segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Oliver Stone, 65 anos de polêmica

Publicado no site da revista Alfa em setembro de 2011
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O diretor e roteirista Oliver Stone completou 65 anos ontem, 15 de setembro. Stone é um desses caras muito interessantes que criaram uma persona diferenciada, atrelando seu nome à polêmica. Ninguém pode negar porém, que o homem tem uma capacidade fantástica de transformar seus fantasmas autobiográficos em ótimos filmes.


Explicando melhor, sua experiência como professor e depois soldado no Vietnã o levaram a fazer um dos mais contundentes filmes de guerra da história do cinema, Platoon que ganhou quatro Oscars (melhor direção, inclusive) e inaugurou sua trilogia vietinamita, seguido de Nascido a 4 de Julho (dois Oscars) e Entre o Céu e a Terra. Depois, seu mergulho nas drogas o inspirou no roteiro de Scarface, a célebre refilmagem do clássico de gangster e também deu o tom de algumas cenas de Assassinos por Natureza. E mais, como trabalhava no mercado financeiro francês nas suas férias, quando adolescente, Stone criticou a ganância e a busca pela riqueza em Wall Street – Poder e Cobiça e voltou ao tema 23 anos depois com Wall Street – O Dinheiro Nunca Dorme, aproveitando da quebradeira geral da economia em 2008.

Outro detalhe interessante sobre Stone é a sua mania de fazer biografias, mas de sua maneira. Primeiro mostrou a vida de Jim Morrison em The Doors (onde Val Kilmer parece ter incorporado o cantor em alguma sessão espírita), mas desprezou todas as entrevistas que fez com integrantes do grupo e com a ex-mulher de Morrison e apresentou a sua versão dos fatos. Louco por uma teoria da conspiração fez JFK, um filme com uma edição fantástica e revolucionária (chegou até a ser zombado em Seinfeld), sobre a investigação em cima da morte do mais popular presidente americano. Sobram culpados para tudo quanto é lado. Fez ainda Nixon (com um terrível Anthony Hopkins no papel-título) e W., uma estranha e até mesmo enaltecedora biografia de George W. Bush que, por mais que foque fatos polêmicos na vida do cara, acaba o mostrando como um vencedor e homem de princípios (como assim, Georgie Boy dando bronca no seu time de assessores porque “o enganaram” a respeito das armas de destruição em massa iraquianas?).

Do lado mais comercial, assinou o péssimo Alexandre sobre o monarca macedônio, As Torres Gêmeas sobre o sacrifício de dois bombeiros nos ataques de 11 de setembro e o impressionante Um Domingo Qualquer com os bastidores de um time de futebol americano.

Mas é mesmo na polêmica que Oliver Stone faz a fama. De um tempo para cá resolveu, sabe-se lá porquê, apoiar e propagandear a revolução boliviariana de Hugo Chávez com Ao Sul da Fronteira, foi entrevistar Fidel Castro para o documentário Comandante e ainda tentou, em vão, falar com o pessoal das FARC. Além disso comprou briga com a comunidade judaica graças a críticas ferozes contra o que chamou de “dominação sionista da mídia e da política mundial”. Obviamente que teve de se retratar depois. Seu projeto mais barulhento porém, é  The Untold History of the United States (a história não contada dos Estados Unidos), uma megassérie de TV que mostrará a verdadeira e obscura história da América e suas relações com figuras controversas como Hitler, Stalin e Mao. Está prometido para o ano que vem (embora ele lute para realizá-lo desde 2009).

Enquanto isso, Stone está acabando de filmar Savages sobre dois plantadores de maconha que tem que enfrentar o cartel mexicano das drogas depois que sequestram sua namorada. Vindo dele, prepara-se para se chocar de alguma maneira.

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