quinta-feira, 16 de dezembro de 2010
A Hollywood amarga de “Crepúsculo dos Deuses”
Cinco grandes filmes de Frank Sinatra (sem o Rat Pack)
Ontem seria aniversário do “velho olhos azuis”. Sim, Francis Albert Sinatra nasceu em Hoboken, Nova Jersey, em 12 de dezembro de 1915 e de lá se tornou no mais conhecido e popular cantor de todos os tempos. Como símbolo sexual que era, Sinatra teve uma carreira razoável em Hollywood. Quando ainda era crooner da banda de Tommy Dorsey apareceu em duas produções sem o devido crédito, Las Vegas Nights (1941) e Ships Ahoy (1942) e depois de famoso passou a atuar em vários musicais de sucesso como Marujos do Amor, A Bela Ditadora (ambos com Gene Kelly) e Can Can e logo quis se aventurar no drama. Sinatra era um inferno para os diretores porque não aceitava fazer dois takes de uma cena. Ele acreditava que ela devia ficar boa na primeira tomada, mas esquecia-se que não era um Marlon Brando (que aliás, trabalhou com ele em Gatinhas e Gatões). A música de Sinatra entrou para a trilha sonora de 233 produções. Em toda sua carreira, o cantor produziu nove filmes, dirigiu dois e atuou em 60 produções. Sua última aparição nas telonas foi no policial O Primeiro Pecado Mortal de 1980 e nas telinhas, participou de um episódio da série Magnum de 1987. Assim, para comemorar os 95 anos do nascimento da “Voz”, apresento cinco filmes que se destacam pela força de sua interpretação e/ou pelas lendas que cercaram a produção.
Os 20 anos da mais bela fábula para adultos
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Parece que foi ontem, mas Edward Mãos de Tesoura, o filme que transformou Tim Burton no contador oficial de fábulas para adultos dos novos tempos e Johnny Depp em um dos maiores ícones masculinos da nova geração, completa 20 anos no próximo dia 14 de dezembro. É, de longe, o mais delicado filme do diretor, com a figura do homem puro e amoroso que é impedido de dar carinho por possuir mãos letais, tendo que enfrentar a falta de sensibilidade da classe média fútil que invade os subúrbios americanos (embora isso não seja exclusividade deles, aqui é a mesma coisa).
Premakes: os clássicos que nunca existiram
10 grandes musas do cinema italiano
quinta-feira, 2 de dezembro de 2010
Parabéns, Woody Allen!
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Woody Allen completa 75 anos hoje e temos que tirar o chapéu para ele. Ele é o homem que mais entende da alma feminina. Duvida? Ele conseguiu retratar os anseios da mulher de cinquenta anos com perfeição em A Outra de 1988 e vinte anos depois realizou o filme mais feminino já produzido, Vicky Cristina Barcelona, e ainda mostrou que toda mulher tem um pouco de Vicky, um pouco de Cristina e um pouco de Maria Elena, sempre em diferentes proporções. Sem contar que ele escolhe a dedo a beldade que vai colocar em seus filmes. Foi assim com Mariel Hemingway em Manhattan, a charmosíssma Diane Keaton em muitas de suas obras, Barbara Hershey em Hannah e suas Irmãs e recentemente Mira Sorvino (Poderosa Afrodite), Charlize Theron (O Escorpião de Jade), Scarlet Johansson (Match Point, entre outros) e Evan Rachel Wood (Tudo Pode Dar Certo).
- 80% do sucesso depende de você aparecer.
- Como posso acreditar em Deus se na semana passada minha língua se prendeu ao rolo de uma máquina de escrever elétrica?
- Eu não quero conseguir a imortalidade pelo meu trabalho e sim por não morrer.
- Eu não tenho medo da morte. Só não quero estar lá quando ela chegar.
- Eu fico impressionado pelas pessoas quererem conhecer o universo quando você mal consegue se achar em Chinatown.
- Basicamente minha ex-mulher era imatura. Toda vez que eu estava na banheira, ela vinha e afundava meus barquinhos.
- Eu acredito que exista algo lá fora nos observando. Infelizmente é o governo!
- Eu não acho que meus pais gostavam de mim. Eles puseram um ursinho de verdade no meu berço.
