sexta-feira, 31 de julho de 2009

"Pai" do Pequeno Príncipe, Exupéry desapareceu há 65 anos

Publicado no Terra em julho de 2009
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Não há quem não conheça a história do Pequeno Príncipe, a profunda, metafórica e enigmática obra de Antoine Jean-Baptiste Marie Roger de Saint-Exupéry, um piloto e escritor francês que desapareceu em um vôo de reconhecimento em 1944, durante a Segunda Guerra Mundial e virou uma lenda.

Saint-Exupéry nasceu no dia 29 de junho de 1900 em uma família nobre de Lyon, seu pai era visconde. Quando estava se formando em arquitetura na Escola de Belas Artes, acabou alistando-se no exército francês em 1921, primeiramente na cavalaria leve e depois passando por um treinamento para piloto, apesar do descontentamento de seus pais e se sua então noiva, a futura escritora Louise Leveque de Vilmorin.

A partir de 1926, sua paixão por voar o colocou no serviço postal entre Toulouse e Dakar, em uma época onde aviões eram precariamente equipados. Em 1929, passou um tempo na Argentina, onde foi diretor da Companhia Aeropostal daquele país. Foi nesse ano que publicou seu primeiro livro, Correio do Sul. De volta ao norte da África, passou a fazer a rota Casablanca-Dakar.

Em 1931, suas experiências profissionais o inspiram a lançar mais uma obra, Vôo Noturno. Também neste ano, casou-se com a artista plástica e escritora salvadorenha Consuelo Suncin. O matrimônio, muito tumultuado, o levava a ficar mais tempo no ar do que em casa, por conta disso, tinha uma série de amantes por onde passava.

Em 1935, Exupéry e seu navegador sofreram um acidente no setor líbio do deserto do Saara quando tentavam bater o recorde de tempo entre Paris e Saigon. Apesar de saírem relativamente ilesos da queda, os dois passaram quatro dias vagando pelo inóspito local até serem encontrados por um beduíno. A desidratação era tão evidente que os dois nem mais suavam. Segundo o escritor, os dois experimentaram alucinações visuais e auditivas e a experiência que o inspiraria a escrever O Pequeno Príncipe, onde a história é justamente contada por um piloto que cai no deserto.

Com a segunda guerra mundial, ele voltou a se alistar e primeiramente fez parte da Força Aérea Francesa. Com a capitulação de seu país à Alemanha nazista, Antoine migrou para os Estados Unidos onde viveu em Nova York e em Long Island, mudando-se posteriormente para Quebec, no Canadá. Foi em 1942 que escreveu sua obra mais famosa, sobre o principezinho no planeta do tamanho de uma casa e com três vulcões (dois ativos e um inativo) e a bela flor.

As muitas mortes de Exupéry

Em 1944, de volta à Europa para lutar ao lado das Forças Livres da França, ele decolou de sua base na Córsega em uma missão de reconhecimento e nunca mais foi visto. Uma mulher reportou ter visto um avião caindo em 1º de agosto na costa de Carqueiranne, em Toulon, na França. Um corpo de uma soldado francês foi encontrado alguns dias depois, mas não foi possível identificar quem era e o corpo acabou sendo enterrado em Carqueiranne.

Em 1998, um pescador encontrou um bracelete de prata com os nomes de Saint-Exupéry e de sua mulher, Consuelo. Dois anos depois, o mergulhador Luc Vanrell encontrou um avião P-38 Lightning, o mesmo do voo fatídico do escritor na costa de Marselha. Em 2003, partes do aeroplano foram resgatadas. Investigadores do Departamento de Arqueologia Submarina da França confirmaram se tratar do avião de Exupéry, mas não encontraram marcas de balas na fuselagem.

Finalmente em março de 2008, o ex-piloto alemão da Luftwaffe, Horst Rippert, declarou ao jornal La Provence que fora ele quem derrubou o aeroplano de Exupéry. Segundo ex-piloto, ele derrubou um avião francês no dia 31 de julho de 1944, quando mais tarde soube que havia matado um de seus escritores favoritos, preferiu guardar segredo. O grande problema é que a versão de Rippert foi negada até pelo governo alemão, já que nos arquivos de sua força aérea não há qualquer menção sobre o fato. O mistério continua e, provavelmente, o mundo nunca saberá a verdade, apesar de ser sabido que Exupéry era o recordista de acidentes de sua companhia.

Após a morte de Exupéry, mais sete livros de sua autoria foram lançados. Sua importância na literatura francesa é imensa e sua história já foi contada em filmes como A Vida de Saint-Exupéry, de 1996, com Bruno Ganz como o escritor, e Wings of Courage, de Jean-Jacques Annaud. Seu último voo inspirou o livro The Last Flight of the Little Prince, de Jean-Pierre de Villers, e até mesmo um dos grandes mestres do quadrinho, o sensacional Hugo Pratt, chegou a imaginar essa aventura derradeira em Saint-Exupéry : Le Dernier Vol.

Eterno no imaginário das pessoas, Saint-Exupéry deixou valiosas lições de moral e ética e chegou a afirmar: "Se a vida não tem preço, nós comportamo-nos sempre como se alguma coisa ultrapassasse em valor a vida humana... Mas o quê?". Acreditamos que no caso dele foi o amor por voar.

10 coisas que você deve saber para celebrar o Dia do Orgasmo

Publicado no Terra em julho de 2009
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Hoje, 31 de julho, é dia do orgasmo, efeméride transada (trocadilhos são inevitáveis) criada na Inglaterra anos atrás, depois que uma pesquisa detectou que 80% das mulheres da terra da rainha acreditavam que o clímax no sexo era lenda urbana já que nunca haviam alcançado-o. Na verdade o objetivo da coisa toda era despertar a reflexão das pessoas em relação à sua vida sexual, mesmo porque, parafraseando aquela musiquinha antiga de programa infantil, em se tratando de orgasmo, todo dia é dia, toda hora é hora.

Antes que você venha com a idéia de que no Dia do Trabalho não se trabalha então no Dia do Orgasmo não se transa, relacionamos 10 curiosidades envolvendo o ápice do coito (curiosamente a medicina tem mais respostas para as mulheres que os homens) para que você se torne um especialista no assunto ou pelo menos, faça um tremendo sucesso em conversas no bar:

1) Orgasmos podem acontecer sem ato sexual
Orgasmos são reflexos do sistema nervoso autônomo, ou seja, aquele que lida com partes que não controlamos conscientemente, assim na literatura médica já foi visto casos de pessoas que tinham orgasmos até escovando o dente. Em uma palestra disponível na internet, a escritora Mary Roach conta que conheceu uma moça que conseguia chegar ao clímax através do pensamento em qulquer lugar que estivesse.

2) O ponto G não é lenda urbana
O ponto de Grafenberg, que poderia levar uma mulher a um orgasmo intenso sempre foi motivo de discussão entre pessoas, não só dentro da comunidade médica. Em 2008, porém, cientistas italianos (quem mais?) conseguiram detectar diferenças na anatomia de mulheres que diziam ter orgasmo pelo ponto G e aquelas que não, encontrando finalmente "a arca perdida".

3) Existe o ponto G masculino
A estimulação da próstata, a glândula responsável pelo funcionamento de nutrientes para os espermatozóides, pode proporcionar orgasmos cavalares aos mancebos. O períneo, área sem pelos logo atrás do saco escrotal, é o local onde uma carícia bem feita (e esse é o problema, muitas mulheres não sabem fazer) proporciona um prazer enorme. Outra maneira é a inserção do dedo médio no ânus do indivíduo, mas seguramente esbarra em tabus para 90% dos homens hetero.

4) Algumas mulheres podem ejacular
Sim, apesar de raro e com relativamente poucos estudos científicos, existem moçoilas que conseguem ejacular até mais do que um homem. O líquido é produzido por um órgão similar à próstata masculina e parece ser ativado, na maioria dos casos, quando da estimulação correta do ponto G.

5) Pés quentes proporcionam mais orgasmo às mulheres
Sabe aquela coisa de nunca transar de meia? Para o público feminino, estar com os pés aquecidos aumenta as chances de orgasmo em 30% de acordo com uma pesquisa da Universidade de Groningen na Holanda. Se o cara for esperto o bastante saberá que uma massagem nos pés nas preliminares pode ser um ótimo caminho para o sucesso.

6) Homens podem ter orgasmo sem ejaculação
Não só me possível acontecer isso como também a via contrária, ter ejaculação sem orgasmo, porque orgasmo e ejaculação são coisas totalmente diferentes. Também já foi provado que um homem pode atingir o clímax e ter uma ejaculação tardia e o sêmem acaba indo para a bexiga ao invés de sair.

7) Orgasmos desligam o cérebro
Já foi mostrado através de escaneamentos, que muitas áreas no cérebro feminino são desligadas durante o orgasmo, incluindo aquelas ligadas à emoção.

8) É mais fácil uma mulher atingir o orgasmo clitoriano que o vaginal
Muita gente acha que o orgasmo através do clitóris não conta e que o verdadeiro prazer vem daquele desencadeado pela penetração na vagina, mas isso é pura balela. A maior parte das mulheres consegue mais prazer pela estimulação do clitóris, o que explica aquelas que não chegam ao clímax na transa mas conseguem facilmente na masturbação.

9) A respiração pode afetar o orgasmo
É comum que a respiração se acelere durante a transa e muitas mulheres acabam segurando o fôlego. Isso tenciona os músculos e faz com que o orgasmo seja mais difícil de ser atingido. Prestar a atenção ao ato de respirar, regulando-o é meio caminho andado para um bom ápice.

10) Você pode participar do Orgasmo Global
Em 22 de dezembro de 2006 tivemos o primeiro Dia do Orgasmo Mundial onde os participantes convidaram pessoas de todo o mundo para ter um orgasmo coletivo e emitirem pensamentos positivos em busca da paz no mundo. O próximo está marcado para 21 de dezembro de 2009, exatamente (não é brincadeira) às 14:47. Considere-se convidado e se quiser mais informações acesse www.globalorgasm.org.

Veja 8 motivos que detonam até o casamento de Jolie e Pitt

Publicado no Terra em julho de 2009
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Angelina Jolie e Brad Pitt estão brigados (de novo). Aparentemente um dos motivos da discussão foi o fato de que ele, vegetariano, não concorda com a dieta carnívora que ela impõe aos filhos. E assim, ela movida por todo o orgulho do mundo, fez as malas e se mandou para um hotel. E ele, também inspirado pelo mesmo sentimento, foi para uma boate.

E é nessa pequena historinha recente que vemos dois elementos que são ótimos para destruir qualquer casal: por um lado temos aquelas pequenas coisas que até encantam no começo, mas que um dia vão pegar (os hábitos alimentares conflitantes, no exemplo dado). E depois, aquele sentimento forte que transforma a discussão em uma queda de braços (o orgulho dos dois, no caso).

