sexta-feira, 28 de agosto de 2009

10 coisas que você precisa saber sobre metabolismo

Publicado no Terra em agosto de 2009
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Todo mundo diz que o Brasil é formado por milhões de técnicos de futebol, já que aparentemente todo mundo tem a solução para seu time virar campeão. É preciso também acrescentar que somos uma terra de especialistas em dietas e perda de peso. Você sempre tem um amigo ou amiga que conhece a fórmula infalível para emagrecer. Mais ainda, existem as dietas da moda, sejam ela a da lua, a da sopa, a de Beverly Hills etc., que fazem a alegria das revistas femininas e das pessoas que querem resultados muto rápidos para conseguir o corpo que pediram a Deus, mas ficam extremamente frustradas quando descobrem que o tudo é fugaz.

Para jogar mais lenha na fogueira, a revista Time trouxe uma longa matéria em seu site afirmando que ginástica não faz perder peso, uma vez que muitas pessoas que se exercitam acabam exagerando na alimentação e o produto final é um número na balança superior ao que tinha antes de se exercitar. Com tudo isso em mente, consultamos o professor de educação física e consultor próbiótica de suplementos, Fernando Marques e a especialista em tecnologia de alimentos, Caroline Capitani para desvendar alguns mitos do metabolismo.

1 - Atividade física não vai me fazer perder peso
Emagrecer parte de uma fórmula matemática básica: gastar mais calorias do que se consome ou consumir menos do que gasta. "Ter uma atividade física vai ajudar a queimar mais calorias, mas o que geralmente acontece com as pessoas que começam a se exercitar é que passam a sentir fome e comem mais do que comiam antes. Se o cara dá uma corridinha durante o dia e come Leite Moça de colher à noite, então não vai fazer resultado", afirma Fernando. Caroline concorda: "Depende do tipo de atividade fisica, da rotina da pessoa, da rotina alimentar, metabolismo e hábitos em geral. Não podemos afirmar que uma pessoa que faz atividade física ou inicia alguma atividade vai ganhar peso."

O segredo aí é controlar o que come. É possível até se perder peso sem nenhuma atividade física, através de uma reeducação alimentar. Também, nessa conta, se alguém mantém seus hábitos alimentares inalterados e começa a praticar algum esporte, seguramente começará a ver uma redução em suas medidas.

2 - Dietas sem carboidratos fazem perder peso mais rapidamente
No início, sim afirma Caroline, pois sem o carboidrato o organismo precisa gerar energia a partir da gordura e da proteína. Depois de um certo período, essa mudança gera compostos tóxicos ¿ os corpos cetônicos - e novamente o organismo cria um mecanismo de adaptação e para de gastar mais energia do que deve. Entra-se em um platô, onde não se perde mais peso e se voltar a consumir carboidratos, engorda-se tudo de novo.

Ao se cortar o carboidrato das refeições, a pessoa está alterando seu tronco hormonal porque acaba produzindo menos insulina. Quanto menor a presença de insulina no sangue maior a queima de gordura. "O problema é que ao eliminar o carboidrato, o indivíduo acaba ficando mais lento no pensamento e de mau humor, porque justamente o cérebro se alimenta de glicose", afirma o professor de educação física, "e ainda o deixa com mau hálito". A questão aqui não é cortar um grupo alimentar e sim reduzir calorias. Um grama de carboidrato fornece 4 calorias, a mesma coisa que um grama de proteína. Já a mesma quantidade de gordura fornece 9 calorias e de álcool, 7. Ou seja, não é o carboidrato ou a protéina que engordam. É a quantidade de calorias ingeridas. Em tempo, 100g de carne vermelha tem o mesmo número de proteínas que 100g de frango, mas com mais gordura. Adivinha o que vai lhe engordar mais?

3 - Nenhuma dieta funciona
A palavra dieta vem do grego e significa modo de vida, dia após dia. Se uma pessoa está acostumada a uma rotina alimentar por todos os anos de sua vida e de repente é obrigada a alterá-la radicalmente, é muito provável que não consiga segui-la por muito tempo. O grande desafio dos nutricionistas e especialistas em redução de peso é justamente entender os hábitos das pessoas e recomendar o que deve ser mudado. Ou seja, dietas podem funcionar desde que sejam feitas única e exclusivamente para você.

4 - Comer antes de dormir vai transformar toda caloria em gordura
Ao dormir nosso metabolismo fica bastante reduzido, o que significa que o corpo pede menos calorias para queimar e manter a máquina funcionando. Para alguém que é sedentário, não é recomendável comer demais à noite ou seguramente estará acumulando energia extra em forma de gordura. Mas existem as exceções, baseadas nas janelas de oportunidade, período de 90 a 120 minutos após atividade física onde o organismo apresenta uma capacidade extra de absorver nutrientes. Ou seja, pessoas que costumam se exercitar à noite, podem comer razoavelmente neste período sem grandes consequências funestas. Aqueles que estão em processo dietético, gastando mais calorias que consumindo, podem também consumir carboidratos à noite que não vai ter grandes problemas.

Para aqueles que não praticam exercícios, é interessante ter em mente a conta do ítem 01. O período do dia em que estamos com mais atividade é na hora do almoço, portanto é perferível arriscar seu filé com fritas nesse momento do que na hora do jantar, já que mais calorias vão ser queimadas para suportar o resto do dia.

5 - Comer mais vezes ao dia vai acelerar o metabolismo
Aqui a questão não é acelerar o metabolismo e sim entender a termogênese alimentar. Fernando explica: "caloria é combustível para mantermos nossa máquina humana funcionando e os órgãos internos são os primeiros a utilizar esse recurso, seguido dos músculos. Assim, você gasta calorias na metabolização e na digestão dos alimentos. Comer mais vezes por dia é uma chave para manter seu trato gastro-intestinal funcionando mais vezes e assim gastar mais calorias do que se comesse somente nas três refeições". Além disso, quanto maior o número de refeições, em pequenas porções, mais adaptamos o organismo para um ritmo diferenciado, afirma Caroline Capitani.

6 - O metabolismo se desacelera com a idade
Como citamos no ítem anterior, a massa muscular consome boa parte das calorias e é por essa razão que fisiculturistas são uma fornalha de queimar calorias parados, devido à quantidade de músculos que tem. Logo, a redução do metabolismo está diretamente ligada à perda de massa muscular. Com a vida sedentária e confortável que temos hoje onde a maioria das pessoas passa seu dia sentado, usa elevador ao invés de escada e caminha muito pouco, essa perda de massa começa em torno dos 20 anos de idade e a demanda calórica diminui. "Precisamos nos cuidar através de exercicios e alimentação saudável para manter o metabolismo em alta", recomenda Caroline.

Já o professor Fernando alerta que você não precisa se tornar um fisiculturista para conseguir queimar calorias em repouso. "Pense nesses atletas como carros de Fórmula 1, que chegam a 300 km/h, mas não tem capota, ré, nem freio de mão. Você não precisa disso. Tem, porém, que encontrar uma maneira saudável de não perder sua massa muscular. Musculação e fisiculturismo são coisas totalmente diferentes e a primeira é uma ótima saída para manter seu corpo em ótimo estado, sem necessariamente ficar 'sarado'".

7 - Se eu não comer, emagreço
Óbvio que sim, mas já fique pronto para o efeito sanfona. "O corpo trabalha na base da lei da sobrevivência. Você começa a perder peso se parar de se alimentar, depois seu organismo se adapta para armazenar energia", diz Caroline. "Perder peso é diferente de perder gordura" afirma Fernando. Isso porque para a gordura ser metabolizada em forma de energia é preciso que dentro do nosso corpo exista uma substância chamada oxaloacetato, que é proveniente justamente do processamento interno do carboidrato. Assim, pequenas quantidades de carboidrato acabam provocando pouca quantidade de oxaloacetato e a gordura não é queimada. "O cérebro não achando glicose, vai buscá-la na proteína e com isso se perde massa muscular. Consequentemente a quantidade de calorias que o corpo pede em repouso reduz e assim por diante", complementa o professor.

8 - Suplementos alimentares e remédios aceleram o metabolismo
Suplementos alimentares são, como o próprio nome diz, complementos a refeições. Ou seja, você substitui um por outro. No caso do pessoal que pega pesado na musculação, acabam sendo uma mão na roda para reabastacer o corpo. Existe, porém um motivo grave para se utilizar suplementos por aqui. No Brasil, a agricultura trabalha com o péssimo método das queimadas, que destrói os nutrientes do solo e consequentemente muito pouco é passado para frutas e verduras. Nesse caso os suplementos acabam dando ao corpo as substãncias que necessita para um bom funcionamento e que muitas vezes não são fornecidos graças a baixa qualidade do alimento. Já no caso dos remédios para emagrecer, o grande problema são os efeitos colaterais já que afetam o humor, causam irritação e insônia e em muitos casos, ao parar de tomá-los, o apetite volta com força total. O melhor mesmo é aprender a fechar a boca e regular o que come.

9 - Beber muita água acelera o emagrecimento
"Na verdade a água pode disfarçar a fome por um momento. Como não tem energia porém, você não consegue sobreviver só com água", afirma Caroline. Tomar água tem duas funções para quem quer uma silhueta melhor: a primeira é substituir refrigerantes, sucos, bebidas alcóolicas etc nas refeições já que não possui nenhuma caloria. A segunda é manter seu metabolismo saudável. Uma moça de 50 kg necessita em média de dois litros de água por dia. Um cara de 100kg demanda o dobro. "O rim tem um trabalho a fazer que é excretar uréia, creatinina e ácido urico e ele vai fazer isso de qualquer maneira. Se tiver que trabalhar com poucos fluidos, ele vai poupar esses líquidos. Vai reter. A pessoa quando começa a tomar mais água, faz com que o rim passe a excretar mais e ela perde líquido retido. Isso se reflete em uma perda de peso, mas não de gordura", explica Fernando Marques.