- Sua falta de educação é mais do que compensada por uma desenvolvida falência moral.
- Se você não está falhando de vez em quando, é um sinal de que você não está fazendo nada de muito inovador.
- Estou muito orgulhoso do meu relógio de bolso de ouro. Meu avô, em seu leito de morte, me vendeu este relógio.
- Na minha casa, eu sou o chefe. Minha mulher só toma as decisões.
- Parece que o mundo foi dividido em pessoas boas e más. As boas dormem melhor, enquanto os maus parecem aproveitar muito mais os momentos despertos.
- Sexo sem amor é uma experiência de sentido, mas na medida em que sentido vai, a experiências pode ser muito boa.
- Há coisas piores na vida que a morte. Você já passou uma noite com um vendedor de seguros?
- E se tudo é uma ilusão e nada existe? Nesse caso, eu definitivamente paguei demais pelo meu tapete.
- Por que o homem mata? Ele mata por comida. E não apenas por alimentos: freqüentemente, deve haver uma bebida.
- Sexo é sujo? Somente se for bem feito.
- Não fale mal de masturbação. É sexo com alguém que eu amo.
- Minha vida amorosa é terrível. A última vez que estive dentro de uma mulher foi quando visitei a Estátua da Liberdade.
- Eu sou um amante tão bom, porque pratico muito comigo mesmo.
- O principal problema da morte é o medo que pode não haver vida após a morte – um pensamento deprimente, sobretudo para aqueles que se preocuparam em fazer a barba. No lado positivo, a morte é uma das poucas coisas que pode ser feito facilmente, somente se deitando.
- Um cara bateu no meu pára-choque no outro dia, e eu lhe disse: “Sede fecundo e multiplicai”. Mas não exatamente com essas palavras.
- Meu cérebro é meu segundo órgão favorito.
- Por que arruinar uma boa história com a verdade?
quarta-feira, 1 de dezembro de 2010
O triste fim de Monicelli
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Não é de se estranhar que Mario Monicelli, um dos maiores cineastas da Itália, tenha escolhido morrer se atirando da janela do hospital onde estava internado graças a um câncer de próstata, aos 95 anos. O homem que nos fez chorar de rir em 68 filmes, sempre dava um jeito de colocar alguma amargura ou tristeza em suas obras. Foi assim com o final trágico de Parente é Serpente, umas de suas obras mais populares no Brasil, focando no natal de uma típica família italiana, que se choca e desestabiliza quando os pais dizem que querem morar com um dos filhos. Brancaleone, um de seus personagens mais famosos, interpretado pelo sempre excelente Vittorio Gassman, que apareceu O Incrível Exército de Brancaleone e Brancaleone nas Cruzadas era pobre e louco de dar dó. E mesmo suas duas obras que mais gosto, os sarcásticos Meus Caros Amigos e Quinteto Irreverente tem conclusões tristes.
Monicelli trabalhou com os grandes nomes do cinema da terra da bota. Fez vários filmes com Totó, o chamado príncipe do riso das comédias dos anos de 1950 na Europa, trabalhou com Marcello Mastroianni em obras como Casanova 70 (a história de um sedutor que gosta de viver perigosamente) e As Duas Vidas de Mattia Pascal, com Renato Salvatori em Os Eternos Desconhecidos, Alberto Sordi em A Grande Guerra, e ainda com Monica Vitti, Anna Magnani, Giancarlo Giannini, Stefania Sandrelli, Vittorio De Sica, Sophia Loren, Gian Maria Volonté e Nino Manfredi, mas o creme de la creme é mesmo o grupo formado para os filmes do quinteto de amigos cinquentões cujo objetivo de vida é perturbar os outros e a si mesmo: Ugo Tognazzi, Adolfo Celi, Phillippe Noiret, Duilio Del Prete e Gastone Moschin (este fez o Don Fanucchi, de O Poderoso Chefão II).
Seu último filme foi Le Rose del Deserto de 2006, que dirigiu aos 91 anos de idade. Em 2003 gfez uma aparição simpática no filme Sob o Sol de Toscana, interpretando um velhinho que todos os dias colocava flores em uma imagem de Nossa Senhora. Injustamente foi nomeado duas vezes ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro e cinco à Palma de Ouro do Festival de Cannes e e não ganhou nenhum desses prêmios, mas foi um vencedor recorrente nos Festivais de Veneza e de Berlim.
