. Fumante inveterado, morreu em decorrência de um câncer nos pulmões em 1985 no mesmo dia que Orson Welles. Uma entrevista sua para o programa Good Morning America, onde dizia desejar fazer uma campanha anti-tabaco, foi usada pela American Cancer Society como propaganda contra o cigarro.

Steve Mcqueen (Vin): o chamado “rei do cool” foi um dos mais populares atores nas décadas de 1960 e 1970, sempre portando tipos rebeldes e anti-heróis, bem dentro do estilo da contracultura. Louco por velocidade, adorava carros e motos velozes, nos quais competia fervorosamente e ficou famoso por fazer a maioria de suas cenas de ação, sem ajuda de dublês. Nas telonas encantou o público em filmes como Bullit, Papillon, Fugindo do Inferno e Inferno na Torre. Também ficou notória sua mania de desprezar papéis que consagraram outras pessoas. Foi assim em Butch Cassidy e Sundance Kid (Robert Redford acabou pegando o papel), Apocalypse Now (foi para Martin Sheen), Dirty Harry (fez a glória de Clint Eastwood), Operação França (não queria ser mais um policial nas telas e deu o Oscar a Gene Hackman) e finalmente Contatos Imediatos do Terceiro Grau (Richard Dreyfuss acabou pegando). Em compensação acabou roubando a gracinha Ali MacGraw (de Love Story) do poderoso produtor Robert Evans, então seu marido. Ele faleceu em decorrência de um câncer no abdomem e no pescoço causado por farta exposição a amianto (que recobria os uniformes de corredores na época) em novembro de 1980. Além do legado de filmes, deixou uma marca na moda masculina com as calças de sarja, a jaqueta aviador, os óculos Ray-Ban e os cardigans de gola alta.

Charles Bronson (Bernardo O´Reilly): muita gente só lembra dele na cinessérie Desejo de Matar onde assumiu o papel do neurótico homem que sai em busca de uma vingança sem fim, mas a carreira de Charles Dennis Buchinski, um americano filho de lituanos, sempre foi marcada por tipos durões, mas muito corretos. Foi assim em Os 12 Condenados (seu personagem é o único não psicótico e obviamente o único sobrevivente), em Fugindo do Inferno e como o “Homem da gaita” no classicão de Sergio Leone, Era uma Vez no Oeste. Trabalhou na França, estrelando o filme Le Passager de la pluie de René Clement, que ganhou o Globo de Ouro de Melhor Filme Estrangeiro em 1970. Por causa de seus tipos másculos ganhou, na década de 1970, o prêmio “World Film Favorite – Male” junto com Sean Connery e sempre afirmou que este foi a maior premiação que recebeu na vida. Em 1975, era o quarto ator de maior bilheteria nos EUA, perdendo apenas para Robert Redford, Barbra Streisand e Al Pacino. Bronson morreu de pneumonia, aos 81 anos de idade, em 30 de agosto de 2003.

James Coburn (Britt): em 45 anos de carreira, James Harrison Coburn Jr trabalhou em aproximadamente 70 filmes para o cinema e teve mais de uma centena de aparições em programas de televisão. Depois de surgir em Sete Homens e trabalhar em Fugindo do Inferno e Charada, protagonizou a resposta americana a James Bond, interpretando o agente secreto Flint em dois filmes, Flint Contra o Gênio do Mal e Flint: Perigo Supremo. Trabalhou com Leone em Quando Explode a Vingança, com Peckinpah em Pat Garret e Billy The Kid e foi uma das celebridades a aparecer na capa do disco Band on the Run de Paul McCarney & the Wings. Depois de uma temporada em papéis para a TV, Coburn voltou às telonas na década de 1990 em filmes como Jovens Demais para Morrer, Maverick e O Troco (estes dois com Mel Gibson), mesmo sofrendo de uma artrite que o impedia de mexer os dedos de uma mão. Seu papel em Temporada de Caça de 1997 lhe rendeu o Oscar de Melhor Ator Coadjuvante. Aficcionado por carros, era conhecido por dirigir, por 20 anos, uma rara Ferrari 250 GT SWB Spyder California. Ele faleceu de ataque cardíaco aos 74 anos em 18 de novembro de 2002.

