quarta-feira, 1 de julho de 2009

Princesa do povo, Diana completaria 48 anos

Publicado no Terra em julho de 2009
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Morta em 1997, em um terrível acidente de carro em Paris, Lady Diana Spencer, Princesa de Gales, completaria 48 anos neste 1º de julho. A Princesa do Povo, como foi chamada pelo então primeiro-ministro Tony Blair, é uma figura que ainda habita o imaginário popular no mundo todo.

Sua morte também foi motivo de muita especulação, reforçada pelas "teorias da conspiração" promovidas pelo pai de seu namorado, o magnata Mohamed Al-Fayed, que esbravejava ao mundo que o casal teria sido eliminado pelo serviço secreto inglês, o MI-6, a mando do Príncipe Phillip, descontente com o fato da princesa namorar um muçulmano. Em 2008, 11 anos depois da noite fatídica, as investigações chegaram a uma conclusão: Diana morreu graças a seu motorista alcoolizado, que na tentativa de escapar de fotógrafos paparazzi atingiu as colunas de um túnel.

Por trás de sua história triste, resta a pergunta, quem realmente era Diana? Para traçar suas várias facetas, é possível buscar inspiração nas famosas bonecas Barbie ou Susy e imaginar os diversos modelos de Diana que encontraríamos em seus 20 anos de figura pública.

Diana noiva

É preciso entender bem o que era a Inglaterra e a realeza nos anos 80. Tomada por motins raciais e afundada na economia, a Inglaterra estava sob o comando de Margaret Thatcher, na época, pré-Guerra das Malvinas, com uma popularidade péssima. Charles, então com 33 anos, era a epítome do homem ativo, jogava pólo, pilotava jatos da Força Aérea e era cobiçado por muitas mulheres. Só que por trás disso, já havia sido recusado por três grandes damas da sociedade: Lady Jane Wellesley, Amanda Knatchbull e Anna Wallace e, segundo dizem, já tinha um affair com Camilla Parker-Bowles.

Eis que surge uma garota de 19 anos, Diana Spencer, cuja irmã Charles já havia namorado. Bonita, tímida e recatada, a professorinha tomou a Inglaterra pelo coração. Quando o noivado foi anunciado, os ingleses se sentiram mais confiantes, como se todos vivessem um conto de fadas, apesar de na conferência para o anúncio do casamento, ao ser indagado se estava apaixonado por Diana, Charles respondeu: "Sim, seja lá o que isso significa".

O casamento, em 29 de julho de 1981 na catedral de São Paulo, em Londres, foi televisionado para todo o mundo, com uma audiência de 750 milhões de expectadores. Detalhe, Diana errou o nome de Charles na cerimônia e recusou-se a dizer que o obedeceria, o que causou polêmica na época.

Diana princesa

Todos queriam saber o que aconteceria depois do "E viveram felizes para sempre..." dos contos de fada, e o novo casal real estava lá para mostrar que a realeza não é tão diferente dos plebeus. Colocado pela sua dileta esposa como figura número 2 na Inglaterra, Charles, incomodado, continuou a manter seus hábitos de solteiro, participando de caçadas e partidas de pólo, enquanto Diana só assistia a tudo impassível e frustrada. Além disso, a devoção de Charles pela mãe, a Rainha Elisabeth II, irritava a princesa. A pressão da família real sobre ela e os sonhos do casamento perfeito destruídos levaram Diana a comer compulsivamente e desenvolver bulimia. Ao mesmo tempo, começou a se distrair dedicando-se a trabalhos comunitários.

Diana filantropa

Uma das funções do cargo de Princesa de Gales é visitar hospitais e órgãos governamentais, mas Diana foi muito além. Sua dedicação às vítimas da aids e da lepra fugiam da regra real. Com sua fortuna, também financiou inúmeras instituições que ajudavam sem-tetos, viciados em drogas e idosos. Foi a primeira figura pública a ser fotografada tocando um paciente terminal com aids. Também, a partir dos anos 90, lutou pelo banimento de minas terrestres que vitimavam crianças, especialmente em países africanos, o que levou a uma campanha pela sua nomeação póstuma ao prêmio Nobel da Paz.