Ao mestre Mario Monicelli deixo minha homenagem através de uma frase de um de seus filmes: La supercazzula brematurata con scappellamento a destra come fosse antani. E grazie tanti!
O engraçado homem sério
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Quando Leslie Nielsen, que morreu hoje aos 84 anos de idade, foi convidado para participar do filme Apertem os Cintos, o Piloto Sumiu de 1980, ele perguntou aos três produtores/diretores Zucker, Abrahams e Zucker “querem que eu faça caretas ou fique vesgo?” e eles responderam, “não, fique sério que só isso faz a gente rir”. Nielsen, com sua voz grave e expressão de preocupação era realmente hilário, especialmente se a isso ele fosse somada alguma frase surreal como a do diálogo mais famoso do filme em questão:
Nielsen: Can you fly this plane, and land it?
Robert Hays: Surely, you can´t be serious
Nielsen: I am serious and don´t call me Shirley.
Nielsen nasceu no Canadá, filho de um polícia montada. Seu pai, aliás, era severo demais e o jovem Leslie fez cursos de interpretação, inspirado pelo tio, escondido com medo de apanhar. Nos anos de 1950 trabalhou em mais de 50 programas “ao vivo” na TV e estreou no cinema em 1956 no filme O Rei Vagabundo de Michael Curtis (o mesmo diretor de Casablanca). Ainda nas telonas, seu maior sucesso foi em O Planeta Proibido, uma ficção científica inspirada na obra A Tempestade de Sheakespeare e que, para muitos trekkers, é o procursor de Jornada nas Estrelas e para outros nerds, o inspirador do robô de Perdidos no Espaço.
Nielsen também ficou famoso por quase ter sido Messala, o rival de Charlton Heston em Ben-Hur, perdendo o papel para o chatíssimo Stephen Boyd. Participou do piloto da série Havaí 5-0, fez uma série de sucesso para a Disney e foi o capitão do navio que fica de cabeça para baixo na primeira versão de O Destino do Posseidon. Na década de 1980 veio a chance de trabalhar com o trio ZAZ em Apertem os Cintos (quando recebeu um Emmy de melhor ator em filme ou seriado de comédia) e depois na tentativa de uma série de TV totalmente surreal chamada Police Squad onde interpretava o tenente Frank Drebin. O seriado não deu certo nas telinhas, mas virou uma cinessérie de muito sucesso chamada aqui de Corra que a Polícia Vem Aí. Esse tipo de comédia o levou a ser considerado por Roger Ebert, um dos mais respeitados críticos norteamericanos como “o Lawrence Olivier da gozação”.
O ator não se considerava um comediante e tentou continuar a fazer papéis dramáticos, mas não dava mais para levá-lo a sério. Em Querem me Enlouquecer de 1986, Barbra Streisand interpreta uma prostituta de luxo que mata seu cliente quando este tenta espancá-la. O cliente em questão é Leslie Nielsen e não dá para segurar o riso com as expressões e voz do cara, mesmo quando há a cena pesadíssima dele metendo a mão na cara dela. Nos últimos anos, ele se dedicou a comédias para vez mais fracas e apelativas. Com sua morte, ele deixa um legado de mais de 100 filmes, 1500 programas de televisão, 220 personagens, quatro esposas e dois filhos.
Os 8 magníficos
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Ainda na esteira da comemoração em cima dos 50 anos de Sete Homens e um Destino no Brasil, vale a pena conhecer um pouco mais dos oito atores que fizeram do filme um grande clássico e que, seguramente, devem muito de suas carreiras à exposição que o ele lhes deu. Excetuando Yul Brynner, os outros ainda eram desconhecidos do público de cinema. Alguns eram famosos no teatro, outros na TV. Depois do faroeste, a grande maioria se tornou lendas da 7a. arte.
