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Nunca houve na história dos Estados Unidos uma primeira-dama como Jacqueline Lee Bouvier Kennedy Onassis. Bonita, culta, elegante, a mulher que trouxe classe para as americanas completaria 80 anos neste 28 de julho de 2009. Sua influência no estilo de vida americano foi imensa, mesmo porque, até aquele momento, os americanos haviam visto apenas idosas esposas de presidentes, sem muita expressão e sempre nas sombras.
Mas com Jacqueline foi diferente. Todas as mulheres queriam ser como ela. Mais do que simplesmente uma figurinha recatada, ela foi um poderoso ícone fashion chegando a desenhar suas próprias roupas e criar moda no mundo inteiro. No livro Por Deus, pela Pátria e pela Coca-Cola, a história não-oficial do famoso refrigerante, o autor chega a relatar que um dos grandes motivos pela busca de bebidas dietéticas a partir da década de 60 foi graças à figura longilínea da primeira-dama.
Jackie nasceu em Southampton, Nova York, em uma família de classe alta e teve uma infância feliz e confortável até que seus pais se divorciaram em 1940. Culta e inteligente, estudou na tradicional escola Vassar e na Sorbonne na França. Formou-se em 1951 como bacharel em artes pela Universidade George Washington e passou a trabalhar como repórter e fotógrafa para o jornal The Washington Times-Herald.
Ela conheceu o então promissor político John F. Kennedy em 1952 quando ele disputava uma vaga para o senado e, depois de sua eleição, passaram a ter uma relação de compromisso que culminou em casamento em 12 de setembro de 1953. O começo não foi fácil. Jackie sofria devido a agenda política de John, às pressões da família Kennedy, e também pela saúde debilitada do marido - JFK tinha uma problema crônico nas costas devido a ferimentos adquiridos na guerra e teve de passar por duas arriscadas operações na espinha. Na recuperação, muito influenciado por Jacqueline, escreveu um livro, Profiles in Courage, e acabou ganhando um Prêmio Pulitzer. Os dois tiveram dois filhos: Caroline, em 1957, e John John, em 1960.
Quando Kennedy anunciou sua candidatura à presidência, sua esposa começou a participar ativamente da campanha, mas quando se viu grávida de John John foi recomendado que ficasse em casa repousando, muito graças a seu histórico anterior - ela já havia sofrido um abordo e dado à luz um bebê prematuro -, mas continuou a dar entrevistas e até escreveu uma coluna para jornais chamada Campaign Wife. JFK se tornou o 35º presidente americano batendo Richard Nixon em 1960.
A paixão de Jacqueline pelas artes e pela literatura imprimiu um novo capítulo à política americana. Uma de suas ações mais famosas foi a restauração da Casa Branca e do bairro que cerca o centro administrativo de Washington. Com fundos particulares, através de uma fundação que criou - a White House Historical Association - redecorou não só a área doméstica como os centros de visitação do local e chegou a apresentar um programa de TV com uma visita pelo famoso prédio.
Além disso, Jackie acompanhava seu marido em todas as viagens internacionais e acabou fazendo grandes amizades, como com o presidente francês Charles De Gaulle e o primeiro-ministro indiano Jawaharlal Nehru. Com posições políticas fortes, defendia a integração dos negros e o fim das políticas racistas nos Estados Unidos, chegando a criar um jardim de infância dentro da Casa Branca para seus filhos e os dos empregados, onde infantes negros e brancos brincavam juntos. Durante a crise dos mísseis cubanos e da malfadada invasão da Baía dos Porcos, não saiu do lado de Kennedy, tendo acesso a informações confidenciais e acompanhando todos os movimentos dos americanos e soviéticos.