Diana mãe

Em novembro de 1981, Diana anunciou sua primeira gravidez e falou abertamente sobre o assunto com os jornalistas. Reza a lenda que a princesa, em enormes crises depressivas, tentou abortar atirando-se pelas escadas do palácio e caindo aos pés da Rainha-mãe. Tanto ela como o feto nada sofreram. O Príncipe William, segundo na sucessão real, nasceu em 21 de junho de 1982. A princesa impressionou a todos quando levou seu bebê a uma viagem para a Austrália, contrariando ordens do governo, e foi aclamada pelo seu feito. Em 15 de setembro de 1984, nasceu seu segundo filho, Harry. Nessa época, ela e Charles estavam mais próximos, vivendo como um casal dedicado, mas isso não impediu Diana de colocar suas próprias condições maternas, como escolher o nome das crianças, contratar suas próprias babás (era o Palácio que fazia isso) e ainda se recusar a circuncidar os meninos, tradição da família real. Além disso, nos intervalos de sua agenda atribulada, Diana arranjava tempo para acompanhar os filhos à escola, o que lhe rendeu a imagem de mãe dedicada.

Diana esposa triste

Logo depois do nascimento de William, Diana passou a causar problemas para a nobreza, recusando-se a atender a alguns eventos, como óperas e espetáculos. Obviamente, a mídia, especialmente os tablóides, se deliciava com as cenas constrangedoras do casal, que se recusava a demonstrar carinho e afeição em público. E como todo casal em crise, um culpava o outro pelo fracasso do romance. Em 1986, Charles reatou com o grande amor de sua vida, Camila, e Diana caiu na gandaia com outra esposa infeliz, Sarah Ferguson, a "Fergie", casada na época com Andrew, Duque de York e irmão de seu marido. Sarah protagonizou um escândalo de proporções imperiais quando, mesmo casada, foi fotografada com um milionário texano, chupando seus dedos do pé. Em 1992, Fergie e Andrew se separaram e ela se tornou persona non grata no palácio. Diana, porém, reservava uma surpresa pior à Rainha e sua família.

Diana mártir

Em 1992, foi lançado o livro Diana, Sua História Real, orquestrado pela princesa que se colocou como vítima na mão de Charles e dos Windsors. Um mês depois, fitas com gravações de seus telefonemas com o herdeiro da indústria de bebidas James Gilbey vieram a público. Nelas, Jimmy chamava Diana de "molhadinha" ("squidgy" no original). Além disso, em uma partida vencedora de pólo, Diana virou as costas para Charles no momento em que ele iria dar-lhe um beijo pela conquista. Uma tentativa de reunificação do casal foi feita em uma viagem conjunta para a Coréia do Sul, mas sem resultados concretos. No mesmo ano, o primeiro-ministro John Major anunciou que o príncipe e a princesa de Gales iam se separar. No pronunciamento público de natal, a Rainha Elisabeth II chegou a declarar que 1992 foi seu "annus horribilis", ou péssimo ano.

Diana vítima

Em 24 de novembro de 1995, Diana deu uma entrevista ao programa Panorama, da BBC1. Desde a estreia do primeiro filme de Guerra nas Estrelas, o mundo não via um império ser tão atacado. Posando de boa moça e ainda investindo pesadamente no papel de vítima das circunstâncias, a princesa falou de sua bulimia (devidamente curada na época do programa de TV), da depressão pós-parto (obviamente não compreendida pelos outros membros da realeza), de seu amor não correspondido por Charles e de seu conhecimento do caso do príncipe com Camilla Parker-Bowles. Segundo ela, era um casamento a três, e, portanto, muito lotado. Além disso, Diana reforçou a história de que era anulada por todos no palácio sem nunca ter direito a opinião própria. Ela ainda explicou seu envolvimento amoroso com James Hewitt, seu instrutor de equitação, mas obviamente justificou o caso dizendo que era uma mulher abandonada que buscava o amor nos braços de outro homem. O golpe deu certo e o povo ficou ao lado da Princesa de Gales em seu processo de separação.