Eli Wallach (Calvera): aos 95 anos (a serem completados em 7 de dezembro), Eli ainda está na ativa e é um dos atores mais completos que já apareceu nas telonas. Com farta experiência no teatro e formação pelo consagrado Actors Studio, sua estréia no cinema foi no controverso e escandaloso Boneca de Carne de Elia Kazan e fez depois de Os Desajustados ao lado de Marilyn e Clark Gable até aparecer a chance de fazer Calvera, que abriu caminho para sua participação memorável em Três Homens em Conflito. Wallach também é parte de uma das mais propagadas lendas no show business americano. Ele seria o Angelo Maggio de A um Passo da Eternidade, mas o papel acabou indo para Frank Sinatra, que acabou ganhando um Oscar e viu sua carreira reviver. A lenda que correu na época (e que inspirou uma famosa sequencia de O Poderoso Chefão) é que o cantor usou seus contatos com a máfia para conseguir o papel, mas na verdade, Eli havia desistido do filme para trabalhar em uma peça de Tenessee Williams (anos depois contou que toda a vez que encontrava Sinatra, este o cumpimentava com um “olá, ator louco”). Na década de 1960, Wallach ainda teve a chance de se tornar muito popular, fazendo o Sr. Frio da série Batman de Adam West e em sua biografia disse que nunca recebeu tantas cartas como naquele papel. Nos últimos anos apareceu em O Amor não Tira Férias, New York – Eu te Amo e Wall Street – O Dinheiro Nunca Dorme.

Robert Vaughn (Lee): o único dos sete “heróis” do filme a estar ainda vivo, Vaughn ficou extremamente conhecido nos EUA e Europa por seu papel na telessérie O Agente da UNCLE onde fazia o espião Napoleon Solo, que vivia aventuras ao lado de seu parceiro, o russo Illya Kuryakin, interpretado pelo inglês David McCallum. Depois de atuar com Steve McQueen em Bullit, o ator só trabalhou em filmes B para o cinema e TV, só voltando a um relativo sucesso com a série inglesa Hustle e hoje é famoso por fazer ser garoto-propaganda de grandes escritórios de advocacia. Democrata de carteirinha, não apoiou Barack Obama na última eleição pois considera que o homem não está à altura do cargo.

Horst Buschholz (Chico): ninguém entendeu quando um ator alemão, natural de Berlim, foi chamado para um faroeste, para interpretar um pistoleiro mexicano – nem mesmo ele, que se considerava “muito do leste para ser do oeste” – mas sua participação irritou profundamente Steve McQueen, que não queria que alguém nublasse seu sex appeal. Buschhloz apareceu em mais de 60 filmes em sua carreira, atuando em produções americanas, alemãs, inglesas, italianas e francesas. Depois de ter que recusar o papel do sheik Ali em Lawrence da Arábia, fez Cupido não Tem Bandeira de Billy Wilder ao lado de Jimmy Cagney, Fanny com Maurice Chevalier e Leslie Caron e ainda teve uma ponta no filme ganhador do Oscar A Vida é Bela de Roberto Begnini. Em 2000, o ator confessou ser bissexual para o jornal alemão Die Bunte e faleceu em 2003, de pneumonia, com 69 anos de idade.

Brad Dexter (Harry Luck): o pistoleiro que ninguém lembra o nome começou como ator em Hollywood para depois se tornar produtor de filmes. Nascido Boris Michel Soso, ficou famoso por ser sempre o coadjuvante durão em filmes e séries de TV. Além de Sete Homens e um Destino, destacam-se na sua carreira o papel de vilão em O Segredo das Jóias de John Huston e O Expresso de Von Ryan que trabalhou ao lado de Frank Sinatra. O cantor tinha uma relação muito próxima com o ator, desde que Dexter o salvou de um afogamento nas filmagens de Os Bravos Morrem Lutando. Além disso, Brad foi casado com a cantora e compositora Peggy Lee, aquela que deu ao mundo a música mais sensual de todos os tempos, “Fever”. Ele morreu aos 85 anos de idade de enfisema em 12 de dezembro de 2002.