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A grande notícia da semana é o resgate dos mineiros no Atacama, ação exemplar do governo chileno, lidando de maneira fantástica com sua segunda grande desgraça este ano. Hollywood, porém, já mostrou uma situação parecida com essa, mas com contornos e desfecho bem mais pesados num classicão de 1951 estrelado por Kirk Douglas, A Montanha dos Sete Abutres.
Na história, baseada em um caso real ocorrido em 1925, um jornalista inescrupuloso cujo lema é “notícia ruim vende e notícia boa não é notícia”, Chuck Tatum, muda-se para Albuquerque no Novo México, depois de ser banido dos jornais dos grandes centros. Entediado e louco da vida por estar em uma cidade (então) provinciana, acaba sabendo que um mineiro ficou preso em uma caverna indígena na tal montanha dos sete abutres e vê a notícia como sua maior chance em conseguir voltar para a grande mídia. Tentando ganhar tempo para transformar o drama em reportagem nacional, acaba corrompendo o xerife local, o engenheiro responsável pelo resgate e a esposa do mineiro para assim atrasar ao máximo o salvamento. O resgate que poderia ser feito em 12 horas, leva seis dias para acontecer, para o azar do coitado preso na mina.
Seu final trágico e moralista não aplacou a fúria da imprensa na época, que se sentiu atacada pelo filme de Billy Wilder, o mais ácido e sarcástico diretor americano de todos os tempos. Acontece que mais do simplesmente falar de jornalismo marrom, A Montanha dos Sete Abutres é uma lição sobre ganância, oportunismo e jogos de interesses presentes em qualquer ser humano e ainda o que acontece quando a ética profissional é trocada pelo lucro pessoal.
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