Diana separada

Depois da entrevista à BBC, Diana e Charles participaram de dezenas de outros programas mostrando suas versões da história. O namoro de Charles e Camila ia de vento em popa e, em 1993, foi sua vez de ser flagrado em ligações telefônicas onde dizia à Camilla que queria ser seu "tampax". No que chamou de "o pior dia de sua vida", em 28 de agosto de 1998, Diana oficialmente se divorciou de Charles, graças especialmente à pressão da Rainha Elisabeth II. Lady Di saiu do casamento com uma fortuna de 17 milhões de libras e perdeu o título de "sua alteza real", mantendo o de Princesa de Gales.

Diana amante

Toda essa lavagem de roupa suja em público foi um prato cheio para a imprensa sensacionalista britânica, e logo outros homens, além de James Hewitt e James Gilbey, apareceram na lista de casos da então princesinha virginal. A começar pelo seu guarda-costas, Barry Mannakee, que de amigo confidente teria passado a amante ocasional. Ainda dentro da categoria homens de uniforme, houve rumores não confirmados de um affair entre a princesa e um dos membros da cavalariça real, o Capitão David Waterhouse. Os dois não se desgrudavam, nem quando a princesa foi assistir a um show de David Bowie. O sofisticado e elegante marchand de artes, Oliver Hoare, também conheceu intimamente os hábitos de Diana, assim como o jogador de rugby, Will Carling, que se separou da esposa devido à louca paixão, e também o meloso cantor Bryan Adams, que se envolveu com a princesa em 1996. Em 2005, uma amiga de Diana publicou o livro Diana: The Last Word e adicionou mais um tempero à longa lista de amantes reais: o filho do ex-presidente americano John Kennedy, John-John Kennedy. Os dois teriam tido encontros sexuais no Carlyle Hotel, em Nova York, regados a bebida e cocaína, mas o fiel mordomo de Diana, Paul Burrell, saiu em defesa de sua antiga patroa, declarando que a obra não passava de uma obra fantástica.

Diana apaixonada

Mesmo tendo retomado sua vida normal e seu apartamento perto de Kensington, depois da separação, Diana não saiu do foco da mídia. Ela era cercada por paparazzi e jornalistas em todos os lugares, chegando a se irritar com o assédio quando tentou sair de férias com seus filhos. Apesar da enorme lista de amantes que somente crescia na imprensa, ela engatou um romance com aquele que seria o grande amor de sua vida, Hasnat Khan. Nascido de uma tradicional família muçulmana do Paquistão, Khan era muito reservado para conseguir suportar a pressão da notoriedade. Mesmo com a decisão de Diana de se converter à religião dele, Khan terminou o affair em junho de 1997. Em menos de um mês, ela engatou um romance com Dodi Fayed, filho e Mohamed Al-Fayed, empresário egípcio, dono da famosa loja Harrods. Em 31 de agosto de 1997, ela e seu parceiro morreram no túnel Pont de l'Alma em Paris, quando o motorista, embriagado, perdeu a direção do carro e atingiu um dos pilares. O casal não usava cinto de segurança no momento do acidente. Diana tinha 36 anos.

Diana mito

O choque mundial pela morte de Diana só é comparável ao assassinato de Kennedy em novembro e 1963. A princesa de sorriso triste e ações em prol dos mais necessitados havia ido embora. Os ingleses perderam sua famosa fleuma e choraram copiosamente a perda de seu ídolo. A família real enfrentou o inferno ao tentar manter a compostura que lhe era obrigatória e teve que se render aos apelos populares e demonstrar um luto forçado pela figura polêmica que revolucionara seus padrões. Como mediador da crise, o primeiro-ministro Tony Blair viu sua popularidade alcançar um inédito índice de aprovação de 70%. Mais de 1,5 milhão de pessoas acompanharam o desfile fúnebre nas ruas de Londres. Diana faleceu como a mais eminente personalidade de sua época e foi a celebridade mais fotografada do mundo durante sua curta vida. Anos depois de sua morte, médicos passaram a considerar que ela sofria de transtorno de personalidade borderline (limítrofe) que se caracteriza como um padrão de relacionamento emocional intenso, porém confuso e desorganizado. Ela mesma admitia que sofria de depressão e muitos consideram que a cura para seu estado estaria nas mãos do amor de Charles, mas, em suas palavras, "meu marido me fez sentir inadequada de todas as maneiras possíveis. Toda vez que subo para tentar respirar, ele me puxa para baixo". No final da história, quem ganhou mesmo foi Charles, feliz hoje com Camilla Parker-Bowles. Ou não?