Yul Brynner (Chris Adams): nascido em Vladivostok na Rússia em 1915, Yuli Borisovich Bryner foi modelo nos anos de 1930 até parar nas telas de cinema. Em 1951 (e pelos próximos 30 anos), interpretou o rei Mongkut na Broadway no espetáculo O Rei e Eu, daí sua cabeça raspada em maioria de seus filmes. Ganhou apenas um Oscar, em 1956, justamente pela versão cinematográfica do famoso musical que fez al lado de Deborah Kerr. No cinema, ficou famoso por tipos másculos, rigorosos e líderes como o faraó de Os 10 Mandamentos, o expatriado russo que tenta fazer Ingrid Bergman se passar pela filha perdida do Czar Nicolau II em Anastasia, A Princesa Esquecida e ainda o rei Salomão em Salomão e a Rainha de Sabá. Fumante inveterado, morreu em decorrência de um câncer nos pulmões em 1985 no mesmo dia que Orson Welles. Uma entrevista sua para o programa Good Morning America, onde dizia desejar fazer uma campanha anti-tabaco, foi usada pela American Cancer Society como propaganda contra o cigarro.
Steve Mcqueen (Vin): o chamado “rei do cool” foi um dos mais populares atores nas décadas de 1960 e 1970, sempre portando tipos rebeldes e anti-heróis, bem dentro do estilo da contracultura. Louco por velocidade, adorava carros e motos velozes, nos quais competia fervorosamente e ficou famoso por fazer a maioria de suas cenas de ação, sem ajuda de dublês. Nas telonas encantou o público em filmes como Bullit, Papillon, Fugindo do Inferno e Inferno na Torre. Também ficou notória sua mania de desprezar papéis que consagraram outras pessoas. Foi assim em Butch Cassidy e Sundance Kid (Robert Redford acabou pegando o papel), Apocalypse Now (foi para Martin Sheen), Dirty Harry (fez a glória de Clint Eastwood), Operação França (não queria ser mais um policial nas telas e deu o Oscar a Gene Hackman) e finalmente Contatos Imediatos do Terceiro Grau (Richard Dreyfuss acabou pegando). Em compensação acabou roubando a gracinha Ali MacGraw (de Love Story) do poderoso produtor Robert Evans, então seu marido. Ele faleceu em decorrência de um câncer no abdomem e no pescoço causado por farta exposição a amianto (que recobria os uniformes de corredores na época) em novembro de 1980. Além do legado de filmes, deixou uma marca na moda masculina com as calças de sarja, a jaqueta aviador, os óculos Ray-Ban e os cardigans de gola alta.
Charles Bronson (Bernardo O´Reilly): muita gente só lembra dele na cinessérie Desejo de Matar onde assumiu o papel do neurótico homem que sai em busca de uma vingança sem fim, mas a carreira de Charles Dennis Buchinski, um americano filho de lituanos, sempre foi marcada por tipos durões, mas muito corretos. Foi assim em Os 12 Condenados (seu personagem é o único não psicótico e obviamente o único sobrevivente), em Fugindo do Inferno e como o “Homem da gaita” no classicão de Sergio Leone, Era uma Vez no Oeste. Trabalhou na França, estrelando o filme Le Passager de la pluie de René Clement, que ganhou o Globo de Ouro de Melhor Filme Estrangeiro em 1970. Por causa de seus tipos másculos ganhou, na década de 1970, o prêmio “World Film Favorite – Male” junto com Sean Connery e sempre afirmou que este foi a maior premiação que recebeu na vida. Em 1975, era o quarto ator de maior bilheteria nos EUA, perdendo apenas para Robert Redford, Barbra Streisand e Al Pacino. Bronson morreu de pneumonia, aos 81 anos de idade, em 30 de agosto de 2003.