Podemos imaginar que a vontade de Pitt em não enfrentar uma churrascaria rodízio não era um problema no começo do namoro dos dois, então fomos perguntar às moçoilas o que leva um relacionamento a se desgastar tanto depois de um tempo e algumas coisas pareceram comum nos depoimentos. Segundo elas, nós homens cultivamos alguns hábitos um pouco irritantes quando estamos com a pessoa amada e que, por mais que pareçam encantadores em um momento da relação, acabam se tornando uma bomba-relógio prestes a explodir. Que adote a primeira criança cambojana quem já não cometeu alguns desses "pecados":

1. Ser muito silencioso: essa aura de mistério é ótima para conquistar a menina, mas depois que a relação engata, ela quer não só saber mais de você, mas principalmente entender o que você sente. A prática do "hum" e "a-hã" como resposta a tudo seguramente vai fazer a moça perder o pique de engatar uma conversação e a relação vai aos poucos morrer.

2. Ser falante demais: A coisa é simples: uma coisa é sua vida ser um livro aberto e a outra é ser um best-seller que todos conhecem a história. Muita espontaneidade e sinceridade sem limites atrapalham.

3. Falta de gentileza: dizem que a intimidade é uma porcaria e com certeza quando nos acostumamos com a pessoa amada, temos a mania de esquecer até mesmo certas regras de educação como dizer "por favor" e "obrigado". Outro detalhe apontado é quando a novidade do relacionamento acaba e a menina se torna menos importante no seu dia a dia. Falta de atenção é um fator decisivo para que ela pense em fazer as malas.

4. Manias cotidianas: aqui a coisa pega, especialmente para os casados. A consagrada toalha molhada na cama, o mundialmente famoso respingo em volta da bacia, e até mesmo a pasta de dente apertada em qualquer lugar apareceram na lista de coisas que mais irritam as mulheres. Para nossa surpresa, isso não importava quando vocês namoravam, mas, acredite, as coisas mudam.

5. Não saber lidar com o nervosismo feminino: taí uma coisa que um dia teremos que dominar. Como lidar com uma mulher nervosa. Porque a resposta é simples, fique quieto. Nunca em hipótese nenhuma traga qualquer tipo de solução no momento em que o vulcão está expelindo lava. Espere ela se acalmar e só aí ofereça a possibilidade de ajuda. Eu sei que é difícil, mas você consegue.

6. Nunca se colocar no lugar dela: as moças sempre reclamam que nós não as entendemos e que pensamos de maneira totalmente diferente. Isso é verdade, mas a recíproca é verdadeira, já que nenhuma mulher conseguiria entender a arte e lirismo de um videotape de XV de Piracicaba versus Bangu, direto de Limeira. Assim, esqueça que você é de Marte e pense venusiano, considerando o que é importante para ela. Ou pelo menos aprenda os rudimentos básicos da língua.

7. Não a tratar como namorada na frente dos amigos: por incrível que pareça, essa foi uma resposta comum vinda de mulheres acima dos 35 anos. Sabe-se lá se o cara ainda está com uma cabeça de 13 anos de idade ou se quer bancar o macho, mas é só estar no meio da "turma" que o indivíduo começa a zombar da namorada. Depois não pode reclamar quando ela comenta de seus atributos físicos deficitários para as amigas.

8. Manter o ego inflado: historicamente o homem domina a relação e chefia a família há milhares de anos. Acontece que as coisas mudaram há mais ou menos 30 anos e hoje as mulheres têm direito à voz ativa no relacionamento. Então não adianta impor a sua visão das coisas a ela. Nem sempre você estará certo. Nem quando achar que ser vegetariano é a melhor escolha.

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Jackie Kennedy Onassis completaria 80 anos hoje

Publicado no Terra em julho de 2009
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Nunca houve na história dos Estados Unidos uma primeira-dama como Jacqueline Lee Bouvier Kennedy Onassis. Bonita, culta, elegante, a mulher que trouxe classe para as americanas completaria 80 anos neste 28 de julho de 2009. Sua influência no estilo de vida americano foi imensa, mesmo porque, até aquele momento, os americanos haviam visto apenas idosas esposas de presidentes, sem muita expressão e sempre nas sombras.

Mas com Jacqueline foi diferente. Todas as mulheres queriam ser como ela. Mais do que simplesmente uma figurinha recatada, ela foi um poderoso ícone fashion chegando a desenhar suas próprias roupas e criar moda no mundo inteiro. No livro Por Deus, pela Pátria e pela Coca-Cola, a história não-oficial do famoso refrigerante, o autor chega a relatar que um dos grandes motivos pela busca de bebidas dietéticas a partir da década de 60 foi graças à figura longilínea da primeira-dama.

Jackie nasceu em Southampton, Nova York, em uma família de classe alta e teve uma infância feliz e confortável até que seus pais se divorciaram em 1940. Culta e inteligente, estudou na tradicional escola Vassar e na Sorbonne na França. Formou-se em 1951 como bacharel em artes pela Universidade George Washington e passou a trabalhar como repórter e fotógrafa para o jornal The Washington Times-Herald.

Ela conheceu o então promissor político John F. Kennedy em 1952 quando ele disputava uma vaga para o senado e, depois de sua eleição, passaram a ter uma relação de compromisso que culminou em casamento em 12 de setembro de 1953. O começo não foi fácil. Jackie sofria devido a agenda política de John, às pressões da família Kennedy, e também pela saúde debilitada do marido - JFK tinha uma problema crônico nas costas devido a ferimentos adquiridos na guerra e teve de passar por duas arriscadas operações na espinha. Na recuperação, muito influenciado por Jacqueline, escreveu um livro, Profiles in Courage, e acabou ganhando um Prêmio Pulitzer. Os dois tiveram dois filhos: Caroline, em 1957, e John John, em 1960.

Quando Kennedy anunciou sua candidatura à presidência, sua esposa começou a participar ativamente da campanha, mas quando se viu grávida de John John foi recomendado que ficasse em casa repousando, muito graças a seu histórico anterior - ela já havia sofrido um abordo e dado à luz um bebê prematuro -, mas continuou a dar entrevistas e até escreveu uma coluna para jornais chamada Campaign Wife. JFK se tornou o 35º presidente americano batendo Richard Nixon em 1960.

A paixão de Jacqueline pelas artes e pela literatura imprimiu um novo capítulo à política americana. Uma de suas ações mais famosas foi a restauração da Casa Branca e do bairro que cerca o centro administrativo de Washington. Com fundos particulares, através de uma fundação que criou - a White House Historical Association - redecorou não só a área doméstica como os centros de visitação do local e chegou a apresentar um programa de TV com uma visita pelo famoso prédio.

Além disso, Jackie acompanhava seu marido em todas as viagens internacionais e acabou fazendo grandes amizades, como com o presidente francês Charles De Gaulle e o primeiro-ministro indiano Jawaharlal Nehru. Com posições políticas fortes, defendia a integração dos negros e o fim das políticas racistas nos Estados Unidos, chegando a criar um jardim de infância dentro da Casa Branca para seus filhos e os dos empregados, onde infantes negros e brancos brincavam juntos. Durante a crise dos mísseis cubanos e da malfadada invasão da Baía dos Porcos, não saiu do lado de Kennedy, tendo acesso a informações confidenciais e acompanhando todos os movimentos dos americanos e soviéticos.

Em 22 de novembro de 1963, enquanto desfilava por Dallas, no Texas, o presidente Kennedy foi assassinado com um tiro na cabeça. Jackie estava ao seu lado no momento do tiro e não deixou o marido em nenhum momento, mesmo quando os agentes do serviço secreto tentavam afastá-la do corpo. O choque foi tão grande que ela se recusava a tirar o vestido manchado de sangue mesmo quando acompanhou o vice-presidente, Lyndon Johnson, em seu juramento como mandatário da nação.

Jackie cuidou de todos os detalhes do funeral do marido, e foi sua ideia a chama que nunca que se apaga no mausoléu de Kennedy. Outro detalhe importante é que, dias antes de seu assassinato, JFK e o premiê russo Nikita Khrushchev haviam assinado um tratado banindo testes nucleares e a ex-primeira dama chegou a escrever ao russo pedindo que, mesmo com a morte do marido, ele mantivesse o acordo.

Jacqueline Kennedy ganhou a admiração mundial pela sua coragem e integridade durante os procedimentos fúnebres de JFK. Por algum tempo, ela se afastou da vida pública, fazendo poucas aparições. Mudou-se de Washington para Nova York. Mesmo assim, a imprensa continuava a seguir seus passos e a atrelar com alguns pares amorosos.

O segundo marido
Em 1968, o mundo chocou-se com a notícia de seu casamento com o armador grego Aristóteles Onassis. Muita gente acredita que sua decisão foi um ato desesperado para fugir do clã dos Kennedy, especialmente depois da morte de seu cunhado, Bobby.

Prato cheio para os papparazzi, o casamento dos dois correu bem até 1973, quando o filho de Onassis, Alexander, morreu em um acidente de avião. O então invencível milionário se viu destruído e amargurado e a relação com Jackie esfriou. Ela, porém continuou ao lado do marido até sua morte, em 1975.

Jakie teve ainda que enfrentar uma batalha legal pelo espólio de Onassis, já que as leis gregas limitam o valor que deve ser passado a um cônjuge não-grego em casos de herança. No final, acabou cedendo a fortuna, avaliada em 26 milhões de dólares, para Cristina Onassis.

Viúva pela segunda vez, Jacqueline passou a trabalhar de maneira bem-sucedida como editora de livros nos Estados Unidos, primeiramente pela Viking Press e depois pela Doubleday. Foi ela, por exemplo, que conduziu a direção editorial do livro O Poder do Mito, de Joseph Campbell.

De meados da década de 70 até sua morte, Jackie O., como ficou conhecida, namorou o industrial belga Maurice Tempelsman. Em 1994, um linfoma foi diagnosticado. Apesar dos médicos na época estarem otimistas, o câncer acabou se espalhando e ela faleceu em seu apartamento em 19 de maio daquele ano, aos 64 anos de idade, cercada de familiares e amigos. Em uma pesquisa promovida pelo Instituto Gallup em 1999, Jackie entrou para a lista de pessoas mais admiradas do século 20.

