segunda-feira, 24 de maio de 2010

Como usar redes sociais para alavancar sua vida profissional

Publicado no Terra em maio de 2010
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Em 2005 o Orkut chegava ao Brasil e muitos abraçaram a rede social como uma forma de encontrar amigos, fazer parte de grupos e ter uma sala de estar virtual para longos e bons bate-papos. Deu no que deu e o país chegou rapidamente ao posto número um de usuários inscritos. Depois dele vieram o MySpace (sem muito sucesso aqui), o Facebook, o Digg, entre outros até a explosão do Twitter. Isso sem contra as redes profissionais como LinkedIn e Plaxo. O que começou como brincadeira para a molecada e jovens adultos, se transformou em uma arma de marketing e comunicação poderosa. Hoje não tem empresa séria nesse mundo que não está com sua página em alguns destes sites e trabalha arduamente em busca de relacionamento com clientes, colaboração no desenvolvimento de produtos, reforço na marca e também, obviamente, vendas.

Acontece que as redes não deveriam ser só diversão para o pobre mortal. Através dela você pode conhecer potenciais parceiros, fornecedores e clientes, se projetar como profissional e descobrir muitas possibilidades de crescimento pessoal e profissional. É assim que pensa Béia de Carvalho, criadora do 5 Years From Now, uma empresa dedicada a desenvolver seminários e workshops voltados à famosa pergunta: onde você quer estar daqui a cinco anos? Em entrevista para o Terra, Beia falou sobre como vê a internet hoje e como você pode usá-la para conseguir alavancar sua carreira e seus negócios.

Terra: O New York Times publicou uma matéria mostrando que os jovens americanos estão preocupados com a exposição de suas vidas na internet. É uma contra-reação?
Béia de Carvalho: Nos meus workshops, eu começo dizendo que pela primeira vez nas nossas vidas que estamos vivendo uma mudança de era. Porque, até então, nós só estudamos como foi drástico sair de uma era medieval para uma renascentista ou da era pré-industrial para a industrial. Só que nós estamos vivendo isso, mas queremos que tudo fique igual. Existem aqueles que abraçaram esse novo tempo, os que estão com um pé lá e outro cá, e as pessoas que acham que isso é só uma "modernice". E alguns conceitos como o que é trabalho, o que é escritório, que antes você sabia responder, mudaram. E em tudo isso, o que é pessoal e profissional também se alterou.

Então privacidade mudou?
Há muros que separavam pessoal do profissional que caíram e um deles é a privacidade. O que é meu privado e o que não é? Existem informações pessoais que você quer divulgar conscientemente de forma pré-calculada e premeditada. Por outro lado, existem ferramentas de compartilhamento poderosas e absolutamente democráticas e a exposição é tão celebrada, que uma pessoa pode não ter um discernimento dessa privacidade. Uma criança pode usar esses recursos, mas muitas vezes nós, adultos, acabamos agindo como elas. Mesmo porque estamos engatinhando nisso tudo.

Segundo outra pesquisa recente, tecnologia traz a felicidade porque dá sensação de liberdade e controle e se a gente for ver é um sentimento meio que infantil, algo como ¿agora eu posso¿.
Do mesmo jeito que existe o analfabeto funcional, aquele que conhece as letras do alfabeto, mas não consegue ler, tem a mesma figura nas questões de tecnologia, o analfabeto digital funcional, que sabe usar alguns recursos, mas não tem uma visão completa deles. Eu vejo nas redes sociais pessoas que estão com endereço de casa, todos os telefones que possui, e isso parece meio infantil da parte dela. É uma exposição desnecessária. Li a entrevista de uma cientista em uma revista que disse que a única coisa que a gente não sabe das consequências, porque o homem nunca fez isso, é abrir mão da sua privacidade.

E como usar as redes sociais conscientemente e profissionalmente?
Primeiramente você deve entender que assim como na publicidade normal, você pode colocar o mesmo anúncio na Playboy e na Exame, sabendo que o leitor vai vê-lo em momentos diferentes, ou seja, na primeira relaxado tomando uma cerveja e, na segunda, no escritório. As diversas redes têm suas características para os diversos tipos de mensagens que você quer passar. O LinkedIn é formado por pessoas que estão procurando oportunidades de emprego. O usuário do Facebook "está de férias", é mais anárquico. Tudo depende do seu propósito.

Pegando o LinkedIn, o que dá para se fazer lá que pouca gente sabe ou usa?
Ele tem o visual mais careta do mundo, mas você pode descobrir recursos bárbaros nele. Por exemplo, no seu perfil lá você pode colocar uma apresentação que fica logo abaixo do seu currículo, o que é ótimo para quem é fotógrafo, diretor de arte, arquiteto ou qualquer profissional que mexe com imagens, e que expor o seu trabalho. Pequenos empresários podem achar espelhos de suas empresas e ver como elas se expõem, que tipo de grupos elas são associadas. Você pode montar enquetes para sua base.

E como usar um Facebook ou Orkut com um propósito?
A coisa que todo mundo faz de apresentar amigos a outras pessoas de forma anárquica, pode ser feita com o objetivo de formar grupos com interesses em comum, até entendendo que a nova era é a era da colaboração. Seu propósito é formar parcerias, trazer clientes para seu negócio, arrumar um emprego, então você tem de entender o que é uma rede social, que é para colaboração, e jogar esse jogo, ou seja, colaborar. Para isso, dispa-se dos conceitos da era passada e não faça o jogo do esperto. E um ponto importante para entender é que envolve propósito, disciplina e resultados em longo prazo.

E existe a possibilidade de você travar conhecimento com gente do mundo todo.
O meu ponto é que isso todo mundo faz, mas quem faz negócios com essas pessoas? Você sabe o que essas pessoas fazem? A globalização, para muita gente, ainda é coisa de grandes empresas. Justamente porque você tem banda larga e porque as coisas podem ser feitas facilmente, você é o cara da vez. O engraçado é que em algumas tribos das classes mais baixas têm mais consciência disso que nas altas esferas. Veja os MC´s da periferia, que compõe e trocam idéias com gente do mundo todo.

Nós falamos que uma das maneiras não coerentes para estar na net é a exposição desnecessária. O que mais você apontaria como ¿erro grave¿?
Tem uma parte do workshop onde uma pessoa critica a presença na net da outra. E uma das coisas que mais aparece é a foto de apresentação da pessoa. Por que alguém se mostra de perfil? Ou ainda, para que mostrar você pequeno com a Torre Eiffel no fundo? Ou sério quando você é uma pessoa animada? Se você tem o propósito de investir na sua imagem pessoal nas redes, precisa colocar uma foto que mostre quem você é. A nova era não faz distinção entre real e virtual e se no mundo real você vai engraxar seu sapato para fazer uma boa figura, no virtual precisa prestar atenção na sua foto.

Muita gente alerta para o fato de que o pessoal que trabalha com RH entra nas redes sociais para ver em que grupos você está afiliado e tentar traçar o perfil verdadeiro do candidato. O que você pensa disso?
Eu acho isso meio leviano. Obviamente que se você entrar no perfil de alguém e um dos grupos é "nazistas, aqui vamos nós", você entende que o cara não quer ser contratado por ninguém ou quer um emprego de mercenário. Fora os extremos, se você vê grupos não sérios e tira a conclusão que a pessoa não é séria, então é leviano.

Um comentário:

Petite Poupée disse...

Putz, parei lá no onde você quer estar daqui a cinco anos?...