James Coburn (Britt): em 45 anos de carreira, James Harrison Coburn Jr trabalhou em aproximadamente 70 filmes para o cinema e teve mais de uma centena de aparições em programas de televisão. Depois de surgir em Sete Homens e trabalhar em Fugindo do Inferno e Charada, protagonizou a resposta americana a James Bond, interpretando o agente secreto Flint em dois filmes, Flint Contra o Gênio do Mal e Flint: Perigo Supremo. Trabalhou com Leone em Quando Explode a Vingança, com Peckinpah em Pat Garret e Billy The Kid e foi uma das celebridades a aparecer na capa do disco Band on the Run de Paul McCarney & the Wings. Depois de uma temporada em papéis para a TV, Coburn voltou às telonas na década de 1990 em filmes como Jovens Demais para Morrer, Maverick e O Troco (estes dois com Mel Gibson), mesmo sofrendo de uma artrite que o impedia de mexer os dedos de uma mão. Seu papel em Temporada de Caça de 1997 lhe rendeu o Oscar de Melhor Ator Coadjuvante. Aficcionado por carros, era conhecido por dirigir, por 20 anos, uma rara Ferrari 250 GT SWB Spyder California. Ele faleceu de ataque cardíaco aos 74 anos em 18 de novembro de 2002.
Eli Wallach (Calvera): aos 95 anos (a serem completados em 7 de dezembro), Eli ainda está na ativa e é um dos atores mais completos que já apareceu nas telonas. Com farta experiência no teatro e formação pelo consagrado Actors Studio, sua estréia no cinema foi no controverso e escandaloso Boneca de Carne de Elia Kazan e fez depois de Os Desajustados ao lado de Marilyn e Clark Gable até aparecer a chance de fazer Calvera, que abriu caminho para sua participação memorável em Três Homens em Conflito. Wallach também é parte de uma das mais propagadas lendas no show business americano. Ele seria o Angelo Maggio de A um Passo da Eternidade, mas o papel acabou indo para Frank Sinatra, que acabou ganhando um Oscar e viu sua carreira reviver. A lenda que correu na época (e que inspirou uma famosa sequencia de O Poderoso Chefão) é que o cantor usou seus contatos com a máfia para conseguir o papel, mas na verdade, Eli havia desistido do filme para trabalhar em uma peça de Tenessee Williams (anos depois contou que toda a vez que encontrava Sinatra, este o cumpimentava com um “olá, ator louco”). Na década de 1960, Wallach ainda teve a chance de se tornar muito popular, fazendo o Sr. Frio da série Batman de Adam West e em sua biografia disse que nunca recebeu tantas cartas como naquele papel. Nos últimos anos apareceu em O Amor não Tira Férias, New York – Eu te Amo e Wall Street – O Dinheiro Nunca Dorme.
Robert Vaughn (Lee): o único dos sete “heróis” do filme a estar ainda vivo, Vaughn ficou extremamente conhecido nos EUA e Europa por seu papel na telessérie O Agente da UNCLE onde fazia o espião Napoleon Solo, que vivia aventuras ao lado de seu parceiro, o russo Illya Kuryakin, interpretado pelo inglês David McCallum. Depois de atuar com Steve McQueen em Bullit, o ator só trabalhou em filmes B para o cinema e TV, só voltando a um relativo sucesso com a série inglesa Hustle e hoje é famoso por fazer ser garoto-propaganda de grandes escritórios de advocacia. Democrata de carteirinha, não apoiou Barack Obama na última eleição pois considera que o homem não está à altura do cargo.
Horst Buschholz (Chico): ninguém entendeu quando um ator alemão, natural de Berlim, foi chamado para um faroeste, para interpretar um pistoleiro mexicano – nem mesmo ele, que se considerava “muito do leste para ser do oeste” – mas sua participação irritou profundamente Steve McQueen, que não queria que alguém nublasse seu sex appeal. Buschhloz apareceu em mais de 60 filmes em sua carreira, atuando em produções americanas, alemãs, inglesas, italianas e francesas. Depois de ter que recusar o papel do sheik Ali em Lawrence da Arábia, fez Cupido não Tem Bandeira de Billy Wilder ao lado de Jimmy Cagney, Fanny com Maurice Chevalier e Leslie Caron e ainda teve uma ponta no filme ganhador do Oscar A Vida é Bela de Roberto Begnini. Em 2000, o ator confessou ser bissexual para o jornal alemão Die Bunte e faleceu em 2003, de pneumonia, com 69 anos de idade.