10 - Existe fórmula mágica para emagrecer
Não. Existe bom senso e individualidade. Fernando Marques, em um de seus cursos afirma que quando se fala simplesmente em emagrecimento, o balanço calórico negativo (gastar mais calorias do que consumir) é a primeira variável a ser observada e o resto é confusão. Quando o assunto porém é perda de gordura corporal e aumento de massa muscular, atividade física e reações endócrinas causadas por tudo aquilo que se come devem ser observados. Não distante disso, Caroline Capitani dá a sua fórmula: "a receita infalivel é entender que cada um tem um metabolismo e um biotipo diferente. Devemos lidar com nosso corpo e cuidar com uma dieta equilibrada, com pouca gordura e bastante alimento integral, frutas e verduras. Comer várias vezes em pequenas quantidades e associar a um exercicio adequado!"

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Conheça os 10 mandamentos para não fazer feio na H

Publicado no Terra em agosto de 2009
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Um site americano brincou que tentar seduzir uma mulher é como ver um filme do M. Night Shyamalan (o diretor de O Sexto Sentido) porque por duas horas você acha que é uma coisa e no final é algo completamente diferente do que pensava. Assim, se você conseguiu passar por toda a trama e chegou finalmente na última parte, aquela que envolve - na maioria das vezes - um quarto e uma cama, não vai querer fazer feio e seu objetivo é sair da coisa como um legítimo deus do sexo.

O problema é que pequenos detalhes podem destruir sua performance memorável e assim fomos investigar junto às moçoilas quais são as coisas que destroem uma boa noite de luxúria, prazer e volúpia e, por incrível que pareça, existem elementos que apareceram em quase todas as respostas das entrevistadas. Sendo assim, decore a lista ou mantenha uma cópia em sua carteira. Uma hora você vai precisar.

1.Jamais usarás meia na cópula
Parece ser uma unanimidade que homem nenhum pode transar com os pés cobertos, especialmente com meias pretas e mesmo que se chame Hans, Fritz ou Jürgen. Nem se estiver nevando, vá para a cama com uma blusa de lã, mas mantenha os dedos do pé para fora. E já que estamos no quesito roupa, use cuecas limpas, em ordem, pretas ou brancas. Nossas "consultoras" fizeram questão de frizar que amarelo, roxo, vermelho ou vinho são , na cromoterapia sexual, sinônimo de "agora que estou aqui, eu vou, mas não me convide de novo".

2.Respeitarás as preliminares
A menos que você tenha entrado num esquema de rapidinha com a menina, onde a preliminar já aconteceu no amasso, toda mulher demanda em sua noite romântica um momento para aquecer os motores. O que você talvez não saiba é que existem algumas regras. Por exemplo, as mocinhas adoram um homem com barba por fazer para dar aquele ar de cafaja, mas se você praticar sexo oral nela, vai ser como pegar uma lixa d´água número 5 e passar no seu pênis. Outra coisa citada é que enfiar a língua na orelha feminina exige tato e parcimônia, ou seja, saiba se ela gosta primeiro ou você vai ouvir um sonoro "que nojo".

3.Não considerarás que peito é brinquedo
Peito não é bexiga. Se você soprar, ele não infla. Não é massinha de modelar. Se você apertar fortemente ele não fica em uma forma diferente. Não é mamadeira. Supere a fase oral de sua infância. E o bico não é dial de rádio. Não fique girando-os com o dedo, porque você só vai sintonizar a rádio Aonde eu fui amarrar minha égua.

4.Não acharás que seu brinquedo é realmente um brinquedo
Uma reclamação recorrente é o homem que se acha a última bolacha do pacote. Começa se admirando frente ao espelho e depois pratica barbaridades como ficar girando o sabre de luz, desfilar de cueca com o membro para fora e outras coisas extremamente constrangedoras. Uma diretora da Mattel em um documentário sobre a Barbie disse que para eles o Ken é acessório. Dói dizer isso, mas entre quatro paredes você também o é. A moça é que deve receber total atenção.

5.Não comandarás o sexo oral com as mãos
Aqui está mais uma campeã de desagrado para as moçoilas que nos abasteceram de farta sabedoria sexual: segurar a cabeça delas, empurrando-as em direção ao pênis é simplesmente um pesadelo sem fim. Elas sabem onde fica o dito-cujo e obviamente você pode dar dicas para melhorar a performance oral feminina, mas nesse caso uma ação não valerá mais que mil palavras. Em tempo, a Gillette americana fez, há alguns meses, a campanha Aparar o matagal, fará com que sua árvore pareça mais alta e causou polêmica nos EUA. De qualquer maneira, algumas moçoilas afirmaram que uma região bem aparada (não desértica) acaba sendo mais atraente para evitar engasgos, por assim dizer.

6.Não emitirás sons desagradáveis
Eu não tenho a menor ideia do tipo de viking que as moças respondentes estão saindo, mas mais da metade citou os famosos sons causados por gases intestinais. O que podemos recomendar então é nada de repolho, couve, aspargos ou feijão antes da brincadeira.

7.Não pronunciarás nomes erroneamente
Taí um fato que pode fazer com que sua noite se transforme em uma cena de Arraste-me para o Inferno: chamar a garota de outro nome. Se for de uma ex, então é justificativa para cometer seppuku (ou harakiri), o ritual suicida japonês, mas até personagens fictícios estão proibidos. Se seu sonho é transar com a Lara Croft, guarde para você ou fique imaginando que a mocinha é a personagem dos vídeo-games e não conte para ela.

8.Não ficarás quieto demais ou parecerás um urso no cio
Na maioria das vezes sexo é extremamente instintivo e fazemos sons que em sã consciência nos fariam rir embaraçados. E tem aquelas garotas que adoram ouvir uma sacanagem no meio do coito, mesmo que pareçam refugo de filme pornô. Portanto ficar totalmente silencioso, mantendo a respiração controlada é um tremendo banho de água gelada para a menina. Por outro lado, gritar, rugir ou urrar também causam péssima impressão, especialmente se for a primeira vez dos dois. A menos que você fique verde nessas horas, efeito causado por uma experiência científica mal-sucedida, evite. Gritinhos afeminados, comentários inadequados, usar diminutivos para as ferramentas e pedidos estranhos (a menos que você tenha muita intimidade) também devem ficar de fora.

9.Terás bom senso e regularás teu instinto
Tem homens que gostam do famoso fio-terra, já que a área do ânus é repleta de terminações nervosas. A maioria odeia. Do mesmo jeito que tem mulheres que apreciam o coito anal e muitas não podem nem pensar na ideia. A mesma coisa vale para tapas ardidos na bunda feminina. Tem aquelas que adoram e outras que pensam "o cara acha que eu sou um cavalo?". Assim, forçar algo sem saber se a parceira deseja é uma estratégia totalmente errada e vai, sim, queimar seu filme.

10.Não fornicarás, virarás e dormirás
Nós achávamos que isso era lenda urbana, mas a quantidade de meninas que citaram essa prática foi tão grande que dá para acreditar que é verdade. Dave Zinczenko, autor do livro Men, Love and Sex: The Complete User Guide for Women (homens, amor e sexo: o guia do usuário para mulheres), disse que homens dormem porque as mulheres não se transformam em pizza depois do sexo. Pode até parecer real, mas a bioquímica, no entanto, explica o fato dizendo que após o orgasmo uma coquetel de serotonina, oxitocina e outros "ina" são descarregados no cérebro e causa relaxamento e sonolência, mas mesmo assim, o melhor é não arriscar e ficar lépido e saltitante. Em tempo, correr para o banho ou se levantar e por a roupa também constam como imperdoáveis. E aí? Foi bom para você também?

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Estreia a terceira temporada de Mad Men nos Estados Unidos

Publicado no Terra em agosto de 2009
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Os deliciosos tempos do politicamente incorreto estão de volta. Pelo menos nas telas de TV americanas. Mad Men, "a melhor série que ninguém vê" como disse o ator John Hamm no Saturday Night Live estreou sua terceira temporada nos Estados Unidos no último domingo cercada de expectativa.

Criada por um dos roteiristas e produtores de Família Soprano e produzida pelo pequeno canal AMC, Mad Men mostra os bastidores de uma agência de propaganda no início dos anos 60 em Nova York quando os publicitários era chamados de loucos. O seriado impressionou a todos com a riqueza de detalhes, desde o vestuário dos personagens, aos maneirismos de uma época onde todos fumavam em qualquer lugar (escritório, aviões, banheiros, elevadores), bebiam a todo o momento e iam para a cama com suas secretárias sem que isso fosse considerado assédio sexual (as meninas esperavam isso como um trampolim para a carreira).

Focada principalmente no diretor de criação da agência Sterling-Cooper, o misterioso e discreto Don Draper (John Hamm), a série começou nos Estados Unidos em 2007 com uma audiência discreta de cerca de 900 mil espectadores em média. Depois de arrebatar seis prêmios Emmy, dois Globos de Ouro e ainda ser considerada o melhor seriado de TV de 2007 pela Associação de Escritores da América, viu seus índices subirem para 1,95 milhões de pessoas na segunda temporada. Na opinião geral, mais do que um retrato de uma época passada, Mad Men é uma grande crítica aos tempos atuais e se tornou uma referência cultural tão grande que até mesmo Os Simpsons parodiaram sua espetacular abertura (toda baseada em créditos iniciais de filmes de Hitchcock) no seu especial de Halloween do ano passado.

No primeiro capítulo desta terceira temporada vemos os primeiros dias da agência, após ter sida vendida para uma organização inglesa. O choque de administração entre os arrogantes britânicos e os descontraídos americanos é visível. Além disso, alguns segredos mais íntimos começam a despontar, especialmente com o diretor de arte Salvatore Romano.

A HBO Brasil, que transmitiu as duas primeiras temporadas por aqui, ainda não tem data definida para a estreia da terceira, mas tudo indica que deva acontecer ainda este ano. Para quem quer curtir um pouco mais da nostalgia dos anos 60, no site Mad Men Yourself é possível criar avatares e até mesmo papéis de parede para seu PC com roupas e cenários da época.

Descubra as vantagens e desvantagens da amizade entre homem e mulher

Publicado no Terra em agosto de 2009
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Desde que Billy Cristal disse que homens não conseguem ser amigos de mulheres sem haver algum tipo de interesse sexual, há 20 anos, no filme Harry & Sally - Feitos um para o outro que os psicólogos americanos e as revistas especializadas estão tentando desvendar essa lenda urbana.