Talvez a melhor definição da ex-primeira dama tenha sido a dada por uma jornalista inglesa quando do enterro de Kennedy: "Jacqueline deu aos americanos algo que eles nunca tiveram - majestade."

terça-feira, 28 de julho de 2009

Lei antifumo pode gerar oportunidades para paquera

Publicado no Terra em julho de 2009
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No filme As Neves do Kilimanjaro, Gregory Peck acende seu cigarro e eis que surge "o mais belo animal do mundo", a estonteante Ava Garner. Ele leva seu fósforo ainda aceso para perto do rosto dela e ela também acende um. E aí começa o romance. Se você é fumante e acha que isso só acontece em filmes, comece a se preparar.

A partir da semana que vem, oficialmente, através da lei aprovada pelo governador José Serra, os fumantes do Estado de São Paulo estarão proibidos de praticar seu hábito em ambientes públicos fechados. Ou seja, a partir de agora, ou se fuma em casa ou na calçada. Nada de fumódromos, cinzeiros na mesa do bar ou de cigarro nas áreas comuns de condomínios, incluindo áreas cobertas por toldos (marquises, coberturas etc.). Inexplicavelmente (ou não) o fumo está liberado em estádios de futebol.

Alguns lugares já começaram a se adequar à nova legislação desde que foi sancionada em 07 de maio último. O nível de gás carbônico em algumas danceterias e bares no horário de pico chega a ser o dobro do encontrado em ruas movimentadas da capital. A falta de controle dos donos de estabelecimento e as instalações sem a ventilação adequada acabaram transformando a vida de todos num inferno e afetando profundamente a saúde de fumantes e não-fumantes. Um ano após a Itália ter tomado a mesma medida, o país viu uma redução de 11% nos casos de enfarte em pessoas com idade entre 35 e 64 anos e uma diminuição de 5,5% na venda de cigarros em todo o país.

Acontece que o ato que Peck e Garner praticaram no filme de 1952 virou moda na Irlanda desde que esse país radicalizou contra o tabaco. É o smirting, expressão que junta as palavras smoking e flirting (fumar e flertar). Lá, o fato de sair para a rua para acender seu bastonete nicotinoso mostrou-se ser uma ótima estratégia para um bate-papo com aquela menininha que o cara estava de olho no bar. Até mesmo alguns rituais como as moçoilas manterem seus isqueiros à mostra para atrair rapazes ou esconderem quando o moço não é interessante foram incorporados ao método do xaveco. A coisa é tão gritante que o jornal The Times mostrou um estudo que verificou que entre 2007 e 2008, 25% dos casais irlandeses se conheceram numa dessas escapadas para fora de ambientes fechados.

O periódico inglês The Sun também publicou dicas para que sua cantada movida a fumo dê certo e uma delas é esperar começar a chover já que isso obriga as pessoas a se espremerem em pequenos locais cobertos. Outra é nunca tossir. Sem contar que começar o papo com "você tem um isqueiro?" é bem melhor do que os chavões "você vem sempre aqui?" ou "o cachorrinho tem telefone?". De qualquer maneira, pelo menos você estará conversando com uma pessoa que pratica a mesma coisa que você e que não lhe perturbará pelo vício ou lhe dará uma lição sobre os malefícios do cigarro.

Outra reação ocorrida especialmente na Irlanda (e que espero que aconteça aqui) foi o fim da chatice do não-fumante. Aquelas pessoas que reclamavam da fumaça e do cheiro e consideravam fumar como um hábito antissocial, agora saem para ficar entre os fumantes, já que a socialização está ocorrendo fora dos bares e das danceterias.

Ainda dentro das oportunidades, fumar nas calçadas também pode ser uma ótima desculpa para fugir da mesa quando o papo ou a companhia está ruim. E o fato do fumante poder ficar no mínimo 5 minutos afastado, fazendo novos amigo,s parece ser uma perspectiva muito boa. Por outro lado, se o parceiro ou parceiro forem bacanas, o abandono em nome de algumas tragadas pode cair mal pacas.

De qualquer maneira, de agora em diante nas baladas, passe a carregar sempre um isqueiro, seja generoso com seu cigarro e não se esqueça dos dropes de menta. Nunca se sabe quando você terá que mostrar se realmente tem fogo.

domingo, 26 de julho de 2009

Estudos desvendam os limites da honestidade

Publicado no Terra em julho de 2009
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Como o cérebro trabalha quando você tem a chance de mentir ou trapacear? Existem pessoas naturalmente honestas? Para responder a essas dúvidas dois pesquisadores de Harvard, Joshua Greene e Joseph Paxton resolveram testar a honestidade de uma série de voluntários com uma brincadeira simples: tentar adivinhar se vai dar cara ou coroa no lançamento de uma moeda. Cada pessoa devia anotar num papel sua escolha antes da moeda ser lançada ao alto e simplesmente dizer aos médicos se acertou ou não. Se a resposta estivesse certa, ganhavam dinheiro, ou seja, tinham a chance enorme de trapacear.

Acontece que cada um desses voluntários estava ligado a um aparelho de ressonância que escaneava os centros de decisão e comportamento do cérebro. Os jogadores honestos não apresentavam nenhum aumento na atividade no córtex pre-frontal, sugerindo que eles não precisam fazer um esforço consciente em ser honesto. Já os trapaceadores mostraram um aumento de atividade nas chances que tiveram em ser desonestos mesmo nas situações onde falavam que tinham errado na aposta.

Na realidade os dois médicos afirmaram que chegou um ponto onde eles podiam prever, pelos scans, se pessoa estava para mentir ou não. Se o resultado do estudo puder ser aplicado no dia-a-dia, o Dr. Greene afirma que uma empresa poder usar o escaneamento cerebral para verificar se um potencial funcionário é honesto ou não. Apesar de alguns médicos afirmarem que ainda são necessários mais testes para legitimar a pesquisa, não é difícil imaginar o que aconteceria se exigíssemos esse tipo de coisa de candidatos a cargos políticos ou a futuros namorados e namoradas.

Como ter sua carteira devolvida
Já na Escócia o psicólogo Richard Wiseman e seu time fizeram um teste no mínimo inusitado. Eles espalharam 240 carteiras, divididas em seis grupos de 40 em locais de grande público e analisaram quais seriam devolvidas. A grande pegada era o que havia no seu interior. Um dos grupos possuía uma foto de um bebê sorridente, enquanto o segundo a de uma família, o terceiro a de um filhote de cachorro, no quarto a de um casal de velhinhos e no grupo controle não havia nada. Nenhuma das carteiras possuía dinheiro, mas continha cartões de afiliação em associações, bônus em lojas, o endereço para devolução e em algumas, comprovantes de doações a instituições de caridade.

A carteira com fotos do bebê teve o maior índice de retorno ao "dono": 88%, seguida da do cachorro (53%), família (48%) e casal de idosos (28%). Somente 20% das carteiras do grupo-controle foram retornadas.

De acordo com o Dr. Wiseman, o resultado reflete um instinto natural de compaixão frente a "crianças vulneráveis" que as pessoas evoluíram com o tempo para garantir a perpetuação das futuras gerações. Além disso, no processo de evolução, seria muito difícil para que o código genético fixasse o sentimento de empatia exclusivamente à criança da pessoa, ao invés disso acaba espalhando essa sensação para todos os infantes.

Essa empatia por bebês já havia sido pesquisada pela Universidade de Oxford quando, através de ressonância magnética, verificou a atividade cerebral de voluntários quando confrontados com fotos de adultos atraentes e belos rebentos. No segundo caso, as áreas cerebrais ligadas à empatia respondiam muito mais rapidamente. Tão rápido que era conclusivo de que se tratava de uma reação não-consciente.

Sendo assim, pesquise um foto de um bebê fofinho na internet, imprima-a e coloque na sua carteira. Se você a perder, seguramente a terá de volta em pouquíssimo tempo.

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Confira as 10 regras para terminar um relacionamento como um homem

Publicado no Terra em julho de 2009
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Do mesmo jeito que as mulheres adoram dizer que nós, homens, não promovemos DRs (discussão de relacionamento), reza a lenda que um macho de verdade não termina. Na verdade, segundo as más línguas, nós simplesmente não telefonamos mais e, graças ao bina, não atendemos mais os telefonemas da ex-amada.

Acabar uma relação é doloroso, triste, chato até mesmo quando a menina é um verdadeiro show de horrores e seu namoro parecia mais um passeio em um trem-fantasma. Um homem fugir do confronto, porém, equivale a dar gritinhos histéricos quando vê uma barata, ou seja, é uma tremenda covardia. Então, se você está pensando em se juntar ao time dos livres, leves e soltos e encerrar seu namoro, atente para as regras abaixo:

1) Não comece a evitar a menina: não existe coisa mais patética que inventar desculpas como "hoje não vai dar para sair porque eu vou ter que levar minha cacatua ao veterinário". Isso em um sábado à noite. Não responder mais e-mails, torpedos ou a telefonemas pode até fazer a menina se tocar, mas provavelmente ocasionará uma fúria terrível por parte dela. Tenha dignidade e saia da coisa pela porta da frente.

2) Não espere até arrumar outra: essa é a estratégia mais aplicada pelos machos de plantão, já que 99% das moçoilas avisam que se houver traição, a relação está encerrada. A estratégia pode ser até confortável para você, mas convenhamos que sua imagem depois disso não ficará mais a mesma e por um tempo você vai se ver namorando uma corna. Ela não merece isso. Nem você.

3) Não provoque uma situação: uma das saídas menos honrosas para sair de um relacionamento é provocar uma briga. Assim, as coisas estão resolvidas de uma maneira "socialmente aceita". Além de ela ficar mais fula da vida ainda pelo conjunto de fatores que lhe foi jogado, você provavelmente, ao tirar do nada um motivo para um quebra-pau, fica com fama de louco.

4) Não fique dando toques: ficar agindo com mensagens subliminares durante a relação não leva a nada. Nesse caso a moça se reserva o direito de pegar ou não aquela sua dica de que as coisas não estão indo bem ou que ela não a agrada em algum sentido. Uma boa DR funciona muito melhor porque as insatisfações estão sendo colocadas às claras naquele momento. O mesmo serve para finalizar a relação.

5) Termine cara a cara: obviamente que em tempos tecnológicos o e-mail e o serviço de mensagem de texto por celular parecem ser uma mão na roda para quem quer terminar, mas no fundo é uma saída extremamente covarde, já que lhe alivia de olhar a cara molhada de lágrimas da menina. Convenhamos que uma pessoa madura assume uma decisão e arca com a responsabilidade dela. Portanto, seja homem de verdade e termine pessoalmente.

6) Marque um encontro específico para isso: é fácil, ligue para a menina e diga que quer conversar seriamente ou que quer falar sobre o relacionamento. Não tente fazer isso a convidando para jantar ou para o cinema porque a expectativa será outra e o choque da notícia pode causar farto derramamento de lágrimas e um princípio de escândalo.

