terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Desfiles e roupas off passarela dão o tom ao evento

Publicado no Terra em janeiro de 2010
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Toda essa impressão negativa que você poderia ter de um evento desses desaparece, porém, quando a grande atração começa: o desfile. É aí que você vê que existe conceito, preparo, marketing e muito profissionalismo nessa ocupação ao mesmo tempo tão louvada por uns e tão detonada por outros. Fause Haten, por exemplo, aplicou a mesma peruca e maquiagem em todas as suas modelos, sendo impossível diferenciar uma da outra. Ou seja, todas as modelos eram uma só e cada uma era todas, e o destaque em si ficava para as roupas (belíssimas na minha amadorística opinião).

E é bastante divertido ver as meninas nas passarelas porque tem aquelas que flanam, outras que chacoalham e algumas que até andam. E mais, um desfile é jogo rápido. Em 15 minutos, no máximo, ele acaba. Só não consegui entender porque o estilista, disfarçado, cantou a música "The summer knows" (o verão sabe), tema do filme O verão de 42, para uma coleção de inverno.

Na apresentação das peças de Mario Queiróz para o público masculino (abusando da temática londrina), aprendi uma grande incongruência na organização da SPFW. Conversando com uma jornalista de uma rede de comunicação do Maranhão, descobri que o pessoal de lá só é convidado para o evento da coleção de inverno e nunca para a edição com peças de verão que rola em junho. Sim, estamos falando do Maranhão, no norte do Brasil, onde no inverno o pessoal abandona a camiseta regata para usar a de manga curta, porque lá não faz frio.

Ainda no lado ilógico da coisa, em uma celebração totalmente fashion, os pobres seguranças (e olha que são muitos) tem de usar o tradicional modelo CQC de se vestir (costume preto, camisa branca e gravata preta). Não consigo entender porque a organização não pode desenvolver um uniforme bem menos formal e também mais apropriado para o verão brasileiro. Se os visitantes que estavam de camiseta reclamavam do calor na Bienal, o que não dizer daqueles musculosos servidores.

No final das contas, para um balanço geral, eu prefiro me ater à sabedoria popular de uma das atendentes do restaurante do MAM (Museu de Arte Moderna) que fica ao lado do pavilhão da Bienal: "Tem muita gente bonita, mas muita gente estranha". Melhor definição da SPFW não há.


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