E não é para menos. Dificilmente você assiste a um filme romântico ou a um seriado de TV onde há apenas a amizade entre os dois sexos, sem acabar em romance como, por exemplo, Chandler/Mônica e Ross/Rachel em Friends, Zac e Miri em Pagando bem que mal tem e até mesmo no clássico de Rob Reiner, já citado.

Se homens e mulheres são de planetas diferentes, então uma relação de amizade entre os dois apresenta variadas facetas, tão complexas como em um relacionamento amoroso. Conheça aqui algumas delas:

Existem os que acreditam e os que não
Segundo o site Psychology Today, a idéia de que homens e mulheres não podem ser amigos íntimos vem de tempos antigos, onde as moças ficavam em casa e os machos no trabalho e a única maneira que eles conseguiriam se relacionar era através de um romance.

Os tempos mudaram e um estudo feito na Universidade de Oxford mostrou que três em cada quatro homens entrevistados mantinham amizades platônicas com mulheres.

A empresária Martha Maria é uma dessas pessoas que acham que é quase impossível uma relação dessas sem segundas intenções: "Todos os casos de amizade próxima que conheço acabam em algum rala e rola ou seja, não é amizade real. Acho que é fácil dizer que se é amigo de um homem quando não se tem a proximidade é por email, msn ou quando se vê uma vez ao mês. Quando se tem contato frequente e ambos são solteiros ou não casados acho que a amizade acaba sendo superada pela atração sexual, carência, necessidade física".

Homens valorizam a amizade com as mulheres
A pesquisa de Oxford mostrou também que o principal motivador para os homens nesse tipo de relação é o fato de se sentirem mais confortáveis em desabafar seus problemas mais pessoais a mulheres do que a seus amigos.

Isso porque existe algo inerente no sexo masculino: a competitividade. E se sentir mais vulnerável frente a um potencial concorrente pode ser um grande perigo.

Outro estudo afirmou que o público masculino coloca a amizade com uma mulher em primeiro lugar em termos de vantagens, enquanto o público feminino posiciona a relação com suas amigas como mais importante.

De certa maneira, a prova a máxima que diz que mulheres não têm círculo de amizade e sim formam sindicato como comprova a paulistana Vivien Jarola: "Eu acredito numa amizade sem segundas, terceiras ou quartas intenções entre homens e mulheres, mas a relação que tenho com minhas amigas é sagrada".

É preciso definir os limites
O doutor Don Meara, da Universidade de Cincinnati, até movido por uma amizade feminina resolveu se aprofundar no assunto e trouxe alguns pontos interessantes. Um deles é que no geral o amor platônico existe. Não é difícil imaginar o porquê.

A afinidade que se forma entre os dois sexos está relacionada especialmente ao fato dos dois terem pontos em comum em gostos, pensamentos e ideologias. O primeiro desafio é definir que tipo de relacionamento terão, ou nas palavras de um apresentador de TV, é namoro ou amizade?

Por sermos parte da espécie humana tão cheia de desejos e comportamentos contraditórios, é óbvio dizer que sempre haverá tensão sexual. Um estudo publicado no Journal of Social and Personal Relationships abordando 150 profissionais mostrou que é ela que mais incomoda as mulheres no local de trabalho. Já os homens afirmaram que o desejo sexual é o maior motivador para iniciar uma amizade.

Só que tudo isso tende a desaparecer com o decorrer do tempo e mesmo se a coisa começou como uma paixão, pode acabar em um relacionamento onde sexo não dá as cartas.

Luciana Dalle, de 35 anos, acredita que nessas horas a mulher tem que impor os limites. "Tenho dois grandes amigos que eram meio descarados no início da amizade e com o tempo mostrei que do meu mato não sairia coelho nenhum. Preferi a amizade eterna que uns pegas e depois nada mais". Já Vivien justifica de outra maneira (que, aliás, é terrível para um macho de respeito escutar): "Eu tenho um grande amigo, que, apesar de não ser gay, não o encaro como um homem, se é que você me entende".

Quando sexo entra na história
Apesar de sexo não ser o nome do jogo, já que muitas vezes vemos que as qualidades que admiramos em uma pessoa amiga não necessariamente se traduz em o que queremos numa relação amorosa, em alguns casos ir para cama com um amigo ou amiga acaba fortalecendo a relação.

Em uma pesquisa feita na Penn University com 300 estudantes, 67% afirmaram que transaram com alguém que mantinham uma relação de amizade e destes 56% declararam que a coisa não se transformou em romance e que a amizade se manteve.

Obviamente que é um risco, especialmente se um dos lados tem uma paixão ou expectativa amorosa maior do que o outro. O paulitano de 44 anos, Marcelo Vaz, é um que afirmou que suas melhores amigas atuais começaram como casos eventuais e migraram para algo mais maduro e construtivo.

A amizade como consultoria
A Dra Kathy Werking da Eastern Kentucky University e autora do livro "We're Just Good Friends" (somos apenas bons amigos) acredita que a amizade homem e mulher é extremamente rica em termos de suporte emocional, mesmo porque é uma chance de entrar em contato com a forma de pensar do sexo oposto e com isso, se aprimorar em seus próprios relacionamentos amoroso.

É como ter um guia ao lado em uma expedição e quanto mais cada um puder rever suas idéias, opiniões e sentimentos, mais rico será para seu desenvolvimento pessoal. A advogada Karin Coltro descobriu no melhor amigo um suporte emocional forte quando se divorciou. Segundo ela, "somos confidentes e fico feliz por isso. Mais satisfeita ainda, fico em saber que ele é e sempre será meu melhor amigo, meu verdadeiro porto seguro".

O lado negro da força
Existe, porém, a contrapartida negativa da amizade homem-mulher: lidar com o parceiro alheio. Como ciúmes e sentimento de posse estão presentes na maioria dos casos, muitos relacionamentos não sexuais tendem a esfriar ou desaparecer quando do surgimento de um namoro ou casamento.

O site masculino americano Ask Men chegou a dar algumas dicas de como lidar com o melhor amigo entre elas arrumar uma namorada para o cara (se ele não tiver), estrategicamente conseguir que a namorada fale sobre ele (e assim descobrir qual o nível da relação) e até mesmo, em último caso, tentar de alguma maneira embaraçar o coitado, deixando-o bêbado ou algo assim.

Machismos à parte, em um mundo onde homens estão cada vez mais entrando em contato com sua porção feminina e as mulheres se colocando em lugares antes estritamente dominados pelo público masculino, ter uma relação de amizade com o sexo oposto acaba sendo quase estratégico. Como uma pessoa que sempre teve mais amigas que amigos, posso afirmar que as pessoas só tem a ganhar com isso. Mesmo se a tensão sexual estiver lá.

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Aprenda 10 sinais que podem indicar que você está sendo traído

Publicado no Terra em agosto de 2009
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Algumas pessoas consideram fidelidade como algo para cachorros. Outros a colocam como um dos pilares mais importantes do relacionamento e, quando ocorre, é o fim de tudo. Traições conjugais acontecem no mundo todo e cada povo tem sua maneira de lidar com a coisa, não só quando está pulando a cerca como também quando é a parte traída da relação. E muita gente tenta desvendar os indícios de que a infidelidade corre solta no seu namoro ou casamento.

A escritora americana Ruth Houston, por exemplo, conseguiu relacionar 829 indícios de infidelidade no livro Is He Cheating You? (Ele a está enganando?), partindo de uma estatística totalmente irreal de que 50% a 70% dos maridos americanos traem as suas esposas. Típico exemplo da neurose norte-americana em relação à traição, a autora usa expressões quase apocalípticas como "ignorância não é uma benção", "Seu futuro está em risco" ou "proteja seus filhos" para dar dicas a desesperadas donas de casa, receosas que seus casamentos possuam um terceiro elemento.

Exageros à parte, ao pesquisar o assunto entre casais e literatura especializada vimos que existem, sim, alguns sinais de que alguém não está se comportando como devia na relação e conseguimos relacionar os 10 mais comuns:

Nunca há ligações recebidas ou feitas no celular do parceiro/parceira: apagar rastros é necessário para quem trai, mas não manter as mesmas condições de pressão e temperatura de tempos normais vai criar mais desconfiança que aliviar a barra. Uma pessoa com o celular "limpo" o tempo todo ou é antissocial demais ou está aprontando alguma coisa.

Mudanças radicais de horário: se seu parceiro/parceira passa a fazer mais horas extras que convencional, as viagens e jantares de negócios aumentam e de repente ele ou ela começa a fazer cursos no meio da semana, isso significa que finalmente está crescendo um interesse no crescimento profissional. Se o curso não tem apostila ou material, o ramal nunca é atendido depois das 18h e nas viagens de negócios o celular não dava sinal, comece a desconfiar.

Horas acordado na frente do computador: traições virtuais também contam e salas de chats e mensageiros eletrônicos são ótimos locais para inocentes encontros. Fique alerta se toda noite é só você ir se deitar para seu parceiro/parceira correr para o computador.

Ele/Ela se distancia de sua família: isso faz parte do remorso do traidor já que quanto menos estiver envolvido no mundo do parceiro, menor culpa vai sentir. E não só a família do parceiro é abandonada. Os amigos também. Mesmo porque eles notam quando algo está errado.

"Papos-Cabeça" sobre códigos morais: esse é muito divertido. Se um dos dois começa a trazer assuntos polêmicos, como monogamia ser superestimada ou qual o sentido da expressão "eu te amo", é sinal de que está precisando de alguma atenuante para o caso de ser descoberto fazendo algo que não devia.

Reações inusitadas a bons tratos: quando o parceiro(a) começa a agir estranhamente (se fecha, fica triste, etc) quando você faz algo bacana, gentil ou romântico é hora de promover uma DR. O traído é supostamente a pessoa que está transformando a vida do outro num inferno (daí a traição) e ao fazer algo legal, provoca o famoso sentimento de culpa no traidor e o força a repensar suas atitudes.

Montanha-russa de brigas: quando alguém decide trair, quer automaticamente sustentar suas atitudes criminalizando o outro, e dá-lhe inventar motivos para uma discussão idiota para poder justificar a fuga da relação. O inverso porém, também pode acontecer. Assuntos que antes eram polêmicos ou cobranças que eram feitas, de repente deixam de ser, e aí coisa pode estar pegando.