7) Não use clichês: por favor, se vai terminar o namoro seja claro nos porquês, obviamente respeitando o sentimento alheio e tendo bom senso na conversação. Coisas como "o problema não é você, sou eu" ou ainda "eu acabei de sair de uma relação e quero curtir a vida" (meninas adoram usar essa) não está com nada e só vão fazer com que a coisa fique patética. Quanto a ser amigos, é uma opção dela, não sua, já que foi você que decidiu que ela não servia como parceira.

8) Escolha lugares privados: locais públicos não são nada recomendados para quem quer terminar com alguém. Primeiramente se a notícia não for bem recebida, você terá uma mulher louca da vida, chorando e querendo voar no seu pescoço na frente de uma série de desconhecidos. E mesmo que ela seja mais controlada, a impressão que dará é que você está transformando sua vida pessoal em um espetáculo.

9) Fique frio: se ela não reagir bem à notícia e começar a fazer um escândalo, mantenha-se na sua. A decisão já foi tomada e você se colocou de maneira madura na frente dela então o pior agora é entrar no jogo da briga. Deixe que ela saia da coisa como desequilibrada.

10) Nunca termine um relacionamento quando estiver alterado: sabe a máxima "se beber, não dirija"? Vale o mesmo para este momento de decisão. Tomar algo para dar coragem significa que você ainda não tem certeza do que quer e ainda pode fazer com que você, macho descontrolado, não tenha limites sobre suas palavras e atos e aí, a ressaca no dia seguinte, seguramente será maior.

terça-feira, 21 de julho de 2009

Confira 10 dicas para um homem enfrentar a TPM feminina

Publicado no Terra em julho de 2009
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Fato número 1 para você, homem descrente: TPM não é lenda urbana. Fato número 2, para o homem desencanado: TPM pode ser usada como atenuante em casos de assassinato. Fato número 3, para o homem alarmista: uma crise de TPM será o real motivo da terceira guerra mundial e extinção da raça humana.

Os machos de plantão costumam, insensivelmente, chamar a TPM de frescura feminina, mas todos os meses os hormônios transformam o corpo feminino em uma máquina de pinball viva, com dezenas de luzinhas piscando em seu interior e causando dores de cabeça, câimbras, nevralgias, dor no estômago, acne, desmaios, estresse, rompantes emocionais etc. E assim como acontece no fliperama, qualquer mau jeito de sua parte vai dar "tilt".

Existe um bando de homens sortudos (me incluo) que já se relacionaram com garotas que atingem no máximo um choro recatado quando no período das três letrinhas, mas também aqueles (me incluo também) que já viram sua parceira se transformar num refugo de O Exorcista, vomitar verde, girar a cabeça e gritar que vai comer seu fígado com ervilhas e um bom Chianti. Para este segundo grupo, elencamos dez dicas para sobreviver ao cataclismo e manter seu relacionamento bem saudável:

1. Anote na agenda: não é difícil calcular um ciclo menstrual, então saiba que a mais ou menos 28 dias de uma crise histérica sobre a salada não ter azeitonas o bastante, você enfrentará outra e faça um lembrete por escrito ou dançará. Se você for realmente um cara de sorte, esse é o momento no mês onde ela quer ficar sozinha e não te ver. Acate o pedido da moçoila e fuja.

2. Evite assuntos polêmicos no período: só lembrando que qualquer assunto será polêmico, ou seja, não fale. Só responda. E sempre dando a razão a ela. E por favor, não entre em brigas se ela quiser uma. Você não vai perder pontos de masculinidade nessa.

3. É normal ela não querer sexo: num estudo do Hospital das Clínicas com 513 mulheres, 84% afirmaram perder o desejo sexual quando na TPM. Somente 15% mostraram um aumento na vontade de transar. Se sua namorada estiver no primeiro grupo, tenha paciência e não insista. Se estiver no segundo, parabéns.

4. Nunca diga a ela que ela está na TPM: nenhuma mulher em sã consciência gosta de ser considerada uma maníaca psicopata na pré-menstruação e poucas admitem que sejam afetadas por ela. Se você entender que tudo se deve aos hormônios (e não à personalidade) vai saber que não deve fazer piadas ou comentários a respeito. Finja que nada acontece.

5. Não faça surpresas: das duas, uma, ou ela estará deprimida ou ansiosa, assim surpreendê-la com algo grande ou importante pode causar problemas sérios. Pequenos agrados como dar flores ou bombons caem bem, mas nem pense em chegar com aquela TV LCD de 42 polegadas que vocês estavam discutindo se compravam ou não há semanas ou assistirá à reencenação do cerco a Stalingrado ali mesmo na sua sala.

6. Não estranhe seus hábitos alimentares: tem mulheres que durante o período pré-menstrual não querem comer absolutamente nada, mas a maioria torna-se um Obelix de saias e sim, consegue devorar um javali sozinha. Mais uma vez ponha a culpa nos hormônios e contente-se que de que ela não está grávida ou pediria pizza de sardinha com chantilly.

7. Pequenas coisas são superlativadas: fale a verdade, depois de um tempo de relacionamento você já sabe quais são as coisas que irritam a sua amada, portanto na época da TPM essas pequenas manias vão ganhar um status de problema de estado. Sendo assim, nada de assento da privada levantado, louça suja na pia, lixo lotado, tolha de banho molhada na cama e outras coisas tão explosivas.

8. Não mencione as espinhas no rosto dela: repita mentalmente por 100 vezes: "espinhas são charmosas" e o problema acaba.

9. Não tente solucionar o problema da TPM: ela sabe o que é bom para combater os sintomas do momento, já que enfrenta isso desde os 13 anos de idade. Ficar oferecendo chazinhos ou remédios não vai adiantar nada, quando a cura são 18 barras de chocolate. Deixe que ela resolva o problema e limite-se a buscar o que ela pedir.

10. Não fique desesperado se nada disso funcionar: se ainda não acharam uma solução médica-científica para a TPM, então você não vai querer que nós tenhamos a palavra final, não é?

Pesquisadores tentam desvendar os mistérios do esperma

Publicado no Terra em julho de 2009
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O mito de que sexo é algo destinado somente à propagação da espécie é uma grande verdade. A diferença é que nós, humanos, optamos pela fidelidade e pelo parceiro único assim como outros animais como coiotes, macacos gibão, águias carecas, algumas gaivotas, entre outros, mas aparentemente nosso corpo parece não saber disso. As pesquisas médicas mostram que no fundo ainda somos movidos à competição e que nosso organismo ainda entende que disputaremos a prole com outros machos, daí a necessidade de espermatozóides mais fortes e rápidos. Veja abaixo descobertas fascinantes dos cientistas em relação ao esperma:

Fêmeas atraentes influenciam na produção do esperma
A Discovery News publicou esta semana que cientistas da Universidade de Oxford e da Escola Real de Veterinária, na Inglaterra, descobriram que o macho pode ajustar a produção e velocidade do esperma, alocando mais ou menos líquido seminal na relação e que isso é determinado pelo grau de atração que sente pela fêmea. Acontece que isso foi estudado em galos, mas como estes fazem parte dos considerados animais promíscuos (que tem a possibilidade de copular com várias fêmeas) e nós humanos nos colocamos nessa categoria, os pesquisadores acreditam que a regra também nos é válida.

Café acelera o esperma
Em 2003, cientistas brasileiros estudaram o esperma de 750 homens, separando-os em pessoas que nunca tomaram café até aqueles que não vivem sem a beberagem. A mobilidade e velocidade do espermatozóide era bem maior naqueles que tomavam a bebida em relação aos que a evitavam, embora os níveis de testosterona e hormônios estimuladores dos folículos fosse a mesma.

Maconha desacelera e reduz o esperma
Por outro lado, os consumidores de marijuana, além dos efeitos conhecidos no cérebro mostram uma produção reduzida de espermatozóides e também uma menor mobilidade. O THC contido na droga age sobre os receptores do esperma afetando sua formação.

Promiscuidade feminina afeta a velocidade do esperma
A pesquisa feita em 2007 com várias espécies de macacos, gorilas e humanos e conduzida pela Universidade da Califórnia, mostrou que quanto mais promíscuo for o ambiente do primata, ou seja, a fêmea se relaciona com muitos machos diferentes, mais rápido será a velocidade do esperma. No caso dos chipanzés e micos, que vivem em bandos e uma fêmea copula com quatro machos em uma hora, a velocidade média do esperma é de 0,7km/h (uma vez que a regra "o primeiro que chegar, ganha" é necessária). Já entre os gorilas onde um macho possui exclusivamente várias fêmeas, esse número é de 0,1 km/h. O que impressionou mesmo os cientistas é que no caso dos humanos, a velocidade e força do esperma ficaram entre o dos chipanzés e dos gorilas. Ou seja, talvez não sejamos tão fiéis e monogâmicos assim.

Pessoas inteligentes têm esperma melhor
Inteligência já havia sido relacionada com função cárdio-vascular, mas não contentes com isso, estudiosos do King´s College de Londres mostraram em 2008 que pessoas com QI elevado produzem espermatozóides de melhor qualidade, no objetivo inato de propagar sua linhagem. Mais do que dizer que homens inteligentes podem ter mais filhos, os pesquisadores reforçaram que inteligência é um fator determinante da seleção natural e que seguramente afeta a reprodução.

Consumo de soja freia o esperma
É sabido que cigarro, álcool e comidas gordurosas vão afetar o sabor e consistência do esperma, mas a tão consagrada soja, alimento importantíssimo e saudável, tem efeito reverso nos espermatozóides. Estudos de 2008 mostraram que homens que consomem diariamente no mínimo 115g ou 240 ml de soja, tem menor concentração de esperma que aqueles que não a comem. Os pesquisadores da Harvard School of Public Health constataram que o grupo consumidor possuía 41 milhões de espermatozóides por mililitro enquanto a média considerada normal é de 80 a 120 milhões. E a possível explicação para isso é que o estrogênio contido na soja.

Abuso de carne afeta esperma
Em 2007, médicos do Centro de Pesquisas da Universidade de Rochester mostraram que grávidas que consumiram muita carne bovina durante a gestação, tiveram filhos com uma contagem de esperma 25% abaixo do normal e com um risco três vezes maior para problemas de infertilidade. Os pesquisadores atribuíram o resultado ao uso de esteróides anabólicos usados para engordar o gado, mas alertaram que mais estudos devem ser conduzidos e que a pesquisa ainda era muito embrionária para recomendar o não-consumo de carne pelas gestantes. A líder do estudo afirmou, no entanto que o ideal é reduzir a carne na dieta ou trocá-la por bifes orgânicos.

