sexta-feira, 12 de novembro de 2010

A eterna princesa

Publicado no site da revista Alfa em outubro de 2010
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Audrey Hepburn voltou a ser notícia quando, na semana passada, uma cartela com 10 selos estampando seu rosto foi leiloada na Alemanha pela bagatela de 430 mil euros ou um milhão de reais, com o montante sendo direcionado à Unicef germânica e ao Fundo dos Filhos de Audrey Hepburn, uma entidade que cuida de crianças no mundo todo.

Se você não sabe, Audrey é a musa mais cantada em verso e prosa na história do cinema. Era linda demais, com um corpo totalmente fora dos padrões voluptuosos dos anos clássicos de Hollywood e com um jeito encantador de falar. Isso sem falar em seu olhar, terno e doce. Se você for homem, maior de 18 anos e assistiu A Princesa e o Plebeu e não se apaixonou por aquela mulher, então com 24 anos de idade, então pode ter certeza que você tem problemas sérios. Saiba que é difícil ver, por exemplo, Sabrina e não imaginar aquela menina quebrando ovos para você. Por ela dá para se aguentar os 208 minutos de Guerra e Paz, assistir a dramalhões como Uma Cruz à beira do Abismo e musicais chatinhos como Quando Paris Alucina, ou até mesmo suportar suspenses de grudar na cadeira como Um Clarão nas Trevas. Por Audrey dá para se invejar Cary Grant mais ainda. Além dela ter exigido trabalhar com ele em Charada, lá pelas tantas no filme solta uma frase que todo homem gostaria de ouvir de uma mulher apaixonada: “sabe o que há de errado com você? Nada!”. A única coisa que não dá para encarar é que sua personagem em Bonequinha de Luxo era uma garota de programa de alta classe. Preferimos vê-la como uma menina interiorana sonhadora e pura, que canta “Moon River” na janela.

E por falar em inveja, Audrey foi casada duas vezes, uma com Mel Ferrer e outra com o médico italiano Andrea Dotti, mas é sabido que teve romances tórridos com William Holden (terminado pois soube que ele havia feito vasectomia) e Albert Finney, seu parceiro em Um Caminho para Dois, entre outros sortudos. Sua elegância e classe encantaram o costureiro Hubert de Givenchy, que criava peças exclusivas para ela usar nos filmes. Era amiga dos Kennedy e cantou “Happy Birthday, Mr President” para JFK em 1963, um ano depois da famosa apresentação de Marilyn Monroe. Sua infância miserável na II Guerra a inspirou a ser embaixadora da Unicef em seus últimos anos e dedicou seus esforços para debelar a fome e as doenças entre crianças de países do terceiro mundo. Apesar de ter ganho apenas um Oscar e um Tony, foi escolhida a terceira maior lenda feminina das telas pelo American Film Institute, perdendo apenas para Katherine Hepburn e Bete Davis.

Ela foi única e inesquecível. E, em tempo, se você tentar me convencer que Carey Mulligan de Educação e Wall Street 2 é a Audrey Hepburn do século 21, me desculpe, mas vou ser obrigado a te chamar para a briga.

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