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Em 1939, quando o desenhista Bob Kane chamou seu colega escritor Bill Finger para dar uma espiada no personagem que estava desenvolvendo para a DC Comics, não tinham a menor idéia de que estariam criando um dos maiores ícones das histórias em quadrinhos, que iria reger soberano por 70 anos.
Depois do sucesso inesperado de Superman no ano anterior, os editores da DC queriam mais e mais personagens para a lucrativa nova mídia chamada HQ, e contratou uma série de artistas para desenvolver novas idéias. Kane, fanático por vampiros, veio com a idéia do Homem-Morcego e Bill Finger, por anos sem crédito na criação, deu uma afinada no conceito, dando um ar mais real à figura. Estava criado o Batman e seu alter-ego Bruce Wayne. Na verdade o personagem é uma junção de várias referencias culturais daquela época. Tem pitadas de Zorro, algumas características do Sombra e já havia um personagem das pulp magazines chamado The Bat, que também era detetive. Isso não importa, o Homem-Morcego sobreviveu ao tempo e os outros nem tanto.
A primeira revista com Batman, a Detective Comics, foi para a venda ao público em 01 de maio de 1939. No começo, Batman portava uma arma e não hesitava em usá-la. Era sombrio e agressivo. Sua origem, com a morte dos pais de Bruce Wayne, só apareceu em novembro daquele ano e entendemos as motivações do personagem. Seu combate ao crime é uma maneira de vingar os progenitores já que "ele vê no rosto de cada bandido, o assassino de seus pais". Um dos grandes sucessos do personagem se deu graças à sua criativa galeria de vilões. Rivalizando somente com os bandidos de Dick Tracy, a marginalia de Gothan City representa uma caricatura exagerada dos próprios defeitos humanos e assim tipos como o Coringa, Duas Caras, Charada e Mulher-Gato faziam tanto sucesso quanto o herói.
Nos quadrinhos, Batman ganhou um parceiro nos anos 40 (seguido depois de um mordomo, uma Batgirl, um cachorro e assim por diante), enfrentou alienígenas e monstros do espaço nos anos 50, foi acusado de homossexual pelo Dr. Frederic Werthan no livro A Sedução dos Inocentes, foi um sucesso fenomenal de vendas nos anos 60, foi reformulado nos anos 80, teve a espinha fraturada nos anos 90 e ainda viu um terremoto dizimar Gothan City e transformá-la em "Terra de Ninguém". Atualmente nos Estados Unidos, as aventuras do universo do morcego estão focadas quem vai assumir o manto do herói, morto na série Batman RIP, mas como sabemos que nada é eterno nos quadrinhos, Wayne vai voltar ao seu posto em breve.
No cinema e na TV, as aventuras do Homem-Morcego começaram em 1943 com o uma cine-série em 15 episódios estrelada por Lewis Wilson como Batman, no qual ele enfrentava um perigoso espião japonês, o Dr. Daka. Em 1949, uma nova série de 15 episódios onde Bob Kane figurava como um dos roteiristas, colocava Robert Lowery vestindo o traje de morcego. Em 1966, o mundo conheceu a versão brega do herói com a famosa série de TV com Adam West e Burt Ward como a dupla dinâmica. Apesar de beirar o surreal com diálogos e situações ridículas, o seriado foi um sucesso estrondoso e recuperou a carreira de uma série de atores no ostracismo, que brigavam para fazer o papel de vilão, como Vincent Price (o Cabeça de Ovo), Roddy MacDowall (o Traça), Van Johnson (o Bardo), entre outros.
Levou mais de 20 anos para Batman voltar à ativa no cinema, com o filme de Tim Burton de 1989, onde o maior destaque mesmo era o Coringa de Jack Nicholson. O louco diretor assinaria mais uma produção que depois caiu na praga das continuações mais feitas e diversos artistas interpretaram o personagem-título como Val Kilmer e George Clooney. Este último, numa das piores adaptações já feitas do homem-morcego com armaduras com mamilos e bat-cartões de crédito, assinada por Joel Schumacher. Recentemente tivemos a visão mais realista de Christopher Nolan com Batman Begins e O Cavaleiro das Trevas, onde mais uma vez, o Corinha roubou o show.
Além disso, desde os anos 60, Batman é presença constante em animações para a TV como Superamigos, Batman - The Animated Series (esta, melhor que muitos filmes), Batman Beyond (enfocando um homem-morcego no futuro), Liga da Justiça, The Batman e recentemente The Brave and The Bold (que tem uma arte mais parecida com as dos gibis dos anos 60).
Dos subterrâneos de sua batcaverna, o morcegão deve estar sorrindo e apagando as velinhas do bolo feito por Alfred. Ele sabe que, mais do que nenhum outro personagem, reflete a agressividade, violência e dualidade do século 21. E essa divisão entre lei e justiça, certo e errado e busca por um mundo mais correto, continuará, por mais 70 anos, atraindo mais e mais fãs.
Sete quadrinhos obrigatórios de Batman
Batman, O Cavaleiro das Trevas: a obra de Frank Miller mostrando um Bruce Wayne envelhecido em um futuro caótico é um marco na história dos quadrinhos. Tem o Gordon se aposentando, tem Superman como agente do governo e apresenta ainda uma Robin menina. Teve uma péssima continuação depois.
Batman Ano Um: a vida de Bruce Wayne depois que seus pais foram mortos por Joe Chill e seu primeiro ano como Batman, inspirou o filme Batman Begins e impressiona pela arte de David Mazzuchelli e o roteiro de Frank Miller.
A Piada Mortal: a relação Batman-Coringa vista de uma maneira onde os dois são lados diferentes da mesma moeda no premiado roteiro de Alan Moore e arte de Brian Bolland. Além disso, mostra um possível passado para o vilão mas não sabemos se é verdade ou não, já que são reminiscências do próprio Coringa e o cara é insano. Foi relançada recentemente com nova colorização.
O Longo Dia das Bruxas: um dos quadrinhos que serviu de base para o último filme é uma das melhores aventuras do Homem-morcego enfrentando uma família mafiosa e um assassino serial que só mata em feriados. Teve uma seqüência tão boa quanto, chamada Vitória Sombria.
Batman Preto e Branco: o desafio para roteiristas e desenhistas era fazer uma história do Batman em apenas 8 páginas e em preto e branco. O resultado é surpreendente, com as diversas facetas do herói sendo exploradas. Tem até uma em que ele sabe que é um personagem de quadrinhos.
Batman por Neal Adams: a dupla formada pelo desenhista Neal Adams e pelo roteirista Dennis O`Neill deu uma revitalizada em Batman a partir de 1968, com narrativas bem estruturadas e roteiros trabalhados. Foi nessa época que o Homem-Morcego passou a atuar sozinho de novo.
Batman: Silêncio: o roteiro é bem confuso, apesar de ser assinado pelo premiadíssimo Jeph Loeb, mas a arte de Jim Lee serve de pretexto para um desfile de todos os grandes personagens do mundo do morcego e o aparecimento de um novo e poderoso vilão, Hush.
4 comentários:
Está aí um personagem que você me ensinou a apreciar!!
... Ainda não li "Batman: Silêncio" e "Batman Preto e Branco"?!?
e pensar que enquanto meu irmão ganhava o gibi do batman eu ganhava o d'os ursinhos carinhosos,eu até achava fofo
O que mais dizer do personagem mais "soc tum pow" de todos os tempos?! rs
Beijos da esposa
Pô Claudio, poderia jurar que vc tava mais pro homem-aranha que pro batman rsrs,como são as coisas...
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