Sexo diário deixa o esperma saudável
E a melhor notícia de todas vem da Austrália. O Dr David Greening, de Sidney, acompanhou 118 homens com danos estruturais em seus espermatozóides e verificou uma melhora substanciosa na qualidade quando eles passaram a ejacular uma vez ao dia, sete dias por semana. Apesar de a prática diminuir a quantidade diária, para os casais que tentam ter um filho é uma ótima saída transar todas as noites antes do período de ovulação para garantir um esperma mais forte e com maior capacidade de concepção.

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Entenda a fantasiosa conquista do espaço feita pelo cinema

Publicado no Terra em julho de 2009
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Há exatos 40 anos quando deixou o módulo da Apollo 11 para tocar na superfície lunar, Neil Armstrong estava marcando o maior ponto de todos na corrida espacial entre Estados Unidos e União Soviética. Iniciada depois da Segunda Guerra Mundial com o seqüestro dos cientistas nazistas, como Von Braun (um dos fundadores da NASA), a disputa por cada pedaço do espaço era acirrada pelas duas potências da época e os soviéticos já tinham conseguido ser os primeiros a lançar um satélite artificial, o Sputnik, e enviar o primeiro homem para a órbita terrestre, o cosmonauta Yuri Gagarin.

» Veja fotos de filmes que retrataram a corrida especial

Acontece que no mundo do cinema, Armstrong não foi o primeiro a realizar o feito. Nos primórdios da sétima arte, George Meliès realizou o sonho antigo dos terrestres ao filmar Viagem à Lua (Le Voyage Dans La Lune), em 1902. Magistralmente realizado apesar dos poucos recursos as época, o filme, além de inaugurar o gênero de ficção científica, mostrou que mais do que retratar imagens cotidianas, o cinema poderia trabalhar com a fantasia. Em 1929, o alemão Fritz Lang realizou A Mulher Na Lua e antecipou situações como a gravidade zero e a contagem regressiva. O filme foi tão realista em alguns pontos que os nazistas confiscaram as cópias temendo que fosse uma divulgação disfarçada dos planos de seus mísseis V1 e V2.

Já na América, por anos Hollywood investiu em ficções voltadas a mostrar o futuro do homem, até que em 1950 o tema da corrida ao espaço voltou à moda. Neste ano, veio Rocketship X-M (Da Terra à Lua no Brasil) onde um foguete a caminho da Lua é atingido por uma chuva de meteoros e cai em Marte. Lloyd Bridges estava no papel principal. No mesmo ano, o filme Destination Moon, de Irvin Pitchell, mostrou um grupo de homens a caminho da Lua, eles eram financiados por um milionário que não desejava que os russos chegassem antes. Apesar de lento e chato, o filme respeitava as leis da física e mostrou, por exemplo, a superfície lunar como ela é na realidade, além de trajes lunares totalmente fechados e estágios de descompressão. Além disso, não dispensou os riscos da viagem espacial quando, no final do filme, os tripulantes constatam que o foguete não tem combustível suficiente para a volta e começam a descartar equipamentos para deixá-lo mais leve, acabam tendo que deixar um dos companheiros para trás.

Em 1968, no auge da corrida espacial, o prolífico cineasta Robert Altman realizou Countdown (que no Brasil recebeu o nome de No Assombroso Mundo da Lua). O filme mostra o desespero dos americanos em mandar um homem à Lua, já que ficam sabendo que os russos já têm uma missão pronta para isso. A ideia é mandar um astronauta e deixá-lo no satélite por um ano para depois construir uma nave para resgatá-lo. É óbvio que não se pode esquecer 2001, Uma Odisséia no Espaço, o incompreensível filme de Stanley Kubrick que se tornou um dos grandes clássicos do cinema. Em um momento, o longa aborda uma missão a Júpiter que acaba por sofrer problemas devido à programação do computador de bordo, o Hal 9000.

No ano em que o homem chegou à Lua, Gregory Peck estrelou Sem Rumo no Espaço (Marooned), de John Sturges, onde um grupo de astronautas fica à deriva no espaço uma vez que seus retrofoguetes não funcionam. Uma missão de resgate é acionada, mas tem que enfrentar um furacão na base de lançamento enquanto o suprimento de ar do foguete defeituoso está diminuindo gradativamente.

Em um mundo onde a ficção científica era praticamente propriedade do cinema americano, um filme russo acabou impressionando o público e os críticos. Solarys, de Andrei Tarkovsky, mostra uma base humana no misterioso Oceano Solarys em outro planeta. Os integrantes da missão são acometidos por visões e um psicólogo é enviado para entender o que está acontecendo. A obra teve uma refilmagem recente feita por Steve Soderbergh com George Clooney no papel principal. Ainda em 1972, o diretor Douglas Trumbull realizou Corrida Silenciosa, uma ficção científica com toques hippies e trilha sonora de Joan Baez, enfocando a história de uma base espacial com os últimos remanescentes das florestas terráqueas e a rebeldia do solitário zelador quando recebe ordens de destruir tudo e voltar para casa.

Em 1983, Philip Kaufman contou toda a história do programa espacial americano, dos tempos do piloto Chuck Yeager aos astronautas da missão Mercury com o sensacional Os Eleitos (The Right Stuff), baseado na obra de Tom Wolfe. É um dos melhores retratos dos erros e acertos dos Estados Unidos e a Rússia na conquista do espaço. Já em 1985, o trio Spielberg, Ron Howard e Tom Hanks decidem contar a história da desastrosa missão espacial da Apollo 13, em 1970, que fez o mundo parar e se unir na esperança de que os astronautas conseguissem voltar para casa sãos e salvos (o Papa, na época, chegou a rezar uma missa pública pelos tripulantes). O filme foi um sucesso tão grande que acabou gerando a série de TV da HBO Da Terra à Lua, produzida pelo cineasta e pelo ator e que também relata todas as missões feitas pela NASA, abordando até mesmo temas como as esposas dos astronautas.

Mesmo com fim da corrida espacial e dos planos de se colocar o homem além da Lua, os filmes continuaram a retratar missões humanas no espaço. O excelente Gattaca , de 1997, apesar de estar mais focado em engenharia genética, mostra um homem cujo sonho é participar de uma viagem espacial (onde os astronautas viajam de terno e gravata, diga-se de passagem). Já Cowboys do Espaço, de 2000, brinca com velhos ícones do cinema (Clint Eastwood, James Garner e Donald Sutherland) ao colocá-los como veteranos de antigas missões da NASA chamados para resolver um problema em um satélite soviético.

Em 2000, Marte foi também revisitada em dois filmes, quase 50 anos depois que Papai Noel havia realizado o feito (no terrível Papai Noel Conquista os Marcianos, de 1956, considerado um dos piores filmes já feitos até hoje). Planeta Vermelho, de Antony Hoffman, e Missão: Marte, de Brian de Palma, abordam o mesmo tema: astronautas indo para o planeta vermelho e se dando muito mal. Em 2007 o ganhador do Oscar por Quem Quer Ser Um Milionário, Danny Boyle, fez Alerta Solar, onde uma missão terráquea é enviada ao sol para tentar reviver a bola de fogo que está se extinguindo e que significaria o fim da Terra. E este ano ainda veremos Moon, com Sam Rockwell no papel do solitário empregado em uma base na Lua que sofre um acidente e passa a questionar sua missão.

De qualquer maneira, se seu sonho é ir para o espaço sideral não deixe de ver (e ler) O Guia Dos Mochileiros das Galáxias, de 2005, e saiba por que, além de não entrar em pânico, você nunca deve sair em suas peregrinações espaciais sem uma toalha.

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Confira uma lista de 15 grandes filmes de gângsteres

Publicado no Terra em julho de 2009
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Em Scarface, de 1932, havia uma mensagem dos produtores explicando que o filme era baseado em fatos reais e mostrava as gangues que assolavam os Estados Unidos naquela época e pedia providências ao governo. O objetivo era horrorizar a população, mas o resultado foi justamente o contrário. A plateia amou os personagens e até Al Capone tinha uma cópia do clássico em sua casa. Assim são os filmes de gângsteres: acabamos por ficar mais encantados por aqueles tipos à margem da lei do que enojados. E Hollywood não deixa por menos e nos brindou com grandes obras nesses mais de 100 anos de existência. Veja uma lista de 15 grandes filmes sobre o tema:

» Veja fotos dos filmes
» Há 110 anos nascia James Cagney, um dos maiores gângsteres do cinema

1.Scarface (1932): a ascensão de Tony Camonte (Paul Muni) no submundo do crime de Chicago e sua obsessão por sua irmã o levam a entrar em guerra com outros chefes de gangues e com a polícia. Reproduzindo fatos reais, como o massacre do dia de São Valentim, e baseado na vida de Capone, o filme causou furor nos Estados Unidos e acabou sendo refilmado em 1983, desta vez mostrando gângsteres cubanos com Al Pacino.

2.Floresta Petrificada (1936): Humphrey Bogart lidera um grupo de bandidos fazendo cidadãos de reféns em um restaurante de beira de estrada, enquanto o escritor Leslie Howard procura um meio de salvar Bettie Davis.

3.Fúria Sanguinária (1949): James Cagney é Arthur Cody Jarret, um sádico líder de uma gangue de assaltantes com uma total devoção à mãe. Preso, acaba tendo como companheiro de cela um policial disfarçado e foge ao saber que sua mãe foi assassinada. A última cena, na refinaria, tornou-se clássica.

4.Horas de Desespero (1955): um dos filmes mais tensos já produzidos, mostrando Bogart e dois comparsas como bandidos fugidos da cadeia que fazem uma família de refém e os obrigam a continuar suas rotinas diárias sempre mantendo um membro vigiado.

5.Bonnie & Clyde, Uma Rajada de Balas (1967): a cinebiografia romantizada do casal Clyde Barrow e Bonnie Parker que aterrorizou o meio-oeste americano nos anos 30 assaltando bancos até o derradeiro encontro com os representantes da lei.

6.O Poderoso Chefão (1972): o melhor filme de máfia feito até hoje e um clássico absoluto na história do cinema, mostrando a história da família Corleone, chefiada por Don Vito, sua relação com os filhos Freddo, Michael, Sonny, Connie e Tom Hagen e a guerra de gangues na NY do pós-guerra. Teve duas continuações brilhantes.

7.Caminhos Perigosos (1973): primeiro grande sucesso de Martin Scorcese, estrelado por Harvey Keitel e Robert De Niro com a história de um rapaz na dúvida entre tomar controle dos negócios do tio no bairro de Little Italy em Nova York ou ganhar poder através do crime e proteger seus amigos de infância.

8.Era uma vez na America (1984): parte da trilogia americana do sempre sensacional diretor Sergio Leone (iniciada com Era uma vez no Oeste) é uma obra-prima que aborda a vida de gângsteres judeus na Nova York dos anos 20 aos 60. No elenco, James Woods, De Niro e Joe Pesci.

