Ontem seria aniversário do “velho olhos azuis”. Sim, Francis Albert Sinatra nasceu em Hoboken, Nova Jersey, em 12 de dezembro de 1915 e de lá se tornou no mais conhecido e popular cantor de todos os tempos. Como símbolo sexual que era, Sinatra teve uma carreira razoável em Hollywood. Quando ainda era crooner da banda de Tommy Dorsey apareceu em duas produções sem o devido crédito, Las Vegas Nights (1941) e Ships Ahoy (1942) e depois de famoso passou a atuar em vários musicais de sucesso como Marujos do Amor, A Bela Ditadora (ambos com Gene Kelly) e Can Can e logo quis se aventurar no drama. Sinatra era um inferno para os diretores porque não aceitava fazer dois takes de uma cena. Ele acreditava que ela devia ficar boa na primeira tomada, mas esquecia-se que não era um Marlon Brando (que aliás, trabalhou com ele em Gatinhas e Gatões). A música de Sinatra entrou para a trilha sonora de 233 produções. Em toda sua carreira, o cantor produziu nove filmes, dirigiu dois e atuou em 60 produções. Sua última aparição nas telonas foi no policial O Primeiro Pecado Mortal de 1980 e nas telinhas, participou de um episódio da série Magnum de 1987. Assim, para comemorar os 95 anos do nascimento da “Voz”, apresento cinco filmes que se destacam pela força de sua interpretação e/ou pelas lendas que cercaram a produção.
A um Passo da Eternidade (1953): Sinatra fez tanto lobby para conseguir atuar nesse filme que anos depois Mario Puzzo criou a lenda de que foi a Máfia que fez com que o contratassem na sua obra O Poderoso Chefão (e cena do cavalo, capicci?). Na verdade o papel era de Eli Wallach, que o abandonou para atuar numa produção de Elia Kazan para a Broadway e Frank queria muito reerguer sua carreira que estava meio em baixa na época. Deu certo. O cantor levou o Oscar de melhor ator coadjuvante por sua interpretação contundente do Cabo Angelo Maggio, um descendente de italianos, esquentado pacas, que se envolve em uma briga com um sargento da PE (Ernest Borgnine) e apanhar até morrer. Tudo isso nos dias que antecedem o ataque a Pearl Harbor. O clássicão tem ainda Burt Lancaster, Montgomery Cliff, Deborah Kerr e a imortal cena do casal de beijando à beira-mar.
Suddenly (1954): o filme mais controverso da carreira do cantor é cercado de mitos. A história em si já era pesada: uma cidadezinha do interior vai receber a visita do presidente dos EUA e um assassino psicótico (Sinatra) se aloja na casa de uma família, mantendo-os reféns, para assim conseguir assassinar o líder da nação. Obviamente que quando Kennedy foi assassinado, dois dias depois desse filme passar na TV, todos diziam que Lee Harvey Oswald havia se inspirado na obra ficcional para conseguir matar o presidente. Depois, criou-se um boato de que o próprio Sinatra havia proibido a distribuição do filme, pois se arrependera de tê-lo feito quando viu o fato acontecer na vida real. Tudo balela. Na verdade, Harvey assistiu Resgate de sangue de John Huston sobre a revolução em Cuba e até hoje a família de Frank tem que explicar que ele não dava a mínima pela repercussão do filme. A única história verdadeira é que quando foram colorizar o filme nos aos 80, o velho “olhos azuis” se tornou o velho “olhos castanhos” por erro dos técnicos.
O Homem do Braço de Ouro (1955): filmaço sobre um carteador que é viciado em heroína injetável e sua luta para se livrar do vício e do traficante que sempre o seduz para uma nova dose. Sinatra concorreu ao Oscar mais uma vez por sua atuação impecável (especialmente nas cenas de abstinência), mas perdeu para Ernest Borgnine em Marty. O filme consagrou também a música-título, composta por Elmer Berstein, que se tornaria trilha de muito strip-tease e recentemente de uma marca de cerveja carioca. E mais o cartaz e a abertura foram copiados depois por muitos designers.
Alta Sociedade (1956): delicioso musical com um elenco fantástico. Para começar tinha Louis Armstrong tocando, trilha composta por Cole Porter, Sinatra e Bing Crosby lado a lado e Grace Kelly enfeitando a tela. Refilmagem de Núpcias de Escândalo com Cary Grant e Katherine Hepburn, mostra um cantor (Crosby) tentando recuperar a ex-esposa quando do segundo casamento dela e Sinatra fazia um jornalista, contratado para cobrir o evento. Crosby era o cantor mais popular do mundo até Frank Sinatra surgir e na época espalhou-se na imprensa que os dois eram rivais ferrenhos. Puro marketing. Os dois não só se respeitavam como era grandes amigos. Na sequencia “Did You Evah”, onde os dois cantam juntos, deram espaço para muitas improvisações e, é lógico que os dois não perderam a chance de brincarem um com o outro. A combinação de tantos talentos fez com que fosse um dos 10 filmes de maior bilheteria de 1956.
Sob o Domínio do Mal (1962): esqueça já a dispensável refilmagem com Denzel Washington, em 2004, porque o bom era quando os inimigos eram os comunas vermelhos e não as grandes corporações. Nesse sensacional thriller político dirigido por John Frankenheimer, um bando de veteranos da Guerra da Coréia passa por lavagem cerebral feita pelos comunistas e se envolvem com um assassinato político. Tem Sinatra como o Major Marco, que tenta desesperadamente entender o que está acontecendo à sua volta e Laurence Harvey como Raymond Shaw, o filho de um congressista de direita e de uma manipuladora senhora, vivida magistralmente por Angela Lansbury. A mensagem do filme era tão pesada que a United Artists relutou em produzi-lo e só aceitou depois que o presidente JF Kennedy telefonou para o manda-chuva do estúdio, Arthur Krim, e pediu para que o filmasse. Depois de seu lançamento, acabou sendo proibido em vários países da então chamada “cortina de ferro” como Polônia, Tchecoslováquia, Hungria, Romênia e Bulgária e até mesmo em países neutros como Finlândia e Suécia.
Nenhum comentário:
Postar um comentário