Brad Dexter (Harry Luck): o pistoleiro que ninguém lembra o nome começou como ator em Hollywood para depois se tornar produtor de filmes. Nascido Boris Michel Soso, ficou famoso por ser sempre o coadjuvante durão em filmes e séries de TV. Além de Sete Homens e um Destino, destacam-se na sua carreira o papel de vilão em O Segredo das Jóias de John Huston e O Expresso de Von Ryan que trabalhou ao lado de Frank Sinatra. O cantor tinha uma relação muito próxima com o ator, desde que Dexter o salvou de um afogamento nas filmagens de Os Bravos Morrem Lutando. Além disso, Brad foi casado com a cantora e compositora Peggy Lee, aquela que deu ao mundo a música mais sensual de todos os tempos, “Fever”. Ele morreu aos 85 anos de idade de enfisema em 12 de dezembro de 2002.
Os 50 anos de “Sete Homens e um Destino”
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Hoje deveria ser feriado nacional, mas somente homens teriam o direito de comemorar. Em 24 de novembro de 1960, estreava em terras brasileiras o mais masculino de todos os filmes, Sete Homens e Um Destino de John Sturges, baseado na obra de Akira Kurusawa, Os Sete Samurais. Foi um divisor de águas no gênero faroeste, já enfraquecido com o advento da televisão e decretou o fim do pistoleiro romântico, abrindo caminho para o western spaghetti de Sergio Leone , com seus personagens de moral duvidosa ou o oeste mais selvagem de Sam Peckinpah. Foi também o filme que transformou Steve McQueen num astro do cinema, que colocou Charles Bronson na mira dos bons diretores e marcou a primeira aparição de James Coburn nas telonas. Gerou três continuações ruins e, 20 anos depois, uma série de TV.
O engraçado é que o filme é tão marcante que todo mundo quer ser o “pai da criança”, mas a história mais conhecida é que Yull Brynner, na época em ator conhecidíssimo pela sua atuação em clássicos como O Rei e Eu e Os 10 Mandamentos, havia assistido a obra japonesa, sobre uma vila atacada por bandidos, que contrata sete ronins para defendê-la e saiu com a total certeza que aquele era o melhor faroeste que ele já havia visto, só que passado no Japão e falado em japonês. Chegando em casa, correu atrás dos direitos da história, que acabou sendo adquirida por US$ 250 pelo produtor Lou Morheim. Na época a idéia era que Anthony Quinn ficasse com o papel principal e Brinner dirigisse. O roteiro, que estava sendo escrito por Walter Bernstein que colocava o bando salvador como parceiros da Guerra da Secessão, com um tipo mais velho, mais na linha de Spencer Tracy, liderando e a ação se passando em um vilarejo mexicano. A produção, porém, acabou indo para a então independente Mirish Corporation, que colocou Sturges na direção e encomendou um novo script a Walter Newman. Este baixou a idade do pessoal e fez com que fossem desconhecidos que se uniam por uma causa comum, cada um representando um tipo: o líder, o cool, o tolo, o ganancioso, o problemático, o silencioso e o herói das crianças.
O casting começou com Brynner como o líder e, como o ator podia dar pitaco nas contratações, escolheu o jovem Steve McQueen para seu parceiro em cena. O idéia depois se mostraria um erro. McQueen trabalhava na época no seriado de TV Wanted: Dead or Alive e para conseguir liberação para fazer o filme, simulou um acidente de carro e conseguiu uma dispensa. O alemão Horst Buscholz foi o segundo contratado, seguido por Robert Vaughn, que já havia trabalhado com o diretor, Brad Dexter e Charles Bronson. Para vilão, Sturges chamou um ator vindo do Actors Studio, muito famoso na Broadway, Eli Wallach. Este também havia visto o filme oriental e estava louco para participar, mas achou seu papel pequeno. Depois, considerou que nos 35 minutos em que ficaria sem aparecer na tela, ele seria o assunto, principal, por isso aceitou participar. Por último, veio James Coburn, amigo de infância de Vaughan, que ficou justamente com o papel que ele mais queria. O ator havia assistido Os Sete Samurais 12 vezes em 12 dias e relembrou anos depois que a oportunidade de estar no faroeste foi como se Natal, aniversário e dia dos namorados tivessem caído no mesmo dia.