9.Os Intocáveis (1987): Brian de Palma romanceia a história real de Elliot Ness e sua luta para colocar Al Capone atrás das grades. O filme tem várias imprecisões históricas (como a morte de Frank Nitti), mas se salva graças à magistral interpretação de Robert De Niro como o famoso gângster. Deu um Oscar a Sean Connery.

10.Os Bons Companheiros (1990): brilhante filme que tira o glamour dos mafiosos e os mostra como violentos, racistas e descontrolados. Baseado em fatos reais, conta a trajetória de Henry Hill (Ray Liotta) na gangue de Paulie Cícero (Paul Sorvino) até ser pego pelos federais e entregar seus chefes. Joe Pesci como o psicótico Tommy DeVito dá um show à parte.

11.Cães de Aluguel (1992): a grande estreia de Quentin Tarantino no cinema é um espetacular exercício de cinema abordando um bando de criminosos assaltando uma joalheria e se dando muito mal, mas com a história sendo contada de forma não-linear. Dois anos depois o submundo seria revisitado pelo diretor no clássico Pulp Fiction.

12.Donnie Brasco (1997): a história real do agente do FBI interpretado por Johnny Depp que se infiltrou na gangue de Benjamin Ruggiero (Al Pacino) e acaba desenvolvendo uma amizade forte com o mafioso ao mesmo tempo em que vê sua vida pessoal ruir com a missão.

13.Jogos, Trapaças e Dois Canos Fumegantes (1998): Guy Richie (o ex-marido de Madonna) em seu segundo filme, na história de quatro caras que, devendo uma fortuna para gângsteres londrinos, resolvem dar um golpe em cima de uma gangue de assaltantes. É um dos filmes mais violentamente engraçados já produzidos e que lançou as carreiras cinematográficas de Jason Statham (Adrenalina) e Vinnie Jones (o fanático de X-Men III).

14.A Máfia no Divã (1999): brilhante comédia que explora ao máximo a figura do mafioso e os maneirismos de Robert De Niro. Um criminoso com síndrome do pânico passa a fazer terapia e transforma a vida do psiquiatra (Billy Cristal) num verdadeiro inferno. Destaque para Joe Viterelli como o capanga Jelly e Chazz Palminteri como o chefe de uma gangue rival.

15.Cidade de Deus (2002): as gangues nos morros cariocas em um dos melhores filmes nacionais já feitos. Projetou o diretor Fernando Meirelles para o exterior e figura em 17º lugar na lista dos melhores 250 filmes do site especializado IMDB. Para quem nunca viu, conta a história de dois moleques da favela de Cidade de Deus, Buscapé e Dadinho, e os caminhos que a vida traçou a eles, o primeiro se tornando fotógrafo e o segundo traficante de drogas.

Há 110 anos nascia James Cagney, um dos maiores gângsteres do cinema

Publicado no Terra em julho de 2009
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Jimmy Cagney foi o baixinho mais enfezado do cinema americano e ao mesmo tempo um dos mais admirados atores hollywoodianos. Nascido em 17 de julho de 1899 em Nova York, Cagney, apesar de ter estreado nos palcos vestido de mulher, estreou inúmeros filmes de gângsteres, sempre fazendo o tipo cruel e violento. Além disso, era exímio dançarino e pintor.

Vindo do teatro, Cagney estreou nas telas através da Warner Bros. em Sinners' Holiday, de 1930, onde nas filmagens ganhou a fama de briguento, já que discutiu com o diretor e se recusou a dizer uma fala que considerava ridícula. Mesmo estreante, ele conseguiu que a fala fosse retirada do filme. O sucesso veio mesmo com Inimigo Público, de 1931. Apesar de ter sido contratado para fazer o papel de mocinho, Jimmy acabou sendo colocado como o gângster Edward Woods. O filme foi um sucesso tremendo e ficou marcado pela famosa cena do grapefruit, onde o personagem, no café da manhã, discutindo com a esposa, esfrega a fruta no rosto de Mae Clarke. No mesmo ano, fez As Mulheres Enganam Sempre ao lado de outro famoso "bandidão" do cinema, Edward G. Robinson. Nesse filme, ele estapeia uma mulher. Sua fama de malvado só crescia.

Em 1932 apareceu dançando e cantando nas telas com Peso de Ódio. Foi nesse filme aliás que começou a lenda de que uma de suas falas seria "Mmmmmm, you dirty rat" (huuum, seu rato sujo), mas Cagney nunca pronunciou essas palavras. Na verdade disse "Come out and take it, you dirty, yellow-bellied rat" (venha aqui e pegue, seu rato de barriga amarela).

Jimmy Cagney nunca esteve muito feliz com seu contrato com o estúdio Warner e começou a discutir e ir contra o sistema dos estúdios. Isso o levou a ficar suspenso por seis meses sem filmar, mas voltou com um novo contrato em Difícil de Lidar, de 1933, e no musical Belezas em Revista.

Em 1935, Cagney processou a Warner por quebra de contrato e trabalhou de forma independente para a Grand National Films. Para a surpresa de todos, ele acabou ganhando a ação na justiça contra o grande estúdio e foi recontratado por este em 1938 por ser sinônimo de boa bilheteria. Neste ano, estrelou um de seus melhores e mais fortes clássicos, Anjos da Cara Suja, ao lado de Pat O´Brien, seu amigo de longa data. No filme, faz um violento bandido que ao voltar para o bairro onde foi criado, descobre que seu velho companheiro de infância se tornou padre. Tornando-se um modelo para meninos de ruas, Cagney é preso e condenado à morte. É aí que seu amigo lhe pede para fazer uma cena de covardia frente à cadeira elétrica para não ser mais uma inspiração aos jovens e, quem sabe, afastá-los do crime. O final do filme é uma ambiguidade, pois não sabemos se o gângster fingiu medo ou atendeu a seu amigo, e Cagney nunca contou sua interpretação pessoal da cena. Acabou concorrendo pela primeira vez a um Oscar por sua atuação exemplar, perdendo para o amigo Spencer Tracy.

Abandonando o papel de homem agressivo, estreou Canção da Vitória, cinebiografia de George M. Cohan, um lendário artista de vaudeville. O ano era 1941 e o ufanismo do filme inspirou os americanos a ponto de ser considerado por muitos como o melhor filme da carreira do artista. Só a pré-estreia paga do filme, uma forma de levantar fundos para o esforço de guerra, levantou mais de 5 milhões de dólares. Esse papel deu-lhe um Oscar de melhor ator.

Em 1942, Cagney e seu irmão abriram sua própria produtora, fazendo filmes com distribuição pela United Artists. Mais focados no tema da guerra, os filmes fizeram relativo sucesso, mas não pagavam o investimento e lá se foi o baixinho de volta para o estúdio Warner, onde fez Fúria Sanguinária, em 1949. Nesse filme fez um de seus personagens mais cruéis e desequilibrados, Cody Jarret, um gângster com sérios problemas edipianos. A última cena, com Cody perseguido pela polícia gritando "Veja, mãe, estou no topo do mundo", entrou para ao anais do cinema.

Na década de 50, chamou mais uma vez a atenção como o gângster judeu-americano Martin Snyder em Ama-me ou Esquece-me, de 1955, ao lado de Doris Day. A atriz chegou a afirmar em entrevistas que Cagney era o ator mais profissional que ela já havia trabalhado, sendo sempre - real - nas cenas. Mais uma vez o ator foi indicado para o prêmio da academia. Logo em seguida veio Mister Roberts, onde atuou com Henry Fonda e Jack Lemmon em um papel menor e o filme foi um sucesso de bilheteria e crítica, rendendo três indicações ao Oscar.

Em 1961, estreou seu penúltimo filme, Cupido Não Tem Bandeira, mas odiou a história, seu parceiro de cena (o alemão Horst Buchholz) e, principalmente, o genial diretor Billy Wilder. Filmando na Alemanha, Cagney teve a chance de visitar o campo de concentração de Dachau. A experiência, aliada às tensões das filmagens, o levaram a decidir encerrar sua carreira.

Por 20 anos, Cagney ficou sem trabalhar, recusando papéis em My Fair Lady e em O Poderoso Chefão II. Diagnosticado com diabete, se retirou de cena, fazendo somente uma aparição para receber um prêmio do AFI (American Film Institute) em 1974. A cerimônia bateu recordes de celebridades e personalidades ansiosas por louvar o grande artista, a ponto de um jornalista ter afirmado que se uma bomba explodisse o local, seria o fim do cinema americano.

Em 1977, um pequeno derrame tirou boa parte de seus movimentos. Em depressão por não poder mais praticar as atividades que mais gostava, como cavalgar, dançar e pintar, acabou aceitando participar do filme No Tempo do Ragtime, de Milos Forman. Para quem ficou tão conhecido como um bandido nas telas, o convite de Forman era no mínimo inusitado. Cagney interpretou um comissário de polícia e, por não poder andar, foi filmado apenas da cintura para cima.

Em 30 de Março de 1986, James Cagney faleceu aos 86 anos vítima de um enfarte. Foi casado com a mesma mulher por toda a vida e deixou um legado criativo tão grande que sua elegia foi lida por ninguém menos que Ronald Reagan, então presidente dos Estados Unidos.

Há 50 anos, a música perdia Billie Holiday

Publicado no Terra em julho de 2009
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Billie Holiday é um marco na história da música. Sua voz triste e interpretações pungentes de grandes clássicos do blues e do jazz a transformaram num ícone e numa estrela de primeira grandeza. Mais do que simplesmente ter talento, ela parecia conseguir colocar toda a dor de sua difícil vida em cada música que cantava e isso a tornou especial.

Nascida em 07 de abril de 1915 em Baltimore, nos Estados Unidos, como Eleanora Fagan, era filha de um casal muito jovem (seu pai tinha 18 anos e sua mãe 14 quando ela nasceu). Abandonada pelo pai, Billie viveu diversas agruras na infância, como ter sido violentada por um vizinho aos 10 anos de idade e, por causa disso, ter sido mandada para um instituto correcional. Aos 14, ela e a mãe mudaram-se para Nova York, onde para conseguir dinheiro a garota caiu na prostituição.

Adotando o nome de Billie Holiday (Billie em homenagem à atriz Billie Dove, que admirava, e Holiday, que era o sobrenome do pai) e inspirada por discos de Bessie Smith e Louis Armstrong, começou a cantar em bares do bairro do Harlem a partir de 1930. Reza a lenda que em uma de suas primeiras aparições, cantando Travellin¿ Alone, fez a plateia de um boteco ir às lágrimas. Pulando de bar em bar por três anos, acabou sendo descoberta pelo caçador de talentos John Hammond que a colocou para cantar na famosíssima e consagrada orquestra de Benny Goodman. Foi nela que fez sua estreia nos estúdios gravando duas musicas: Your Mother's Son-In-Law e Riffin' the Scotch. A partir de 1935, Holiday passou a ter uma parceria bem-sucedida com o pianista Teddy Wilson e em pouco tempo já se apresentava como artista principal.