Acusações sem sentido: geralmente quando um parceiro constantemente faz acusações sem provas de que o outro o está traindo, provavelmente está projetando as suas próprias atitudes. O ato de trair é mais facilmente suportado que seu "dia seguinte" e a possibilidade de se ver na mesma situação que seu parceiro assombra.

Longas saídas para coisas rápidas: essa é ótima para casados. Quando o parceiro ou parceira começa a ficar extremamente solícito para realizar pequenas coisas fora de casa como ir ao mercado, levar o cachorro para passear, comprar cigarros e demora muito mais tempo do que deveria, então aí tem. É o momento perfeito para usar o celular e bater longos papos com o "outro" ou "outra".

Mudanças radicais no visual: a pessoa começa a se preocupar em ficar mais elegante, jovial e sensual e ao mesmo tempo, tanto o sexo como o romantismo no casal está praticamente nulo. Acredite, não é para você que o parceiro(a) está se arrumando.

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Site americano escolhe as melhores cenas de nudez

Publicado no Terra em agosto de 2009
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Em outubro do ano passado o ator Pedro Cardoso lançou um manifesto contra a nudez no cinema e na televisão brasileira alegando que um artista não tem que se submeter às perversões sexuais de um diretor. Já em uma de suas últimas edições, uma revista especializada em cinema aqui do Brasil, defendeu justamente o contrário. Segundo ela, está faltando mulher pelada nas telonas nacionais aos moldes do que era na época da pornochanchada e dos clássicos como Mulher Objeto (1981) e Histórias que Nossas Babás Não Contavam (1979).

» Veja fotos das cenas

A nudez, porém, não é exclusividade do cinema nacional e, sabidamente, é um grande chamariz para bilheterias. Assim, o site americano Mr. Skin, especializado em mostrar as artistas americanas que tiram a roupa em filmes e televisão resolveu lançar o ranking das 100 melhores cenas de nu de todos os tempos para comemorar seus 10 anos de existência.

Para a escolha as artistas deveriam ser ou se tornado estrelas, só seria permitido um filme por atriz e uma cena por filme e ainda não valiam produções caseiras que hoje abundam a internet. Além disso, as colocações foram baseadas no que eles consideraram a qualidade na nudez, ou seja, o quanto é mostrado e por quanto tempo.

O ranking, divertidíssimo, traz o clássico Extase de 1932, que teve a primeira estrela totalmente nua da história do cinema, Hedy Lamarr, na 98º posição. A cantora Madonna aparece em 59º lugar por suas cenas tórridas em Corpo em Evidência de 1993, enquanto Demi Moore ocupa a 31ª posição obviamente com o filme Striptease (1996).

A primeiríssima colocação ficou com a então gatíssima Phoebe Cates na imortal cena do sonho erótico de Judge Reinhold em Picardias Estudantis de 1982. Cates, casada desde 1989 com o ator Kevin Kline, tinha 19 anos quando estrelou o filme e sua sequência tirando a parte de cima do biquini ao sair de uma piscina tornou-se memorável e inesquecível a qualquer homem que foi adolescente nos anos 80, sendo consagrada até mesmo pela revista Rolling Stone.

Confira abaixo, as 10 primeiras colocações do ranking do Mr. Skin e, em tempo, o site não traz nudez em suas páginas:

1.Phoebe Cates em Picardias Estudantis (1982)
2.Angelina Jolie em Gia-Fama & Destruição (1998)
3.Sharon Stone em Instinto Selvagem (1992)
4.Jessica Biel em Powder Blue (2009)
5.Marisa Tomei em Antes que o Diabo Saiba que você Está Morto (2007)
6.Kelly Preston em A Primeira Transa de Jonathan (1985)
7.Halle Berry em A Senha: Swordfish (2001)
8.Eva Green em Os Sonhadores (2003)
9.Alissa Mylano em Sedução do Mal (1995)
10.Anne Hathaway em Garotas Sem Rumo (2005)

sábado, 15 de agosto de 2009

Há 100 anos morria Euclides da Cunha, autor de 'Os Sertões'

Publicado no Terra em agosto de 2009
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Quando Euclides da Cunha foi mandado pelo jornal O Estado de São Paulo para os sertões baianos como correspondente na quarta incursão militar a Canudos, mal sabia ele que a experiência se transformaria em uma das mais importantes obras da literatura brasileira, Os Sertões. Para aquele jornalista, ex-militar e republicano ferrenho, a saga de Antônio Conselheiro e seus seguidores refletia a grande divisão que acompanharia o Brasil por mais de um século depois: a condição do povo litorâneo versus o povo interiorano.

Euclides Rodrigues Pimenta da Cunha nasceu em 20 de janeiro de 1860 em Cantagalo, no Rio de Janeiro. Órfão de mãe aos três anos de idade, viveu com tias em Teresópolis, São Fidélis (RJ), e em Salvador, na Bahia, até voltar para o Rio de Janeiro em 1879. Depois de passar por algumas das melhores escolas fluminenses, tentou a carreira de engenheiro na Escola Politécnica mas foi obrigado a desistir do curso devido a problemas financeiros. Acabou então se matriculando na Escola Militar da Praia Vermelha, onde frequentou o curso de Estado-maior e Engenharia Militar, ao lado de Cândido Rondon.

O Brasil naquela época fervia com o movimento republicano e Euclides, aluno de um dos símbolos do movimento, Benjamin Constant, abraçava fortemente o ideal. Isso o levou a um protesto inusitado em 1888, atirando sua espada aos pés do Ministro de Guerra quando de uma revista às tropas. Acabou sendo desligado do exército e passou a escrever manifestos ao jornal A Província de São Paulo. Com o fim da monarquia, foi reintegrado ao serviço militar graças à ajuda do major Sólon Ribeiro, seu futuro sogro e, em 1890, casou-se com Ana Emília Ribeiro.

Quando finalmente se formou na Escola Superior de Guerra, o presidente e marechal Floriano Peixoto lhe deu a liberdade de escolher a posição que quisesse no novo governo. Avesso a nepotismo, preferiu seguir estritamente o que previa a lei para os engenheiros recém-formados: praticar, durante um ano, na Estrada de Ferro Central do Brasil. Sempre com a saúde debilitada, Euclides foi forçado a se retirar por meses na fazenda de seu pai em Belém do Descalvado e só retornou ao Rio em 1893, onde ganhou a patente de primeiro-tenente.

Três anos depois, abandonou a carreira militar e foi para São Paulo. Lá surgiu a oportunidade de ouro de sua vida, cobrir a rebelião de Canudos. Como correspondente de guerra e adido ao Estado-Maior do ministro da Guerra, o escritor ficou chocado com o que viu. Distanciou-se da visão elitista do conflito (que achava que os insurgentes simplesmente queriam a volta da monarquia) e começou a entender as razões para aquelas pessoas se rebelarem. Entendeu também como funcionava o ciclo da seca que atinge o nordeste constantemente e transforma a vida de seus habitantes. O assunto se tornaria uma de suas lutas até o fim da vida.

Testemunhando o massacre que se seguiu, doente e quebrado, Euclides da Cunha retornou ao Rio de Janeiro quatro dias antes do fim dos conflitos, mas já trazia a ideia de escrever o que considerava um "livro vingador". Depois de um tempo na fazenda do pai, voltou ao ofício de engenheiro e em 1898, chefiando a construção de uma ponte em São José do Rio Pardo, escreveu sua maior obra nas horas vagas. Chegou a afirmar: "Escrevo-o, em quartos de hora, nos intervalos de minha engenharia fatigante e obscura".

Foi somente em 1902 que, depois de exaustivas revisões, a primeira edição de Os Sertões chegou ao público. Foi um sucesso tremendo para a época e se esgotou em pouco mais de dois meses. Graças a ela, acabou sendo eleito para a Academia Brasileira de Letras e como sócio correspondente do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro.

Em 1904 envolve-se ativamente nos conflitos entre Brasil, Bolívia e Peru no Alto Amazonas, criticando a presença militar e sugerindo uma solução pacífica para a criação do estado do Acre. Essa experiência inspirou as obras À Margem da História, o texto filosófico Judas-Ahsverus e o ensaio Peru x Bolívia. Também propôs uma "guerra dos 100 anos" contra a seca nordestina, sugerindo uma exploração científica e econômica da região com a construção de açudes e poços e ainda o desvio do Rio São Francisco.

Depois de trabalhar por um período para o Barão do Rio Branco em questões amazônicas, candidatou-se à cadeira de Lógica no Colégio Pedro II no Rio de Janeiro e ficou em segundo lugar no concurso público. O Barão e o escritor Coelho Neto acabaram interferindo no resultado, apelando para o então presidente da República, Nilo Peçanha e Euclides ficou com a posição.

Ana, Euclides e Dilermando

As constantes viagens de Euclides fizeram com que sua esposa, Ana, começasse um ardoroso romance com um jovem tenente, Dilermando de Assis. Ana teve dois filhos com o amante. Um faleceu ainda bebê (com trocas de acusações das partes, ela dizendo que Euclides a impedia de amamentar a cria e ele dizendo que Ana havia tomado abortivos) e o outro foi assumido pelo escritor, mesmo que o chamasse de "uma espiga de milho no meio do cafezal" já que era a única criança loira em meio a tantos filhos morenos. Foi justamente essa traição de Ana que desencadeou a morte de Euclides da Cunha.

Em um domingo chuvoso, a 15 de agosto de 1909, o escritor invadiu a casa do tenente com arma em punho disposto a matar ou morrer. Na troca de tiros, Euclides da Cunha foi morto. Dilermando acabou sendo absolvido pela justiça alegando legítima defesa e casou-se com Ana, os dois permaneceram juntos por mais 15 anos. Em 1916, Dilermando acabaria matando também o filho de Euclides, Quindinho, quando este tentou vingar a morte do pai e, mais uma vez, saiu livre da acusação de assassinato.

Euclides da Cunha foi velado na Academia Brasileira de Letras e seu corpo encontra-se hoje em um mausoléu em São José do Rio Pardo. A cidade promove todos os anos a semana Euclidiana, entre 9 e 15 de agosto, em homenagem ao escritor. Os Sertões já foi adaptado para o cinema (Guerra dos Canudos de Sérgio Rezende), televisão (Desejo de Wolf Maia) e teatro (na produção de José Celso Martinez Corrêa).

