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Se existe um tema que fascina muita gente e que o cinema não se cansa de explorar é a viagem ao tempo. Seja abordando o retorno ao passado para tentar mudar as coisas ou a tentativa de conhecer o futuro antes que ele realmente aconteça, os filmes usam o recurso para divertir ou fazer pensar, mas invariavelmente faz com que alguém venha com a questão do “paradoxo”, ou seja, questione se você voltar para o passado e matar seu avô quando criança, como a coisa fica? Resposta nerd mais esclarecedora: você cria uma nova linha temporal. Pelo menos foi isso que JJ Abrahams usou no novo Star Trek com ótimo resultado.
Nesta sexta-feira (2), teremos a estreia da visão brasileira do assunto, com Wagner Moura retornando à sua juventude para evitar uma humilhação amorosa em O Homem do Futuro. Então nada melhor do que relembrar outros grandes filmes que mexeram com linha temporal e conseguiram ótimos resultados.
HG Wells foi um escritor inglês que, como muitos do gênero, usaram a ficção científica como subterfúgio para mostrar as mazelas da sociedade e do ser humano. Em 1895, publicou a obra ‘A Máquina do Tempo’ que se tornou um tremendo filme em 1960, com Rod Taylor como o homem que inventa um dispositivo que o leva para o ano de 802.701. Lá, encontra uma sociedade de adultos com atitudes infantis, vivendo bucolicamente e depois descobre que, na verdade, eles eram “gado” para uma raça de monstros subterâneos, os morlocks. O clássico, que ganhou um Oscar de Efeitos Especiais, pela incrível cena da passagem do tempo, foi dirigido por George Pal, que também levaria às telas A Guerra dos Mundos, de Wells. Em 2002, o bisneto do escritor fez sua versão da obra com Guy Pearce no papel principal e mostrou que a genialidade não é hereditária na família. O filmeé uma bomba. Mais sorte teve Nicholas Meyer que, em 1979, dirigiu a divertida fantasia Um Século em 43 Minutos, onde HG Wells teria realmente construído a máquina, mas ela é roubada por Jack, o Estripador que a traz para a São Francisco dos anos 1970. O escritor, temendo pelo futuro, vai no encalço do assassino, mal sabedo que o pobre Jack está muito mais compatível com a sociedade atual do que ele pensava.
Com base na teoria do caos, cujo dito popular diz que o bater as asas de uma borboleta em um canto da Terra pode provocar um tsunami em outro canto, esse filme bacaninha e menosprezado mostra Ashton Kutcher como um rapaz que possui o poder de incorporar em si mesmo quando criança e alterar os acontecimentos de sua vida. O problema é que a cada vez que ele faz alguma coisa, muda os eventos radicalmente e só consegue piorar a sua situação. E tenho que tirar o chapéu para os diretores que, em um mundo onde alívio é entregue de graça no cinema, tiveram a coragem de fazer um filme sem final feliz. Teve continuações descartáveis.
3. Jornada nas Estrelas IV: A Volta para Casa (1986)
A série clássica Jornada nas Estrelas brincou bastante com viagem ao tempo e nada mais natural do que levar o assunto para o cinema, nas mãos do próprio Sr. Spock. Leonard Nimoy já era ecologista de carteirinha numa época em que isso era sinônimo de chatice e dirigiu o quarto episódio da franquia mostrando Kirk e sua turma voltando para a São Francisco de outrora em busca de uma baleia jubarte, o único bicho que poderia salvar a Terra do futuro de uma sonda destrutiva e que se escontrava em extinção no século 23. É o mais engraçado dos filmes de Jornada, com muita piada em cima dos personagens estarem perdidos no passado atrasado. Viagem ao tempo acabou voltando para a franquia, agora com o pessoal a Nova Geração, no ótimo Primeiro Contato.
Esse filme fez toda uma geração se matar de chorar nos cinemas ao contar a bela história do um rapaz (Christopher Reeve) que se torna obcecado por uma atriz de 1900 e consegue voltar no tempo através de auto-hipnose, para assim viver um romance com ela. A trilha sonora lacrimosa de Roger Williams ficou famosa e usada em casamentos e programas de humor. O filme abriu caminho para outros bons romances com tempo envolvido como Te Amarei para Sempre, A Casa do Lado e outros só simpáticos como Kate & Leopold.