Quando Wilson assinou um contrato com a Brunswick Records, onde deveriam transformar músicas populares em grandes swings, os dois se viram com a oportunidade e liberdade de desenvolver seus próprios estilos e o método de Holiday de adaptar a melodia à emoção é considerado hoje revolucionário. Além disso, já nessa época ela escrevia suas próprias canções e clássicos, como Billie's Blues, Tell Me More (And Then Some) e Long Gone Blues, que entraram para o cancioneiro jazzístico americano.

Entre os músicos que a acompanhavam na época estava o saxofonista Lester Young, amigo de longa data, que a apelidou de Lady Day. Também nesse período, Holiday gravou algumas canções com as orquestras de Count Basie e Artie Shaw. Depois de passar pela Columbia Records e pela Comodore Records (onde gravou Strange Fruit, uma música contundente sobre linchamento de negros), Holiday acabou em 1944 na Decca Records. Lá emplacou um de seus maiores sucessos, Lover Man, uma balada escrita especialmente para ela, sobre uma mulher que nunca conheceu o amor. Entre os grandes clássicos da fase Decca está também Don´t Explain, de sua autoria, escrita depois que pegou seu marido, Jimmy Monroe, com marcas de batom na camisa.

Em 1947, Lady Day apareceu no filme New Orleans ao lado de Louis Armstrong num papel que odiou fazer: o de empregada doméstica. Em maio daquele ano, foi presa por porte de narcóticos e condenada à prisão, onde permaneceu até março de 1948, quando foi libertada por bom comportamento. Após sair da cadeia, fez um concerto no Carnegie Hall, infelizmente não gravado, onde deslumbrou a plateia com sua interpretação de Night and Day, de Cole Porter. O show foi um tremendo sucesso com toda bilheteria vendida.

Em janeiro de 1949, mais uma vez Holiday foi presa sob a acusação de posse de drogas. Ela contou anos depois que começou a usar entorpecentes no começo da década de 40, quando mesmo casada, se envolveu com o traficante e músico Joe Guy. Mesmo após se divorciar do marido e terminar seu relacionamento com Guy, Holiday continuou a levar uma vida repleta de drogas e álcool e a manter relações com homens abusivos. Obviamente, essa vida desregrada acabou por prejudicar sua saúde e consequentemente sua voz privilegiada.

Em março de 1952, casou-se com um membro da máfia, Louis McKay, que apesar de violento e agressivo, procurou curá-la de seu vício. Nessa época, Holiday passou a para o selo Verve Records, onde gravou mais de 100 músicas (entre elas My Man e Fine and Mellow), que acabaram por consistir no repertório mais conhecido da artista. Em 1954, fez uma turnê pela Europa e em 1956 se apresentou mais uma vez, por duas noites, no Carnegie Hall, desta vez com registro de todo o show. Também em 1956 foi lançada sua autobiografia, Lady Sings The Blues, escrita com William Dufty, que desejava que o mundo conhecesse a triste história da cantora através de sua própria versão, e não pela versão da imprensa.

Suas últimas gravações foram feitas em 1959 para a MGM Music, com a orquestra de Ray Ellis acompanhando. Em 31 de maio de 1959, foi levada às pressas para o Metropolitan Hospital de Nova York com graves problemas no fígado e no coração. Ao mesmo tempo, a polícia tinha um mandato de prisão contra ela por, mais uma vez, posse de drogas. Em 17 de julho de 1959, Billie Holiday, a Lady Day, faleceu em decorrência de uma cirrose. Seu vício e ritmo de vida frenéticos haviam consumido também seu patrimônio. Ela morreu com US$ 0,70 na conta bancária e US$ 750 no bolso.

Sua biografia virou filme em 1972 com Diana Ross no papel. Em 1987, recebeu um Grammy Póstumo pelo seu legado. Virou selo postal em 1994 e, por incrível que pareça, ficou em sexto lugar no ranking promovido pelo canal de TV VH1 nas 100 Mulheres Mais Importantes do Rock´n´Roll. Entre as muitas homenagens que recebeu, destaca-se ser a inspiração para a música Angel of Harlem, dos irlandeses do U2.

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Dia dos homens no Brasil merece um manifesto

Publicado em julho de 2009
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Não se sabe bem o porquê, mas hoje, 15 de julho, é Dia do Homem no Brasil, enquanto no resto do mundo a data é celebrada em 19 de novembro. Talvez a escolha da data em terras tupiniquins seja em homenagem a Samuel Rosa , vocalista do Skank, nascido neste dia, que costuma cantar as virtudes da mulher brasileira, da cerveja e do futebol, ou seja, um verdadeiro macho. De qualquer maneira, ninguém anunciou passeatas, trio elétrico, sessões especiais de filmes ou festivais de música para celebrar a efeméride.

Poderíamos até achar que a falta de comemorações acontece porque estamos muito confortáveis em nossa condição de machos da espécie, mas na realidade é mais sábio acreditar que ser homem atualmente está ficando cada vez mais difícil e a sociedade (entenda-se mulheres) não chegou a uma conclusão sobre o novo papel masculino. Se você é sensível de menos, é chamado de frio, se é sensível demais é tachado de delicado. Se se cuida de menos é um desleixado, se demais, metrossexual.

Nesse sentido, assim como acontece com os direitos humanos ou com as crianças, nós, homens, deveríamos ganhar uma declaração de direitos. O problema será contentar a todos os tipos de macho. Isso porque provavelmente os casados exigirão o direito sagrado de segurar o controle remoto da TV e decidir o que será assistido pelo casal ou família, mesmo que isso signifique surfar por toda a programação disponível por três ou quatro vezes seguidas. Os "juntados" pedirão a permissão para deixar a tampa do vaso levantada, sem reclamações ou cara feia. E os homens mais jovens (e alguns tiozões) certamente solicitarão que todo homem poderá amar seu carro mais do que qualquer criatura no mundo e despender horas em sua manutenção, seja estética ou mecânica.

Existem aqueles que querem o privilégio de poder tratar da pele em paz, fazer suas unhas em salão e usar cremes diversos que, aliás, possuem hoje o mesmo problema básico dos caras pitbull que adoram tipos musculosos como Van Damme, Stallone, Schwarzenegger e,principalmente,Chuck Norris: essas preferências não deveriam trazer dúvidas quanto à sua masculinidade. Enquanto os futebolísticos lutarão pela permissão sacramentada para peladas com amigos três vezes por semana, os realmente fanáticos pelo esporte bretão vão buscar nesse manifesto a canonização do videotape, não importando que jogo ou divisão do campeonato seja.

Os mais românticos e sensíveis devem batalhar pelo direito de dizer não a uma mulher sem conseqüências funestas e ter relacionamentos que não sejam baseados exclusivamente em sexo. Já os mais safados irão pela via contrária: querem relações totalmente sexuais e também a relativação do conceito de fidelidade. Isso sem contar que muitos vão querer que o personagem máximo da campanha seja o estilista que inventou a calça branca justa para mulheres e vão sair às ruas pelo direito de adquirirem revistas masculinas sem a obrigação de dizer que as entrevistas são ótimas.

Obviamente que o partido concorrente, o das mulheres, virá com sua contrapartida em deveres masculinos, uma longa lista que na verdade pode ser condensada em uma única norma: compreendê-las. Especialmente na época da TPM. O importante mesmo é deixar os estereótipos de lado e vivermos seguros de nossas personalidades únicas. Ser homem é uma coisa complexa, evolutiva e seguramente ainda não temos uma fórmula ou padrão definidos. Só que nesse dia 15 de julho, caro amigo macho, olhe-se no espelho, encha o peito e grite com orgulho: "sou homem e posso fazer xixi em pé em qualquer lugar!". Em tempos atuais, esta continua sendo a única grande verdade e vantagem que temos sobre o público feminino.

terça-feira, 14 de julho de 2009

Dez motivos para se louvar a França todos os dias

Publicado no Terra em julho de 2009
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Hoje é dia nacional da França, data em que se comemora a Queda da Bastilha e o início da Revolução Francesa. E só isso já mostra o quão diferente é o povo francês. Que outra nação no mundo celebra a ocasião em que o povo, revoltado com os desmandos da monarquia, derrubou o governo, mas promoveu um banho de sangue tão grande quanto o déspota fazia, promovendo decapitações pela guilhotina com platéia aplaudindo e tudo mais? E ainda restituiu a monarquia depois, quando viu que a proposta revolucionária não tinha dado certo? O francês é orgulhoso de seus feitos e conquistas.

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E não é para menos. São séculos de influência na cultura mundial e ainda podem esfregar na cara de todos que possuem a cidade mais charmosa e romântica do planeta: Paris. Acontece que não é só de história que vive a França e assim destaco dez verdadeiras contribuições que deram ao mundo:

1) Vinhos: apesar de em 2008 os enólogos franceses terem escolhido um Syrah português como o melhor tinto o mundo, o vinho francês não perde a majestade. Rótulos como o Château Rauzan-Ségla Margaux 2005, o Château Guiraud Sauternes 2005 ou ainda o Domaine du Vieux Télégraphe Châteauneuf-du-Pape La Crau 2005 estão na lista dos cinco melhores vinhos do planeta segundo a revista especializada Wine Spectator.

2) Gastronomia: a culinária francesa é conhecida no mundo todo como sinônimo de pratos refinados, mas existe outra grande contribuição deles nessa área: o restaurante. O conceito do restaurante moderno veio deste país quando, entre 1760 e 1770, surgiram os primeiros restorative bouillons (ou restaurants) no país com pratos variados e preços acessíveis. Com a queda da monarquia na Revolução Francesa, os chefs dos nobres acabaram por abrir seus próprios negócios e a moda pegou.

3) Alta-costura: Chanel, Dior, Lacroix, Givenchy, Yves Saint-Laurent, Guy Laroche, Pierre Cardin, Azzaro. Precisa explicar mais alguma coisa?

4) Dumas & Verne: a literatura francesa é recheada de grandes escritores e pensadores de primeiríssima qualidade como Exupéry, Sartre, Diderot, Rousseau, Duras e Simone de Beauvoir. Sem falar em dois nomes que encantaram jovens do mundo todo com aventuras fantásticas e heróis multifacetados: Alexandre Dumas, de obras como Os Três Mosqueteiros e O Conde Monte Cristo de Alexandre Dumas, e Julio Verne, que apresentou visões do futuro em 20.000 Léguas Submarinas, Da Terra à Lua e Viagem ao Centro da Terra.