Filme 'O Mágico de Oz' completa 70 anos

Publicado no Terra em agosto de 2009
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Frank L. Baum tinha 44 anos quando acabou de escrever seu terceiro livro, A Cidade Esmeralda, em 9 de outubro de 1899. O livro, rebatizado de O Mágico de Oz, seria um grande sucesso anos mais tarde, salvando o autor de uma vida repleta de fracassos. Ele havia tentado e falhado na profissão de ator, empresário de atores, vendedor de petróleo, jornalista, produtor de filmes, criador de galinhas e dono de uma loja especializada em apetrechos para vitrine. Foi sua sogra, uma ativista feminista que inspiraria depois a personagem Glinda, a boa bruxa do norte, que o incentivou a partir para a ficção.

Quarenta anos depois de seu lançamento, a MGM estrearia um filme baseado na obra de Baum que arrebataria a audiência de cinemas de todo o mundo e se tornaria um clássico eterno (embora até hoje divida opiniões). Depois do sucesso de Branca de Neve e os Sete Anões da Disney, todos os estúdios estavam ansiosos em conseguir repetir o feito financeiro do pai do Mickey com um filme voltado para crianças, e Louis B. Mayer tinha um trunfo nas mãos, os direitos de filmagem do livro de Baum.

O roteiro começou a ser escrito e reescrito em 1938 com várias alterações em relação ao livro. Além de a obra escrita ser muito violenta para a época (a bruxa má, por exemplo, manda corvos para arrancarem os olhos dos visitantes e 40 pássaros são decapitados pelo Homem de Lata), os produtores optaram por fazer tudo como um sonho, ao invés de um lugar fantasioso que existiria de verdade. No final, nada mais, nada menos que 17 pessoas, entre elas o consagrado Herman J. Mankiewicz, participaram da adaptação da história para as telas.

Para o papel de Dorothy, reza a lenda que o estúdio queria Shirley Temple, a mais famosa atriz mirim da época, mas a pequena não foi bem nos testes. Judy Garland acabou levando a melhor com seu jeito de cantar mais jazzístico que operístico. Mesmo os outros papéis tiveram seus problemas. Ray Bolger havia sido escalado para ser o Homem de Lata, mas preferia o Espantalho, que havia sido colocado para o ator Buddy Ebsen. Concordando com a troca, os produtores se viram diante de uma grave situação. Nove dias após o início das filmagens, Ebsen foi hospitalizado graças a uma reação alérgica à maquiagem prateada, sendo substituído por Jack Hailey. Já a atriz Gale Sondergaard recusou o papel da bruxa má, já que foi alterado em relação ao livro de uma mulher glamorosa para o famoso visual "verruga e chapéu pontudo". Margaret Hamilton, fã incondicional da obra de Baum ficou com a personagem, numa interpretação fabulosa.

O filme começou a ser dirigido por Norman Taurog, sendo substituído por Richard Thorpe. Este, após o incidente com Ebsen, pulou fora do projeto sendo brevemente substituído por George Cukor e finalmente Victor Fleming assumiu a direção. King Vidor acabou dando uma ajuda ao amigo dirigindo as cenas passadas no Kansas e filmadas em preto e branco e depois convertidas para o tom sépia. As filmagens foram difíceis e caóticas. Os atores eram obrigados a chegar muito cedo ao estúdio para passar horas se maquiando e saiam tarde da noite. Isso, seis vezes por semana. Mesmo para fazer a sequência na terra dos Munchkins, a MGM teve de varrer o país em busca de uma centena de anões. Além disso, a atriz Margaret Hamilton se queimou na cena em que desaparece num flash e teve de ser hospitalizada. Outra questão polêmica foi a trilha sonora. Vários números musicais tiveram de ser reescritos e outros foram sumariamente cortados. Até mesmo a clássica canção Over The Rainbow quase acabou ficando de fora no corte final.

Ao custo total de 2,8 milhões de dólares o filme estreou no Teatro Chinês de Hollywood a 15 de agosto de 1939, rendendo apenas 3 milhões em bilheteria naquele ano e oferecendo pouco lucro. Após 10 anos, quando foi relançado, fez um sucesso maior que o da estreia, conseguindo 1,5 milhão de dólares de lucro. De lá para cá, se transformou em uma sensação. Apesar de ser transmitido anualmente na TV americana, as vendas em VHS e depois DVD são crescentes. O American Film Institute o considerou o sexto melhor filme de todos os tempos, enquanto Over The Raibow ganhou a primeira posição em canções de filmes. As frases "Toto, acho que não estamos mais no Kansas", "Não há lugar como o lar" e "Eu a pegarei, minha querida, e seu cachorrinho também" estão entre as 100 mais importantes do cinema.

A Disney tentou fazer uma continuação em 1985, baseado em outros dois livros da série, Ozma of Oz e The Marvelous Land of Oz com Fairuza Balk como Dorothy, mas fracassou imensamente tanto frente à crítica como com o público.

Algumas interpretações interessantes da obra de Baum


Desde que o livro foi lançado algumas pessoas encararam a história de Baum como uma sátira social, enxergando Dorothy como a típica representante do meio-oeste americano que se encontra com um símbolo agrícola (o Espantalho), a indústria (o Homem de Lata), a política (o Leão) e finalmente com a tecnologia (o Mágico de Oz). A estrada de tijolos dourados seria a busca pelo ouro e os sapatinhos de prata (substituídos pelos de rubi, já que o filme era colorido) seria a volta às raízes e à vida mais simples.

O mestre das HQs, Alan Moore, já ousou em colocar uma Dorothy adulta em "The Lost Girls" onde a experiência em Oz nada mais foi que uma desculpa da menina para a descoberta da sexualidade. Ao lado de Alice (do País das Maravilhas) e Wendy (de Peter Pan), todas crescidas, Dorothy se envolve em novas aventuras sexuais.

Talvez a mais divertida interpretação de O Mágico de Oz é sua suposta relação com o grupo Pink Floyd no álbum Dark Side of the Rainbow. A ideia é que se você colocar o LP Dark Side of The Moon para tocar exatamente quando o leão da Metro der seu terceiro rugido (tem de ser em VHS, já que o DVD corre 4% mais rápido) verá que a música do grupo inglês casa com as imagens. É interessante fazer a experiência e conferir, por exemplo, que quando o tornado pega a casa da menina ouvimos The Great Gig in The Sky. Ao chegar em Oz e avistar pela primeira vez a estrada de tijolos amarelos entra o som de moedas da música Money. A frase "the lunatic is on the grass" (o louco está no gramado) acompanha a primeira aparição do Espantalho. Aliás, quando este personagem canta IF I Only Had Brain no filme, no disco ouvimos Brain Damage. Ao Dorothy encostar sua cabeça no peito do Homem de Lata, ouvimos as famosas batidas de coração da música do Pink Floyd. Além disso, o lado um do LP tem a mesma extensão da seqüência inicial em preto e branco do filme. O próprio Dave Gilmour, um dos líderes do conjunto, nega veementemente essa história e Alan Parsons, o engenheiro de som do Abbey Road, que mixou o disco (e depois formaria sua própria banda), disse que era impossível projetar um filme no estúdio naquela época e que ao fazer a experiência em casa se decepcionou bastante. Só por curiosidade, as músicas do Pink Floyd também já foram casadas com o filme 2001, Uma Odisséia no Espaço e o comediante Matt Herzau afirmou que é possível relacionar o disco The Wall com o desenho da Pixar Wall-E, formando a obra Another Brick in the Wall-E.

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Alfred Hitchcock, o mestre do suspense, nasceu há 110 anos

Publicado no Terra em agosto de 2009
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Hitchcock levava a sério sua máxima de que um diretor sempre deveria fazer com que os espectadores sofressem o máximo possível. Mesmo na vida real, o criador de clássicos como Janela Indiscreta, Um Corpo que Cai e Os Pássaros, adorava assustar pessoas. Reza a lenda que quando entrava em um elevador, ficava no fundo e quando este estava lotado, começava a discorrer um diálogo com um amigo imaginário sobre como havia matado uma mulher e saído impune do crime. As pessoas dentro do local apertado se desesperavam e só ficavam aliviadas quando saíam e se davam conta que se tratava do roliço cineasta.

Ele nasceu em 13 de agosto de 1899, de uma família rigorosamente católica de Londres. Seu pai era tão duro com os filhos que Hitchcock contou muitos anos depois que era obrigado a ir a uma delegacia com um bilhete pedindo para encarcerá-lo por 10 minutos em uma cela como punição por uma atitude ruim. Sua mãe não ficava atrás neste tipo de educação e acabou inspirando-o na Sra. Bates de Psicose.

Desde que iniciou sua carreira no cinema aos 21 anos, Hitchcock criou muitas de suas marcas registradas. Por problemas de orçamento, aparecia como extra em uma cena ou outra e logo se tornou tradicional a figura do diretor em todos os filmes, até o final de sua carreira. Já famoso, ele disse que passou a colocar sua presença nos primeiros minutos do filme para não distrair a platéia. Uma curiosidade é que no filme Um Barco de Nove Destinos, para manter a tradição, Hitch aparece em um anúncio de jornal que um dos personagens levava em um bote salva-vidas, já que não haveria outro local para sua presença. Em 1929, ao filmar Blackmail, o cineasta fez o clímax do filme ser filmado no domo do Museu Britânico e essa marca, usar grandes marcos para cenas decisivas, passaram a ser constante como a ópera de O Homem que Sabia Demais ou o monte Rushmore de Intriga Internacional.

Não podemos esquecer também dos MacGuffins, termo que dava quando criava uma situação ou subtrama apenas para desviar a atenção dos espectadores; e dos homens inocentes colocados em situações desesperadoras, recorrente em maioria dos seus filmes, em especial em O Homem Errado. Em uma longa e esclarecedora entrevista ao cineasta francês François Truffaut, Hitchcock também explicou sua construção de personagens, em especial o vilão do filme. Acreditava que quanto mais bem desenvolvido e refinado, melhor o filme seria. É só ver Claude Rains em Interlúdio para ver como o diretor tinha razão.

