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Nervoso, explosivo, azarado, preguiçoso, teimoso e, ao mesmo tempo, muito encantador. Donald Fauntleroy Duck, o Pato Donald, chega aos 75 anos hoje, 9 de junho.
Foi em 1934 que o famoso personagem fez sua primeira aparição nas telas com o desenho animado A Galinha Sábia, onde apesar da tradicional roupa de marinheiro e da esganiçada voz (dublada por Clarence Nash, que faria a voz do personagem até sua morte, em 1985), não continha ainda as características de personalidade que o tornariam tão famoso. A animação foi um tremendo sucesso e Donald apareceu em outro desenho ao lado do carro-chefe da Disney, Mickey Mouse, em The Orphan's Benefit, onde se irritava ao extremo ao tentar declamar um poema e era atrapalhado pelas crianças.
Seus três sobrinhos, Huguinho, Zezinho e Luisinho, apareceram pela primeira vez nas tirinhas em 1937. Primeiramente, eles eram endiabrados, depois se transformaram em comportados escoteiro-mirins. A eterna namorada de Donald, Margarida, surgiu em 1940 em um desenho chamado Mr. Duck Steps Out.
O ano de 1942 foi particularmente especial para o pato. O desenho The Füerer's Face, onde ele sonhava viver em uma opressiva Alemanha nazista, ganhou um Oscar, e no mundo dos quadrinhos, um homem chamado Carl Barks assumiu as histórias do famoso personagem e desenvolveu toda uma mitologia em torno dele, criando e adicionando personagens, como Tio Patinhas, Pardal, Maga Patológica, o vizinho Silva e seu maior nêmeses, o primo sortudo Gastão. Foi com Barks que Donald cristalizou suas maiores características, como se dar mal em qualquer atividade que pudesse assumir (ele sempre começa como um especialista para depois destruir tudo) e ainda viajar pelo mundo em aventuras fantásticas ao lado do milionário tio. Barks desenhou a família pato até 1965 e teve toda sua obra relançada recentemente pela Editora Abril na extensa coleção O Melhor da Disney.
Em 1943, Donald visitou o Brasil no longa-metragem Alô Amigos, onde conhece Zé Carioca. O pato volta ao País alguns anos depois em Você Já Foi à Bahia?, de 1944, onde se apaixona por Aurora Miranda, irmã de Carmen Miranda.
Ainda em tempos de guerra, o sucesso do Pato Donald foi tão grande que, mesmo com a proibição da publicação de personagens americanos nos países do Eixo, ele continuou a ter uma revista na Itália - Benito Mussolini era um fã confesso. Os italianos são, até hoje, um dos grandes produtores de aventuras do pato (junto aos holandeses e dinamarqueses) e foram eles que, em 1969, o transformaram em um super-herói com a criação do Superpato, uma paródia de Diabolik, personagem de sucesso no país da bota.
Em 12 de julho de 1950, a revista O Pato Donald foi lançada no Brasil e marcou a estréia da Editoria Abril no mercado. Sucesso instantâneo, a primeira edição teve uma tiragem inicial de 82.000 exemplares, que foram vendidos rapidamente. Aliás, a revista Pato Donald é o título mais longevo do mercado brasileiro, são 59 anos de publicação ininterrupta.
Recentemente, o desenhista americano Don Rosa estudou todo o trabalho de Carl Barks e conseguiu criar uma consistência histórica na cronologia dos patos ao contar toda a vida e glória do Tio Patinhas. Nessa história, vemos que Donald é filho de uma das irmãs do multimilionário, Hortência, com Patoso, filho da Vovó Donalda, e tem uma irmã gêmea, Dumbella, que é a mãe de Huguinho, Zezinho e Luisinho. Aliás, é engraçadíssimo quando os pais de Donald se encontram, pois ambos são extremamente estressados e só se acalmam quando estão juntos, o que explica o comportamento explosivo do pato.
Mais de 200 filmes e milhares de tirinhas e histórias depois de sua estréia, Donald é um dos grandes ícones modernos. Já foi identificado com os brasileiros da década de 80 (por ser explorado pela família, se esforçar muito e nunca sair do lugar ou conseguir ser bem-sucedido) e também ferozmente atacado pelo escritor chileno socialista Ariel Dorfman em Para Ler o Pato Donald. Mas o pato nunca perdeu sua majestade. E hoje, mais do nunca, merece um grande e sonoro QUACK!
4 comentários:
Acho incrível como tais personargens desenvolveram-se ao longo dos anos, tanto graficamente quando em termos de atitudes e personalidade, e não foi só o Donald, mas todos os personargens Disney, em seu início. Já vi alguns episódios antigos de Mickey, Donald e Cia, e muito mudou ao longo do tempo (e não só os da Disney, mas Pica-pau, Tom e Jerry, etc). E mesmo assim cativou quase o mundo inteiro. Tais personargens fizeram parte importante de minha infância, e de muitas crianças atualmente, ainda. Muito boa informação, fascinante e suscinta. Mas curiosamente, na minha época, os personargens Disney não tinham parentesco direto tipo pai e mãe. Era só tios e sobrinhos. Interessante, não? Daria uma bela discussão. Com o trabalho desse Don Rosa, creio que tal aparente paradigma, o de uma proposital orfandade , venha a ser quebrado.
Johnny,
O trabalho do Don Rosa, "A Saga do Tio Patinhas", ainda dá para ser comprado seja no site da Abril, ou em algumas livrarias. Vale a pena ser lido porque é genial, explicando pontas soltas e colocando ordem na obra do Barks. Sem contar que é divertido pacas.
Deve ser realmente interessante, pois acredito que não era a filosofia inicial do Walt Disney, a de criar personargens com famílias - pelo menos é que parecia a mim. Mickey, Donald, Tio Patinhas, Pateta, etc, não tinham pais, mães, filhos, eram sobrinhos, tios, etc. Mais recentemente o Pateta ganhou um filho (mas cadê a mãe??) o Bafo tb tem um filho (e cade a mãe??) e os sobrinhos do Mickey continuam ainda sem pais. Aliás, o Mickey tinha irmãos? Acho muito legal esse trabalho do Don Rosa, mesmo antes de sequer ver algo a respeito, pois altera um pouco essa idéia. Ou será impressão minha...? Legal ele explicar essas pontas soltas e fechar algumas questões que sempre pairaram sobre os personargens Disney, mas qdo será que ele conseguirá fechar essas outras pendências dos outros personargens? E a pergunta que não quer calar: Minnie conseguirá casar com o Mickey antes da Margarida com o Donald??
Quem diria que a Abril deve tanto ao Pato Donald...
Obs.: Johnny voltou com tudo!
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