James Cameron pegou todo mundo de surpresa em 1984 com essa ficção incrível que deu fama e fortuna para Arnold Schwarzenegger (depois que Stallone recusou o papel). O filme gerou várias continuações, mas a segunda ainda consegue ser a melhor de toda a cinessérie. O andróide de Arnie acabou entrando duas vezes na lista de melhores heróis e vilões do cinema, promovida pela AFI. Pelo primeiro Exterminador, ele ficou em 22o lugar entre os 50 vilões e pelo segundo filme da série é 48o herói.
Podemos considerar O Planeta dos Macacos como um filme de viagem ao tempo (embora ele seja muito mais do que isso, ficando entre as nelhores ficções já feitas), mas é no terceiro filme da série que a coisa fica mais explícita, com um grupo de macacos chegando ao passado e fazendo todo mundo ficar de cabelo em pé quando descobrem que o filho dos símios Dr. Cornelius e Dra Zira vai chefiar a revolta da macacada no futuro. Divertido e bem estruturado, é a única sequencia do filme original que realmente vale a pena.
Na mesma época de De Volta para o Futuro, Francis Ford Coppola mostrou uma pessoa voltando aos nostálgicos anos 1950. Kathleen Turner, então grande musa oitentista, era uma mulher de 43 anos que leva uma vida fracassada e, em uma reunião de antigos colegas de escola, desmaia e acorda no passado, tendo a chance de mudar sua vida. O filme tem ótimas cenas de humor (como ela tentando fazer com que o namorado – e futuro marido – vivido por Nicholas Cage, grave ‘She Loves You’ antes dos Beatles) e momentos ternos (como Turner com os avós, falecidos no futuro), mas trata principalmente de lidar com algumas frustrações da vida.
Não é propriamente um filme de viagem ao tempo, mas lida – principalmente – com o tempo em si ao mostrar a história de uma jovem alemã que precisa conseguir cem mil marcos em 20 minutos ou seu namorado pode perder a vida. O diretor Tom Tykver mostra a mesma situação, de três maneiras diferentes, com uma pequena variação no tempo em que a menina se desloca, fazendo alterar completemente o curso da ação. Mais ou menos quando você perde aquele semáforo aberto e se vê parando em todas as esquinas a seguir.
Terry Gilliam é um diretor que ou se ama ou se a0deia. Eu, particularmente, sou fã de seu trabalho em obras como Brazil – o Filme, O Pescador de Ilusões e outro sobre viagens temporais, Os Bandidos do Tempo. Em 12 Macacos temos um prisioneiro (Bruce Willis) vindo do futuro para impedir que um louco solte um vírus devastador na Terra. Tomado com insano, é mandando para um hospício onde conhece Brad Pitt, que pode ter muito a ver com o destino da humanidade. As cenas da Nova York deserta, cheia de animais selvagens (que podem ter inspirado, anos depois, algumas sequencias de Eu sou a Lenda) e o final desolador são fantásticas.
Era para ser uma geladeira e ter apenas um capítulo, mas quis o destino que o herói andasse numa máquina do tempo acoplada em um De Lorean e que o filme fizesse tanto sucesso que gerasse duas crias. De Volta para o Futuro de 1985 é mais que um clássico tipo “sessão da tarde”. É dinâmico, bem feito, atemporal (ok, um trocadilho bacaninha nesse post) e com um dos finais mais transados em aventuras juvenis. De Volta II já fica mais pesado com o vai e volta no tempo e a Terra alternativa onde Biff Tannen manda em tudo, mas é com De Volta III que temos uma das grandes homenagens e brincadeiras em cima do faroeste com sequencias e piadas para deixar qualquer cinéfilo feliz da vida (sempre rio com o lance de “Clint Eastwood vai ser conhecido cmo o maior covarde do oeste”). Não há mais lista de viagem ao tempo sem esses três filmes e com certeza, eles podem ser considerados os melhores do gênero.
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