Os filmes de Alfred Hitchcock inovaram porque mostravam que a maldade não aparecia somente através de atos de violência física, mas principalmente na forma de crueldade psicológica. Em A Tortura do Silêncio um padre se vê na pior das situações quando é o principal suspeito num caso de assassinato e o verdadeiro criminoso havia se revelado a ele, mas em forma de confissão. Em A Sombra de uma Dúvida, uma menina descobre que seu tio favorito é um assassino e se remói por isso. Em Disque M para Matar, um homem contrata uma pessoa para assassinar sua esposa, mas as coisas dão erradas quando ela mata seu agressor e ele tenta transformá-la em culpada. Era um universo inédito para a platéia até então acostumada somente com monstros terríveis desenvolvidos para dar sustos.

Um de suas obras mais envolventes e assustadoras é Psicose de 1960. Apesar do diretor, sempre sarcástico, ter declarado que o filme era uma comédia, foi sua chance de dirigir o espectador. Quando de seu lançamento, as salas de exibição receberam ordens de não deixar ninguém entrar depois de começada a sessão já que o começo da história tem praticamente nada a ver com a trama principal. Na verdade o filme começa mesmo com a famosa cena do chuveiro que entrou para a história da cinematografia mundial. Ou seja, por mais de 20 minutos, o espectador está assistindo um Macguffin. O impacto do clássico foi tão grande que muitas pessoas (Janet Leigh, a estrela do filme inclusive) passaram a ter medo de tomar banho. Quando abordado por uma mulher que disse que a filha não se banhava mais depois de ver o clássico, Hitch simplesmente disse: "passe a lavá-la a seco".

Feio, gordo e complexado, Alfred Hitchcock passou quase que toda vida adulta casado com Alma, sua principal colaboradora, de quem teve uma filha, Patrícia em 1928. Seu complexo era descontado na escolha de atrizes, geralmente belíssimas como Grace Kelly e Kim Novak e pela predileção por loiras. Em tempos de cinema mais pudico, ele conseguia colocar uma sensualidade e sexualidade sem igual em suas obras, através de figuras metafóricas, mensagens subliminares e diálogos bem escritos.

Apesar de ter declarado certa vez que atores são como gado, desenvolveu uma preferência por alguns deles como Cary Grant que estrelou quatro de seus filmes, Ingrid Bergman que apareceu em três e a alguns técnicos como o compositor Bernard Hermann que musicou nove filmes e o desenhista de produção Saul Bass que colaborou em três (inclusive na sequência memorável de Psicose).

Hitchcock também foi um dos primeiros cineastas a entender o potencial que a televisão oferecia. Entre 1955 e 1965, apresentou e produziu o programa Alfred Hitchcock Presents onde introduzia curtas de suspense, sempre com um ácido humor inglês e em cenários absurdos como sentado em uma cadeira elétrica. O programa introduziu também o famoso desenho de sua silhueta, feito por ele mesmo, que se tornou seu logotipo.

Apesar de várias vezes nomeado a um Oscar, ele nunca ganhou uma estatueta como diretor. Entretanto, cinco de seus filmes entraram na lista dos 100 melhores de todos os tempos e quatro na lista dos 10 melhores suspenses do American Film Institute. Em 1980, apesar de ter optado pela cidadania americana, foi consagrado cavaleiro da rainha, ganhando o título de Sir. Apenas quatro meses depois, em 29 de abril, faleceu em Los Angeles aos 81 anos de idade.

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Cochilar revigora energias e aumenta produtividade

Publicado no Terra em agosto de 2009
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Churchill defendia o cochilo no meio tarde. "É uma maneira de ter dois dias em um", afirmava. Bill Clinton, Lance Armstrong, Napoleão Bonaparte, Einstein e Leonardo da Vinci também sempre apoiaram o descanso vespertino. A Toyota no Japão instituiu a prática como obrigatória. Além de ter funcionários mais motivados, a direção diz que economiza dinheiro, já que as luzes da fábrica são apagadas no período.

Já foi-se o tempo em que dormir no serviço era sinônimo de gente preguiçosa e sem pique para trabalhar. Tradição em muitos países, especialmente os latinos e na Espanha, a siesta começa a vencer preconceitos e ser levada a sério pelos brasileiros. Isso porque tirar de 10 a 40 minutos para uma cochiladinha pós-almoço revigora o cérebro, desperta a atenção e prepara a pessoa para o "segundo round" no exaustivo dia de trabalho. E a boa notícia é que, excetuando os casos de insônia crônica, não afeta o sono noturno.

Em uma pesquisa feita pela NASA em pilotos, foi comprovado que aqueles que tiravam um momento de cerca de 20 minutos para cochilar em vôos de grande distância tinham um ganho de 34% na performance e 54% no estado de alerta comparado aos que não praticavam a siesta. Além disso, um estudo conduzido pela Harvard Medical School na Grécia com 23.000 adultos mostrou que os dorminhocos de meio da tarde tinham 30% a menos de chance de sofrer de doenças coronárias.

Uma das explicações para esses benefícios é que o relógio biológico humano pede um descanso naturalmente, por duas vezes ao dia, um às 2 horas da manhã e a outro às 2 horas da tarde.

Existem, porém algumas regras para que o cochilo seja realmente proveitoso. A principal delas é que não passe de 40 minutos. Isso porque o sono é dividido em cinco estágios e a partir do terceiro, que ocorre em cerca de 45 minutos, a atividade dos neurônios é bastante reduzida e acordar nesse ponto pode causar mais cansaço, sonolência e, obviamente aumentar o stress. Outro ponto importante é criar condições para o sono, cochilando deitado ao invés de sentado e procurar locais de reduzido barulho e claridade.

Rio de Janeiro ganha o primeiro espaço exclusivo para cochilo no Brasil
Há pouco tempo, uma idéia pegou Nova Iorque de surpresa: um SPA voltado ao power snap (cochilo poderoso). Com o delicioso slogan, "a cidade que nunca dorme precisa de um cochilo", o Yelo se tornou sensação nos Estados Unidos e inspirou a advogada Mahine Dorea a trazer essa experiência para Brasil.

Em meio ao caos do centro do Rio de Janeiro, com carros, barulho e calor, o Espaço Pausadamente é a primeira clínica no país dedicada exclusivamente ao cochilo rápido.

Fomos conferir de perto a novidade, em uma galeria ao lado da movimentadíssima Avenida Rio Branco e o resultado final é que realmente consegui cochilar em uma das três cabines disponíveis aos clientes. E não é para menos. Tudo lá induz ao sono.

O ambiente lembra mais um cenário do filme 2001, Uma Odisséia no Espaço, sem decoração ou nada que possa distrair a atenção. É imaculadamente branco. Cada cabine oferece uma trilha sonora que varia de música clássica a new age (à escolha do freguês) e luzes coloridas de acordo com conceitos de cromoterapia.

O local possui ainda cadeiras inspiradas em um projeto da NASA para gravidade zero que, reclinadas, projetam o corpo para trás elevando as pernas acima do nível do coração, reduzindo assim o peso na coluna e acelerando a sensação de relaxamento.

Por fim, o espaço também oferece massagens relaxantes como shiatsu e reflexologia, que podem (e devem) ser combinadas com o cochilo. Com apenas 5 semanas em atividade, o local já está sendo descoberto pelos cariocas. Uma executiva que acabara de ter seu sono dos justos me afirmou que embora seu escritório seja um pouco distante dali, vai se programar para voltar pelo menos duas vezes por semana.

Já em São Paulo, há seis anos o restaurante Bello Bello na zona oeste da capital adaptou seu porão e o transformou no Espaço Soneca, com quatro futons para os clientes poderem relaxar depois do almoço. Segundo a proprietária, Salete Ebone, a inspiração veio da criação dos avós italianos que não dispensavam dormir à tarde.

Mirando no bem-estar das pessoas, ela considera a empreitada um grande sucesso, mas afirma que a resistência ainda é grande, seja por vergonha de se dar alguns instantes de relaxamento como também pelo fato de que muita gente acaba reservando o horário de almoço para fazer muitas atividades, menos descansar.

O ideal mesmo é que a moda pegue, inclusive dentro de empresas. Em um ritmo desconcertante onde um profissional trabalha mais de 10 horas por dia, um cochilo no meio da tarde se torna não só uma necessidade física, como também uma estratégia para o sucesso profissional.

Serviço
Espaço Pausadamente
Rua Sete de Setembro, 88 - Sobrelojas 202/203/204
Centro - Rio de Janeiro-RJ
Tel. (21) 2232-8227

Restaurante Bello-Bello
Rua Teodoro Sampaio, 1.097
Pinheiros - São Paulo-SP
Tel. (11) 3088-2242

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Odiado e malicioso, o spam funciona, diz estudo

Publicado no Terra em agosto de 2009
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Diariamente eu recebo de 20 a 30 mensagens de spam em meu e-mail pessoal. São propagandas da TV online (umas três por dia), ofertas de fraldas entregues em minha residência (que continuam mandando apesar de eu já ter escrito que não tenho bebê), dezenas de imobiliárias e corretores de imóveis (que uma vez proibidos de fazer panfletagem nas ruas, começaram a mesma prática no e-mail) e, incrivelmente, convites para assinar uma revista na qual eu já sou assinante.