5) Brigitte Bardot: ela era tão bela e perfeita que um de seus maridos, Roger Vadim, chegou a fazer um filme chamado E Deus Criou a Mulher só em sua homenagem. Bardot desfilava graça e sensualidade por onde passava e deixou os cariocas tão embasbacados que erigiram uma estátua a ela em Búzios.

6) Cancan: existem danças eróticas em todo o mundo, mas dificilmente conseguem transmitir a sensualidade moleca do cancan, uma mistura da polca e da quadrilha, com mulheres subindo suas saias e mostrando as meias e ligas em movimentos alegres e sapecas. E isso sem contar o Moulin Rouge, não é?

7) Asterix: símbolo da resistência francesa a invasores (coisa que os americanos adoram rebaixar), a obra genial de Goscinny e Uderzo é um dos melhores trabalhos em HQ que já surgiu, especialmente quando zomba não só dos hábitos franceses como também dos outros povos da Europa (e aqui entra o mérito da tradução brasileira com tiradas fantásticas como o espanhol chamado Filemiñon y Beicon).

8) Truffaut: o cinema francês nos brindou com Jean Renoir, Louis Malle, Godard, Alain Resnais e Claude Chabrol, mas foi François Truffaut, um dos fundadores da nouvelle vague, que conseguiu conquistar tanto público quanto crítica em obras como Jules e Jim, Os Incompreendidos, A Noite Americana e O Homem que Amava as Mulheres.

9) Impressionismo: um dos mais belos movimentos artísticos que o mundo já viu, surgiu em 1872, pregando que a figura ou pessoa retratada deveria ser mostrada na tonalidade em que adquire ao refletir a luz do sol em determinados momentos do dia (já que tudo muda de cor dependendo da incidência solar). Foi imortalizado pelos artistas Claude Monet, Edouard Manet, Edgar Degas e Auguste Renoir.

10) Carla Bruni: ok, ela é italiana, mas tinha que ser um francês com complexo de altura para conseguir ter a primeira-dama mais desejável do mundo?

Há 70 anos, Frank Sinatra gravava sua primeira canção

Publicado no Terra em julho de 2009
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"Do fundo do meu coração, eu te amo. O que mais posso dizer? Do fundo do meu coração, eu preciso de você, você faz parte do meu dia". Em 13 de julho de 1939, um rapaz de 24 anos, esquálido e feio, vindo de Nova Jersey, cantava essas palavras em um estúdio acompanhado da orquestra de Harry James. O maestro havia contratado o jovem por US$ 75 por semana para acompanhar sua banda e nunca poderia imaginar que ele seria o maior nome da música americana em pouco tempo. Seu nome era Francis Albert Sinatra.

Nascido em Hoboken em dezembro de 1915, filho único de imigrantes italianos, Sinatra nunca terminou o colegial devido a seu temperamento rebelde, muito influenciado pela mãe, figura não só influente na vizinhança, como também dona de um negócio ilegal de aborto. A depressão econômica obrigou o jovem Francis a trabalhar cedo e depois de empregos como entregador de jornais e rebitador de barcos, ele passou a cantar em público, primeiramente como parte de um grupo de quatro cantores, o Hoboken Four, e depois vencendo um concurso de rádio com mais de 40.000 votos. Até ser descoberto pelas big bands.

Essa primeira gravação de 1939, From The Bottom of My Heart, vendeu apenas 8.000 cópias (o que a torna peça de colecionador hoje em dia), mas o cantor e o maestro fizeram mais dez músicas juntos, até Sinatra receber uma proposta do então famoso bandleader Tommy Dorsey. Apesar de estar atrelado a um contrato com Harry James, este último viu que a oportunidade que aparecia seria única na vida do cantor e o liberou de suas obrigações contratuais.

Com Dorsey as relações foram bem mais complicadas e o músico mantinha um contrato com Sinatra garantindo metade de todos os lucros que o cantor conseguisse em toda a sua carreira. Segundo a lenda mais famosa, Sinatra só conseguiu o cancelamento do acordo quando chorou suas mágoas para alguns mafiosos influentes e estes fizeram uma proposta a Dorsey que ele não poderia recusar: ou revogava o contrato ou morria (e essa história foi usada anos depois em O Poderoso Chefão, de Mario Puzzo).

Depois disso, o "Velho Olhos Azuis" se tornou dono de seu próprio nariz, virou o maior cantor romântico do mundo, foi para as telas do cinema, chorou o desprezo de Ava Garner, flertou com os Kennedy e acabou virando uma lenda que persiste até hoje. Do seu início de carreira, Sinatra manteve uma amizade por toda a vida com Harry James. O maestro foi tão importante para ele que chegou a declarar em uma entrevista de 1983 que James foi aquele que tornou tudo possível. Os milhões de fãs no mundo inteiro também agradecem.

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Há 55 anos morria Frida Kahlo, uma das maiores artistas do século 20

Publicado no Terra em julho de 2009
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Frida Kahlo tinha tudo para ter uma vida inexpressiva e vazia. Quando criança não se interessava por artes, teve poliomielite com 6 anos de idade, que lhe prejudicou a perna esquerda e lhe deu o apelido de perna de pau, com 18 anos sofreu um acidente que lhe deixou acamada e com dores por toda a vida e mesmo assim se tornou uma das pessoas mais icônicas e importantes do século 20.

Ela nasceu em Coyacan, subúrbio da Cidade do México, em 6 de julho de 1907, filha de um imigrante húngaro e uma mexicana mestiça. Devido à poliomielite, inovou costumes usando calças e depois os vestidos exóticos que se tornaram sua marca registrada. Seu sonho era ser médica e estudou com afinco para isso na Escuela Nacional Preparatória, um dos melhores colégios do México. Era uma das 35 mulheres entre o total de 2.000 alunos. Foi lá que Kahlo travou os primeiros contatos com as ideias socialistas e fez parte de um grupo chamado "Cachuchas", que mais tarde teria uma importância cultural proeminente naquele país.

Em setembro de 1925, ao retornar da escola com um amigo, sofreu um terrível acidente quando o ônibus em que viajava colidiu com um trem, matando muitas pessoas. Devido aos ferimentos, Frida passou acamada por vários meses e para se distrair passou a pintar autorretratos que acabaram por dominar seu futuro repertório artístico. A revolução mexicana, que estava acontecendo na época, influenciou o trabalho da artista, já que punha a arte nativa indígena no mesmo patamar da importada da Europa (no caso, espanhola).

Em 1928, um pouco mais recuperada, Frida retomou contato com seus antigos colegas de Escuela e um deles, 21 anos mais velho, o pintor Diego Rivera, se encantou com seu trabalho e a encorajou a continuar pintando. Os dois acabaram se casando em 21 de agosto de 1929 e Kahlo se juntou ao partido comunista mexicano.

Rivera era especialista em pintar murais, muitos deles encomendados pelo governo e, quando o presidente cortou os fundos para esse tipo de trabalho e começou a perseguir inimigos políticos, entre eles os socialistas, o casal se mudou para os Estados Unidos, morando por quatro anos em São Francisco, Nova York e Detroit. Kahlo engravidou duas vezes, mas por decorrência do acidente de 1925, perdeu os bebês. A dor da impossibilidade de ser mãe foi refletida em alguns quadros, como Henry Ford Hospital e Meu Nascimento, ambos de 1932.

Com a queda da ditadura no México e o fim dos patrocinadores na América, Rivera e Frida voltaram ao país em 1934. O casal levava uma vida alternativa, Frida, por exemplo, colecionava amantes mulheres. Rivera até aceitava essa opção da esposa, mas não permitia que ela tivesse casos com outros homens. Acontece que o pintor também tinha suas amantes e, em 1935, Frida descobriu que ele mantinha relações com sua irmã, Cristina Kahlo. Por conta da traição, Frida abandona o marido e, mesmo reatando com o casamento no final daquele mesmo ano, as relações entre eles nunca mais foram as mesmas. Rivera continuou a dar suas escapadas e o mesmo fez Frida. Retornando ao cenário político, o casal peticionou ao presidente Lazaro Cárdenas que desse asilo ao líder soviético Leon Trotsky - que morou com Frida e Diego entre 1937 a 1939. Dizem que Trotsky e Frida tiveram um tórrido caso.

Foi através de Trotsky que Frida foi apresentada ao surrealista francês Andre Breton, que, encantado com o estilo da artista, facilitou sua primeira exposição fora do México, mais especificamente em Nova York. A exibição foi um sucesso tremendo e mais da metade das obras foram vendidas, o que aliviou Frida do encargo de depender do marido. Em 1939, ela foi convidada para ir a Paris e com a ajuda de Marcel Duchamp montou sua segunda exposição. Kahlo odiou a cidade e achou que os surrealistas eram esnobes e intelectuais demais. Além disso, às véperas da Segunda Guerra Mundial, a Europa não estava muito voltada às artes. Dessa época destacam-se Meus Avôs, Meus Pais e Eu e O Suicídio de Dorothy Hale.

Retornando ao México, Frida decidiu se separar de Diego e voltou para a casa dos pais, "A Casa Azul", como é conhecida até hoje. O desespero do divórcio inspirou-a a criar duas obras: As Duas Fridas e Autorretrato com Cabelo Cortado. A separação novamente não durou muito e os dois se casaram novamente em 1940. A Guerra na Europa levou a uma redescoberta americana pelo México e a popularidade de Frida aumentou consideravelmente, assim como a quantidade de exposições de suas obras.

Em 1942, além de ser eleito membro do Seminário de Cultura Mexicana, instituição criada para promover a cultura do país, Frida foi contratada pela Escola de Pintura e Escultura, onde passou a lecionar. Sua saúde, porém, começou a declinar, ainda refletindo o acidente de ônibus. As dores nas costas e no corpo a obrigam a ficar em casa e a usar um colete de aço. Esse sofrimento está em obras como Coluna Partida, de 1944, e o Cervo Ferido, de 1946.

Nos anos 50, mesmo passando por uma série de operações, sua saúde deteriorou-se, obrigando-a a ficar em uma cadeira de rodas e, por fim, confinada em uma cama. Entre seus últimos trabalhos estão Autorretrato com Retrato do Dr. Farill (Farill era o médico que a operou), e Autorretrato com Stalin. Em 13 de julho de 1954, depois de contarir pneumonia, Frida Kahlo faleceu na casa onde nasceu. Atendendo a um pedido seu, o corpo foi cremado e as cinzas ainda se encontram na "Casa Azul", hoje um museu em sua homenagem. Em 2002, a atriz e diretora mexicana Salma Hayek levou às telonas a biografia da pintora no premiado filme Frida.