quinta-feira, 1 de abril de 2010

Responda às terríveis perguntas das entrevistas de emprego

Publicado no Terra em abril de 2010
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O comediante Jerry Seinfeld disse que um primeiro encontro é como uma entrevista de emprego, só que dificilmente no segundo caso você vai acabar nu quando ela acabar, e ele não pode estar mais certo. Isso porque qualquer coisinha que você disser errado pode passar a impressão que você não é aquilo que a empresa (ou pessoa) está procurando e colocará tudo a perder.

Acontece que entrevistas são uma grande incógnita porque não só envolvem sua experiência profissional e capacidade de expô-la de maneira vendedora, mas também o humor do entrevistador, a disposição de estar lhe atendendo apesar das outras cinco mil coisas que ele ou ela tem a fazer durante o dia, e também à sua competência em entrevistar.

E existem algumas questões que são meio padrão na entrevista. E também, não é lenda, as famosas perguntinhas capciosas para testar sua integridade como ser humano e como profissional. E tem aquelas tão terríveis que você passa a esperar a qualquer momento a famosa pergunta consagrada pelo grupo inglês Monty Python, "Qual é a velocidade média de uma andorinha em voo?". Conversamos com a consultora em Executive Coaching no Centro de Carreiras da Associação de ex-alunos da Fundação Getúlio Vargas e executiva de gestão de pessoas Marisa dos Santos para saber qual a melhor maneira de responder a essas questões sem mentir ou dissimular (mesmo porque um entrevistador experiente capta no ato que está conversando com um personagem, e não com uma pessoa, e o que está em jogo é um emprego de longa duração, e não o Oscar de Melhor Ator Coadjuvante).

A dica principal para se dar bem antes deste encontro fatídico é pesquisar bem a empresa na qual você pretende trabalhar (seu histórico, cultura, valores, desempenho no mercado etc). "Também é importante ter claro as suas maiores realizações profissionais, como você resolveu grandes problemas e como inspirou equipes", explicou Marisa, ¿e na hora de falar, seja claro e breve, e enfatize as suas competências que sejam relevantes para a posição que você está concorrendo¿. Com isso fica muito confortável responder ao interrogatório do contratante e abaixo relacionamos nove perguntas que podem surgir no meio do caminho e como respondê-las de maneira elegante.

1.Fale de sua vida profissional
É a mais aberta e ampla pergunta que pode surgir numa entrevista. Dá vontade de você falar de suas inspirações profissionais desde três gerações anteriores quando seu tataravô Luis Chumbo Quente chegou às terras brasileiras. O ideal, porém, é fazer um resumo muito breve enfatizando os fatos mais significativos e recentes, e que possam ter relevância para a empresa à qual você está concorrendo à vaga (e daí a pesquisa é importante). A partir do resumo, você permite que o entrevistador faça novas perguntas em cima dos detalhes.

2.Por que você quer sair da empresa que está hoje?
Porque você odeia seu chefe, seus colegas, o dono da empresa e até mesmo o fundador, não é mesmo? Só que isso não se fala na entrevista. "Nunca fale mal das empresas nas quais já trabalhou, muito menos de ex-colegas, mas não negue as divergências que possam ter havido em relação à forma de abordar problemas", explicou Marisa. Se você pesquisou sobre a empresa e sobre o cargo, responda que tem interesse em contribuir mais, aprender mais e, portanto ser mais reconhecido desenvolvendo atividades a aquele cargo. Não é mentir ou omitir nada. É mostrar aquilo que você quer.

3.Por que você foi demitido da empresa X?
Lição básica: desabafos sobre como você foi um injustiçado nas mãos dos seus terríveis ex-patrões, ex-colegas, ex-clientes, você faz para a sua mãe, seu pai, seus amigos íntimos ou para seu terapeuta (este último, o único da lista que é pago para isso). Na entrevista, você, de maneira honesta e polida, aponta as divergência que surgiram entre você e os profissionais da antiga empresa sobre como conduzir, resolver ou abordar os problemas ou criar soluções, ou explique que houve reestruturação. Nunca fale mal de ninguém.

4.Como você é trabalhando sob pressão?
OK, ninguém, por mais que a pessoa diga o contrário, consegue aguentar pressão por muito tempo sem afetar a saúde física ou mental ou emocional (ou todas as anteriores). Só que, segundo a consultora, para responder a essa pergunta, você deve fazer a si mesmo outra indagação: você se sai melhor ou pior com pressão? Se você consegue administrar tanto a pressão como a falta dela, pontue, dê exemplos.

5.Qual é a sua pretensão salarial?
Se você se preparou para a entrevista e pesquisou a empresa e o mercado, deve saber qual o salário que ela pratica hoje. Se não conseguiu a informação, pergunte a faixa que a empresa trabalha e explica se isso os valores estão adequados ou não. Não se esqueça de contabilizar benefícios.

6.O que lhe interessa na nossa empresa?
Mais uma vez, a pesquisa prévia cai como uma luva para essa questão. Se você fez essa lição de casa, fica fácil explicar os motivos.

7.O que você pode acrescentar à nossa empresa?
Lembra-se da frase de Kennedy: "Não pergunte o que seu país pode fazer por você e, sim, o que você pode fazer pelo seu país". Esse é o caso. Marisa explica que se você sabe quais são seus pontos fortes (lembrando que você não é o Superman), relate como as suas competências e habilidades como, por exemplo, estabelecer prioridades, identificar problemas e usar sua experiência e energia para resolvê-los. E também mencione suas realizações, ancoradas nessas competências.

8.Onde você se vê daqui a cinco anos?
Na cabeça passa "morando numa ilha, com um iate e cercado de mulheres deslumbrantes", mas a vida real é outra por isso, se você conhece a empresa que está contratando e sabe de suas competências, pode iniciar a resposta com "em uma empresa como esta" e falar brevemente de suas expectativas e do que você pode realizar e os resultados que pode trazer.

9.Como seria para você ter que responder para alguém mais novo, ou para uma mulher, ou para um estrangeiro etc?
"Se você tem uma dessas dificuldades, tente se tratar antes da entrevista", dispara Marisa dos Santos.

10.Qual a velocidade média de uma andorinha em voo?
Segundo o matemático Jonathan Corum, em um artigo para o site style.org, a andorinha européia voa a 11 metros por segundo. E, em tempo para quem assistiu "Em Busca do Cálice Sagrado", as capitais da Assíria foram Ashur (ou Qalat Sherqat), Calah (ou Nimrud), Dur Sharrukin (ou Khorsabad) e Nineveh.

2 comentários:

Marcelo Tadeu disse...

Ainda bem que você deu a dica da velocidade das andorinhas!!!

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