O e-mail marketing é uma forma barata de se conseguir angariar clientes e os bons marqueteiros sabem disso. Apesar dos esforços da Associação Brasileira de Marketing Direto (ABEMD) em regulamentar as ações, os profissionais da área, alguns movidos por pressões por resultado, outros por pura ganância, decidem ignorar o bom senso e despejar mais e mais lixo em sua caixa postal. E em muitos casos, não adianta clicar no opt-out, aquele link que serve para você demonstrar que não quer mais mensagens daquela empresa. Você pode ser regiamente ignorado ou receber respostas como "Favor enviar a mensagem recebida já que não encontramos seu e-mail em nossa base", como fez uma loja de perfumes online que tem o mesmo nome de uma grande rede americana.
Com tudo isso, a pergunta que resta é: spam funciona? E agora vem a pior resposta de todas: aparentemente sim. A Messaging Anti-Abuse Working Group ou Grupo de Trabalho anti-abuso por mensagens (MAAWG), organização que congrega grandes provedores e empresas como Yahoo, Facebook, Telefônica, HP, Sun Microsystems, entre outras, promoveu uma grande pesquisa para entender os hábitos das pessoas em relação ao e-mail e à segurança online. Metade dos 800 respondentes afirmou clicar nos links das mensagens que eles consideraram spam, movidos por motivos diversos que vão de curiosidade e o desejo de saber no que ia dar a um real interesse pela oferta. Acontece que muitas mensagens de spam carregam em si perigos grandes como vírus e softwares que permitem a invasão de seu microcomputador.
Além disso, 21% dos entrevistados não tomam nenhuma iniciativa para combater o envio de lixo, seja através de serviços antispam oferecidos pelos seus provedores, como utilização de ferramentas gratuitas (porém limitadas) como Spamihilator ou Comodo. Em relação à segurança os números assustam. Apesar de 82% dos consumidores estarem cientes dos "Cavalos de Tróia" (softwares que permitem que outra pessoa obtenha controle sobre a máquina de um terceiro) e dos malware, apenas 20% acredita que seu computador está sujeito a vírus e 25% não atualizam manualmente seu antivírus na esperança que este faça isso automaticamente.
Considerando que hoje de 85% a 90% do tráfego de e-mail é considerado abusivo e que o próprio usuário, aparentemente, não dá muita importância para a segurança de sua conta, a pesquisa aponta que muitos computadores estão infectados com programas que fazem com que o e-mail de um cidadão comum dispare mais e mais mensagens de spam. E assim, o ciclo se renova.
O melhor, nesse caso, para se prevenir, é ter um bom antivírus no computador, além de contratar um serviço antispam de qualidade. De qualquer maneira, fica a sugestão do site da empresa Trend Micro que oferece gratuitamente um serviço chamado House Call, onde remotamente escaneia seu computador e aponta se existe algum malefício e ainda consegue eliminá-lo de sua máquina. O processo, porém, pode durar algumas horas dependendo da conexão. Além disso, é recomendável não abrir mensagens suspeitas, mesmo que tenham vindo de amigos seus (eu já fiz isso uma vez e meu email disparou um spam para toda a minha lista).
Outra coisa que podemos torcer (e fazer pressão sobre o político que votamos) é que as autoridades regulamentem, assim como fizeram com o telemarketing, a utilização da internet como meio de propagação de ofertas de vendas. Assim, quem sabe, com multas altas, a loja de fraldas me deixe em paz.
Em tempo, o termo Spam veio de um quadro famoso do grupo inglês Monty Python, onde clientes em um restaurante estão tentando pedir algo para o café da manhã, mas todos os pratos possuem spiced ham (presunto apimentado ou resumidamente SPAM). Quando um dos protagonistas começa a falar spam repetidamente, o outro grita "Eu odeio spam" e assim a indústria de TI assumiu esse nome para as propagandas inadequadas via e-mail. Quem, aliás, não odeia o spam?

PERGUNTA A VOCÊS, AMIGOS INTERNAUTAS

No filme Harry e Sally existe uma discussão ferrenha sobre se um homem pode ser amigo de verdade de uma mulher sem sentir algo por ela. agora um site de psicologia americano lançou a questão.

Que tal vocês me escreverem (POR E-MAIL, daqui ou hotmail) com seus relatos? O que acham da amizade homem-mulher? Tem mais amigas que amigos ou é contrário? Dá para continuar amigo/amiga se algo sério rolar (uma transa, beijo, whatever)?

Preciso porém que se alguém me escrever, que coloque nome, idade, e cidade onde mora.

Até quinta, por favor.

Abraços

Claudio!

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Método do coito interrompido é reabilitado em estudo inédito

Publicado no Terra em agosto de 2009
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Por muitos anos os educadores sexuais e a população em geral consideraram o coito interrompido (quando em uma relação, o homem retira seu pênis antes do orgasmo)como um último recurso para evitar uma gravidez. Um estudo publicado no jornal New York Times e divulgado na revista especializada Contraception mostrou que ele pode ser tão eficaz quanto o uso de preservativos.

Conduzido pela Dra Rachel K. Jones, pesquisadora sênior do Instituto Guttmacher de Nova Iorque, especializado em assuntos referentes a reprodução humana, o estudo mostrou que o coito interrompido pode levar a gravidez em 18% das vezes, enquanto com a camisinha a taxa de erro é de 17% (existem outras formas mais eficientes já que o índice de erro da pílula é de 8%, anticoncepcionais injetáveis 3% e DIU, 16%. Dispositivos intra-uterinos tem a menor propensão a falhar, menos de 1%). A pesquisa mostrou que as pessoas devem entender que o coito interrompido pode ser muito eficiente quando utilizado de forma correta e consistente.

Mais do que advogar em detrimento do coito interrompido, a ideia dos pesquisadores foi mostrar que ele não deve ser desprezado, uma vez que as pessoas não o vêem hoje como um método. Segundo os autores, "existe um preconceito generalizado quanto a estudar ou legitimar essa forma de evitar a gravidez indesejada, devido à preferência de todos em se usar métodos modernos ou à crença de que o fluído pré-ejaculatório (que lubrifica a uretra para a passagem do esperma) contenha espermatozóides, apesar da falta de evidências concretas".

Além dos dados estatísticos, os pesquisadores conduziram também entrevistas para colher os hábitos sexuais das pessoas e verificou que a maioria utiliza o coito interrompido como forma de anticoncepcional. Um dos entrevistados chegou a dizer que "permite você fazer sexo, sem cheiros e sem química".

Obviamente que no quesito proteção contra doenças venéreas, o coito interrompido é totalmente falho. A camisinha ainda é muito eficaz nesse sentido, inclusive contra o vírus da AIDS. Além disso, as conclusões do estudo são mais voltadas a casais em relações estáveis do que a encontros sexuais eventuais. Segundo a Dra Martha Kempner do Sexuality Information and Education Council of the United States, "um rapaz até bem intencionado pode errar na hora H e só fazer (retirar o pênis, no caso) depois do momento que disse que faria". Ou ainda como bem resumiu uma estudante nos comentários do site teen CollegeCandy: "eu nunca confiaria que um cara qualquer vai conseguir tirar no momento certo em todas as vezes". Pelo visto, bom senso ainda é o melhor anticoncepcional.

Sinuca pode ser eficaz para a saúde, mesmo dentro do boteco

Publicado no Terra em agosto de 2009
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A sinuca, o abrasileiramento do snooker inglês (jogo que surgiu em 1875 na Grã-Bretanha), sempre esteve relacionada com homens bebendo cerveja em bares esfumaçados e jogando conversa fora enquanto tentam encaçapar a bola da vez. Agora o que você pensaria se alguém lhe afirmasse que ao praticar esse esporte você pode perder peso, melhorar a postura e ainda desenvolver um senso estratégico, já que cada jogada pode (e deve) ser calculada antes mesmo do você encostar a barriga na mesa? E mais ainda se disséssemos que é uma atividade ótima para mulheres, jovens e idosos, já que a forma física não é o que mais conta para praticá-lo?

Sílvia Taoli, paulistana de 42 anos, descobriu os encantos da sinuca graças a seu pai, fã incondicional do jogo. Abandonando uma carreira de engenheira química, ela se tornou campeã brasileira e tetracampeã paulista da modalidade e hoje não só arbitra para a Confederação Brasileira de Sinuca, como também leciona o esporte, especialmente para mulheres e empresários.

Segundo ela, em uma partida de sinuca pode-se queimar até 300 calorias por hora e a movimentação em volta da mesa equivale a uma caminhada de 1,5 km, segundo laudos médicos e até estudos executados pelo exército. Além disso, a prática condiciona a pessoa no alongamento dos músculos e também em postura, uma vez que o bom jogador aprende a praticamente encostar seu queixo no taco. "Existe também uma melhora comprovada de déficit de atenção, concentração e destreza", afirma a especialista.

Já no lado da curtição, muitos jovens estão hoje procurando aprender noções básicas de sinuca, uma vez que muitas "baladas" colocam uma mesa à disposição dos clientes e obviamente ninguém quer ficar de fora da brincadeira. O pessoal da terceira idade, por outro lado, encontra na sinuca uma atividade que une socialização com práticas salutares. Até mesmo grandes multinacionais estão buscando cursos como o ministrado por Sílvia para treinar seus profissionais em estratégia e manter o foco o jogo, já que a antecipação de um problema , assim como no xadrez, pode fazer com que a partida seja vencida.

E para aqueles que acham que jogar sinuca é coisa de macho, Sílvia prova o contrário. "No começo, quando eu entrava nos salões para jogar com meu técnico, os homens estranhavam e quando eu saía de perto, vinham perguntar aos proprietários quem eu era. Como tinha uma postura perfeita, os donos dos salões vinham dizer que eu era benvinda e que não precisava pagar o tempo da mesa. A partir daí, os homens passaram a conviver comigo numa boa e sempre me trataram como um deles".

Serviço
Mais informações sobre o curso de sinuca: www.aulasdesinuca.com.br

Onde jogar:
La Rocca Snooker: Alphaville - Tel. 11 4191-7144
Santo Taco: Guarulhos - Tel. 11 2087-1950
Ypiranga Futebol Clube: Porto Alegre - Tel. 51 3407-3864
Snooker Center: Porto Alegre - Tel. 51 3029-9708
Lapa 40: Rio de Janeiro - Tel. 21 3970-1329
Snooker Bar: Rio de Janeiro - Tel. 21 2238-1800
Whiskrytorio: São Paulo - Tel. 11 5032-1410
Tati Snooker: São Paulo - Tel. 11 3044-5325

Livro mostra como o mundo vê a infidelidade conjugal

Publicado no Terra em agosto de 2009
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Nos Estados Unidos é ter alguém por fora. Suecos e russos viram furtivamente à esquerda. Os israelenses chamam de comer de lado. Os japoneses, sair da estrada. Enquanto na Irlanda eles jogam à direita, na Holanda não só ficam estranhos, como também beliscam o gato no escuro. Aqui no Brasil, pulamos a cerca. Expressões bizarras e surreais para o um dos atos mais condenados abertamente e praticados secretamente no mundo: o de trair o seu cônjuge. Apesar do cristianismo, judaísmo e islamismo, as três maiores religiões do mundo, condenarem o adultério, homens e mulheres, sejam de que cultura ou localidade forem, traem ou conhecem alguém que o fazem ou foram traídos. E os motivos são muitos: de é uma tórrida relação sexual, à busca de um romance ou o preenchimento de alguma lacuna em sua vida conjugal.