7 comentários:

Marcelo Tadeu disse...

Várias figuras em uma pessoa só!?... Você já se imaginou cair nas graças do povo e não nas da "família real"?
Por quase 20 anos a mídia se aproveitou de cada passagem da vida dela, criando muita coisa.
Acho que era uma pessoa normal, que com seus 19 anos ficou de bobeira com a idéia de ser princesa, depois caiu na real e viu que o buraco era mais embaixo... Aí é que começou a surgir a mulher que soube lidar com "quase" todas diversas situações que apareceram.
Aparentemente, uma mulher de garra.

Petit Poupée disse...

Marcelo, numa coisa eu concordo com vc, Diana tinha personalidade.Vendeu e, principalmente, foi vendida( até por seus "amigos")
Eu fiquei imaginando a cara da rainha centenária a cada episódio de suas noras... mas creio que pirar naquela vidinda palaciana hipócrita, foi sua única saída.

MOSKNASOPA disse...

A MULHER ERA UMA 'FORMOSURA' E JAH NASCEU PIRADA_!

IMAGINA AS FESTINHAS DELA E DA FERGIE_!

NAUM QUERO DAR TESTEMINH FALSO, MAS ACHO QUE A CORTE BRITANICA EH QUE MANDOU DAR UM SUMISSO NELA PARA ACALMAR A MOÇADA, CASO CONTRARIO, OS FILHOS IAM PRO MAL CAMINHO.

MAS PARA E IMAGINA AS FESTINHAS DELA E DA FERGIE_!. . .

Soninha disse...

Entrouvindo no cyber-café:



-Depois, vc abre pra mim uma janela pro site da revista Caras?
-Quer ver primeiro o blog do Claudio não?

MOSKNASOPA disse...

CLAUDIO, ME DESCULPE, MAS ESSA SONINHA EH DEMAIS_!

NUNCA COMENTA NADA HAVER COM A MATERIA, MAS SEMPRE TEM UMA TIRADA E_S_P_E_T_A_C_U_L_A_R_!!!

ELA TAH PERDENDO TEMPO POR AQUI. ELA DEVERIA 'B'OSTAR NO BOASPIADAS.BLOGSPOT.COM OU NO FOFOCAABORDO.ZIP.NET. . .

Lílian P disse...

Muito bom Claudio. Uma boneca era tudo que queriam que ela fosse e tudo o que ela se negou a ser.

Ao MOSKANASOPA:

Moska, se o Claudio gosta de vc, deve amar a Soninha, né não?Poxa sem frase de caminhão hj?

johnny disse...

Creio que ela teve uma vida como outra pessoa qualquer, com alegrias, dificuldades, crises, dúvidas, tristezas, traições, etc, tratando-se do que as pessoas vivem em termos de dificuldades e tb coisas boas. O problema é que tratando-se da família real, essas coisas são multimaximizadas, e alguma crise que, para uma família anônima normal, seria contornável, conversável ou tratável, para essa estirpe de pessoas de sangue azul é algo diferenciado. E não estou falando apenas aos componentes da família, mas à mídia sensacionalista, que em sua sede de expor tudo, sem escrúpulos, acaba por oprimir seus alvos. Para os que não tem estrutura para tanto assédio (e há muitos astros e estrelas do cinema, música e afins nessa categoria), acabam pirando mesmo. Considero que um dos grandes méritos de Lady Di é ela ter resgatado o glamour da realeza, melhorando a imagem desta. Infelizmente tudo que ela conseguiu nesse sentido, morreu com ela. Creio que nunca a conheceremos com realmente era, pois dificilmente passaremos dessa imagem intangível e platônica que o mundo colocou nela, sendo ela, na realidade, uma pessoa de carne e osso como qquer um de nós, com todos os conflitos, alegrias, tristezas, e etc, que todos temos.