As filmagens não transcorreram às mil maravilhas. Para começar, o filme seria rodado no México e o pessoal de lá estava revoltadíssimo com a maneira com que o país havia sido retratado em Vera Cruz com Gary Cooper e Burt Lancaster, por isso colocaram censores nas locações. Duas grandes mudanças foram feitas por causa disso. Para começar, os lavradores da vila mexicana não poderiam nunca aparecer com roupas sujas, por isso, todos vestiam improváveis trajes impecavelmente brancos. A segunda acabou gerando um momento brilhante na história, já que foi exigido que os mexicanos não cruzariam a fronteira para contratar pistoleiros e sim, para comprar armas. E é nessa transação que Yull Brynner resume a reduzida condição moral do pistoleiro: contratar homens era mais barato que comprar armamento.
Além disso, havia um clima pesado de competição no set, com todo mundo querendo tirar a coroa de Yull Brynner. Segundo Robert Vaughn, os outros atores encrencavam porque achavam que o cavalo de Brynner era melhor, que sua arma era maior e assim por diante. Quem mais deu dor de cabeça ao líder do grupo, porém, foi McQueen. Revoltado porque seu papel era secundário e porque o galã do filme era o alemão Buscholz, Steve exagerava nos trejeitos de seu personagem, mexendo muito os braços, balançando tudo o que tinha à mão (de chapéus a armas) e tentando chamar a atenção o máximo possível. Quando Brynner se enfezou com isso, fez uma ameaça pura e simples: ou Steve parava ou ele apareceria sem chapéu em todas as cenas em que estavam juntos. Sem um fio de cabelo na cabeça, Yull, seguramente, iria eclipsar qualquer um que estivesse ao seu lado. McQueen prontamente obedeceu, mas a relação entre os dois foi péssima durante todo o mês de gravação.
Enquanto os “mocinhos” do filme brigavam, o bandido se dava bem. Os 35 mexicanos contratados para o grupo do terrível bandoleiro Calvera tratavam Eli Wallach como um legítimo líder. Todas as manhãs, eles saiam para cavalgar por uma hora pelas planícies mexicanas e ensinavam o ator a como controlar o cavalo corretamente. O bicho, aliás, não podia ser entregue diretamente a Eli. Um dos homens do bando recebia o equino, conferia se estava tudo OK e depois passava ao seu “jefe”. O mesmo acontecia com as armas. Para um ator acostumado com o método de Lee Strassberg, que reza que você deve viver o papel a ser interpretado, aquilo era um sonho, mas ele afirmou depois que na época parecia bastante assustador.
Uma vez acabada a filmagem, Sturges chamou um jovem Elmer Berstein para cuidar da música, depois que seu compositor preferido, Dimitri Tiomkin caiu fora e acabou com um dos temas de filme mais conhecidos do público no mundo todo. Wallach chegou a dizer ao maestro que se a música tivesse tocado enquanto era filmado, ele teria conseguido cavalgar melhor, tamanha a inspiração. E quando eu digo que o filme é pura testosterona, sua trilha não fica atrás e serviu de fundo para chamar os homens para a terra de Marlboro na propaganda do cigarro.
Sete Homens e um Destino foi um fracasso em seu lançamento nos EUA em outubro de 1960, ficando poucos dias em cartaz. Os próprios atores não achavam que seria um grande sucesso devido aos problemas nas filmagens. Acontece que o filme estourou na Europa e acabou voltando aos cinemas americanos em 1961 e hoje ostenta o título de segundo filme mais reprisado nas TVs da terra de Tio Sam, só perdendo para A Felicidade Não Se Compra.
Meio século depois, a obra não perdeu sua força, sendo ainda atual e extremamente divertida. Conseguiu um status próprio, totalmente desatrelada do filme de Kurosawa e é, até hoje, copiada por muitos diretores . Sua história, focando na moralidade do caubói, na decisão em se fazer o bem ou se entregar ao mal, na luta por aquilo que queremos e nas oportunidades que a vida dá para uma revisão de valores certamente nunca envelhecerá.
E por fim, uma curiosidade: em 1973, Brynner apareceu no filme de ficção científica Westworld -- Onde Ninguém Tem Alma, que mostrava um parque de diversões para adultos onde as pessoas podiam optar pelo velho oeste, os tempos medievais ou o império romano e interagiam com robôs. O ator fazia justamente um andróide baseado no seu Chris Adams de Sete Homens e Um Destino.