A jornalista americana Pamela Druckerman resolveu investigar justamente o conceito de infidelidade em oito países do mundo e relatou suas descobertas no recém lançado livro "Na Ponta da Língua" da Editora Record. O mais interessante é que a inspiração para seu trabalho veio de sua experiência como correspondente do Wall Street Journal no Brasil e Argentina e ao fato de que uma aliança no dedo não impedia os casados latinos em propor encontros sexuais a ela. Criada nos padrões puritanos americanos, Pamela obviamente ficava enojada com nossa cara de pau, mas passou a questionar até mesmo os valores de seu país.

A proposta do trabalho não é científica. Na verdade, Pamela viajou para 24 cidades em 10 países e entrevistou dezenas de pessoas sobre a questão da traição e explica que a quantidade de declarações nem mesmo constitui uma base estatística confiável. O interessante mesmo é verificar, através da leitura, as diferenças entre os países. Em alguns lugares como na França, por exemplo, esbarrou com um preconceito em relação ao termo infidelidade, considerado ofensivo e preso a conceitos religiosos. O melhor naquele país é chamar de multirrelacionamentos simultâneos. Já no Japão a própria noção de culpa é desconhecida. Algumas conclusões são realmente curiosas, como você pode conferir abaixo:

Estados Unidos
Quem já assistiu à sensacional série Mad Men, passada em 1960, pode ver homens e mulheres em relações extraconjugais quase que o tempo todo. Ao entrevistar senhoras aposentadas vivendo hoje na Flórida, Pamela verificou que é os anos dourados da Era Kennedy foram assim mesmo, mas hoje o mais poderoso país do mundo vive uma revolução conservadora e trair é um dos mais graves pecados, porque envolve o ato de mentir. Atolados na culpa, especialmente graças à influência da filosofia protestante, o americano adúltero esconde seus casos até mesmo de seus amigos mais íntimos e milhares de "consultores conjugais" criam seminários, livros e grupos de apoio para evitar que alguém saia da linha.

França
Apesar da fama de liberal e da infidelidade parecer ser um esporte nacional, a jornalista viu que os franceses sim, ainda sustentam a monogamia fiel como o ideal para um relacionamento a dois. Existe, porém certa tranqüilidade em relação ao adultério sustentada pela política do "não pergunte, não fale". Um dos conceitos mais interessantes é que para os franceses o adultério só acontece quando o parceiro descobre, ou seja, quando os sentimentos da pessoa oficial são afetados.

Rússia
Durante o período comunista, onde o estado controlava tudo, sexo fora do casamento era uma maneira de burlar o sistema e discretamente "atacar" o governo. Hoje em dia, é quase que uma obrigação. Um dos motivos é a baixa expectativa dos homens, com uma média de 46 russos para cada 100 russas ao atingirem 65 anos, Com isso, muitas mulheres não se importam em se relacionar (ou até mesmo seduzir) homens casados e suas esposas preferem fechar os olhos em relação às puladas de cerca do marido e garantir o estrogonofe nosso de cada dia.

Japão
Primeira grande surpresa: no Japão é praticamente inexistente a oferta de camas de casal. Ainda trazendo tradições da época do xogunato, a mulher é anulada dentro do casamento e não há uma relação amorosa. Acontece que enquanto os homens vão para as casas de prostituição e cortesãs, as japonesas cultivam seus amantes, sem carregar qualquer tipo de culpa em relação ao ato. A nova geração está começando a lutar contra as milenares tradições a incorporar o amor romântico e fiel ao cotidiano japonês.

África do Sul
Ter uma amante na África é o mesmo que brincar de roleta russa com um revólver totalmente carregado. A incidência de AIDS no país é enorme e mesmo assim, homens e mulheres acreditam que devam ter vários parceiros porque nas ruas, um homem impotente é aquele que não consegue sustentar pelo menos três relações em uma noite. A prostituição é tão forte que algumas meninas abarcam a profissão apenas no último dia do mês para conseguir arrancar algum dinheiro do pessoal que está recebendo seu salário.

Indonésia
O país de cultura muçulmana se divide em aceitar ou não a poligamia. Para alguns, a liberdade de um homem em ter até quatro esposas vai evitar que ele se torne um adúltero. Para outros, como o homem pode namorar alguém mesmo estando casado, as leis religiosas vão justamente lhe dar a chance de ter diversas relações extraconjugais. De qualquer maneira, o adultério é proibido.

China
Assim como na Rússia, na época de Mao, puladas de cerca eram uma forma de protesto, mesmo porque amar era proibido. Hoje com a distensão, a moda da concubina ou segunda esposa, voltou de vento em popa, mas o governo central já estuda maneiras de coibir a prática, criminalizando o adultério, alegando que a corrupção governamental está ligada ao fato dos políticos e funcionários públicos precisarem de mais dinheiros para sustentar as amantes.

Uma vez que o Brasil ficou de fora, resolvemos perguntar à Pamela Druckerman sua experiência trabalhando no país. Morando hoje em Paris, a jornalista concedeu uma entrevista exclusiva ao Terra e mostrou sua visão dos relacionamentos brasileiros:

Você ficou impressionada com o assédio sexual latino e isso a motivou a buscar respostas sobre infidelidade, mas manteve o Brasil e a Argentina fora do livro. Alguma razão?
Os países latinos foram definitivamente a inspiração para meu livro. Foi aí que descobri que tinha mais interesse em pessoas do que em finanças (eu era uma jornalista financeira) e onde vi que eu era muito mais tipicamente americana do que pensava. O fato de homens casados me abordarem, o que antes eu considerava um insulto, me fascinou por ver que a mesma história - um homem trai a esposa e ela descobre - pode acontecer de maneiras diversas dependendo de onde você esteja. Eu adoraria fazer a pesquisa no Brasil e se o livro tiver uma seqüência, o país estará lá. Eu reconheço que o Brasil é um país complicado e diversificado. Apesar de seus problemas, existe algo muito positivo aí. A exuberância, a espontaneidade e a criatividade são um grande prazer do brasileiro.

Em sua experiência pessoal no Brasil, como sentiu que é a visão dos brasileiros em relação à infidelidade?
Fiquei impressionada que homens casados no Brasil se reúnem em um canto num churrasco para se gabar de outras mulheres em sua vida. Parece que isso aumenta seu prestígio entre os amigos. Eu tenho a impressão que as mulheres brasileiras são mais vigilantes e tentam evitar que seus maridos não tenham a chance de sair da linha. Nos EUA, ter um amante diminui seu status e ficamos entupidos de culpa, confusão e antidepressivos.

Você acha que o Brasil é esse paraíso sexual que os estrangeiros tem em mente?
Quando me mudei de Nova Iorque para São Paulo, descobri que a experiência de "encontros" era totalmente diferente nos dois lugares. Em NY, quando você dá seu telefone a um homem, ele vai esperar alguns dias antes de lhe telefonar para não parecer muito ansioso. Aí, vocês se verão uma vez por semana com a regra de que não há sexo até o 5º encontro. É bastante tentador. As coisas são mais diretas no Brasil. O homem brasileiro telefona no dia seguinte. Eles te convidam para almoçar no mesmo dia, e no dia seguinte, e assim por diante. Era tão intenso e estonteante que eu sentia como se fosse amor e que o rapaz iria me propor casamento em breve. Mas rapidamente como começou, acabava. Às vezes com um telefonema do tipo "desculpe e adeus". Isso quando não era só "adeus". Eu acabei aprendendo a não levar tudo isso tão a sério no final das contas.

Agora você está casada. Que lições sua pesquisa trouxe e que ajudam a você e seu marido na relação? Acredita que o certo é que no casamento não se fala mais nada que a verdade ou os franceses estão certos com seus segredos?
Meu marido adora dizer às pessoas que sua esposa é uma especialista em infidelidade, apesar de que se eu fosse realmente infiel, ele iria achar isso menos interessante. Eu me casei enquanto estava escrevendo o livro. Às vezes tudo que sei me deixa um pouco paranóica (tente passar seus dias lendo sobre infidelidade e não ser capaz de falar com seu marido quando ele está numa viagem de negócios). No geral, a pesquisa me fez menos "americana" e mais realista sobre tudo isso. Eu não mais espero que tenha de haver total transparência no casamento. Acredito que um pouco de mistério é sexy. E existem algumas coisas que eu realmente não quero saber.

Serviço
Na Ponta da Língua - As linguagens do adultério do Japão aos EUA
Autora: Pamela Drucker
Editora Record - 304 páginas
Em torno de R$ 35,00

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Sites masculinos americanos se unem no "Dia Sem Megan Fox"

Publicado no Terra em agosto de 2009
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Desde que apareceu em Transformers, a estonteante Megan Fox virou a bola da vez na mídia internacional e obviamente aproveita de sua repentina fama para aparecer cada vez mais. Semanalmente, factóides sobre a jovem atriz aparecem em sites e jornais, com coisas como uma suposta bissexualidade (ela disse à revista Esquire que não tem dúvidas que poderia sair com garotas, especialmente com Olivia Wilde), fotos sexy em capas de revistas, suas oito tatuagens, o desprezo em relação a um menino que queria lhe entregar flores e até mesmo o fato de ter o dedão da mão deformado. E nisso tudo, seus filmes acabam sendo relegados para segundo plano.

Na semana passada, os sites masculinos americanos Asylum (e suas filiais inglesa, australiana, francesa e alemã), AskMen, Boobie Blog, Whip It Out Comedy, Banned in Hollywood, Double Viking, On205th, I Heart Chaos, Yep Yep, Just a Guy Thing e The Bachelor Guy se uniram para instituir o dia 4 de agosto como "Dia Sem Megan Fox", ou seja, nesta terça-feira (4) nenhum deles trará qualquer notícia sobre a superexposta megastar.

Obviamente, tudo não passa de uma grande e deliciosa brincadeira, mas com extensões interessantes, já que os organizadores estão pesquisando entre os internautas outras personalidades que devam sofrer o boicote, além, é lógico, de explorar o assunto no Twitter, aberto para comentários dos seguidores.