Em 22 de novembro de 1963, enquanto desfilava por Dallas, no Texas, o presidente Kennedy foi assassinado com um tiro na cabeça. Jackie estava ao seu lado no momento do tiro e não deixou o marido em nenhum momento, mesmo quando os agentes do serviço secreto tentavam afastá-la do corpo. O choque foi tão grande que ela se recusava a tirar o vestido manchado de sangue mesmo quando acompanhou o vice-presidente, Lyndon Johnson, em seu juramento como mandatário da nação.
Jackie cuidou de todos os detalhes do funeral do marido, e foi sua ideia a chama que nunca que se apaga no mausoléu de Kennedy. Outro detalhe importante é que, dias antes de seu assassinato, JFK e o premiê russo Nikita Khrushchev haviam assinado um tratado banindo testes nucleares e a ex-primeira dama chegou a escrever ao russo pedindo que, mesmo com a morte do marido, ele mantivesse o acordo.
Jacqueline Kennedy ganhou a admiração mundial pela sua coragem e integridade durante os procedimentos fúnebres de JFK. Por algum tempo, ela se afastou da vida pública, fazendo poucas aparições. Mudou-se de Washington para Nova York. Mesmo assim, a imprensa continuava a seguir seus passos e a atrelar com alguns pares amorosos.
O segundo marido
Em 1968, o mundo chocou-se com a notícia de seu casamento com o armador grego Aristóteles Onassis. Muita gente acredita que sua decisão foi um ato desesperado para fugir do clã dos Kennedy, especialmente depois da morte de seu cunhado, Bobby.
Prato cheio para os papparazzi, o casamento dos dois correu bem até 1973, quando o filho de Onassis, Alexander, morreu em um acidente de avião. O então invencível milionário se viu destruído e amargurado e a relação com Jackie esfriou. Ela, porém continuou ao lado do marido até sua morte, em 1975.
Jakie teve ainda que enfrentar uma batalha legal pelo espólio de Onassis, já que as leis gregas limitam o valor que deve ser passado a um cônjuge não-grego em casos de herança. No final, acabou cedendo a fortuna, avaliada em 26 milhões de dólares, para Cristina Onassis.
Viúva pela segunda vez, Jacqueline passou a trabalhar de maneira bem-sucedida como editora de livros nos Estados Unidos, primeiramente pela Viking Press e depois pela Doubleday. Foi ela, por exemplo, que conduziu a direção editorial do livro O Poder do Mito, de Joseph Campbell.
De meados da década de 70 até sua morte, Jackie O., como ficou conhecida, namorou o industrial belga Maurice Tempelsman. Em 1994, um linfoma foi diagnosticado. Apesar dos médicos na época estarem otimistas, o câncer acabou se espalhando e ela faleceu em seu apartamento em 19 de maio daquele ano, aos 64 anos de idade, cercada de familiares e amigos. Em uma pesquisa promovida pelo Instituto Gallup em 1999, Jackie entrou para a lista de pessoas mais admiradas do século 20.
Talvez a melhor definição da ex-primeira dama tenha sido a dada por uma jornalista inglesa quando do enterro de Kennedy: "Jacqueline deu aos americanos algo que eles nunca tiveram - majestade."
4 comentários:
Cláudio, parabéns! Excelente texto!
Ela teve uma vida bem complicada, o que exalta sua força... Fica até engraçado comparar com nossa 1ª dama...
NAUM SABIA QUE ELA TINHA FEITO TANTA COISA LEGAL.
MAS FICA EVIDENTE E DEFINITIVO QUE A GRANA NAUM COMPRA TUDO NAUM.
Dá-lhe seção nostalgia...
Entrouvindo na Granja do Torto:
-Benzinho, vc acha que a Jacqueline Kennedy é mesmo um ícone pra qualquer primeira dama?
-Ela acompanhava o marido dela nas viagens presidenciais como vc?
-Sim
-Então é
-Mas quanto a beleza, cultura e inteligência?
_Ela sabia fazer uma polenta proletária com vc faz?
-Ah isso não né
-Então vc é muito melhor!
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