segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Dez coisas que você talvez não saiba sobre “Psicose”

Publicado no site da Revista Alfa em setembro de 2010
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O American Film Institute o considerou o filme mais assustador de todos os tempos, o 14º melhor filme na história do cinema e a quarta melhor trilha sonora em um século desta arte e agora Psicose, o filme que fez muita gente ter medo de tomar banho, completou 50 anos em junho.

Baseado em um conto do escritor Robert Bloch e inspirado em um serial killer real, Ed Gein (que também deu subsídios para Leatherface de O Massacre da Serra Elétrica e o Buffalo Bill de O Silêncio dos Inocentes), o filme ainda consegue assustar quem o assiste pela primeira vez (acredite, eu testei isso com uma amiga).

Acontece que a obra-prima esconde detalhes interessantíssimos não só envolvendo sua filmagem, como também da reação do público como mostram as dez curiosidades abaixo.

1. Hitchcock quis fazer um filme que custasse menos de um milhão de dólares, já que as produções de terror baratas (e ruins) conseguiam boa bilheteria. O mestre quis provar que uma boa história ganharia mais. Gastou apenas US$ 807 mil e rendeu cerca de US$ 80 milhões no mundo todo (US$ 32 milhões só nos Estados Unidos). Isso em 1960.

2. A famosa cena do chuveiro levou sete dias para ser filmada e envolveu 70 posições de câmera para apenas 45 segundos nas telas. Em tempo, Anthony Perkins – ou o Norman Bates – não acompanhou a filmagem. Para os mais impressionáveis, saiba que o sangue foi feito de calda de chocolate e o som das facadas nada mais é que uma faca entrando em um melão.

3. Aliás, Hitchcock queria que a cena saísse totalmente muda, mas o compositor Bernard Herrmann criou a música com os sons estridentes e o velho diretor mudou de ideia. A melodia ficou tão emblemática como sinonimo de terror que aparece até em Procurando Nemo (quando a “doce” Darla, a criança que matava peixinhos, aparece no consultório do tio).

4. A casa de Norman Bates foi totalmente copiada do quadro “House by the Railroad” de Edward Hopper, pintado em 1925 e carrega um detalhe que Hitchcock explicou a Truffaut no famoso livro-entrevista: ela é um bloco vertical que contrasta com o Motel Bates, totalmente horizontal. Quer outra “viagem” do diretor? No começo do filme, Janet Leigh aparece de lingerie e bolsa brancas para representar sua pureza. Depois de roubar o dinheiro do chefe, elas passam a ser pretas.

5. No lobby das salas de exibição de Psicose havia um cartaz com a foto do diretor e a frase: “O gerente deste cinema foi instruído, sob risco de sua própria vida a não admitir ninguém na sala depois que o filme começa. Qualquer tentativa de entrar por portas laterais, saídas de emergência ou dutos de ventilação serão rechaçadas à força. O objetivo desta extraordinária medida é, logicamente, propiciar a você um aproveitamento maior de Psicose. Assinado Alfred Hitchcock”.

6. Na verdade, a norma acima (que foi respeitadíssima na época) tinha um objetivo calculado: o grande diretor conduz a platéia com uma série de informações irrelevantes e pistas falsas para chocá-la com a morte da única artista de primeira linha da produção, Janet Leigh. Isso sem contar a surpresa final.

7. É conhecido que Hitchcock adorava pregar peças nas pessoas, mas reza a lenda que ele escondeu a “mãe de Norman Bates” no camarim de Janet Leigh apenas para sentir a potência de seu grito de terror. Pelo que se sabe, ela gritou muito, mas o berro que aparecia no trailer do filme era de Vera Miles.

8. Acredite, foi o primeiro filme a mostrar uma privada funcionando. E mais, Hitchcock se orgulhava por ele não ter nenhum personagem “simpático”.

9. O diretor recebeu uma carta de um pai revoltado com a produção já que sua filha não entrava mais no banho depois de assisti-la. A resposta do mestre foi brilhante: “mande-a para uma lavagem a seco”.

10. O filme teve três continuações: uma que é bem passável em 1983 e outras duas péssimas em 1986 e 1990 (esta para a TV), todas com Tony Perkins reprisando o papel que o tornou famoso e roteirizadas por Robert Bloch. Em 1998 – ninguém sabe lá muito bem porque já que o resultado final é horrível e dispensável – o diretor Gus Van Sant resolveu refilmar a obra, quadro a quadro, com Vince Vaugh como Norman Bates. Já Mel Brooks refez a cena do chuveiro com perfeição milimétrica e resultado hilariante na deliciosa comédia Alta Ansiedade de 1977.

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